A presença do imaginário em passagens pela vida: da persistência do imaginário aos modos de bem viver

The presence of the imaginary in passages through life: from the persistence of the imaginary to the modes of well living

Rodolfo Gaede Neto

Mestrado (1999) e doutorado (2002) em Teologia pela Escola Superior de Teologia. Atualmente é professor titular e coordenador do Bacharelado em Teologia da Escola Superior de Teologia. contato: rodolfo@est.edu.br 

José Jacinto de Ribamar Mendes Filho

Doutorando em Teologia pelas Faculdades EST, desde 2019. Mestre em Teologia pela Faculdades EST, em 2017. Atua como professor nos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Teologia da Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil (Faculdades FACETEN), em Boa Vista/RR. Exerce o cargo de professor titular na Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil (Faculdades FACETEN). contato: barracaodomilho@gmail.com 

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Resumo
O artigo visa compreender o imaginário em passagens pela vida. Tendo em vista o conceito de Bem Viver e a constatação de que a esperança reside e cresce no sofrimento, o texto se pergunta: qual a importância do imaginário em situações de sofrimento? Partindo de uma leitura teórica e antropológica sobre o imaginário e de um estudo relacional sobre diferentes situações da vida, vidas bíblicas e vidas indígenas, o presente trabalho esboça uma reflexão teológica sobre o caminho da imaginação e sua ligação com a ideia de esperança. Compreende que o imaginário está estruturado em uma dimensão religiosa, se tratando mais de um equilíbrio de vida e de um recurso consciente real, que quando usado em passagens de sofrimento da vida, ajuda no aprendizado da esperança e na construção de um mundo de Bem Viver.

Palavras chave: Imaginário. Passagens pela vida. Bem Viver. Esperança.

Abstract
The article aims understand the imaginary in passages through life. Having view of the concept of Well Living and the finding that hope resides and grows in suffering, the text asks itself: what the importance of the imaginary in situations of suffering? Starting from of a theoretical reading and anthropological about the imaginary and of a study relational abouting different of situations of life, biblical lives and indigenous lives, the present work sketches a refletion theological about the path of the imagination and its link with the idea of hope. Comprises that the imaginary is structured in a religious dimension, it is more about an equilibrium of life and a real conscious resource, that when used in passages of suffering of life, help’s in learning hope and building of a world of Well Living.

Keywords: Imaginary. Passages through life. Well Live. Hope.

Introdução

Vivemos numa época em que as pessoas se sentem livres para buscarem, de forma autônoma, o seu próprio universo de significações diante de um mundo fragmentado, violento e conturbado. Na tentativa de buscar um novo caminho, uma saída para o mundo perfeito, onde não haja doenças, dívidas financeiras, morte e luto, as pessoas encontram na imaginação a passagem para criarem o seu próprio modo de vida e de esperança. Ela é, segundo este singelo ensaio, o remédio na hora da dor, nos momentos de angústia, para uma vida de equilíbrio e aceitação. Partindo destas concepções, e analisando o mundo de sofrimento de cada pessoa, o presente texto compreende o imaginário[1] como um acompanhante da vida, que vai ajudá-la no aprendizado da esperança, fazendo ela sonhar com um futuro melhor, persistindo imaginativamente no caminho até chegar ao mundo desejado e perfeito de Bem Viver.

Para apreender o conceito de imaginário o presente texto fará na primeira seção uma exposição das funções e características do imaginário. Neste feito o itinerário percorrido será caracterizado por uma leitura conceitual sobre o imaginário e a imaginação, não deixando de expor as suas funções e as suas ocorrências.

A segunda seção tem como enfoque estudar a presença do imaginário em passagens pela vida, um conceito sinônimo de passagens de sofrimento. O intento é estudá-lo a partir de relatos da Bíblia e, a partir de outras experiências existentes fora dela (p.ex., o rito da menina moça). Pretende compreender o imaginário em alguns momentos da vida de Jacó, Amós, Jeremias e etc., e em algumas situações indígenas.

A última seção, intitulada da persistência do imaginário ao Bem Viver, procura se conectar com a segunda parte através da palavra persistência (aqui acompanhada de esperança), que denota o sofrimento que o ser humano tem de enfrentar imaginativamente até chegar ao mundo ideal. Ela apresenta ainda o conceito de Bem Viver e o compreende como objetivo de vida aqui na terra.

