Psicanálise lacaniana e marxismo revolucionário

Autores

  • Ian Parker Manchester Metropolitan University

DOI:

https://doi.org/10.5546/peste.v1i1.2701

Resumo

Resumo: O artigo compara a psicanálise lacaniana com a tradição do marxismo revolucionário. Não se objetiva uma combinação ou um compromisso entre essas duas formas de pensamento, mas verificar a hipótese de que entre ambas há uma oposição, de fato dialética. Ressaltam-se analogias em termos da forma de transmissão, produção e intervenção redundante do saber cultivado em ambas as tradições. Examinam-se também as homologias sociológicas entre os dois movimentos quanto à lógica da formação de inimigos, castas burocráticas e revisão crítica da teoria. Examina-se em seguida a importância articulatória do pensamento de Althusser e de Zizek, como dois casosmodelo para a hipótese da oposição dialética. O artigo conclui pelo reconhecimento de que tanto na psicanálise lacaniana (por meio da teoria da sexuação) quanto no marxismo revolucionário (por meio das teorias feministas) tematiza-se o caráter não redutível da diferença, no interior de um determinado universal. A feminilidade, como elemento comum e subversivo no interior dessa oposição entre psicanálise e marxismo, apresenta-se assim como indicativo da contradição lançada como hipótese do artigo. Palavras-chave: marxismo; psicanálise; Lacan; teoria feminista; feminilidade. Abstract: The paper compares Lacanian Psychoanalysis with the tradition of Revolutionary Marxism. The aim is not to achieve a combination or a compromise between these two forms of thought, but rather, to verify the hypothesis that between them there is an opposition that is, in fact, dialectical. Analogies in terms of the form of transmission, production and intervention resulting from the knowledge that is cultivated in both traditions are highlighted. In addition, sociological homologies between the two movements concerning the logic of formation of enemies, bureaucratic castes and critical review of the theory are examined. Then, the articulating importance of Althusser’s and Zizek’s thought is examined as two model cases concerning the hypothesis of dialectical opposition. The paper concludes by recognizing that both Lacanian Psychoanalysis (through sexuation theory) and Revolutionary Marxism (through the feminist theories) approach the non-reducible character of difference inside a certain universal. Femininity, as a common and subversive element within this opposition between psychoanalysis and Marxism, thus indicates the contradiction that is the paper’s hypothesis. Keywords: Marxism; psychoanalysis; Lacan; feminist theory; femininity.