A Metafísica Peirciana como Fundamento para a Reforma Psiquiátrica

Autores

  • Alex Fabrício de Oliveira Universidade Estadual Paulista/ UNESP - Marília - Brasil

Palavras-chave:

Realismo, Neo-mecanicismo, Acaso, Saúde Mental

Resumo

Nesse trabalho argumentamos que a ontologia realista e a epistemologia falibilista de Peirce podem fornecer um arcabouço teórico alternativo ao neo-mecanicismo na qual está inserida boa parte dos trabalhos vinculados ao pensamento psiquiátrico oficial. Se por um lado alguns pensadores advogam que a maior potencialidade dos conceitos sistêmicos estaria em romper com teses centrais do mecanicismo, por outro lado, é provável que a maioria dos pensadores sistêmicos entenda seus desenvolvimentos conceituais apenas como reformulações metodológicas necessárias ante a problemas não superados pelo mecanicismo clássico, o que configuraria o neo-mecanicismo contemporâneo. Embora o neo-mecanicismo tenha contribuído para inegáveis avanços metodológicos em vários campos científicos, argumentamos que essa concepção cosmológica afeta de forma problemática a produção e emprego de certos conhecimentos científicos, como seria o caso da psiquiatria. Assim, examinaremos algumas conseqüências da adoção de uma metafísica peirciana nãomecanicista para fundamentar a epistemologia da psiquiatria. Seguindo um critério pragmático para a dissolução de disputas metafísicas, sugerimos que, se a adoção de uma visão neo-mecanicista em ciência e filosofia acaba criando reducionismos epistemológicos, então abraçar uma cosmologia não-mecanicista parece ser a opção mais promissora em certos campos, como o da saúde mental, porque tenderíamos, por uma espécie de compromisso com a realidade concebida como intrinsecamente complexa, a não excluir elementos complexos e dinâmicos – como as interações sociais na doença mental – de nossa abordagem.

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