Regime de metas para a inflação e medidas macroprudenciais: uma análise à luz da experiên-cia brasileira recente (2008-2013)

Autores

  • Giuliano Contento de Oliveira IE/Unicamp.
  • Lilian Rolim IE/Unicamp.
  • Nicholas Blikstad

Palavras-chave:

Política monetária, regime de metas para a inflação, medidas macroprudenciais, Brasil.

Resumo

As medidas macroprudenciais ganharam lugar destacado em diversos países a partir de 2008, seja para garantir a estabilidade do sistema financeiro seja para contribuir para o cumprimento da meta para a inflação. No Brasil, estas medidas foram utilizadas a partir de 2008, antes mesmo da eclosão da crise. Nessa perspectiva, o artigo discute a compatibilização entre o regime de metas para a inflação e as medidas macroprudenciais, particularmente no que diz respeito aos recolhimentos compulsórios, à luz da experiência brasileira recente (2008-2013). Sustenta-se que a utilização dessas medidas foi funcional para a operação do regime de metas para a inflação em um contexto marcado pela forte aceleração do crédito e elevado diferencial de taxa de juros interna e externa. Entrementes, o artigo aponta para a necessidade e a factibilidade de se conceber a política monetária a partir de seus diversos instrumentos, ao invés de reduzi-la ao simples manejo da taxa básica de juros, como defendido pelo Novo Consenso.

Biografia do Autor

Giuliano Contento de Oliveira, IE/Unicamp.

Professor do IE/Unicamp.

Lilian Rolim, IE/Unicamp.

Mestranda no IE/Unicamp.

Referências

ALENCAR, L. S. et al. Uma avaliação dos recolhimentos compulsórios. Trabalhos para discussão 296, Banco Central do Brasil, Brasília, out. 2012.

ALESINA, A; PEROTTI, R. The political economy of budget deficit. Working Paper n. 4637, National Bureau of Economic Research, 1994.

ALESINA, A; SUMMERS, L. Central Bank independence and macroeconomic performance: some com-parative evidence. Journal of Money, Credit and Banking, v.25, n.2, 1993.

ARESITS, P. New consensus macroeconomics: a critical appraisal. Working Paper n. 564, Levy Insti-tute, 2009.

ARESITS, P. What is the new consensus in macroeconomics? In: ARESTIS, P. Is there a new consensus in macroeconomics? New York: Palgrave Macmillan, 2007.

ARESTIS, P.; SAWYER, M. Macroeconomic policies of the economic monetary union: theoretical un-derpinnings and challenges. Working Paper n. 385, Levy Institute, 2003.

ARESTIS, P.; SAWYER, M. New consensus monetary policy: an appraisal. In: ARESTIS, P; BADDE-LEY, M; McCOMBIE, J. The new monetary policy: implications and relevance. Edward Elgar Publish-ing Limited: Massachusetts, 2005.

BARRO, R; GORDON, D. A positive theory of monetary policy in a natural rate model. The Journal of Political Economy, The University Chicago Press, vol. 91, n. 4, 1983.

BCB – BANCO CENTRAL DO BRASIL. Ata do Copom, 132ª reunião, jan. 2008a.

______. Ata do Copom, 134ª reunião, abr. 2008b.

______. Ata do Copom, 136ª reunião, jul. 2008c.

______. Ata do Copom, 137ª reunião, set. 2008d.

______. Relatório de Inflação, v.11, n.4, dez. 2009a.

______. Ata do Copom, 149ª reunião, mar. 2010a.

______. Relatório de Inflação, v. 12, n.1, mar. 2010b.

______. Ata do Copom, 151ª reunião, jun. 2010c.

______. Ata do Copom, 152ª reunião, jul. 2010d.

______. Ata do Copom, 155ª reunião, dez. 2010e.

______. Relatório de Inflação, v. 12, n.4, dez. 2010f.

______. Ata do Copom, 156ª reunião, jan. 2011a.

______. Relatório de inflação, v.13, n. 2, jun. 2011b.

______. Ata do Copom, 161ª reunião, ago. 2011c.

______. Ata do Copom, 164ª reunião, jan. 2012a.

______. Relatório de Inflação, v. 14, n. 1, mar. 2012b.

______. Ata do Copom, 172ª reunião, jan. 2013a.

______. Ata do Copom, 173ª reunião, mar. 2013b.

______. Ata do Copom, 176ª reunião, jul. 2013c.

BEAN, C. Is there a new consensus in monetary policy? London: Bank of England, 2007.

BEAU, D.; CLERC, L.; MOJON, B. Macro-prudential policy and the conduct of monetary policy. Banque de France, Jan. 2012. Disponível em <http://www.benoitmojon.com/pdf/Beau-Clerc-Mojon.pdf>. Acesso em: 14 maio 2013.

BERNANKE, B.; MISHKIN, F. Inflation Targeting: A New Framework for Monetary Policy? Journal oF Economic Perspectives, v.11, n.2, 1997.

BLANCHARD, O.; DELL’ARICCIA, G.; MAURO, P. Rethinking macroeconomic policy. IMF Staff Position Note, February 12, 2010.

BLEJER, M.; LEONE, A. Introduction and overview - inflation target in practice: strategic and opera-tional issues to emerging markets economies. International Monetary Fund: Washington, 1999.

BORIO, C. E. V.; SHIM, I. What can (macro-)prudential policy do to support monetary policy? BIS Working Papers No 242, Dec. 2007.

