A mística como crítica nas narrativas de mulheres medievais

Autores

  • Ceci Maria Costa Baptista Mariani
  • Maria José Caldeira do Amaral

DOI:

https://doi.org/10.19176/rct.v0i86.26041

Palavras-chave:

Mística medieval, Crítica, Mulher, Marguerite Porete, Mechthild de Magdeburg

Resumo

O místico afirma a presença de Deus pela experiência que o alcança a partir de um processo de negação que possibilita a ele se libertar de todas as afirmações que pretendem enquadrar a Deus. Os textos místicos vão se constituir por narrativas de processos, caminhos, itinerários onde se fala do trabalho humano de busca desse Deus absolutamente transcendente que vindo a eles num encontro surpreendente, se revela muito maior do que seu pensamento é capaz de pensar e do que sua vontade é capaz de querer. Essa dialética que é fundamentalmente crítica - vai demonstrar a grande tradição mística que se desenvolve ao longo da história do cristianismo - faz ver o limite da condição humana e a impossibilidade que ela tem de abarcar o mistério inconcebível e “indisponível” que é Deus. Chama a atenção para a importância da humildade, virtude que é percebida como garantia de nobreza. Faz perceber que sem o reconhecimento da própria miséria não se abre espaço para a penetração de Deus. Essa crítica leva a uma grande liberdade e uma disposição livre ao amor. Entre os melhores testemunhos dessa vivência mística estão as narrativas de mulheres medievais, relatos apaixonados desse processo crítico de ascese para o encontro direto com Deus.Essa comunicação é um estudo, realizado através de metodologia bibliográfica e exploratória, sobre a potencialidade crítica da mística a partir das narrativas de mulheres medievais: Marguerite Porete e Mechthild de Magdeburg. Essas mulheres fazem parte do agrupamento espiritual das Beguinas. Movimento que se desenvolveu como alternativa de vida religiosa leiga na Renânia e Países Baixos. Marguerite Porete, mística e teóloga medieval, viveu entre a segunda metade do século XIII e início do século XIV. Procedente do Condado de Hainaut, cidade Valenciennes, região do Reno. A grande herança deixada por Marguerite Porete foi um livro, Le miroir de âmes simples e anéanties. Mechthild de Magdeburg, mística alemã, da Baixa Saxonia, nascida em 1210, entra na Beguinagem de Magdeburg em 1230. Desde criança é favorecida por revelações divinas e entre os anos 1250 e 1264, a conselho de seu diretor espiritual, escreve suas revelações, a obra que chega até nós com o seguinte título: Das fliebende Licht der Gottheit.

Biografia do Autor

Ceci Maria Costa Baptista Mariani

Professora do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião na Pontifícia UniversidadeCatólica de Campinas e da faculdade de Teologia. Membro da SOTER, Sociedade deTeologia e Ciências da Religião (secretária da Diretoria Nacional 2009-2010), Conselheirado Regional São Paulo. Possui bacharelado e Licenciatura em Filosofia pela Faculdadede Filosofia Nossa Senhora de Medianeira (1982), graduação em Teologia Dogmática pelaPontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora de Assunção (1989), mestrado em TeologiaDogmática pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora de Assunção (1997) e doutoradoem Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2008).

Maria José Caldeira do Amaral

Psicóloga Clínica graduada, bacharel licenciada pela Faculdade de Ciências Humanas daFundação Mineira de Educação e Cultura FUMEC - 1982, Mestre em Ciências da Religiãopela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - 2002 e Doutora em Ciências da Religiãopela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - 08/2008. Autora dos Livros: Imagensde Plenitude na Simbologia do Cântico dos Cânticos, São Paulo, EDUC/FAPESP,2009. Erose Agape - Minne: Amar e Desejar Deus na Luz Fluente da Deidade de Mechthild de Magdeburg,São Paulo, Ed. Reflexão, 2014. Coordenadora do GT de Mística e Espiritualidade doCongresso Internacional Soter - Sociedade de Teologia e Ciências da Religião -2010 a 2014.

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