DA SOLUÇÃO FINAL, DO GERENTE OPERACIONAL E… DO HOMEM CONTEMPORÂNEO

Autores

  • Antonio Godino Cabas

DOI:

https://doi.org/10.5546/peste.v7i2.30481

Resumo

Resumo: Este artigo busca entender o Holocausto perpetrado pela
Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, não como fruto da
barbárie e de um retorno aos estágios primitivos da sociedade humana,
mas como a mais pura expressão de uma singular pós-modernidade. O
desenvolvimento técnico de uma sociedade fortemente industrializada,
altamente dotada de instrumentos técnicos e plenamente capacitada
para sua utilização, forneceu os meios que possibilitaram implementar
a política genocida. Argumenta-se que se tratou de uma verdadeira
engenharia social, direcionada por uma estratégia de manejo de grupos
em larga escala e articulada à lógica financeira de uma política voltada
ao puro fabrico da morte em escala industrial. E isso foi feito em
nome do sonho de um plano sanitarista de limpeza étnica, destinado
a isolar o mal e garantir a pureza da raça: a luta de um “médico
imaginário” empenhado na salvação da Alemanha. Alerta-se que
ainda hoje podemos ouvir os ecos dessa “ambição”, nas reivindicações
contemporâneas pela segregação, como solução para a violência urbana,
a degradação e a miséria, sob o argumento que o custo social é pago
com dinheiro público. Nesse contexto, o homem contemporâneo pode
ser aproximado de Adolf Eichmann: “gerente operacional” do projeto
higienista nazista. Ou seja, qualquer um que abdique de julgar por si
próprio, de pensar por si mesmo e de saber-de-si, ao mesmo tempo que
se disponha a executar com máxima eficiência e sem questionamentos
qualquer ordem recebida.
Palavras-chave: Lacan; segregação; higienismo; campo de concentração;
técnica; engenharia social; mal.

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Publicado

2016-11-22

Edição

Seção

Artigos