Funções e características do imaginário

“O imaginário tem um conteúdo (semântica), estruturas (sintaxe), mas se vincula sobretudo com uma intenção, com um objetivo da consciência” (Wunenburger, 2007, p. 53). Ele é “criado pela imaginação e que só nela tem existência”[2] . Trata-se daquilo que pertence ao domínio da imaginação. Metonimicamente é a “reunião de elementos pertencentes ou características do folclore, da vida etc. de um grupo de pessoas, um povo, uma nação etc.”[3] . Em termos práticos, para melhor entender a aplicação desse conceito, é que o que é real pode se tornar imaginário, através da dinâmica criadora e interna da consciência. Isto deve levar em conta os desejos humanos, os quais impulsionam a intenção a impelir o sujeito a imaginar um mundo diferente. Tendo em vista esta relação do ser humano com o abstrato, que valor atribuir a um imaginário?

Sem uma perspectiva de imaginário as pessoas estariam vivendo sem um sentido instituído. O que as levam a obedecerem a uma autoridade, a justiça, ou mesmo as leis de uma sociedade, são os signos instituídos pelo imaginário, que representam valores tradicionais, pessoais e sociais. Os valores estabelecidos no passado e que agora justificam as ações do presente, asseguram a construção de um futuro tecido no imaginário. Essa dinâmica consciente é o resultado traçado por um dos objetivos do imaginário, e que Wunenburgar vai chamar de “objetivo instituinte prático” (Wunenburger, 2007, p. 62).

Como se dá esse objetivo instituinte prático? O ser humano vive e sobrevive da sua consciência, um lugar de atuação do cognitivo e lugar atuante na aquisição do conhecimento. “Um tipo específico de espaço cognitivo é o espaço do imaginário, que pode ser ‘imaginário’ apenas do ponto de vista de um observador de outra cultura ou período, mas é bastante real para os participantes”[4] (Ingold, 1994, p. 479). Nesse espaço do imaginário a consciência cria através da imaginação o seu mundo de coisas adaptado, cheio de limites, segredos e significados. No seu lugar o sujeito humano escolhe no imaginário a imagem que mais lhe interessa, a ponto de desejar possuir na esteira da imaginação aquilo que ela representa. Essa representação vai formatar a sua ética, a sua vida pessoal e por que não social. Mas não é só isso. Além de estabelecer os limites pessoais e sociais o imaginário possui outras funções.

Para conhecer outros tipos de elementos culturais o imaginário não precisa sair de seu campo subjetivo, ele tem a capacidade de construir o seu próprio conjunto cultural e representativo. Isso vai depender da criatividade do sujeito, que deve pintar as imagens criadas com as cores que ele escolher. Pode representar o real e o concreto cobiçado pelo desenho imaginativo que mais lhe agradar. Esta escolha concentrada e ao mesmo tempo subjetiva deve saber valorizar o imaginário, a tal ponto, que sobre ele é atribuído qualidades vitais. Uma delas é tê-lo como um objetivo para o equilíbrio da vida. Esta afirmativa se apoia no pensamento de Gilbert Durand, o qual sustenta que a imaginação é a solução para a angústia existencial humana. Em outras palavras, de acordo com ele, é a atitude criativa que restabelece o equilíbrio da vida em seus vários aspectos: “Equilíbrio biológico, equilíbrio psíquico e sociológico, é esta, afinal, a função da imaginação” (Durand, 1993, p. 103).

Nesse processo do imaginário a imagem concebida nunca será estática, mas dinâmica. A inquietude humana que desejar alcançar ou adquirir o objeto desejado, que como tal, pode ser real ou concreto, bem como imaterial e misterioso, nunca deve buscá-lo sem ao menos deixá-lo inalterado. Antes de alcançá-lo o sujeito deve passar pela sua representação (Mello, 2002, p. 71). Essa passagem pode ser vista em um caso de tratamento contra o câncer. Durante o tratamento uma boa recomendação é o paciente lutar até o fim, mesmo sem sabê-lo quando será, a resistência criativa continuará sendo a melhor alternativa. Conta-se aqui com a ajuda do imaginário, o que não lhe garantiria a cura logo de imediato, mas a tentativa de utilizar esse viés fantástico não o prejudicaria diante dos procedimentos médicos, muito pelo contrário, a sua realidade imaginativa poderia dá chances a ele. Essa luta pela vida sobre a trilha do imaginário, sem saber qual será o seu fim, promete equilibrar o seu emocional, também o seu biológico e o seu espiritual, fazendo esse paciente sonhar com a volta para casa, para junto dos seus entes queridos, ou até mesmo de poder alegrá-los, ou mesmo já ir imaginando o céu.

