Entre poções e amuletos: o uso de pedras preciosas na Peste Bubônica do século XIV

Authors

  • Raíssa Rocha Bombini Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.23925/1980-7651.2021v28;p26

Abstract

Em 1347, chegou aos portos italianos uma doença de mortalidade sem precedentes: a Peste Bubônica. Em poucos anos espalhou-se pelo continente europeu matando milhões de pessoas e deixando um rastro de destruição. Em meio à urgência desse cenário, começaram a surgir, logo nos primeiros anos da epidemia, tratados sobre a pestilência escritos por médicos e professores ligados, primeiramente, aos principais centros de medicina do continente, como Paris e Bologna; e, em um segundo momento, a faculdades e centros menores, em partes cada vez mais longínquas, criando um mapa de conhecimentos. Os tratados tinham o objetivo de explicar a etiologia da doença, até então desconhecida, propor práticas profiláticas e um possível tratamento, com flebotomia e o emprego de medicamentos. Em parte dos medicamentos sugeridos, encontravam-se mencionadas recorrentemente pedras preciosas, como a esmeralda e a safira. Até hoje, uma pouca literatura abordou o uso das gemas na medicina medieval, mas, geralmente, de forma superficial ou atribuindo um caráter irracional ao seu emprego nos tratamentos. Foram revisitados esses argumentos e propusemos outros modos de compreensão sobre o uso das pedras preciosas contra a Peste Bubônica a partir dos conhecimentos e das crenças que as circundavam. Esta tese tem o objetivo, portanto, de identificar e expor a lógica por trás do uso das gemas contra a pestilência, mostrando que estas continham qualidades mágico-médicas e simbólico-religiosas, que lhes conferiam poderes de fortalecimento, proteção e cura, aspectos importantes no combate à doença. Para isso, recorremos a um amplo corpo documental composto, principalmente, de tratados médicos feitos entre 1348 e 1550, de lapidários e enciclopédias antigas e medievais e de literatura exegética.

Published

2022-02-23

Issue

Section

Dissertation Abstracts