II, 4, 2022

Editorial

 

Publié en ligne le 26 décembre 2022
https://doi.org/10.23925/2763-700X.2022n4.60282
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O objetivo dos Editoriais das três primeiras edições de Acta Semiotica era apresentar as grandes opções de fundo que orientam a revista. Aqui, mais modestamente, trata-se apenas de informar sobre o conteúdo da presente edição, aos moldes de um cardápio colocado ao lado da entrada de um restaurante afim de indicar os pratos ofertados para quem quiser entrar.

Na verdade, para o leitor saber o que lhe é proposto, bastaria consultar o Sumário. De modo condensado, toda a informação está nele e cada um pode selecionar o que o interessa.

Caso se encontre algum título de artigo insuficientemente claro, o resumo que o acompanha explicita (em, no mínimo, três línguas) do que ele trata. Ademais, todas as seções que necessitam uma contextualização são introduzidas por breves apresentações explicativas. Nestas condições, a razão de ser do presente editorial se reduz a pouca coisa. Contudo, a comparação com um menu de restaurante ainda se justifica pela simples razão de que a sequência das seções que agrupam os artigos no espaço da revista evoca a sintagmática temporal de um banquete à moda antiga, quer dizer, abundante e variado.

Eis primeiro, a título de Hors-d’œuvre (a “entrada” da refeição clássica), um Point sémiotique relativo aos últimos avanços da semiótica do espaço, tal como concebida e desenvolvida por Manar Hammad, um entre seus pionieiros e, hoje, sem nenhuma dúvida, o seu principal teórico na cena mundial.

Mas logo se chega ao prato principal — le Plat. Abrangendo uma série de onze artigos que compõem um volumoso Dossier, ele responde a um desafio : repensar as relações entre, por um lado, a estrutura, com a sua rigidez (sistematicidade, regularidade, repetitividade), e, por outro, tudo o que muitos acreditam que ela impede por natureza, a saber a possibilidade do novo, a invenção do inédito, a singularidade, a criatividade. O dossier argumenta contra este prejuízo. Contemplada inicialmente no plano teórico (G. Ferraro, N. Kersyté, M. Leone, J.-P. Petitimbert, G. Ceriani, E. Landowski), a questão é abordada em seguida no quadro de vários campos de criação (T. Lancioni et D. Sparti, G. Grignaffini, M. Bogo, N. Monti, A.C. de Oliveira).

Após uma pausa, a seção das Ouvertures théoriques — o equivalente do que antigamente se chamava o Entremets (“entre pratos”) — pretende reabrir o apetite oferecendo a escolha entre três opções semióticas muito distintas pois remetem respetivamente à semiótica dita “das instâncias” (A. Kharbouch), à semiótica cognitiva (P.A. Brandt) e a uma semiótica inspirada pela engenharia (J. Miranda).

O Dialogue com três vozes (P. Demuru, E. Landowski, F. Sedda) que vem depois ocupa o lugar das Saladas, isso dito sem nenhuma conotação pejorativa, pois aí se discute de maneira extremamente séria as justificativas e as perspectivas de uma pesquisa engajada, isto é, de um trabalho semiótico que ambiciona intervir no mundo real.

Logo após (quinto serviço), visto que não pode haver refeição verdadeira sem queijo — o Fromage —, são propostas duas variedades, cada uma delas como produto de uma experiência In vivo : a vivência de uma crise devida ao que a atualidade tem, geopoliticamente e semioticamente, de mais preocupante, em particular pelos intelectuais que atuam no leste da Europa (N. Kersyté) ; e um mergulho no microuniverso dos semioticistas recentemente reunidos em congresso na cidade de Tessalônica (F. Sedda).

E, para acabar, na forma de Bonnes feuilles, a sobremesa (le Dessert) — só uma, mas particularmente refinada : o capítulo 1 de um volume agrupando uma série de artigos de Jean-Claude Coquet, ele também, como se sabe, um dos pionieiros e, mais tarde, um dos principais renovadores da semiótica estrutural que praticamos aqui sob uma forma diferente dele, mas bem próxima.


E. Landowski

 

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