EDUCAÇÃO DE ADULTOS NA ORDEM PÓS DEMOCRÁTICA: DESAPARECIMENTO DA MODALIDADE E INVISIBILIDADE INSTITUCIONAL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2019v17i3p1123-1143

Palavras-chave:

Educação de Adultos, Biopolítica, Análise do Discurso, Pós Democracia.

Resumo

Neste estudo, retomamos as categorias Estado de Exceção e governamentalidade oriundas das investigações de Agamben e Foucault para uma discussão sobre as políticas curriculares da Educação de Pessoas Jovens e Adultas - EJA no contexto do Estado pós-democrático, situando-as enquanto uma relação de abandono. A análise de enfoque genealógico percorre a mudança institucional materializada no desaparecimento de área específica no Ministério da Educação para tratar as questões da modalidade, bem como o silenciamento da noção de modalidade educacional no texto publicado da Base Nacional Curricular Comum. O abandono é tomado como figuração de uma tecnologia política que opera a ação da lei como pura forma-da-lei, através da qual o Estado administra recursos materiais e simbólicos de forma estratégica resultando na produção de (in)visibilidade institucional e curricular para a EJA.

Biografia do Autor

Janayna Cavalcante, Universidade Federal de Pernambuco

Professora do Departamento de Métodos e Técnicas do Ensino, do Curso de Pedagogia do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco. Doutora (2015) e Mestre (2006) em educação pelo Programa de Pós Graduação em Educação da UFPE. Graduada em Letras pela UFPE (2000), é também especialista em Gestão de Organizações Sociais pela Libertas/ UNICAP (2004). Com atuação profissional na área de Educação Popular, movimentos sociais e políticas públicas, leciona principalmente nas seguintes áreas: Didática e Currículo; Fundamentos da Educação; Educação de Jovens e Adultos, Educação para Diversidade e Fundamentos da Educação Popular. Realiza pesquisa sobre biopolíticas em práticas educacionais contemporâneas.

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Publicado

2019-09-28

Edição

Seção

Dossiê Temático: Em busca da justiça curricular: as possibilidades do currículo escolar na construção da justiça social