As ocupações secundaristas em Goiás
O avanço da violência institucional e o limite da tática de reivindicação
DOI:
https://doi.org/10.23925/2675-8253.2021v2IiA7Palavras-chave:
Estado , Violência, Movimentos Sociais, Movimento Secundarista, Ocupações, Ocupações de escolas, Goiás, Ocupação secundaristaResumo
O presente trabalho busca analisar o processo de absorção das ocupações secundaristas em Goiás por parte do Estado. Para tanto, passa-se a direcionar o estudo a partir da perspectiva dos próprios estudantes e dessa forma busca-se entender e explicar os processos que culminaram no fim das ocupações. Dessa maneira, recorre-se à pesquisa bibliográfica e à pesquisa documental, de modo que seja possível compreender os fenômenos sociais inseridos nesse processo de luta e o desenvolvimento da ação do Estado nas ocupações. A partir disso, buscamos analisar as denúncias perpetradas pelos próprios estudantes por meio das páginas das ocupações. Outra questão importante analisada no presente trabalho, trata-se de apresentar a forma de organização do movimento secundarista em Goiás que cotidianamente afirmava e reafirmava seu caráter autogestionário. Concomitantemente, compreende-se à tática enquanto aspecto micro da estratégia. A tática é compreendida enquanto conjunto de ações que são utilizadas para alcançar determinado objetivo. Dentro disso, observa-se quatro estágios que se desenvolveram para que o Estado pudesse pôr fim às ocupações secundaristas contra a privatização e a militarização do ensino público. Por fim, conclui-se que, embora o Estado tenha absorvido e posto fim ao método de ocupação enquanto forma de reivindicativa, também desenvolveu mecanismos para que esse método de organização deixasse de existir. Dessa maneira, o presente trabalho permite compreender a relação entre Estado, Violência e Movimentos Sociais, permitindo uma compreensão mais profunda e prática das relações e inter-relações que permeiam esse processo.Referências
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