Ingold nos faz lembrar que o comportamento humano é influenciado por esse espaço do imaginário, que pode ser completamente não-empírico, como é o caso do paraíso, do inferno, do submundo, do Shangrila ou do Eldorado, como também completamente empírico, real e concreto, como a presença do pastor, do padre, ou da Bíblia (Ingold, 1994, p. 479). Imaginar o céu e o inferno, ou até mesmo a cura do câncer, pode ser real para quem os deseja, ou, para quem deles quer participar. Esta afirmativa é convergentemente próxima à ideia de imaginário concebida por Durand, o qual o compreende a partir de duas perspectivas. A primeira entende o imaginário como um produto da imaginação humana (como os filmes de ficção); e a segunda considera o conceito em questão como um processo, algo real e concreto, como as construções, a escrita e os objetos de uso básico (como copo, mesa, televisão, a religião, etc.).

Se valendo do imaginário como um processo de acordo com Durand, e imaginando ele sendo colocado em prática diante de uma situação de risco, como por exemplo, o tratamento contra o câncer mencionado anteriormente, será o que pode acontecer? Antes de a imaginação ser ativada pelo consciente a reação pode ser de espanto, admiração e medo, no entanto, depois pode vir a aceitação da doença e a luta para vencê-la. Só depois disto, caso seja a criação de uma solução anti-perigo a escolha do indivíduo naquela situação, o imaginário como elemento equilibrante deve ser a melhor alternativa.

Há no espaço do consciente além da possibilidade de construção de um produto fictício, há também a chance de construção das coisas reais e necessárias para o ser humano. Em todo caso, principalmente nos de risco maior para a vida, imaginar poder abraçar o Jesus ressuscitado até que não é uma péssima ideia; ou mesmo imaginar ser a princesa adormecida prestes a dormir, acreditando que num futuro bem próximo um príncipe virá para acordá-la de seu sono; ou até mesmo imaginar que um padre ou um pastor poderão entrar pela porta do seu quarto prometendo-lhe a cura da sua alma. Essa distinção de sentido do imaginário não tem tanta importância aqui. Deve-se lembrar de que o imaginário serve para um tipo de manutenção da vida. Ele deve ser empático quando preciso, e ético também. A outra é tê-lo como um antídoto para os distúrbios hepáticos, físicos ou mentais. Sobre esta importância, reforça Eliade: “A sabedoria popular tem frequentemente exprimido a importância da imaginação para a própria saúde do indivíduo, para o equilíbrio e para a riqueza da sua vida interior” (Eliade, 1979, p. 20). Para ele, “‘Ter imaginação’ é gozar de uma riqueza interior, de um fluxo ininterrupto e espontâneo de imagens” (Ibidem., p. 20).

Durand, na sua perspectiva de processo, lembra que a imaginação é o principal motor do imaginário. É a imaginação tentando encontrar sentido no mundo, tentando dar explicações para a natureza da existência humana, para justificar a existência das coisas no mundo. Tudo isso junto leva a formação de um processo, de onde surgem os símbolos, os mitos e as imagens. É um caminho percorrido imaginariamente. Neste sentido a imaginação implica em movimento, ação imaginante, através da qual uma imagem presente leva a pensar em outra, mais exuberante, ou, mais extravagante.

Esse pensamento imaginante torna as coisas reais para quem as lê. Embora ele seja uma ação instituinte de um mundo pessoal e mental, acaba sendo a cura de muitas mazelas da vida, quando a sua principal função aqui é equilibrá- -la. Ele pode ser achado em diversas passagens pela vida. Podendo servir até mesmo de enfrentamento da dor, do medo, e do preconceito. Pela imaginação o indivíduo ressuscitará sonhos e vida (Mottin, 2004, p. 17).

O imaginário em passagens pela vida

O famoso livro bíblico de Eclesiastes explica acerca da morte. Para ele a morte é certa para todos os homens e para todas as mulheres. Todos os homens e todas as mulheres terão um mesmo destino comum. Mas garante: “para aquele que está entre os vivos há esperança; porque mais vale um cão vivo do que um leão morto” (Ecl 9,4).

