Tempo na liturgia: Uma abordagem no horizonte da metafísica zubiriana

Time in the liturgy: An approach in the horizon of the Zubirian metaphysics 

Valeriano Dos Santos Costa 

Professor de Graduação no Departamento de Teologia e de PósGraduação. Contato: pvaleriano@uol.com.br  


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Resumo

Para analisar a relação entre tempo e liturgia é necessário se ter uma noção correta do que seja o tempo em seus processos constitutivos. O escopo deste artigo é teológico, pois a liturgia faz parte da sistemática da fé. No entanto a questão do tempo é antes de tudo metafísica. É por isso que recorremos à metafísica de Xavier Zubiri, na qual vamos buscar uma base consistente para falar do tempo litúrgico. Aqui não se trata, portanto, da teologia do tempo na liturgia, mas do tempo em si mesmo enquanto elemento constitutivo da celebração da fé. A metafísica zubiriana apresenta um horizonte que traz uma dimensão realmente nova e desafiadora para o pensamento e a vida humana. E na liturgia repercute de maneira significativa, pois a abordagem do tempo enquanto elemento litúrgico depende inevitavelmente do conceito de tempo em sua articulação com as coisas, considerando que aqui se trata da abordagem tempo e liturgia. 

Palavras-chave: liturgia, tempo, celebração, rito, fé. 

Abstract

In order to analyse the relation between time and liturgy we need to have a correct notion of time in its constitutive processes. The aim of this article is theological, as liturgy pertains to systematics of faith. However, the question of time is first of all metaphysical. That is why we recur to Xavier Zubiri’s metaphysics, in which we seek a consistent basis to speak about liturgical time. This is not the case, therefore, of the theology of time in liturgy, but of time itself as a constitutive element of the celebration of faith. The Zubirian metaphysics presents a horizon that brings a real truth and challenging dimension to human thought and life. And it reverberates in liturgy in a significant way, as the approach of time while liturgical element inevitably depends on the concept of time in its articulation with things, considering that here is the case of the approach between time and liturgy. 

Keywords: liturgy, time, celebration, rite, faith. 


Introdução 

Para abordar o tempo no horizonte da metafísica zubiriana, vamos tecer inicialmente algumas consideraçãos sobre o pensamento de Xavier Zubiri. Em sua concepção de realidade o tempo é intrínseco, isto é, não está fora, como se fosse outra coisa, mas está dentro da propria realidade na ordem da ulterioridade. Zubiri nos apresenta uma inteligência inovadora como modo de apreender a realidade, que ele chamou de “Inteligência Senciente”. É uma forma unitárária e integrada do conhecimento humano. Assim deu uma guinada na história da filosofia, asseverando que sentir e inteligir estão vinculados em um processo de conhecimento que tem como orto a apreensão primordial de realidade e desdobramentos em logos e razão, naturalmente ulteriores e não exatamente posteriores, porque podem acontecer juntos, mas nunca sem iniciar pelos sentidos. Nesse processo o tempo é uma categoria que no homem não corresponde à sucessão das horas, mas à consciência da vida vivida no desafio dos seus progetos a curto e a longo prazo. Assim, para Zubiri, o tempo tem três dimensões: o tempo da “sucessão”, para as coisas, o tempo da “duração”, para a consciência humana, e o tempo da “precessão”, em vista da articulação projetiva da vida humana. Depois analisaremos como isto repercute na liturgia, cujos ritos projetam o orante para a eternidade, embora sejam vividos no tempo presente. 

É o que veremos neste artigo, cujo intento é compreender como a atualização do mistério pascal no “hoje” da liturgia e da história, com seus nos projetos da vida cristã, constitui o tempo litúrgico, ou o tempo na liturgia, pensado no horizonte da metafísica zubiriana.

1. Xavier Zubiri e a inteligência senciente 

Xavier Zubiri (1898-1983)[1] é um filósofo contemporâneo que se dedicou inteiramente a compreender a realidade e chegou a um resultado que consideramos uma revolução no pensamento atual. Ele reformulou fundamentalmente a teoria do conhecimento que chegou até nosso tempo. Neste sentido, Zubiri é considerado por Ellacuria, um dos seus discípulos mais destacados na América Latina, “um hipercrítico, um revolucionário em filosofia, um educador para a liberdade crítica do pensamento” (ELLACURIA, 2014, p. 35): 

Zubiri acabou desenvolvendo uma filosofia não só diferente, mas radicalmente nova, a partir do que se pode compreender como uma crítica radical de toda a filosofia anterior; e ele teve êxito em colocar todos os problemas em outro plano, para terminar com uma nova visão de realidade (ELLACURIA, 2014, p. 35).

