Ciência e Ética: Fritz Haber e a Guerra Química
DOI:
https://doi.org/10.23925/1980-7651.2021v28;p30Abstract
Dentre as várias inovações utilizadas na Primeira Grande Guerra, como blindados, aviões e submarinos, os gases químicos, utilizados por Alemanha, França e Inglaterra, mostraram-se como uma das mais letais e temíveis armas já vistas, cujo desenvolvimento valeu-se da ação direta de vários cientistas, entre eles, Fritz Haber, alemão de ascendência judaica, ganhador do prêmio Nobel de química de 1918, que não só encabeçou as pesquisas e o desenvolvimento de uma arma baseada em gás, como também liderou sua aplicação no campo de batalha.
Se a ciência havia despertado a ilusão de que seria para a humanidade a encarnação do mito de Prometeu, a Primeira Guerra mostrou uma face bem menos nobre, para dizer o mínimo, frente aos horrores oriundos do uso bélico sistemático de avanços científicos, levando à reflexão de que talvez fosse mais adequado associar-se a ela a figura do doutor Victor Frankenstein. O cientista e, por extensão, a Ciência, representava enfim um caminho para salvação ou destruição da humanidade? Mas seria simples e pertinente classificar a ciência de forma tão maniqueísta e julgá-la moralmente em decorrência de suas descobertas e aplicações, mesmo quando se trata de seu uso bélico? E fazê-lo com seus principais representantes, os cientistas?
Estas são questões levantadas por este trabalho, que busca uma análise dos aspectos morais do uso do conhecimento científico, à luz da História da Ciência, abordando dificuldades de fazê-la sem incorrer em anacronismo, ingenuidade ou superficialidade.