O pragmatismo de Richard Rorty e suas consequências políticas

Authors

  • Daniel Luis Cidade Gonçalves Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Keywords:

pragmatismo – ironismo – liberalismo - solidarieda

Abstract

Resumo: Este artigo possui dois objetivos principais. O primeiro objetivo trata da caracterização de Rorty acerca do pragmatismo, entendendo o mesmo como a doutrina que alega a inexistência de constrangimentos à investigação, exceto os conversacionais (os objetos não nos coagem a acreditar na verdade acerca deles). Tal definição suscita duas acusações epistemológicas principais (e algumas acusações políticas): a de que o pragmatismo seria relativista e irracionalista. Sobre o segundo objetivo, o pragmatismo de Rorty tem como consequência desejável o ironismo e o liberalismo. A figura do ironista resume o indivíduo que possui dúvidas radicais sobre o vocabulário final que usa, por não acreditar que o mesmo esteja mais próximo da realidade do que outros vocabulários alternativos. Já o liberal de Rorty seria aquele que considera a crueldade a pior coisa que fazemos. Trata-se, para o autor, de adotarmos o liberalismo iluminista sem que seja necessário adotar o racionalismo iluminista. Para Rorty, não existe um tribunal filosófico ao qual podemos recorrer para decidir a legitimidade de nossas crenças e desejos. É necessário assumirmos o etnocentrismo de nossas crenças, negando a possibilidade de uma fundamentação transcultural de nossos valores. O autor faz uma defesa não-essencialista daquilo que chama de liberdade como reconhecimento da contingência e das liberdades burguesas tradicionais, tendo em vista o conceito de solidariedade, entendido não como algo que faça parte da nossa natureza humana, mas como um sentimento desenvolvido socialmente que nos ajudou, ao longo da história, a aumentar a liberdade e diminuir o sofrimento dos seres humanos.

Author Biography

Daniel Luis Cidade Gonçalves, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Doutorando em Ética e Filosofia Política na Universidade Federal de Santa Catarina. Bacharel, licenciado e mestre pela mesma instituição.

References

CALDER, Gideon. Rorty e a redescrição. Tradução de Luiz Henrique de Araújo Dutra. São Paulo: Unesp, 2003.

HAACK, Susan. Pragmatismo. In: BUNNIN, Nicholas; TSUI-JAMES, E.P. Compêndio de Filosofia. 2. ed. Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Loyola, 2003.

NYSTROM, Derek, PUCKET, Kent. Contra os patrões, contra as oligarquias. Tradução de Luiz Henrique de Araújo Dutra. São Paulo: Unesp, 2005.

RORTY, Richard. A Filosofia e o espelho da natureza. 2. ed. Tradução de Antônio Trânsito. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.

______. Consequências do pragmatismo. Tradução de João Duarte. Lisboa: Instituto Piaget, 1982.

______. Contingência, ironia e solidariedade. Tradução de Vera Ribeiro. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

______. Ensaios sobre Heidegger e outros. Escritos filosóficos 2. Tradução de Marco Antônio Casanova. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1999.

______. Filosofia como política cultural. Tradução de João Carlos Pijnappel. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

______. Objetivismo, relativismo e verdade: Escritos filosóficos 1. Tradução de Marco Antônio Casanova. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.

______. Uma ética laica. Tradução de Mirella Traversin Martino. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

SOUZA, José Crisóstomo de (org.). Filosofia, racionalidade, democracia. São Paulo, Unesp, 2005.

Published

2014-12-11

Issue

Section

Artigos