<b>Sumário | Editorial</b>

Autores

  • José Luiz Aidar Prado

Resumo

A principal fase de um periódico é a de consolidação em sua área de conhecimento. Consideramos terminado esse primeiro desenvolvimento e entregamos aos pesquisadores das áreas de Comunicação e Semiótica a renovação desta constelação que continua sendo Galáxia. Propomos a insistência no espaço para discussões teóricas e para apresentação de pesquisas nestes campos, no contexto das novas “realidades” dos signos (ou das significações, a saber, dos discursos e dos sentidos produzidos na assim chamada sociedade de comunicação e do conhecimento), não só devido ao advento das mídias digitais, mas também das novas configurações hegemônicas das construções de valores “imateriais”. As atuais transformações do mundo capitalista têm determinado a reformulação da produção de objetos dentro do campo da Comunicação. Hoje, adquirir um produto, um móvel, um auto-móvel, um i-móvel, implica em colocá-lo dentro de uma rede de ofertas de bens simbólicos reconvertidos em serviços, sempre envolvidos em filmes (no sentido plástico) brilhantes ou foscos, cristalizados em superfícies sígnicas pintadas a robôs tecnodiscursivos. Quem vende presta serviço de informar, de entender a demanda, dentro de um leque de oportunidades e signos de seu catálogo e, juntamente com esse output, entrega um produto, um objeto socialmente indicador de status, de identificação de brilho (na forma da celebridade, da responsabilidade social, do sucesso e da riqueza, de aventura e risco). A tecnocultura configura-se nessa constelação sistêmica hegemônica. Porém, é preciso ressaltar que uma série de práticas e textos contra-hegemônicos tem-se construído no horizonte cultural e político da globalização, enfrentando as formas hegemônicas planejadas pelos analistas-simbólicos. Nossa intenção não é discutir somente a estética do signo ou da mercadoria, mas as políticas de construção e realização dos sentidos nas infotecnotelevias hegemônicas e contra- hegemônicas. Nesse projeto, a semiótica é entendida em seu sentido mais amplo, como ciência das linguagens, importante na tarefa de desconstrução dos mitos midiáticos e publicitários. É preciso também ouvir as vozes das bordas, para além das frases hegemônicas dos falantes tecnomidiáticos, mergulhando nas culturas outras, para além das culturas das mídias, em que dominam as imagens moldadas sob forte empuxo colonizador. Prossegue a configuração de diálogo intersemiótico das edições anteriores, mas com nosso esforço de aprofundar, nesta nova fase de Galáxia, o espaço para a crítica; trata-se, portanto, de sustentar abertura e também de habitar mapeamentos semiocríticos dos mundos da comunicação, em que os mecanismos de valorização têm alterado radicalmente seus fundamentos. Nesta décima edição de Galáxia apresentamos o dossiê Audiovisual, com três artigos: o de Arlindo Machado e Marta Lucía Vélez constitui-se no exame do documentário fake de William Karel, em que os simulacros são remetidos a simulacros e se pergunta pela crença nas imagens midiáticas; o artigo de Egle Müller Spinelli examina as narrativas audiovisuais a partir do conceito bakhtiniano de “cronotopo”, testando sua máquina conceitual em três filmes: Corra Lola, Corra, Boca de Ouro e Rashomon; no terceiro artigo Beatriz Becker analisa as narrativas audiovisuais no telejornalismo. Nos artigos desta edição, são estudados os temas da relação de manipulação entre enunciador e enunciatário (Maria Isabel Filinich, da Universidade Autônoma de Puebla); da releitura das estratégias de guerrilha na chave semiótica (Juan Alonso Aldama, Paris 8); da análise da cobertura jornalística dos eventos de 11/9/2001 a partir das ciências da linguagem (Rosana de Lima Soares, ECA-USP); da construção da “mídia” e seus efeitos na tradição marxista francesa (Maria Eduarda da Mota Rocha, UFPe) e do uso por dois partidos políticos (PT e PSDB) de informativos através de correio eletrônico (Francisco Paulo Jamil Almeida Marques, UFBa José Luiz Aidar Prado

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Publicado

2007-07-10

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Editorial | Editorial