A ciência nos perfumes: atribuindo significados a Química Orgânica através da história da temática

Autores

  • Márcia Maria Pinto Coelho Escola Estadual Duarte de Abreu
  • Marlon Duarte Moreira Universidade Federal de Juiz de Fora. Departamento de Química.
  • Andréia Francisco Afonso Universidade Federal de Juiz de Fora. Departamento de Química.

DOI:

https://doi.org/10.23925/2178-2911.2018v17p109-123

Resumo

Resumo

O aprendizado de Química Orgânica, geralmente, está associado à memorização de fórmulas, nomes e estruturas das moléculas. Muitos discentes apresentam dificuldade na aprendizagem das funções orgânicas, não conseguindo classifica-las a partir das suas especificidades. Consequentemente, não conseguem reconhecer situações e produtos empregados no cotidiano, cuja composição contém compostos orgânicos. Baseados nessas premissas, e buscando um ensino de Química Orgânica que contemplasse todas essas questões, elaboramos uma sequência didática desenvolvida em quatro aulas com a temática Perfume, junto ao terceiro ano do Ensino Médio de uma escola estadual de Juiz de Fora, parceira do subprojeto Química do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência da Universidade Federal de Juiz de Fora. A primeira aula teve início com a explicação da origem da palavra Perfume, e como novos aromas foram descobertos a partir da queima de materiais orgânicos e de técnicas e equipamentos científicos, estabelecendo um paralelo com a produção de perfumes nos dias de hoje. Discutimos as diversas utilidades das fragrâncias produzidas pelas civilizações, como, por exemplo, servir de oferenda a deuses. Assim, ao longo dos séculos, os aromas foram incorporados aos costumes da sociedade. Na segunda aula, apresentamos trechos do filme “Perfume – a história de um assassino”, tendo como foco o desenvolvimento da Ciência em relação às técnicas de extração dos óleos essenciais em diferentes épocas da História, desde o século XVIII. E, para finalizar, disponibilizamos seis amostras: água potável, álcool hidratado, óleo de girassol, vinagre, essência de cravo e perfume de limão e patchouli para que os alunos as identificassem a partir da fragrância exalada. Todas as lembranças remetidas a elas foram registradas em uma folha. As fórmulas estruturais das moléculas de cada amostra foram escritas no quadro para que pudéssemos retomar a explicação das funções orgânicas. Finalizamos a sequência didática descrevendo como as células olfativas captam as moléculas que compõem o aroma e chegam ao cérebro para que esse seja reconhecido e forme a memória olfativa. A partir das observações registradas no diário de campo dos bolsistas de iniciação à docência, verificamos que a curiosidade dos estudantes foi instigada desde o início. O interesse foi demonstrado através dos questionamentos e do empenho para desenvolver as tarefas propostas. Houve discussão sobre questões de gênero, não previstas durante o planejamento das aulas, mas que foram importantes para o esclarecimento de algumas questões que emergiram. Portanto, acreditamos que um ensino que proporcione uma abordagem mais ampla seja um dos caminhos para obtermos a qualidade tão desejada na educação.

Palavras-chave: Química Orgânica; Perfume; História da Ciência.

Abstract

The learning of Organic Chemistry is usually associated with the memorization of formulas, names and structures of organic molecules. Many students have difficulty to learn organic functions; they are not able to classify them from their specificities. Consequently, they cannot recognize situations and products used in daily life, whose composition contains organic compounds. Based on these premises and looking for a teaching of Organic Chemistry that contemplated all these questions, we elaborated a didactic sequence, developed in four classes, with the theme Scent. We developed it with the third year of High School of Juiz de Fora, partner of the Chemical subproject of the Institutional Program of the Initiation to Teaching Scholarship of the Federal University of Juiz de Fora. The first class began with the explanation of the origin the word scent, and how new aromas were discovered from the burning of organic materials and scientific techniques and equipment, establishing a parallel with the production of scents currently. We discuss the various uses of fragrances produced by civilizations, such as serving as an offering to gods. Thus, over the centuries, the society incorporated the aromas into her customs. In the second class, we present excerpts from the film "Perfume - the story of a murderer", focusing on the development of science in relation to the techniques of extraction of essential oils at different times in History since century XVIII. To conclude, we offer six samples: drinking water, hydrated alcohol, sunflower oil, vinegar, clove essence and lemon scent and patchouli for students to identify from the exhaled fragrance. The students wrote all the memories sent to them on a sheet. We wrote the structural formulas of the molecules of each sample on the board and so that we could return to the explanation of organic functions. We finish the didactic sequence, describing how the olfactory cells capture the molecules that make up the aroma and reach the brain, that recognize it and forms the olfactory memory. From the observations recorded in the field diary of the scholarships, we realized that the curiosity of the students was instigated from the beginning. The questions demonstrated the students’ interest through the questions and commitment to develop the proposed tasks. There was discussion on genre issues, not foreseen during class planning but important for clarifying some of the issues that emerged. Therefore, we believe that teaching that provides a broader approach is one way of achieving the desired quality of education.

Keywords: Organic Chemistry; Scent; Science History.

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Publicado

2018-06-12

Edição

Seção

História da Ciência e Ensino: Propostas e Aplicações para sala de aula