Semiótica transcendental versus interpretação empírica da semiótica

Autores

  • Josué Cândido da Silva Universidade Estadual de Santa Cruz/UESC - BA

Palavras-chave:

Semiótica transcendental, Apel, Pragmatismo

Resumo

no presente trabalho pretendemos apresentar o debate em torno do conceito de semiótica transcendental elaborado por Karl-Otto Apel. Segundo Apel, tal conceito tem sua origem na transformação semiótica da lógica transcendental operada por Charles S. Peirce já em seus trabalhos de 1868-69 e 1871, nos quais Peirce teria operado a virada da crítica do conhecimento à crítica do significado. A virada semiótica abriu caminho para superação da chamada “filosofia do sujeito”, centrada na relação (pré-lingüística) entre sujeito e objeto, através da relação complementar da comunicação intersubjetiva e da crítica do discurso. Tal superação não significa, segundo Apel, a negação da possibilidade de qualquer fundamentação da Filosofia, como defendem os filósofos pós-modernos, mas, ao contrário, constitui a possibilidade de uma fundamentação pós-metafísica da Filosofia ou, em termos aristotélicos, a realização pós-metafísica do paradigma da prima philosophia. Tal tese tem sido alvo de críticas por parte de filósofos pragmáticos como Klaus Oehler e Christopher Hookway. Segundo eles, a idéia de fundamentação transcendental da semiótica é completamente incompatível com a filosofia de Peirce, que teria afirmado não ser ele próprio um “filósofo transcendental”. Além disso, como todo nosso conhecimento está sujeito ao falibilismo e ao melhorismo, devemos submeter nossas crenças a um confronto constante com a experiência sem nunca chegar a fundamentá-las em bases absolutamente seguras. Nesse sentido, a semiótica será sempre uma ciência empírica, já que seu conhecimento está submetido às condições histórico-sociais de desenvolvimento do processo sígnico e da experiência, não podendo, portanto, servir de base para fundamentação da filosofia em termos transcendentais. A controvérsia entre semiótica transcendental e semiótica empírica e se ambas guardam uma relação de complementariedade ou de exclusão, deve necessariamente partir do que significa falar em condições “transcendentais” de validade e objetividade no contexto da virada pragmático-lingüística da filosofia contemporânea. Tal problemática constitui o tema da presente comunicação.

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