Ousamos fazer interface entre a ciência litúrgica e a metafísica de Zubiri, porque esta é transversalmente teológica. A obra El hombre y Dios (ZUBIRI, 1988), editada pela primeira vez em 1984, é estruturalmente filosófica. Porém é passaporte para o mundo da Teologia. Aliás era desejo do nosso filósofo escrever mais sobre a Teologia. Mas a morte interrompeu seu projeto. A expressão «inteligência senciente» condensa a vastidão revolucionária do pensamento zubiriano. De fato, a grande luta de Zubiri foi compreender e fazer compreender que a «inteligência concipiente», ou seja, aquela inteligência fundada em conceitos e não em realidade, é uma herança nefasta dos séculos que sedimentaram uma teoria do conhecimento estruturada em abstração, cuja transmissão não obriga a fazer link direto de realidade. Por isso toda a filosofia de Zubiri gira em torno da apreensão de realidade, para superar a drástica separação entre inteligência e realidade, que afeta não somente o pensamento, mas a vida dos pensantes. “Inteligência concipiente” é, pois, uma forma de conhecimento em que sentir e inteligir são faculdades distintas e até opostas. Foi a evolução decorrente de uma postura na histórica da Filosofia: 

Ao longo de toda a história, a filosofia tratou muito detidamente dos atos de intelecção (conceber, julgar, etc.), em contraposição aos diferentes dados reais que os sentidos nos fornecem. Uma coisa, diz-se-nos, é sentir, outra é inteligir. Esse enfoque do problema da inteligência contém, no fundo, uma afirmação: inteligir é posterior a sentir, e essa posteridade é uma oposição. Foi a tese inicial da filosofia desde Parmênides, que veio gravitando imperturbavelmente, com mil variantes, em torno de toda a filosofia europeia. (ZUBIRI, 2011a, Prólogo III). 

A inteligência senciente reconhece o lugar e a importância do sentir, justamente pela sua unidade com o inteligir. Como poderia alguém sentir a alegria do Evangelho, se não fosse tocado pelo sentido?[2] Ou entender a Exortação apostólica de Paulo VI, sobre a alegria?[3] Assim o sentir humano é intelectivo tanto quanto o inteligir é senciente. Reconhecer isso como um fato que não se pode contestar foi a grande contribuição de Zubiri para a humanidade. O homem de hoje é dividido e vítima de uma esquizofrenia intelectual, por fazer do sentir e do inteligir faculdades separadas e até opostas. A filosofia de Zubiri iluminou o horizonte do conhecimento e trouxe de volta a racionalidade do conhecimento humano e, quiçá, o bom senso, pois razão sem sentimento é razão mutilada; é razão robótica. É esse tipo de razão que cria campos de concentração e campos de extermínio. O sentimento permeia o conhecimento intelectivo, lógico e racional, dando-lhe operatividade e significado. É isso que faz do homem não apenas um animal que sente, mas o animal inteligente que tem sentimento e representa a unidade do Universo. É, portanto, um fato inconteste que o ato do sentir e inteligir, embora sendo estes momentos diferentes, é um ato único. Então a convicção desta unidade indissociável iluminou, a nosso ver, a maior crise do pensamento atual, quando, desde os gregos foi-se consolidando a separação e até oposição entre sentir e inteligir, ao que que chamamos de «esquizofrenia» intelectual. 

E como Zubiri chegou à inteligência senciente? O filósofo, como Platão, passou a vida esquadrinhando a realidade até ficar exausto[4], a fim de encontrar uma via libertadora da inteligência concipiente, que marcou, desde os gregos, a cultura e a teoria do conhecimento. Não se vive de teoria, mas de realidade. Por isso o conhecimento tem de partir da realidade e não da teoria. Se há conhecimentos adquiridos que são reais, é porque foram validamente desdobrados da apreensão de realidade, como as convicções matemáticas. Já aquelas convicções que envolvem a vida enquanto escolha, como acontece no mundo religioso, não podem partir de teorias sem sentimento. O conhecimento desta natureza antecede a realidade, a qual tem de encaixar-se na teoria de qualquer jeito, ou seja, a realidade é obrigada a enquadrar-se no conceito. É um caminho às avessas, porque o primário não é o conceito, mas a realidade. E quando Zubiri conseguiu formular que estruturalmente tanto o sentir é intelectivo quanto o inteligir é senciente, pois são momentos de um único ato de apreensão senciente, cunhou a expressão “inteligência senciente”, para garantir a realidade como aquilo que fica em nossa apreensão no primeiro contato com as coisas. 

Para a dimensão missionária da pastoral, o conhecimento caracterizado como transmissão de conceitos sem lastro com a realidade é um desastre, na medida em que o testemunho é o argumento mais forte na missão. E testemunho é fundamentalmente vivência compartilhada. Vivência marcada por apreensão de realidade e aprofundada na experiência. Isso é uma determinação imperiosa para o conhecimento. Experiência, para Zubiri, é provação física daquela realidade que apreendemos primordialmente e que obriga a pensar, estabelecendo a marcha da razão em busca do sentido último das coisas que nos capturam pelo poder do real. (ZUBIRIa, 2011, p. 197). Todos os fiéis têm o direito de serem capturado por uma boa liturgia[5]. O poder do real é um dos temas mais impressionantes da metafísica zubiriana. 

