@article{Nagl_2013, title={Para além do Pragmatismo Absoluto: o Conceito de Comunidade na Filosofia Madura de Josiah Royce}, volume={5}, url={https://revistas.pucsp.br/index.php/cognitiofilosofia/article/view/13208}, abstractNote={Em muitos relatos da história da filosofia americana clássica, o filósofo de Harvard Josiah Royce – colega mais novo de William James e um dos interlocutores de Charles Sanders Peirce – é categorizado como o último idealista absoluto da América: assim, ele é visto não como um pragmatista, mas como um filósofo cujo hegelianismo (algo grotesco) estivera sempre prestes a ser substituído pelo recente pragmatismo de James.Esse retrato de Royce tem sérias falhas (como, por exemplo, KUKLICK [1985] e OPPENHEIM [2001] mostraram). Royce, o idealista absoluto, começou sua carreira intelectual (como declarou em seu Pronunciamento Presidencial de 1903 à American Philosophical Association) como um pragmatista extremamente puro (1); e permaneceu em tal grau influenciado – durante todas suas discussões filosóficas com James sobre o absoluto – pela temática pragmatista que denominava sua posição idealista, intercambiavelmente, de pragmatismo absoluto (2). Em sua última filosofia (The Problem of Christianity, 1913), é particularmente seu envolvimento com a teoria dos signos de Charles Sanders Peirce que o faz reestruturar seu interesse continuado no pragmatismo/pragmaticismo. O principal conceito nesse estágio de seu pensamento – a noção de interpretação, que Royce explica na idéia de uma comunidade de investigadores (e, em termos ético-teológicos, em um conceito paulino de igreja) – tenta re-incorporar, de maneiras novas e sofisticadas, elementos fundamentais do pragmatismo (clássico), ao mesmo tempo em que se desvia de certas falhas da posição individualista de James (e também da posição pragmaticista limitada à ciência de Peirce).Neste trabalho mostrarei como Royce, durante as três fases de seu desenvolvimento intelectual, posiciona vários argumentos às margens do pragmatismo (clássico). Royce, por um lado, está constantemente fascinado pelo projeto pragmatista, não-fundacionista (especialmente em sua forma lógica, peirciana); por outro lado, ele mantém distância de (algumas versões) desse projeto, colocando-se cuidadosamente como um crítico bem informado do pragmatismo (principalmente o de James). Tal ambigüidade torna o estudo de Royce fascinante (especialmente hoje, já que o mais recente discurso neopragmatista começa a reinvestigar a intricada relação entre alegações pragmatistas e Hegel [Brandom, 2000; Rorty, 2001]). Ler cuidadosamente a filosofia madura de Royce não é, dessa forma, um mero exercício em história da filosofia.Meu trabalho consistirá de duas partes. No primeiro segmento, esboçarei brevemente os três estágios formadores do caminho intelectual de Royce: seu pragmatismo inicial (1.1), seu pragmatismo absoluto (1.2) e seu foco maduro em interpretação/comunidade (1.3); ao fazer isso, também indicarei por quais maneiras os principais conceitos de Royce diferem, por exemplo, da forma de pragmatismo de William James e de (aspectos da) noção pragmaticista de verdade de Peirce.A segunda parte da minha apresentação focalizará o conceito de comunidade de Royce, que é a noção fundamental de seu pragmatismo maduro. Tal conceito tem orientação epistemológica; mas também, reconceitualizado como a noção de Intérprete-Espírito, está finalmente amarrado à idéia de uma Comunidade Universal, uma noção que Royce elucida mais de perto em sua filosofia da religião. Meu trabalho enfocará a teoria de Royce da interpretação social sob dois aspectos. Em (2.1) argumentarei que a noção de Royce de uma Comunidade de Investigação (que – em certos aspectos – é mais elaborada do que idéias similares em Peirce) é crucial, caso o pragmatismo queira ficar isento de auto-imagens reducionistas (diádicas). Assim, desenvolverei e ampliarei um argumento que foi, em parte, apresentado por Karl-Otto Apel. E, em (2.2), compararei o conceito de comunidade de Royce com noções afins na obra de dois autores filosóficos que Royce, ambivalentemente, cortejava: com a idéia kantiana de um Reino dos Fins; e com o conceito hegeliano de Gemeinde (em suas Conferências sobre a filosofia da religião, Parte III, A religião consumada, Comunidade, Espírito). Como será mostrado, o pragmatismo/idealismo maduro de Royce – enquanto se mantém longe de todas as alegações dialéticas absolutas e transcendentais – incorpora pensamentos essenciais desses dois autores: pensamentos que podem ser usados para reavaliar criticamente, e diferenciar, versões mais estreitas de pragmatismo.}, number={1}, journal={Cognitio: Revista de Filosofia}, author={Nagl, Ludwig}, year={2013}, month={jan.}, pages={44–74} }