<b>Documentiras y fricções. O lado escuro da lua</b>

Autores

  • Marta Lucía Vélez
  • Arlindo Machado

Resumo

Opération Lune, documentário fake de William Karel, é o que se pode caracterizar como uma farsa sobre uma farsa. O documentário busca provar que a viagem dos americanos à Lua em 1969 (ou pelo menos a sua transmissão direta pela televisão) foi uma mentira, mas ele próprio também é uma mentira. Em psicanálise, costuma-se dizer que quando alguém mente sobre uma mentira, acaba dizendo a verdade. A verdade que Karel formula é simples: não se pode crer em tudo o que a mídia diz ou mostra, pois há sempre inumeráveis maneiras de manipular a informação, editando as entrevistas reais, forjando falsas entrevistas, alterando ou renomeando materiais de arquivo, com falsas legendas ou dublagens sobre registros históricos, reinterpretando as imagens e os sons através da narração over, e assim por diante. O mock-documentary de Karel, sem abrir mão da dúvida sobre a veracidade das imagens da Lua, é também uma denúncia do modo de funcionamento do sistema midiático. Seu objetivo maior é refletir sobre o próprio documentário televisivo, através de uma apropriação dos códigos, modelos e discursos desse gênero audiovisual, seja para questionar sua objetividade e a veracidade que este supõe encerrar, seja para demonstrar ao espectador a facilidade com que se pode manipular a informação em televisão, ou ainda para propor uma utilização subversiva do documentário, como formato para a criação de um imaginativo trabalho de ficção, à maneira do War of the Worlds (1938), célebre programa radiofônico de Orson Welles. Palavras-chave: documentário; transmissão ao vivo; viagem à Lua; manipulação de informação; falsificação Abstract Documentalies and frictions. The dark side of the moon – Opération Lune, William Karel’s fake documentary, is what can be called a farce about a farce. The documentary attempts to prove that the Americans’ voyage to the Moon in 1969 (or at least its direct television transmission) was a lie, but it is itself a lie. In psychoanalysis, it is commonly held that when a person lies about a lie, he ends up telling the truth. The truth Karel formulates is simple: one cannot believe everything the media says or shows, for there are always innumerable ways of manipulating information by editing real interviews, forging false interviews, altering or renaming archival material, inserting false captions or dubbed sound tracks into historical records, reinterpreting images and sounds through voiceover narration, and so on. Karel’s mock documentary, while casting doubts on the veracity of the images of the Moon, also denounces the way the mediatic system works. Its main objective is to reflect upon the television documentary itself, by appropriating the codes, models and discourses of this audiovisual genre, be it by questioning its objectivity and its presumed veracity, be it to demonstrate to the viewer how easily information can be manipulated on television, or yet to propose a subversive use of the documentary as a format for the creation of an imaginative work of fiction, in the manner of War of the Worlds (1938), Orson Welles’s celebrated radio show. Key words: fake documentary; live transmission; journey to the Moon; manipulation of information; falsification

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Publicado

2007-07-10

Edição

Seção

Dossiê | Dossier