2. O que é realidade? 

Zubiri dedicou-se a compreender o real, por meio da inteligência senciente. Até então a Filosofia, partindo do ser, entificou a realidade. Consiste na afirmação de que o ser é primário e radical. Mas não é assim. Quando dizemos «ser humano» como se fosse o ponto de partida, em vez de dizermos realidade humana, o ser humano é, antes de tudo, um ente. Logo a realidade foi entificada. Surge então um problema de conhecimento. Ente é o ser. Mas o que é o ser? O ser não é a coisa; o ser se refere à coisa. Quem é real, o ser ou a coisa? Para Zubiri, o real é aquilo que tem substantividade, ou seja, que tem caráter físico e uma série de notas (qualidades). Por isso o real é físico e substantivo. 

Um exemplo clássico zubiriano que ilustra a diferença e a unidade entre o real e o ser é a luminária e a luz. Para demonstrar que o primário é sempre a realidade, isto é, o real com sua substantividade, Zubiri recorre ao exemplo da luminária e da luz. O mais interessante é a demonstração de como o ser, que não tem substantividade, é a reversão sobre a própria realidade. O ser é como a luz, que revertendo sobre a luminária, a ilumina e a faz visível, como também tudo o que está ao seu alcance. Então o primário é sempre o real, com sua substantividade, e que somente enquanto reversão do ser sobre o real é que se pode falar em ser substantivo: 

O brilho começa por ser algo em si mesmo e derrama sua luz ao redor. E unicamente na medida em que essa luz que se derrama em redor reflui sobre a própria luminária brilhante, que como brilho tem uma propriedade física e não meramente lumínica, nesta medida unicamente pode-se falar do ser do substantivo. Pode-se dizer que o brilho visto em sua própria luz, a luz que dele dimana de alguma forma, evidentemente, mas de uma maneira secundária. Quer dizer, temos primeiro a luminária, a realidade, temos depois a luz, ser, e temos a luz revertendo da própria luminária da qual emerge, o ser revertendo sobre a realidade. Esta reversão é precisamente o ser substantivo (ZUBIRI, 2006, pp. 26-27).

O real é tudo o que existe e que apreendemos como realidade. Zubiri descobriu que tudo parte do real. Algo é ser porque é real; existe porque é real, e não o contrário. Como estamos vendo, o ser é somente substantivo quando se torna o reverso da realidade. 

O grande salto de Zubiri foi chegar à realidade como o que fica em nossa apreensão da coisa que se dá a conhecer. Para tanto é preciso ter inteligência. Só o humano pode fazê-lo. Por isso é considerado «animal de realidades»: “Vertido para a realidade, o homem é animal de realidades: sua intelecção é senciente, seu sentimento é afetante, sua volição é tendente” (ZUBIRIa, 2011, p. 208). Isto constitui a essência da realidade humana (ZUBIRI, 2015, p. 33) E por ser animal de realidades, o homem é um «animal pessoal», isto é, vertido à pessoa (ZUBIRI, 2015, p. 60). Por isso, “o homem é a voz da realidade” (ZUBIRI, 2015, p. 109) e porta-voz da unidade do universo. E o que então é a realidade, enquanto aquilo que em apreensão senciente? A realidade está no real, mas é maior do que o real. Neste sentido a realidade é transcendente na apreensão mesma. E juntando com a tese de que Deus é o fundamento da realidade, todas as realidades estão vertidas a Deus por meio da sua presença fundamentante: “Deus não é objeto; é fundamento” (ZUBIRI, 2015, p. 176). 

Façamos o caminho zubiriano partindo da realidade em direção a Deus. Para Zubiri, “realidade não significa que as coisas sejam efetivamente reais, senão que o modo de enfrentamento com elas seja enquanto realidade” (ZUBIRI, 2015, p. 22). Portanto realidade é uma maneira como a coisa apreendida primariamente fica na apreensão. Neste sentido, “as coisas reais não são a realidade, mas somente vetores dela” (ZUBIRI, 2017, p. 113). Ou como diz ainda nosso filósofo, “todas as coisas são reais, mas nenhuma é «a» realidade” (ZUBIRI, 2017, p. 165). Significa que, embora a realidade nunca esteja fora do real, ela é maior do que as coisas reais. E o que é essa realidade que está em toda coisa real e que é maior do que elas? “Esta realidade não é uma coisa concreta a mais, porque não é «uma» simples realidade, senão o fundamento «da» realidade” (ZUBIRI, 2017, p. 165). Assim conclui Zubiri: “logo existe outra realidade em que se funda «a» realidade. É justamente a realidade de Deus” (ZUBIRI, 2017, p. 165). Portanto Deus é real e está constituindo formal e precisamente a realidade de cada coisa. Então pela via da realidade o filósofo chega à prova da existência de Deus. Zubiri parte da realidade criada até chegar à Suprema Realidade criadora. Deus não é uma simples realidade concreta a mais entre as outras realidades, mas é a Realidade que fundamenta a realidade de todas as coisas criadas. E ao fundamentar, faz com que toda realidade tenha «atualidade».