CARVALHO, C. E.; OLIVEIRA, G. C. de; MONTEIRO, M. B. O Banco Central do Brasil: institucio-nalidade, relações com o Estado e com a sociedade civil, autonomia e controle democrático. Texto para Discussão 1518, Brasília, IPEA, dez.2010.

CARVALHO, F. C. de. The independence of Central Bank: a critical assessment of the arguments. Journal of the Post Keynesian Economics, v. 18, n. 2, p. 159-175, Winter 1995-1996.

CAVALCANTI, Marco A. F. H.; VONBUN, C. Evolução da política do recolhimento compulsório no Brasil pós-Real. Texto para Discussão IPEA, Rio de Janeiro, TD 1826, 2013.

CHORTAREAS, G. New consensus and monetary policy delegation. In: ARESITS, P. Is there a new Consensus in macroeconomics? New York: Palgrave Macmillan, 2007.

CURADO, M.; OREIRO, L. J. Metas de inflação: uma avaliação do caso brasileiro. Indic. Econ. FEE, Porto Alegre, v. 33, n. 2, p.127-146, set. 2005.

FARHI, M. O impacto dos ciclos de liquidez no Brasil: mercados financeiros, taxa de câmbio, preços e política monetária. Política Econômica em Foco, n. 7, p.152-183, nov. 2005/abr. 2006.

FREITAS, M. C. P. Os efeitos da crise global no Brasil: aversão ao risco e preferência pela liquidez no mercado de crédito. Estudos Avançados, São Paulo, v. 23, p. 125-145, 2009.

FRIEDMAN, M (1968). O papel da política monetária. In: CARNEIRO, R. Os clássicos da economia. vol. II. São Paulo, SP: Ed. Atica, 1997.

FUNDAP. Intervenções macroprudenciais no mercado de crédito e no mercado de câmbio. Boletim de Economia [3], Grupo de Economia/Fundap, abr. 2011.

______. Política monetária e meta de inflação no Brasil em 2011. Boletim de economia [11], Grupo de Economia/Fundap, jan. 2012.

GALATI, G.; MOESSNER, R. Macroprudential policy – a literature review. BIS Working Papers n.337, February 2011.

GONÇALVES, C. E.; KANCZUK, Fabio. Selic “puro scotch” versus macroprudencial. Valor Econômi-co, São Paulo, 6.6.2011.

GOODFRIEND, M; KING. R. The New Neoclassical synthesis and the role of monetary policy. NBER Macroeconomics Annual 1997, v.12. 1997.

IMF – International Monetary Fund. Central banking lessons from the crisis. IMF: Washington: May, 2010.

______. The interaction of monetary and macroprudential policies. IMF: Washington: January, 2013a.

______. Unconventional monetary policies – recent experience and prospects. IMF: Washington: April, 2013b

KYDLAND, F; PRESCOTT, E. Rules rather than discretion: the inconsistency of optimal plans. The Journal of Political Economy, v.85, Issue 3, 1977.

LAVOIE, M. A post-keynesian alternative to the new consensus on monetary policy. ADEK Confer-ence, Université de Bourgogne, Dijon, France. 2002.

LE HERON, E. A New consensus on monetary policy? Brazilian Journal of Political Economy, v.23, n.4, october-december 2003.

MISHKIN, F.; SCHMIDT-HEBBEL, K. One decade of inflation targeting in the world: what do we know and what do we need to know? NBER Working Ppaer n. 8397, 2001.

MONTORO, C., MORENO, R. The use of reserve requirements as a policy instrument in Latin America. BIS Quarterly Review. p.53-65, March 2011.

OLIVEIRA, G. C. de. Regime de metas para a inflação: algumas lições a partir da experiência internacio-nal. Economia & Tecnologia, Curitiba, ano 2, vol.5, p.49-61, abr./jun. 2006.

OLIVEIRA, Giuliano Contento de. O comportamento do crédito e a reação do Banco Central e do siste-ma financeiro público e privado aos efeitos da crise internacional. Anais do II Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira, 2009, Porto Alegre, 2009.

ROCHA, M.; CURADO, M. Adoção do regime de metas de inflação e as funções dos bancos centrais: uma análise com painel de variável instrumental. Anais da ANPEC-SUL, Curitiba, 2008.

ROMER, D. Advanced macroeconomics. Third Edition. New York: McGraw-Hill, 2005.

SADDI, Jairo. A regulação macroprudencial. Valor Econômico, São Paulo, 28/3/2011.

SALES, A. S.; BARROSO, J. B. R. B. Coping with a complex global environment: a Brazilian perspec-tive on emerging market issues. Working Paper Series 292, Banco Central do Brasil, Brasília, out. 2012.

SIMÃO, E. Rentabilidade da nova poupança será a da Selic no dia da aplicação. Valor Econômico, Bra-sília, 04 maio 2012. Disponível em: < http://www.valor.com.br/financas/2645938/rentabilidade-da-nova-poupanca-sera-da-selic-no-dia-da-aplicacao>. Acesso em: 10 ago. 2013.

SNOWDON, B; VANE, R. Modern macroeconomics: its origin, development and current state. Massa-chusetts: Edward Elgar Publishing, 2005.

SVENSSON, L. Inflation Targeting as a Monetary Policy Rule. Institute for International Economic Studies, Stockholm University, 1998.

TAYLOR, J. Discretion versus policy rules in practice. Carnegie-Rochester Conference Series on Pub-lic Policy 39, North-Holland, 1993.

Downloads

Publicado

2016-03-31

Edição

Seção

Artigos