COGNITIO-ESTUDOS

Revista Eletrônica de Filosofia
Philosophy Eletronic Journal
ISSN 1809-8428

São Paulo: Centro de Estudos de Pragmatismo
Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Disponível em <http://revistas.pucsp.br/index.php/cognitio>

Vol. 13, nº.1, janeiro-junho, 2016

EDITORIAL

A COGNITIO-ESTUDOS, ao longo de seus doze anos de publicação, firmou-se no cenário filosófico nacional como um espaço de diálogo e diversidade filosófica entre estudantes, pós-graduandos e doutores. Isso traduz o espírito pragmatista legado por seus fundadores, no século 19, que ousaram arejar a atividade filosófica mesclando diferentes elementos do pensamento europeu com a Ciência Moderna, originando um campo frutífero de reflexões teóricas que ora exploramos.

Exemplo disso é esta primeira edição de 2016 que nossos leitores podem agora acessar. Dando continuidade a uma tendência observada em números anteriores, há um interesse crescente entre os estudiosos em explorar o pragmatismo em diversas frentes do pensamento contemporâneo, da ética e política à filosofia da linguagem e epistemologia, sem descuidar das referências à tradição.

No âmbito do pragmatismo clássico, dois artigos deste número contribuem para a fortuna crítica de John Dewey no Brasil. Em "O naturalismo em Dewey", Caio César Cabral (USP) explora aspectos da filosofia naturalista do filósofo norte-americano, tese de inspiração darwiniana, em comparação com o behaviorismo de Edward Tolman e o conceito de hábito em Hume. A linguagem, por sua vez, é o objeto de estudo de Rodrigo Augusto de Souza (UFPR) em "A concepção de linguagem em John Dewey", em específico a reflexão desse filósofo acerca da relação entre linguagem e pensamento, que possui interessantes paralelos com Wittgenstein, bem como suas conexões com a semiótica peirciana.

Ainda tratando de linguagem, mas dentro da tradição da hermenêutica, Vinicius Oliveira Sanfelice (Unicamp/Fespesp) revisita, no artigo "Hermenêutica crítica?", a posição de Paul Ricœur no debate entre Habermas e Gadamer, para mostrar que a revisão hermenêutica promovida pelo francês é um recuo nas aspirações ontológicas dessa doutrina.

Outro debate contemporâneo, esse envolvendo Habermas e Rawls sobre justiça e moral, é tema de "Rawls e Habermas: conciliação no pragmatismo", escrito coletivo do Grupo de Estudos de Ética do Centro de Estudos de Pragmatismo da PUC-SP. No texto, os autores exploram a influência comum do pragmatismo peirciano em ambos os autores.

A esfera social retorna como objeto de reflexão em "Liberdade como resistência", texto de Thiago Ferreira Pinto (Universidade de Brasília - UnB), em específico na articulação dos conceitos de liberdade, sofrimento e resistência, feita no contexto da crítica hegeliana da Modernidade. O leitor interessado em Hegel -- essa outra grande influência dos pragmatistas, é bom lembrar -- também vai se interessar pelo trabalho de Michele Borges Heldt (Unisinos/CAPES/PROSUP), "O idealismo objetivo de Vittorio Hösle", que compreende uma leitura minuciosa de um capítulo de O sistema de Hegel, do autor citado no título.

Por fim, destacamos dois textos a respeito de importantes filósofos analíticos que estudiosos do pragmatismo certamente reconhecerão como interlocutores de longa data. Em "Conteúdo conceitual em McDowell", Cínthia Roso Oliveira (Unisinos/CAPES) e César Meurer (Unisinos) fazem uma crítica ao conceitualismo de John McDowell, enquanto Alexandre M. Fonseca (UFSM) publica sua tradução para "O desenvolvimento do externalismo semântico", do filósofo Hilary Putnam, morto em março deste ano. Completa a edição uma resenha para Interfaces da Filosofia Contemporânea, que reúne textos a respeito da interlocução entre Filosofia e (outras) ciências. Oferecemos a você, leitor, a continuidade desse diálogo perene.

José Renato Salatiel
UFES/CAPES-PNPD