COGNITIO-ESTUDOS

Revista Eletrônica de Filosofia
Philosophy Eletronic Journal
ISSN 1809-8428

São Paulo: Centro de Estudos de Pragmatismo
Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Disponível em <http://revistas.pucsp.br/index.php/cognitio>

Vol. 17, nº. 2, julho-dezembro, 2020

DOI: 10.23925/1809-8428.2020v17i2pAI

EDITORIAL

Prezado leitor,

Apresentamos a segunda edição de 2020 da COGNITIO-ESTUDOS: Revista Eletrônica de Filosofia, publicação semestral do Centro de Estudos de Pragmatismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC-SP.

Na esteira de uma filosofia da mente, Marco Aurélio Sousa Alves e João César Ramos discutem sobre a ciência da consciência na perspectiva de Immanuel Kant. O artigo intenta investigar possíveis implicações da filosofia transcendental no debate contemporâneo, a partir Crítica da Razão Pura. Para tal, os autores discorrem sobre a crítica transcendental e o fenômeno e a coisa-em-si. Já Thalyta Gonçalves Bertotti busca analisar sobre como lidar com a popularização do terraplanismo. Apresenta uma proposta a partir da filosofia da ciência de Susan Haack. Assim, busca compreender os terraplanistas como Novos Cínicos e indaga sobre um compromisso com a defesa da ciência a partir do Senso Comum Crítico.

Na esfera do pragmatismo, Antonio Wardison C. Silva explicita e analisa a evolução da filosofia pragmático-transcendental de Karl-Otto Apel, ao apontar três grandes períodos: a) a transformação histórico-hermenêutica da filosofia transcendental kantiana; b) a transformação semiótico-pragmática da filosofia transcendental kantiana; c) e a elaboração de uma filosofia pragmático-transcendental aplicada à história, a ética do discurso. Também, nesta mesma esfera, Jorge Francisco da Silva e Karl Heinz Efken investigam o conceito de discursos justificáveis em Dewey como coração de seu pragmatismo instrumental. O artigo apresenta o tipo específico de pragmatismo de Dewey, no contexto do pragmatismo clássico norte-americano, representado por Peirce e James e examina a formação do núcleo do pragmatismo instrumental de Dewey, seu conceito de discursos justificáveis.

Ainda no campo do pragmatismo, Eluiza Bortolotto Ghizzi averigua proposições para uma semiótica da arquitetura embasada em uma significação pragmática dos seus conceitos. A autora trata a questão ao analisar o idealismo objetivo e a linguagem, a conaturalidade eidética entre os conceitos, projetos, edificações e usos; a semiótica e pragmatismo, o significado pragmático dos conceitos; e uma revisão crítica dos conceitos. Não diferente a esta perspectiva filosófica, do pragmatismo, Anderson de Alencar Menezes e Gustavo de Melo Silva indagam sobre o estado de direito democrático e patologias sociais na ótica de Jürgen Habermas. Trata-se de uma análise sobre a ineficácia do positivismo jurídico, meramente tecnicista e normativo, em desvalorização da ética e da ação comunicativa. A questão então é abordada com base em Habermas, da forma como ele encara o positivismo jurídico para garantir e resguardar a democracia, a liberdade e a igualdade dos sujeitos. A discussão na esfera do pragmatismo segue com Thiago Mota, ao inquirir sobre a pragmática agonística de Lyotards, o problema da legitimidade na pós-modernidade. O autor aborda as questões da legitimação na pós-modernidade, a virada linguística e o capitalismo cognitivo, a pragmática dos jogos de linguagem, uma pragmática agonística, a pragmática agonística da sociedade, uma análise do Grundlagenkrise à performatividade e a paralogia e diferença.

Em outra vertente, José Elielton de Sousa reflete sobre o bom e os bens entendidos em termos de florescimento humano, na perspectiva do pensamento de Alasdair MacIntyre. Busca o autor explicitar os elementos teóricos de evolução de MacIntyre, de uma explicação socialmente teleológica para uma explicação biologicamente teleológica do bem humano.

Na perspectiva pragmática, ainda, Valdomiro Pinheiro Teixeira Junior examina a linguagem no preeminente contexto da filosofia após a virada linguística. Propõe-se o autor categorizar os diferentes pensamentos a partir da virada linguística, a saber, a Hermenêutica, o Estruturalismo, a Formalismo, a Filosofia Analítica e a Filosofia Pragmática. Também na perspectiva do pragmatismo, José Luiz Zanette, Caique Marra de Melo e Lucas Antonio Saran discorrem sobre a razão pública e a abordagem pragmatista plural, no contexto da razão pública na contemporaneidade. Tratam de perscrutar sobre a evolução da pretensão de verdade e manipulações, a ordem do cosmo e a questão dos fins em Kant e em Peirce como direcionadores à questão moral e a questão da ética racional e o modelo do Agonismo como oposição.

Esta edição ainda traz o ensaio "A palavra cão não morde", de Antonio José Romera Valverde; tem a finalidade de indagar sobre o estatuto contraditório da palavra no campo da política, por meio de uma sondagem lúdica, aforismática. Traz também a tradução, por Guilherme Gräf Schüler e Rogério Passos Severo, do texto "Relativismo e Absolutismo, de W. V. Quine.

Esperemos que os textos desta edição, de notável pensamento crítico-reflexivo, possam inquietar e, ao mesmo tempo, inspirar os leitores a novas reflexões filosóficas.

Boa leitura,

Antonio Wardison C. Silva
Editor Assistente / COGNITIO-ESTUDOS: Revista Eletrônica de Filosofia
Centro de Estudos de Pragmatismo, PUC-SP, Brasil