Impacto da esteatose microvesicular na função hepática precoce e no prognóstico após transplante ortotópico de fígado

Autores

  • Eduardo Bertolli CCMB/PUC-SP
  • Gustavo Alex Condi CCMB/PUC-SP
  • Fernando Lauand Chaves CCMB/PUC-SP
  • Fábio Zavarezzi CCMB/PUC-SP
  • Luiz Henrique Mazzonetto Mestieri CCMB/PUC-SP
  • Rogério Carballo Afonso CCMB/PUC-SP
  • Ben-Hur Ferraz Neto CCMB/PUC-SP

Palavras-chave:

fígado gorduroso, transplante de fígado, sobrevivência de enxerto

Resumo

Introdução: o transplante de fígado é considerado única terapia eficaz no tratamento de doenças hepáticas crônicas. Porém, muitos pacientes que seriam beneficiados com este procedimento acabam indo ao óbito na fila de espera do transplante, conseqüência de desproporção entre número de pacientes nessas condições e de doadores efetivos. Surgem, então, pesquisas na tentativa de buscar alternativas terapêuticas. Uma delas seria o uso de enxertos fora das condições preconizadas como ideais, como é o caso de fígados com esteatose hepática microvesicular. Objetivos: avaliar o impacto da esteatose microvesicular na função hepática precoce e na sobrevivência de pacientes submetidos ao transplante ortotópico de fígado. Pacientes e métodos: análise retrospectiva de 48 pacientes submetidos ao transplante de fígado de doador cadáver, portadores de hepatopatia crônica, entre novembro de 1995 a junho de 2000; Resultados: a esteatose microvesicular esteve presente em 26 enxertos, sendo 18 (37,50%) com até 50% de infiltração gordurosa (Em2), 8 (16,67%) com mais de 50% (Em3) e 22 enxertos (45,83%) sem esteatose microvesicular (Em1). A sobrevivência global dos pacientes foi de 72,92% (35/48). Treze pacientes (27,08%) evoluíram a óbito. A sobrevivência atuarial de 1,3,6 e 12 meses foi de 93,80%, 89,60%, 81,30% e 72,92%, respectivamente. A função precoce foi adequada em 16 pacientes (72,72%), 16 (88,88%) e 6 (75%), respectivamente, nos grupos Em1, Em2 e Em3 (p=0,547). A sobrevivência precoce foi de 90,90%, 100% e 87,5%. Em um ano, os valores foram 86,36%, 82,94% e 62,50%, respectivamente (p=0,380). Conclusões: enxertos esteatóticos microvesiculares podem apresentar função inicial adequada, não comprometendo a sobrevivência geral dos pacientes transplantados. Desse modo, esse tipo de procedimento deveria ser considerado opção para pacientes que necessitam de um transplante e esses enxertos não devem ser rotineiramente descartados.