3. O tempo segundo Zubiri

Quando afirmamos que a liturgia é o Mistério Pascal celebrado, estamos dizendo duas coisas: que liturgia é realidade instaurada no mundo (per ritus et preces) e que sua instauração no mundo reflui fazendo que ela esteja presente no mundo meramente por estar instaurada nele (cf. ZUBIRI, 2011a, p. 157-158). “E este estar presente é justamente o ser” (ZUBIRI, 2011a, p. 158). Então a liturgia é realidade primária, e o ser da liturgia é ulterioridade. “E essa ulterioridade tem uma estrutura formal própria: é a temporeidade” (Ibidem p. 159). Ser é atualidade da realidade, e temporeidade é caráter essencial de sua ulterioridade. Então “o real ‘é’” (Ibidem). “Portanto ser é sempre já-é-ainda” (Ibidem). A temporeidade litúrgica abre a temporalidade que chamamos de tempo litúrgico, em outras palavras, a liturgia é tempórea e, como tal, se realiza no tempo. É algo que necessariamente está sendo. Daí que a liturgia como celebração do Mistério Pascal é atualização do mesmo mistério na perenidade da história. Ao celebrar em momentos específicos durante o tempo, o “já-é-ainda” da temporeidade da realidade litúrgica encarna-se no tempo como atualidade pascal. Portanto, desconhecer a dimensão tempórea da liturgia pode levar ao que hoje chamamos de descristianização do mundo europeu, com sinais já visíveis nas Américas. Quando os cristãos primitivos arriscavam a vida para celebrar a Eucaristia dominical, intuíam que a dimensão sacramental da fé, celebrada per ritos et preces, era condição de sobrevivência da fé e dos crentes, pois a fé só pode sobreviver nas pessoas. Quando as comunidades ou as pessoas individuais descuidam de celebrar a liturgia, desprezam caráter tempóreo do ser da liturgia e sua exigência natural de temporalidade. Pode-se dizer, neste sentido, que o que garante a vitalidade da comunidade e das pessoas é sua atualização celebrativa. Hoje, a grande maioria dos fiéis católicos, ou seja, dos batizados, abandonaram a Eucaristia dominical. A temporeidade da liturgia enquanto ser celebração do mistério pascal, abriu- -se para uma temporalidade semanal como exigência da renovação da ceia para atualizar a realidade pascal na vida da Igreja e dos fiéis. A tradição consagrou o primeiro dia da semana, o domingo, para isto, e a realidade pascal dominou o coração dos fiéis enquanto a ceia teve seu lugar definido. Desta forma o que é ainda perdura. 

Na metafisica zubiriana, o tempo não é uma realidade, mas algo que está na realidade enquanto modo de ser. Então “o tempo não é algo em que se está, mas o modo como se está. Se está no Mundo, e o modo como se está é o tempo” (Zubiri, 2008, p. 295). Só se está mundo litúrgico, quando há tempo para celebrar. Estamos acostumados a pensar no tempo como uma coisa. Assim o tempo seria extrínseco às coisas, isto é, seria outra coisa. Mas não é assim; o tempo está em todas as coisas. Embora saibamos que a liturgia é vivida no tempo da consciência, mas não pode estar alheia ao tempo do relógio. Por isso o tempo está na liturgia; é intrínseco à realidade litúrgica, que tem seu ritmo próprio. Celebrar a liturgia como se o tempo fosse outra coisa cria enormes confusões, desde não se estabelecer o tempo justo para celebrar na agenda da vida ou o tempo necessário que cada celebração exige, conforme os rituais estabelecem. Não podemos nos esquecer que as estruturas temporais dependem das estruturas mesmas das coisas, que se dividem em três categorias: coisas físicas, seres vivos e seres humanos (Lolas, 2006, p. 102). A liturgia é uma realidade estritamente humana e, neste sentido, é sim uma coisa real. Tem seu ser e seu tempo. 

O tempo é um transcurso em forma de sucessão, duração e projeção, além de ser uma configuração temporal intrinsecamente qualificada em cada instante do transcurso. (Lolas, 2006, p. 162). A sucessão é o tempo das coisas. Este é um tempo linear, feito de “agoras” que se tornam rapidamente passado e avançam para o futuro. É o tempo imaginado como a linha da sucessão de dias, meses, anos, séculos etc. Portanto pode ser medido e cronometrado. 

