Antecipação e Abdução

Autores

  • Kátia Batista Camelo Pessoa Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP – Câmpus de Marília
  • Gustavo Melazi Girardi Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP – Câmpus de Marília

Palavras-chave:

Abdução, Antecipação

Resumo

O objetivo deste trabalho é analisar o conceito de antecipação, que na concepção de De Tienne (2005), é um processo pelo qual a representação de um estado futuro orienta um evento semiótico presente, e a sua relação com o raciocínio abdutivo. Nesse sentido, a antecipação envolve uma dimensão teleológica, na medida em que incorpora signos com os desdobramentos de seus novos interpretantes. No processo de semiose, isto é, nos desdobramentos dos signos, estes carregam com eles o futuro, pois estão impregnados de intenções, desejos, necessidades e ideais. Ressaltamos que na semiose a informação é inerentemente processual, pois os signos se constituem numa dinâmica, e por meio dessa dinâmica, ao serem instanciados, adotam uma forma condicional, que tem a característica de enunciar vagamente o que poderá acontecer no futuro. Ao antecipar uma interpretação, a semiose se desloca em duas direções no tempo: no presente, ela envolve algo do passado que, ao sinalizar por meio de intenções, remete ao futuro; e do futuro para o presente, ao orientar os eventos presentes pela representação do futuro. Há uma co-relação entre essas duas direções temporais na medida em que podemos prever, pelo processo semiótico, os acontecimentos futuros, sendo esta previsão uma orientação para os eventos no presente. Argumentaremos em defesa da existência de uma relação frutífera entre esse processo de antecipação e o raciocínio abdutivo, relação esta que – ao reunir informação na forma de um conjunto ordenado de proposições de um continuum semiótico – possibilita a formulação de novas hipóteses.

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