Dialogismo e Intertextualidade nas Comunicações Administrativas: Análise Lingüístico-semiótica

Autores

  • Izidoro Blikstein

Palavras-chave:

dialogismo, intertextualidade, análise lingüístico-semiótica, discurso empresarial

Resumo

O discurso, do ponto de vista semiótico, tem, basicamente, a função de criar um efeito no receptor da mensagem. No caso do discurso empresarial, o discurso deve criar uma imagem positiva, mostrando a empresa como uma organização competente, ética e transparente. Na prática, entretanto, o discurso empresarial funciona mais para “esconder” do que para “mostrar”. Com efeito, a análise semiótica e lingüística revela como o discurso empresarial é articulado, na estrutura de superfície, para transmitir uma imagem de perfeição e de heroísmo (como uma manifestação da síndrome de John Waine, o invencível cowboy), embora, na estrutura profunda, tal discurso contenha os pressupostos típicos de uma intertextualidade autoritária, conservadora e discriminatória.No presente artigo, nosso objetivo é demonstrar como, freqüentemente, o discurso empresarial manipula os signos, por meio de uma narrativa marcada por estereótipos e incoerências semânticas. Tal manipulação é articulada pela “técnica” do silêncio a respeito de aspectos essenciais do conteúdo da mensagem. O discurso procura, então, encobrir o essencial, dando ênfase a detalhes. Mas sabemos que Deus se esconde nos detalhes... Para a semiótica, a verdadeira significação do discurso pode ser extraída do “pequeno”: o “pequeno” conduz ao “grande”, segundo a brilhante expressão de Carlo Guinzburg, ao apontar as semelhanças entre os métodos de descoberta praticados por Freud, Sherlock Holmes e o crítico de pintura Morelli.