A duração, ao contrário, refere-se ao tempo psíquico ou tempo da consciência, palavras que Zubiri detesta, mas que se vê obrigado a usar (Zubiri, 2008, p. 267). Portanto, é um tempo humano. Seguindo Lolas, o termo consciência é o mais adequado, mesmo que pareça um termo muito husserliano (Lolas, 2006, p. 134). Hoje é comum as pessoas reclamarem porque o tempo está passando muito rapidamente. Evidentemente não se trata de uma questão material ou de relógio, mas de um problema psíquico. Nesse sentido o tempo é comparado com uma corrente que vai avançando inexoravelmente. Como diz Zubiri: 

Este tempo é como uma corrente que vai avançando. Desde sua origem, ao largo da vida, o psiquismo humano vai constantemente avançando, não se detém nunca. É impossível que se detenha, porque não há nada que possa repetir-se na consciência. Deter-se-ia se houvesse uma repetição; mas que se repita um fato imprime ao repetido um caráter de repetição que carecia o original. Não há nunca dois momentos idênticos na corrente da vida psíquica. Esta vida vai mudando sempre e já avançando ao largo da existência de cada pessoa. (Zubiri, 2008, p. 268).

Contudo pode-se cair no equívoco de confundir o tempo com esta corrente que vai avançando. Nas palavras de Zubiri, vemos claro que é “como” uma corrente. Logo não é corrente. O tempo e este movimento de avançar não são a mesma coisa. O avançar é um processo dinâmico, mas não é o tempo propriamente. “E não poderia sê-lo por uma razão fundamental, seria uma vez mais confundir um processo dinâmico com o tempo” (Lolas, 2006, p. 138). Na verdade, não podemos confundir a estrutura temporal com a base que a sustenta. Clarear isto é muito importante, porque o tempo em si não tem substantividade. Ele depende da substantividade da coisa. 

Além da duração ou tempo da consciência, a realidade humana tem outro tipo de tempo que Zubiri chama de tempo projetivo, isto é, o tempo caracterizado pelos projetos humanos. É o tempo da “precessão”. Agora não se trata do passado, que é a base da duração, mas do futuro que se torna presente em forma de projetos. Neste sentido duração e precessão são duas dimensões tempóreas da realidade humana. Quando falamos em tempóreo, falamos daquilo que é o fundamento do temporal, isto é, a realidade tem seus processos temporais, porque ela é tempórea. 

Porém é importante considerar que o tempo da precessão repousa “no caráter durativo da fluência psíquica. E não poderia ser de outra maneira. O homem somente pode projetar, porque, de antemão, está sendo uma fluência psíquica que está durando” (Lolas, 2006, p. 173). Isso porque “é a mesma duração que exige uma projeção” (Lolas, 2006, p. 173). Projeção desvinculada da duração se torna um “futurismo” perigoso, sem chão. Zubiri, bem situado em seu contexto histórico, preocupava-se com este aspecto do homem. 

Parece que o homem atual se encontra de tal forma disparado para o futuro que carece de tempo e de folga para saber onde tem apoiados os seus pés; não tem fruições, senão perpétuos projetos em que se devora a si mesmo. O futurismo reage sobre o presente dissolvendo-o em angústia (ZUBIRI, 2015, pp. 403-404).

Ó futurismo, para o nosso filósofo, dissolve o presente em angústia. E, por sua vez, a angústia é algo mais grave e profundo que a tribulação e a insegurança; é ser obrigado a viver sem ter onde apoiar os pés; “é uma «imposição» de vida sem nada em que apoiá-la com firmeza” (ZUBIRI, 2015, p. 397). Então “a angústia é o grande perigo do homem atual [...] é o paralisador da vida” (ZUBIRI, 2015, p. 402). 

Neste momento nos perguntamos: o cristão vive assim? Por certo que não, a não ser que ele mesmo tenha perdido sua fé e seu chão. Na verdade, os pés de quem vive e celebra o mistério pascal não estão apoiados num futurismo desta natureza, mas naquele passado da cruz redentora, pois “todas as vezes que celebramos este sacrifício, torna-se presente a nossa redenção” (Paulo VI, 1991, Próprio do Tempo, Segundo Domingo do Tempo comum, sobre as oferendas). 

4. O tempo duração 

Por estarmos fazendo interface “tempo e liturgia”, o tempo fulcral que será mais desenvolvido neste trabalho é a “duração”. As estruturas temporais estabelecem quatro tipos de realidades processuais que transcorrem no cosmo e estão sendo no mundo: processos físicos [coisas], processos biológicos [seres vivos em geral], processos psíquicos e processos biográfico-histórico [estes dois últimos são exclusivamente humanos]. (Lolas, 2006, p. 103). 

