A palavra como mediação entre a percepção humana e o existente

Autores

  • Isabel Jungk Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Palavras-chave:

Charles S. Peirce. Filosofia. Teoria da Percepção. Teoria dos Signos. Linguagem Verbal.

Resumo

Resumo: Este artigo busca investigar alguns aspectos e características da mediação exercida pelas palavras entre a percepção humana e universo do existente.

Feixes de perceptos, isto é, diferentes estímulos do existente, do mundo, batem à porta da percepção humana, que os converte em signos, e a estes em linguagem. No homem e pelo homem se opera o processo de alteração dos sinais, i.e. qualquer estímulo emitido pelos objetos do mundo, em signos ou linguagens (produtos da consciência). Como não há elemento na consciência que não possua algo correspondente na palavra, temos que, entre a percepção humana, pela qual conhecemos as coisas como existindo, e o existente, há uma ponte construída com palavras pela linguagem verbal destinada à transmissão e manipulação da informação. Nesse processo, homens e palavras educam-se mutuamente, pois Peirce postula que cada aumento de informação humana envolve e é envolvido por um aumento de informação das palavras.

A compreensão do processo de criação das palavras torna-se, por esses motivos, fundamental para os objetivos aqui propostos, e será elucidada a partir dos mecanismos de associação por semelhança e contigüidade descritos por Peirce. Esses mecanismos encontram-se na base da constituição de todo e qualquer tipo de linguagem, e neste artigo serão analisados em função de sua importância na constituição da linguagem verbal, e especificamente, na geração das palavras.

Outro aspecto relevante para a investigação da função mediadora das palavras é sua natureza sígnica, mais especificamente, suas características de lei. Como legissignos, as palavras fazem parte de sistemas e encontram-se em constante evolução, que como postula Peirce, está diretamente relacionada ao aumento de informação humana. Essa evolução está intimamente ligada à tese central de Peirce de que todo pensamento se dá em signos que são, na maioria, da mesma estrutura geral das palavras. O processo de evolução das palavras ao longo do tempo será assim abordado a partir das teorias sígnica e da percepção peircenas, pelas quais se torna compreensível como as palavras incorporam, cada vez mais, o que o homem conhece ou sente sobre os perceptos.

 

Biografia do Autor

Isabel Jungk, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Doutoranda em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, Mestre em Comunicação e Semiótica e Especialista em Semiótica Psicanalítica, todos pela PUC/SP, onde também atua como professora convidada no curso de pós-graduação em Semiótica Psicanalítica.

Referências

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Publicado

2016-12-27

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Artigos