Ensino superior privado entrada e permanência: estudantes ProUni e não bolsistas

Resumo

Este artigo tem o objetivo de discutir a política de ação afirmativa ProUni, programa universidade para todos, que trata da inclusão de estudantes de classes populares em instituição de ensino superior  (IES) privado. Também faz uma primeira comparação entre estudantes do ProUni e os não bolsistas segundo a trajetória dos mesmos no ensino superior (ES). A discussão baseia-se no modelo econômico neoliberal brasileiro que privilegia o setor privado. Os conceitos de Bourdieu possibilitam  compreender porque sujeitos de origem popular buscam o ES, nível de ensino próprio das classes médias. Os dados foram coletados em  2006, com  estudantes que adentraram a universidade em 2005 e acompanhados   longitudinalmente ao longo de alguns cursos por eles  eleitos. Os dados foram obtidos a partir da entrevista semi-estruturada e da análise de documentos fornecidos pela instituição. O estudo preliminar nos leva a refletir sobre a  importância do ES  para  estudantes com diferentes dificuldades. Os problemas apontam para um questionamento sobre o currículo desenvolvido pelas IES e se este atende as diferentes expectativas de estudantes cuja origem social é tão diferente. As falas dos estudantes bolsistas e o aproveitamento dos que chegaram ao final dos cursos mostram uma satisfação pela formação obtida. Sobre os não bolsistas os dados mostram que a permanência nos cursos é bastante tumultuada. As contradições entre os grupos são evidentes, apontando o  desafio que as IES privadas enfrentam para atender expectativas de grupos sociais tão diferentes. A bibliografia marxista e a neoliberal, estudos de Bourdieu, Lahire,  Sacristán e Apple direcionam nossa análise.

Palavras-chave: ensino superior; aproveitamento; ProUni; não bolsistas; currículo.