Então, interessa-nos de modo especial o “tempo duração”, para fazermos interface com a liturgia. Nessa interface vamos perceber que a metafísica zubiriana é um marco hermenêutico novo para a interpretação da fé. Zubiri é um filósofo que foi ao fundo das questões e destrinchou a realidade, separando assim cada elemento, a fim de chegar ao cerne da realidade mesma. 

A mesma crítica que consiste em confundir a corrente com o tempo da corrente se pode fazer agora com o tempo da consciência. Segundo Lolas, quando se pensou no tempo da consciência, esse tempo foi descrito a partir de critérios da fluência. Com isto se confundiu a consciência em sua atividade de fluência com o tempo da consciência, que é totalmente distinto. Na verdade, a consciência, com sua fluência, dá de si o seu tempo, e o dá enquanto «duração» (Lolas, 2006, p. 139). Aqui está um conceito totalmente novo para se aplicar ao fenômeno litúrgico. Vamos antes analisar o que é a duração. 

Em primeiro lugar, é preciso considerar a fluência como mera vivência da pessoa e não do tempo. Sendo assim o tempo é a «duração». Mas não é uma duração cronometrada da fluência da consciência, porque aqui não se trata de uma sucessão, mas o contrário, de um passado que dura. Duração evoca sempre o passado que ainda está aí. O passado que passou fica pulverizado num horizonte que já não nos diz mais. Então a duração é um passado que segue sendo. Poderíamos até chamar de um passado vivo, porque não está pulverizado. 

[...] na duração temos o contrário da sucessão. Poder-se-ia dizer que o predomínio é do passado. É um grande passado pontual que se vai fazendo presente e, nele, se volta logo em futuro. Quase o que se haveria de dizer é que somente se tem um passado que vai inflando de tempo., assim, por exemplo, como um globo. Nisso não se tem um presente entanto que deixa de ser, senão um passado que segue sendo (Lolas, 2006, p. 141).

Como diz Zubiri, “aqui naturalmente o tempo não consiste em deixar de ser passado. É o contrário. É o passado que numa forma de estrito passado, sem dúvida, vai avançando até o presente e empurrando o futuro” (Zubiri, 2008, p. 170). Esse passado, de certa forma é o todo. É como um grande ponto que vai inflando e se desdobra tanto em presente como em futuro (Lolas, 2006, p. 142). Então não um ponto isolado do passado, mas, ao contrário, um passado que avança para o presente e empurra o futuro. É um passado que dá consistência ao presente. Por estar durando não sai do presente. Nesse sentido, a duração e a sucessão são essencialmente distintas e até contrárias. Na duração há um espaço pontual que funciona como um agora, radicalmente único e que vai em si mesmo fazendo-se presente e logo futuro. 

Há também uma dimensão muito especial do tempo da duração: não é especificamente um tempo de um indivíduo isolado, embora cada um possa ter um tempo pessoal que dure. Mas é um tempo de uma consciência mais larga que abrange o coletivo (Lolas, 2006, p. 145). Podemos já entrever o significado coletivo da Páscoa para os hebreus e o significado da morte e ressurreição de Jesus para os cristãos. São pontos no tempo que têm uma vocação de perenidade histórica. É que a psique humana, por ser real, está em respectividade com todo real. Por isso vai se abrindo social e historicamente. Logo o homem leva em si mesmo todos os homens. (Lolas, 2006, p. 146). Nestas páginas de Lolas, comentando Zubiri, encontramos um tesouro que nos ajuda a entender o tempo da liturgia, enquanto celebração do Mistério pascal de Cristo. 

A reflexão até aqui já nos permite concluir que o passado como um grande ponto que vai inflando e avança para o presente e empurra o futuro é o Mistério Pascal. Dois mil anos depois, vivemos do que ocorreu com Jesus de Nazaré, que foi por Deus aprovado diante do povo com milagres e prodígios, mas foi entregue e crucificado pela mão dos ímpios. Porém Deus o ressuscitou libertando-o das angústias do Hades (cf. At 2,22-24). Isso é para os cristãos uma declaração do tempo de duração do Mistério de Cristo, que dá o todo da vida cristã. Esta é justamente a profissão de fé de que Jesus não é passado, mas é aquele presente que empurra o futuro. Os cristãos não vivem de um futurismo sem chão; vivem o contrário, de um passado que dura até a vida eterna. Não se trata de um ponto qualquer na linha do tempo, mas de um “agora” que é a plenitude do tempo: “Quando porém chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei para resgatar os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial” (Gl 4,4-5). É aí que está o orto do Mistério Pascal, mistério que deve durar perenemente. 