Esta declaração é verdadeira, pois é certo que enquanto há vida, há esperança. “Os mortos não sabem do futuro, passam pela vida e são logo esquecidos” (Ec 9,5). Essa hipérbole, embora literalmente correta, nem sempre pode ser concebida totalmente. Relembramos aqui o caso de José, um dos filhos de Jacó, que supostamente tenha sido despedaçado por um animal. A história mal contada acaba levando o pai Jacó a passivamente reagir quando fica sabendo da notícia da morte do filho. Sua atitude é surpreendente. Em sinal de luto ele rasga um pedaço da roupa e em um ato simbólico institui praticamente o culto fúnebre em tributo a José (Gn 37,34-35).

O estado de Jacó é de dor e sofrimento por causa de seu filho José, que aparentemente já se encontra morto. A dor do velho pai parece não ter fim. Os outros filhos, responsáveis por tal tormento, e pelo lucro da venda do irmão, coisa que o velho não sabe, procuram maneiras de consolá-lo, sem demonstrarem preocupação alguma com tudo o que está acontecendo (Gn 37,35).

Ao se recusar ser consolado, Jacó, num estado crítico emocional, tenta buscar através da imaginação criativa a cura da sua alma. É o que ele faz quando rasga as suas vestes, se vestindo de pano de saco e chorando muitos dias por seu filho, sinaliza aí o seu modo de se enlutar. Prossegue não satisfeito só com tal atitude, negando ser consolado e chorando, prefere morrer a conviver com a ausência de José. Por muito tempo isso acontece, em contínua comoção, fazendo isso e chorando com suas roupas rasgadas (Gn 37,35). Essa atitude do patriarca tecnicamente pode ser chamada de tensão criativa[5] . Em Jacó ela nasce na sua vontade de gritar bem alto, de se jogar no chão, de rasgar as suas roupas e de se lançar na sepultura abaixo. Estas expressões emotivas, espirituais e criativas, enriquecem imageticamente o enredo particular do velho pai. Para ele é tudo muito real, mas, para alguém que poderia testemunhar tudo do lado de fora, embora o texto de Gn 37,35 não descreva uma reação testemunhal e negativa como esta, o ato não passaria de fantasia, de imaginação, fruto do imaginário de Jacó.

Desta narrativa patriarcal aos livros proféticos paramos em Jeremias. Sabemos muito mais da pessoa e da vida de Jeremias do que de outros profetas. O que chama mais a atenção em Jeremias são os momentos difíceis que ele passa por causa da sua mensagem (humilhado, não ouvido, sofre atentados, é preso, etc.). Sente-se constrangido por Deus a falar conteúdos desagradáveis que ele próprio nem quer falar, acusa Deus de tê-lo enganado. Por isso ele questiona se vale a pena ser profeta (cf. Jr 15,10-11; 15,21); expressa descontentamento por seu modo de vida após todos darem risada dele (Jr 20,7-10; 20,14-18). Tudo isso acaba contribuindo muito de certa forma para a formatação da vida pessoal de Jeremias, ao lhe oferecer limites e modos de postura, fazendo com que ele assuma responsabilidades diante de tais circunstâncias. Isso o faz ganhar a chance de imaginar o seu próprio mundo. O leva a se autocompreender como um escolhido de Deus, um verdadeiro mensageiro de Javé.

Como um verdadeiro mensageiro Jeremias age conscientemente sob a ordem de Deus. Numa situação ele age em atos simbólicos. Essa ação de responsabilidade, não tanto por necessidade de expressividade, e sim pela exigência de realismo religioso, institui as representações imaginárias do que de fato é real e esperado (Jr 13; 18; 24; 25,15ss; cf. 3,6.11; 14,11.14) (RENDTORFF, 1985, p. 77). Embora tenhamos aqui uma ação profética de compromisso e de espiritualidade, essa instituição prática acaba muitas vezes fazendo do profeta um homem louco para muitos espectadores.

