INVERTER O VETOR DO CURRÍCULO: O MOVIMENTO DE REORIENTAÇÃO CURRICULAR DE FREIRE EM DEBATE

Autores

  • Júlio César Augusto do Valle Universidade de São Paulo
  • Vinício Macedo Santos Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2018v16i4p1207-1233

Palavras-chave:

Paulo Freire, currículo, políticas públicas

Resumo

O objetivo deste texto consiste em apresentar os resultados parciais de nossa investigação sobre o Movimento de Reorientação Curricular proposto pelo educador Paulo Freire enquanto esteve à frente da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina, do Partido dos Trabalhadores, de 1989 a 1992. Nesse sentido, apresentamos os indícios e as evidências identificados por nossa análise como capazes de auxiliar na propositura de políticas públicas de currículo. Mais detidamente, estudamos esses elementos sob a perspectiva enunciada por pesquisadores do campo – como Barreto (1995), Moreira (2000) e Saul e Silva (2011) –, isto é, como um movimento de ruptura paradigmática com as políticas oficiais de currículo anteriores, tanto em São Paulo como em todo território nacional. Tratamos, portanto, do movimento em análise como uma inversão do vetor de construção de políticas curriculares que pretende, partindo das realidades locais das escolas, elaborar não somente práticas, mas igualmente subsídios teóricos de reflexão sobre as práticas efetivadas. Além de destacar a atualidade de tais práticas e políticas, gestadas no âmbito dos princípios da pedagogia crítica, consideramos a relevância de utilizá-las como subsídios para analisar e criticar as atuais políticas curriculares.

Biografia do Autor

Júlio César Augusto do Valle, Universidade de São Paulo

Licenciado em Matemática, Mestre e Doutorando em Educação pela Universidade de São Paulo. Professor do Instituto Superior de Educação de São Paulo e Secretário de Educação e Cultura de Pindamonhangaba.

Vinício Macedo Santos, Universidade de São Paulo

Doutor em Educação e Professor Titular da Universidade de São Paulo.

Referências

ARELARO, Lisete Regina Gomes. A ousadia de fazer acontecer o direito à educação. Algumas reflexões sobre a experiência de gestão nas cidades de São Paulo (1989/92) e Diadema (1993/96). In: OLIVEIRA, Dalila Andrade; DUARTE, Marisa Ribeiro Teixeira. (orgs.), Política e trabalho na escola: administração dos sistemas públicos de educação básica. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. p. 191-207.

BARRETO, Elba Sá. (coord.). As propostas curriculares oficiais. Análise das propostas curriculares dos estados e de alguns municípios das capitais para o ensino fundamental. Coleção Textos FCC, n. 10. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1995.

CLAUDIO, Claudemiro Esperança. Política e práticas formativas em confronto na cidade de São Paulo a partir da gestão Paulo Freire (1989-1992): representação de professores sobre a escola. 2015. 281 f. Tese (Doutorado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2015.

DELIZOICOV, Demétrio. Conhecimento, tensões e transições. 1991. 214 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 1991.

FORNER, Régis; DOMITE, Maria do Carmo Santos. Um encontro entre Paulo Freire e a educação matemática. Revista Internacional de Educación para la Justicia Social (RIEJS), v. 3, n. 1, p. 157-172, 2014.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009.

______. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Paz e Terra, 2014.

GADOTTI, Moacir. História das ideias pedagógicas. São Paulo: Ática, 2003.

MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Propostas curriculares alternativas: limites e avanços. Educação & Sociedade, v. 21, n. 73, p. 109-138, 2000.

NÓVOA, Antonio. Paulo Freire (1921-1997): A “inteireza” de um pedagogo utópico. In: APPLE, Michael W.; NÓVOA, Antonio. (orgs.). Paulo Freire: política e pedagogia. Porto: Porto Editora, 1998. p. 167-187.

OLIVEIRA, Emilio Celso de. Currículo recomendado, ensinado e aprendido: o currículo de Matemática da Rede Municipal de Ensino de São Paulo. São Paulo: Arte & Ciência, 2002.

PIRES, Célia Maria Carolino. Currículos de matemática: para onde se orientam? Revista de Educação PUC-Campinas, Campinas, n. 18, p. 25-34, 2005.

______. Currículo, avaliação e aprendizagem matemática na educação básica. In: INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. (org.). Avaliações da Educação Básica em debate: Ensino e matrizes de referências das avaliações em larga escala. Brasília: INEP, 2013, v. 1. p. 31-54.

SÃO PAULO (Prefeitura). Secretaria Municipal de Educação. Educação na cidade de São Paulo: um ato de coragem. São Paulo: SME, 1989a.

______. ______. O Movimento de Reorientação Curricular na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo: Documento 1. São Paulo: SME, 1989b.

______. ______. Construção do currículo escolar pela via da interdisciplinaridade. São Paulo: SME, 1989c.

______. ______. O Movimento de Reorientação Curricular na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo: Documento 2. São Paulo: SME, 1990.

______. ______. O Movimento de Reorientação Curricular na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo: Documento 3 – Problematização da escola: a visão dos educadores, educandos e pais. São Paulo: SME, 1991a.

______. ______. O Movimento de Reorientação Curricular na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo: Documento 4 – A criança e o desenho. São Paulo: SME, 1991d.

______. ______. O Movimento de Reorientação Curricular na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo: Documento 5 – Visão de área (Matemática). São Paulo: SME, 1992a.

______. ______. O Movimento de Reorientação Curricular na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo: Documento 6 – Relatos de prática (Matemática). São Paulo: SME, 1992b.

SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Tradução: Ernani F. da Fonseca Rosa. Porto Alegre: Artmed, 1998.

SANTOS, Vinício de Macedo. Ensino de matemática na escola de nove anos: dúvidas, dívidas e desafios. São Paulo: Cengage Learning, 2014. SAUL, Ana Maria. Interdisciplinaridade na rede de ensino municipal de São Paulo. In: SERBINO, Raquel Volpato et al. (orgs.). Formação de professores. São Paulo: UNESP, 1998. p. 321-328.

SAUL, Ana Maria. Políticas e práticas educativas inspiradas no pensamento de Paulo Freire: pesquisando diferentes contextos. Currículo sem fronteiras, [s. l.], v. 14, n. 3, p. 129-142, 2014.

SAUL, Ana Maria; SAUL Alexandre. Mudar é difícil, mas é possível e urgente: um novo sentido para o projeto político-pedagógico da escola. Revista Teias, Rio de Janeiro, v. 14 n. 33, p. 102-120, 2013.

SAUL, Ana Maria; SILVA, Antonio Fernando Gouvêa da. O pensamento de Paulo Freire no campo de força das políticas de currículo: a democratização da escola. Revista e-curriculum, São Paulo, v. 7, n. 3, p. 1-24, 2011.

SAVIANI, Demerval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2013.

SILVA, Antonio Fernando Gouvêa da. A construção do currículo na perspectiva popular crítica: das falas significativas às práticas contextualizadas. 2004. 404 f. Tese (Doutorado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2004.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

Downloads

Publicado

2018-12-18

Edição

Seção

Dossiê Temático: "50 ANOS DA PEDAGOGIA DO OPRIMIDO: ler a realidade e construir a esperança"