A partir desse tempo de duração do Mistério Pascal, vivemos o que Zubiri chama de tempo da precessão, isto é, tempo da elaboração e vivência dos projetos suscitados pelo Mistério Pascal de Cristo. Esses projetos evidentemente têm as caraterísticas da vida nova trazida pelo Mistério Pascal. A Lex orandi demonstra claramente isso. A oração litúrgica do 9º Domingo do Tempo Comum suplica a Deus Pai, com estes termos: “Ó Deus [....] dai-nos proclamar nossa fé não somente com palavras, mas também com a verdade de nossas ações [...]. Aqui desponta um belo projeto de coerência entre profissão de fé litúrgica e ação social. Outra oração, pós-comunhão do 10º Domingo do TC, diz: “Ó Deus, que curais os males, agi em nós por esta Eucaristia, liberando-nos das más inclinações e orientado nossa vida para o bem”. Aqui é o projeto de alinhamento da vida para o bem em contraposição ao mal. No 11º Domingo do TC: “O Deus, fazei que [esta comunhão na Eucaristia] realize a comunhão na vossa Igreja”. É o projeto da comunhão eclesial. A oração pós comunhão do 14º Domingo do TC: “Nós vos pedimos [...]que [...] possamos colher os frutos da salvação sem jamais cessar vosso louvor”. É projeto do louvor perene. No 16º Domingo do TC, a oração pós-comunhão pede: Ó Deus, permanecei junto ao vosso povo [...] para que despojando-nos do homem velho, passemos a uma vida nova [...]. É o projeto da conversão continua em nova criatura. O 22º Domingo do TC, pós comunhão diz: “O Deus, que este alimento da caridade [...] nos leve a vos servir em nossos irmãos e irmãs”. É o projeto do serviço fraterno. 

Desta forma toda a Eucaristia é projetiva, aparecendo sobretudo nas orações pós-comunhão. A lógica é que a comunhão eucarística é alimento para levar avante os projetos que a duração do Mistério Pascal suscita e faz acontecer na vida cristã ao longo da história. Passemos agora a ver o que é o tempo litúrgico ou a liturgia em seu tempo. 

5. O tempo litúrgico ou a liturgia sem seu tempo. 

A liturgia é um movimento ritual dinâmico, e deve ser analisada a partir do caráter tempóreo do seu ser (já-é-ainda). Só o homem tem a capacidade de celebrar. Por isso a liturgia é uma fluência mental daqueles que se reúnem para celebrar o Mistério Pascal de Cristo, a fim de fazer durar um fato que estritamente é passado, mas que se perpetua no presente e empurra o futuro. A liturgia em si não vive do presente e nem futuro, mas de um passado que vem ao presente, trazendo o agora da cruz e projetando o futuro. 

A liturgia é uma das ações mais dinâmicas da Igreja, seja pela sua etimologia, que em grego carrega o dinamismo de «ação» e de «trabalho», seja pelo seu contundente poder de atuar em todas as dinâmicas pessoais e sociais abarcadas pelo fato litúrgico, como diz Martín: 

A liturgia cristã é uma realidade muito rica e polivalente que pode ser analisada sob numerosos aspectos. É inegável que se trata de uma realidade unida à fé e à expressão pessoal e social dos membros da Igreja. Isto faz com que a ciência que tem como objeto a liturgia, procure abarcar todos os aspectos do fato litúrgico e de maneira particular os que se referem à sua realização atua (MARTÍN, 1996, p. 3). 

Como afirma Martín, a liturgia é uma realidade rica e polivalente que pode ser analisada sob numerosos aspectos. O aspectos que este artigo propõe analisar é seu caráter tempóreo. Em outras palavras, o caráter tempóreo abre para a dimensão temporal. Daí a necessidade de dar tempo para a celebração do mistério pascal. Não reconhecer isto é ignorar a ulterioridade e sua dimensão tempórea. E o que há de mais notório como já foi dito neste trabalho é a integração entre sentir e inteligir, como uma única faculdade de apreensão do real. Por isso somos levados a afirmar que a celebração litúrgica é sempre uma apreensão primordial de realidade, cujos desdobramentos como ato de pensar são ulteriores. A celebração é o momento do encantamento em que o poder do real captura o apreensor e o leva a pensar. Neste sentido as celebrações são sempre novas e renovadoras. 

Então o que estamos dizendo, a partir do pensamento de Zubiri, que o tempo litúrgico está no rito litúrgico e não devemos buscá-lo fora. Estudar os ritos litúrgicos é dever obrigatório de quem tem missão prevista pela Ordenação sacerdotal e de quem compõe as equipes de liturgia. Tratar a liturgia de outra forma é partir de conceitos abstratos e não de uma realidade polivalente, com o afirma Martín acerca da liturgia. 

