Pragmatismo e Acaso. Parte 1: O Problema das Fontes Gregas do Tiquismo

Autores

  • José Renato Salatiel Centro de Estudos do Pragmatismo

Palavras-chave:

Acaso, Tiquismo, Ontologia, Causa, Causalidade, Aristóteles, Epicuro

Resumo

Na teoria do acaso de Charles S. Peirce (1839-1914), o conceito de acaso possui dois sentidos distintos, mas complementares em sua metafísica: (i) acaso matemático, oriundo da teoria das probabilidades e que fornece um dos vetores da cosmologia peirciana; e (ii) acaso absoluto, entendido como uma propriedade real de mundo e como ausência ou violação de leis da Natureza. O acaso absoluto é o cerne de sua doutrina do tiquismo, cujo nome é derivado do grego tyché. A proposta deste artigo, dividido em duas partes, é demonstrar como a noção de acaso ontológico fundamenta o método pragmatista de Peirce, conectando, dessa forma, metafísica e pragmatismo. Nesta primeira parte do artigo, investigam-se as influências do tiquismo: enquanto o acaso matemático possui parâmetros na física estatística e teoria evolucionista do século 19, o acaso absoluto conta com duas fontes reconhecidas na filosofia grega, a qual Peirce se dedica aos estudos a partir de 1890: a teoria das causas acidentais na obra Física, de Aristóteles, e a hipótese do clinamen de Epicuro, conforme exposta por Lucrécio em De Rerum Natura. O problema é que ambas as fontes gregas fornecem bases apenas parciais e, em alguns pontos, frágeis, para ampla concepção de acaso adotada por Peirce. Concluímos que é o conceito lógico de possibilidade real em Aristóteles que vai não somente amparar o tiquismo, como conectar a doutrina com a tradição clássica do pragmatismo peirciano.

Edição

Seção

Artigos