Outro personagem que sofre é Amós. As suas visões comunicam a importante mensagem divina. No total são cinco (5). Elas querem revelar o juízo de Deus (Amós 7-9). Ao juízo revelado Amós reage, pede perdão, e Deus o concede (7,3.6). Insistentemente o profeta recorre ao estado do povo: “Senhor Iahweh, perdoa, eu te peço! Como poderá Jacó subsistir? Ele é tão pequeno!” (v. 2 e 3). Esta expressão de aflição profética passa pelo v. 6, percorrendo através do “Assim me fez ver”, na terceira visão (“o fio do prumo”), na quarta visão (“o cesto de frutos maduros”), e na quinta visão, quando, enfim, até que ele muda a sua forma “Assim me fez ver” para o “Vi o Senhor”. Aqui a mensagem de Amós tem o intento de ajudar o povo a se livrar do inevitável, do terrível dia de Javé. Empenhado para este fim o profeta convoca todo o povo para as práticas do bem (Am 5,4-14).

Tentando compreender o imaginário a partir das experiências de Jeremias e de Amós, podemos descrever o seguinte. A esperança gerada nos dois profetas, fruto da tensão criativa e profética, nasce da vontade de ajudar o povo a se livrar do inevitável e terrível tempo que está prestes a chegar. Diversos problemas deixam estes dois profetas pré-exílicos inquietos: a injustiça social (cf. Jr 5,26-27; cf. também Am 3,13-15), a falsa segurança religiosa (cf. Jr 7,4; Am 4ss) e etc. (nos interessa aqui por enquanto este último). Em Jerusalém o povo é alimentado por falsas profecias, fazendo-os imaginar que o Templo é de Deus, a casa do Senhor: “Este é o Templo de Iahweh, Templo de Iahweh, Templo de Iahweh!” (Jr 7,4). Já em Amós essa falsa sensação se caracteriza pelas peregrinações em Betel e Guilgal e pelo falso culto a Deus. Este, por sua vez, é marcado pelo oferecimento de sacrifícios, pela entrega de dízimos, pelas orações, pelos atos de ação de graças e pelas celebrações das festas (Am 4ss). Diante disto o profeta é chamado para convencer o povo de que Deus não está no Templo e que lá não é a casa de Deus. Para ele esta falsa sensação não tem fundamento. Provavelmente ela nasce da imaginação estabelecida de cada pessoa, das representações formuladas a partir da experiência religiosa individual (Jr 3,9.13; Am 4,5).

Por enquanto longe dos relatos da Bíblia, recorremos a uma outra atividade que visa formatar a ética e a vida através do imaginário, uma prática ritualística dos povos indígenas, mais precisamente ao rito da menina moça. Não é uma prática nova, mas tradicional. Pode ser considerada uma atividade elementar e através da qual se pode achar o novo, cheio de luz e de amor. Nela a futura guerreira do lar e da vida aguarda em reclusão criativa a tão esperada fase adulta. Antes de entrar na oca ela é pintada com uma tintura feita do leite do jenipapo, arrumada com artesanatos, cordões, penas de aves, e saias longas, as cores se destacam porque representam os pássaros da mata. Depois deste longo processo ela sai da oca e se apresenta aos mais velhos da aldeia com muita música e alegria. A festa da menina moça atravessa um novo dia. Pela manhã a índia moça com roupas brancas cumprimenta o dia, ato simbólico que representa os antepassados. Durante este novo dia o banquete é servido e partilhado. O rito do banquete significa a fartura de alimentos e a partilha entre os habitantes da aldeia. Ele se compõe de caças e pescas, e de farinha de beiju.

A saída da jovem do período de reclusão representa a passagem para a nova vida. Isso significa que ela está apta para se esconder no seu próprio imaginário, criando e imaginando o seu modo de vida (Deifelt, 2003, p. 89-90), talvez em prol de uma causa justa e de futuro (Melatti, 2007, p. 175-176). Essa nova fase de vida da ex-menina e agora mulher indígena pode lhe proporcionar oportunidades de melhores escolhas, de modo a impulsioná-la a mergulhar no novo.

A experiência de luto de Jacó serve de laboratório para a formação do imaginário pessoal. Neste caso o imaginário é visto em forma de atitudes cúlticas, ou até mesmo em forma de simbolismo tradicional como o rasgar as roupas em sinal de luto. Constata-se que estes adereços ajudam-no a curá-lo de todo sofrimento causado pela ausência de José. A vitalidade do imaginário que serve de vacina contra a dor do patriarca também funciona nas vivências sofridas de Amós, nas de Jeremias e na da menina moça. Nos profetas essa vitalidade tem raízes na fé (Hb 11,32-34). Esse mesmo sentido do imaginário pode ser atribuído à experiência sofrida da menina moça, a qual com coragem e dedicação atravessa o inevitável e segue com força até a tão sonhada fase adulta.