Considerações finais 

O estudo que fizemos neste artigo partiu do conceito zubiriano de tempo e nos levou à uma dimensão muito importante da sua metafísica. O ponto mais importante foi a questão do tempo mesmo como modo de ser. Isso implica que o tempo não tem substantividade, portanto não é uma coisa. É um modo de ser. O ser mesmo não é uma coisa; é a atualização da coisa enquanto realidade. Um dos elementos relevantes é o reconhecimento de que a realidade litúrgica é primária e radical, e seu ser é ulterioridade, cujo caráter tempóreo é essencial. O caráter tempóreo se abre à temporalidade, que, de um lado tem a necessidade de dar tempo para que o evento pascal seja celebrado e, por outro, precisa buscar as estruturas temporais da liturgia nas estruturas mesmas da coisa liturgia. Aí há necessidade de conhecer os rituais com mais profundidade. 

Nós, ocidentais, fomos acostumados a pensar que o tempo é uma coisa que abarca todas as coisas como se no tempo estivessem contidas. Então foi dado ao tempo uma substantividade que ele não tem. E daí se criaram vários equívocos. Chavões como “o tempo cura” precisam ser vistos com cuidado, pois dão ao tempo uma substantividade com um poder de curar. 

Isso respingou na liturgia em forma de desestruturação da liturgia porque seu tempo é intrínseco. É ela mesma que vai dizer qual é o seu tempo.

Outro elemento importante do nosso estudo foi a descoberta do tempo da duração como base da vida e da história. Isso ajudou-nos a perceber que o tempo da duração é o chão da nossa existência; é o clarão da nossa memória. Nesse sentido estamos vivendo um momento crucial da nossa história, em que a duração é vista como incômoda. Nada é feito hoje para durar como protagoniza Bauman. Exatamente o que dá consistência é o que dura, porque se constitui naquele ponto, falando do tempo como sucessão linear, que não pode passar. É um ponto que infla como uma esfera que vai tomando conta de tudo. Quando nada dura, o ser humano se vê à revelia de qualquer paixão. 

Aí então é que aplicamos ao tempo litúrgico o critério do tempo da duração na metafísica zubiriana, para falar do Mistério Pascal de Cristo. E sua celebração na liturgia é o modo que o Cristo criou para que durasse por todos os séculos até a consumação da história. O elemento ritual provoca a duração memorial: “fazei isto em memória de mim” (1Cor 11,24). Não pode haver inteligência maior do que a perpetuação ritual daqueles momentos cuja densidade povoam a história, pois têm de manter-se perenemente. Esta é a grande missão da Igreja. O segundo momento de aplicação do tempo da metafísica zubiriana ao tempo litúrgico é o tempo como precessão, ou seja, o tempo como projeção da vida a curto e a longo prazo. Daí todos o projetos que na vida cristã são formados e mantidos pela própria liturgia como aparecem em várias orações do missal romano, sobretudo na orações de pós-comunhão. São projetos condizentes com a situação de discípulos e missionários de Cristo. Como demonstramos em algumas orações, esses projetos são voltados para a vida nova no amor a Deus e ao próximo. Então o tempo da duração exige o tempo da precessão, pois se dura também projetando o futuro como sonho do presente. 

Referências

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Notas

[1] Para falar de Zubiri, apoiamo-nos sobretudo em seus textos, mas também em seus comentadores, dentre os quais salientamos: CAPONIGRI, A. R., Propósito de sobre a essência: o realismo de Xavier Zubiri., p. 47-64; ELLACURIA, Ignacio. Uma abordagem da filosofia de Zubiri. p. 33-45; FERRAZ FAYOS, Antônio. A trilogia sobre a inteligência, 65-76.; GRACIA, Diego. Zubiri (1898-1983). p. 15-32.; PINTOR-RAMOS, Antonio. Uma filosofia da religião cristã, p. 77-108; TEIXEIRA, João Antônio Pinheiro. A finitude do infinito, o 2007; TEJADA, José Fernández. Prefácio. ZUBIRI, Xavier. Inteligência e logos, IX-XIX. 

[2] Ler: FRANCISCO, PP. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium Alegria do Evangelho sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. São Paulo: Paulinas, 9ª reimpressão, 2015. 

[3] Ler PAULO VI. Exortação apostólica a alegria cristã. Tutti i principali documenti (Latinoitaliano). Vaticano: Libreria Editrice. 2002, p. 1585-1633. 

[4] Zubiri faz este testemunho no Posfácio da tradução brasileira do seu livro: Inteligência e realidade, p.287. 

[5] Sobre esse tema ler: COSTA, Valeriano Santos Direito Litúrgico. Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 7, n. 3, p. 729-747, set./dez. 2015; COSTA, Valeriano Santos. Noções teológicas de liturgia. São Paulo: Ave Maria, 2012; COSTA, Valeriano Santos. O amor de Deus: Teologia da redenção. São Paulo: Palavra e Prece. 2012; COSTA, Valeriano Santos. Viver a ritualidade litúrgica como momento histórico da salvação: