“Todos os Nossos Problemas Desaparecerão”: Royce e a Possibilidade de Erro

Autores

  • Scott L. Pratt Department of Philosophy University of Oregon, United States

Palavras-chave:

Royce, Peirce, Error, Agency, Pluralism.

Resumo

Um argumento para a possibilidade do erro foi o centro da primeira maior obra filosófica de Royce, The Religious Aspect of Philosophy [O Aspecto Religioso da Filosofia]. O argumento levou, por um lado, à concepção de um Absoluto transcendente e, por outro, à concepção de uma ação humana e do significado. À luz do argumento, ele conclui que “todos os nossos problemas desaparecerão de uma vez e o erro será possível.” Apesar da novidade do argumento ter ajudado a estabelecer Royce como o principal defensor do idealismo na América, o argumento caiu na obscuridade após a Primeira Guerra Mundial e seu significado se perdeu com a rejeição do idealismo pela filosofia acadêmica. Escrevendo em 1920, George Santayana concluiu que o argumento de Royce para a possibilidade do erro se transformou em “um equívoco romântico.” Nos anos 1960, John Herman Randall lembrou a crítica de Santayana e concluiu que o argumento de Royce era, na melhor das hipóteses, “esperto”. A impressão do trabalho de Royce como uma falha do idealismo com limitados valores históricos e filosóficos persiste hoje. Ainda que o trabalho de Royce tenha sumido de vista, a necessidade de dar conta do erro permaneceu importante. Como resultado de sua inabilidade para prover uma defesa bem sucedida do erro, o movimento Novo Realismo – recente de sua vitória sobre o idealismo – foi substituído pelos Realistas Críticos, liderados por Santayana que, por usa vez, deu lugar à demanda do positivismo lógico por uma teoria da verificação. Dificuldades em dar conta do erro continuaram no século 21 no trabalho de filósofos que procuraram conectar produção de conhecimento com teorias da verdade, especialmente em contextos de diversidade cultural. Neste artigo, irei reconsiderar o argumento do erro de Royce tanto para por de lado noções errôneas da teoria quanto para mostrar como ele pode envolver preocupações atuais referente ao conhecimento, à verdade e ao pluralismo. A chave para este exame é o criticismo da teoria de Royce feito por C. S. Peirce em sua resenha inédita de 1885 para The Religious Aspect of Philosophy. Argumentarei que o criticismo de Peirce antecipou a própria reconstrução de Royce da teoria em sua obra posterior. Peirce corretamente conclui que o argumento original de Royce que amarra o erro a “termos gerais” (ou descrições completas) é incorreto. Em vez disso, o erro se torna a operação de “índices” que servem para conectar afirmações de conhecimento a objetos de um modo que requer a participação de outros agentes. O desenvolvimento de Royce de sua teoria do erro leva à lógica da ação livre e uma redefinição do transcendente com relevância para presentes problemas em filosofia e para todo o mundo.