Da persistência do imaginário aos modos de Bem Viver

Cada situação negativa da vida pode sugerir um caminho de esperança. Ela abre portas para o auge da transformação, onde quem deseja algo valioso procura romper com os velhos e maus pensamentos e, se valer a pena, deles aproveitarem só as coisas boas (cf. Is 43,18-19; 46,9-10). E quem não deseja ser transformado, mas prefere não ouvir e pensar o que é bom, maldito ele é (cf. Jr 11,3ss). Mesmo para aquele que se acha excluído da salvação existe uma possibilidade de obtê- -la se buscar o que é real para ele (Am 5,4). Até para quem se encontra desolado tem real chances de salvação. É o caso do povo de Deus no exílio, que além da promessa de um ajuntamento e de uma libertação a eles é prometida uma nova aliança (cf. Ez 11,17-20). Porém, se mantiverem no pensamento as coisas do passado, isso não vai ajudar em nada. Tem que sonhar, ter fé e força. Fazer como fez o velho Jacó pode ser uma boa alternativa: depositar a esperança em quem tem valor. Jacó não poderia perder uma vez mais um de seus filhos, o seu bem mais valioso, para ele seria descer à sepultura definitivamente (Gn 42,38). O importante é dá sentido ao mundo que nos cerca, independentemente de qualquer que seja a nossa situação, ter esperança pode nos salvar e nos estimular a criar o nosso próprio Bem Viver.

Todas as pessoas, sem exceções, estão sujeitas ao sofrimento. Esse é o caminho que todas elas deverão passar. No entanto, deve-se extrair o que há de mais positivo nele. Esse pensamento nos faz invocar uma encíclica do papa Bento XVI. Nela o Santo Padre convoca toda a igreja a resistir ao sofrimento, arrancando dele todas as lições necessárias. Aqui o sofrimento se trata de uma experiência negativa oportunizada, que pode incentivar o ser humano a buscar o desenvolvimento da esperança. Bento XVI, nessa sua encíclica intitulada Spe salvi (Bento XVI, 2007; cf. também Costa Jr., 2009, p. 72-79), atesta que o campo do compromisso e da espiritualidade é essencial para o exercício e aprendizado da esperança. Ele diz: “Agir e sofrer, é um lugar de aprendizagem da esperança!” (Bento XVI, 2007). Com isso, sabe-se que a manutenção da perseverança, em meio ao sofrimento, é dinâmica fundamental, principalmente quando é posta com dedicação e coragem.

Com o intento de aprofundar um pouco mais a ideia de perseverança, uma vez mais exploremos a experiência profética de Jeremias. Ao anunciar a salvação, o profeta semeia nos corações uma semente de esperança: haverá um tempo de restauração! (cf. as promessas mais antigas, registradas em Gênesis 49; e Êxodo 3,17). Com vistas nessa nova posição, importa perguntar o seguinte: se as ameaças de juízo já não eram levadas tão a sério pelos ouvintes, tampouco não seriam os anúncios de salvação? Mesmo assim o profeta persiste em continuar. Acredita-se que um dia a casa de Judá irá à casa de Israel; juntas virão da terra do Norte para a terra que lhes foi dada por herança (cf. Jr 3,18). Além de esta crença poder marcar a persistência do profeta, as suas pregações expressam preocupação com o destino do povo (cf. Jr 18,20). Essa análise sobre as palavras de Jeremias, embora eficaz, ela não deixa de admitir o seguinte: poucos efeitos elas causam no coração do povo, de tal modo, que o povo passa a questionar a sua veracidade (cf. Jr 17,15). Só depois, quando cumpridos, esses anúncios são reconhecidos como palavra de Deus e o profeta como mensageiro de Deus. Talvez aqui a perseverança do profeta, agora aceitável pelo povo, que antes direcionada a querer o bem-estar de todos, passou a ser a razão pela qual o intitularam de o “profeta da salvação e da paz” (Jr 33ss), que antes da destruição era irreal para muitos.

Passaram-se alguns anos e o juízo iminente anunciado pelo profeta se concretiza (Jr 39,1 “Jerusalém foi sitiada”). O povo deportado se encontra agora exilado na Babilônia (cf. Jr 29,1-3). Lá ele se alimenta do ódio, dos desejos de vingança, de saudades da terra prometida e de ansiedades de libertação, acompanhados de uma crise de fé e de esperança (SICRE, 1996, p. 311). Ele experimenta a ausência de Deus, ocasião em que cantar é a única forma de amenizar a dor (Sl 137). Isto admite que a sensação de solidão e a angústia colaboram para a instituição do imaginário em cada exilado e exilada. Cantar louvores imaginando que Javé está por perto, ou que os utensílios do Templo estejam ali, é a melhor saída. Ou fazer isto imaginando ali a família e os filhos que permaneceram em Jerusalém não faz mal nenhum (v. 1). Este tipo de imaginação não é totalmente fantasioso, mas real. Javé estava com os deportados o tempo todo. Não era Ele manifestado em forma de mão e indignado diante do banquete do rei Belsazar, por causa da imprudência do rei ao beber vinho com as taças de ouro e de prata do Templo de Deus? (cf. Dn 5,1-4). Estas demonstrações só provam que a permanência de Deus com o povo no exílio era real (cf. também Jr 29s; Is 42s).

A preocupação de Javé com os exilados pode ser demonstrada através da carta de Jeremias destinada a eles (Jr 29,28: “Será longo!”) (ver KILPP, 1988, p. 11). Porém, os destinatários da carta (Semaías, o neelamita) não a recebem com os bons olhos, pois acreditam que ela não passa de um conjunto de palavras vindo de um doido. Ela acaba perturbando o pequeno grupo. Não sabem eles, no entanto, que a salvação que a carta explicita vem e já chegou, mas de modo muito diferente do imaginado. Ela vem ainda dentro do exílio, através da possibilidade de gozar os frutos do próprio trabalho, construindo famílias, gerando filhos e filhas, buscando viver em paz, e pedindo paz a Javé pela cidade da Babilônia. Com isso percebe-se, que mesmo em terras alheias, o povo de Deus se certifica de que é possível melhorar. Como? Resistindo com criatividade e esperança a toda força contrária, dando sentido a um novo mundo sem Templo e sem pátria (faz referência aqui ao Templo de Jerusalém e a nação de Israel que já não existem mais, só restando agora imaginá-los numa terra distante).

A ordem de Deus expressa na carta se destina aos exilados deportados. Vejamos em um trecho o que ela diz (Jr 29,4-7):


Assim disse Iahweh dos Exércitos, Deus de Israel, a todos os exilados, deportados de Jerusalém para a Babilônia: Construí casas e instalai-vos; plantai pomares e comei os seus frutos. Casai-vos e gerai filhos e filhas, tomai esposas para os vossos filhos e dai as vossas filhas em casamento, que eles gerem filhos e filhas, multiplicai-vos aí e não diminuais! Procurai a paz da cidade, para onde eu vos deportei; rogai por ela a Iahweh, porque a sua paz será a vossa paz.


Longe da própria pátria e sem Templo os deportados devem construir um mundo próprio e instituir sobre ele o seu próprio modo de viver. Diante disto a prática instituinte do imaginário pode ser pensada. No exílio a imaginação ativa do povo deve criar o seu próprio modo de pensar, de agir e de sonhar. Em tempos de transformação do agora povo judeu, a autonomia das escolhas e da busca de um bem coletivo e individual caracterizam o conceito de Bem Viver.

Essas características também são vistas no modo de vida indígena. Depois de passar da infância para a fase adulta, a mulher indígena agora está pronta para construir o seu mundo de Bem Viver. Talvez na realidade ele já exista. E na sua realidade de consciência? Aqui resta dá nomes às relações humanas da tribo, que sob os princípios da reciprocidade entre as pessoas, da amizade fraterna, da convivência com o próximo, dá sentido ao seu mundo social. É certo que nesse sistema de vida a indígena deva casar-se, ter filhos e construir uma família. Isto passa a ser o reflexo concreto do seu imaginário individual que finalmente desagua na esfera social. Essa resistência da indígena em almejar um mundo perfeito, ou de desejar construi-lo, sempre mantendo a esperança, deve percorrer com a imaginação, pois sem ela não é possível sonhar e viver esse sonho. Isto nos leva a pensar de modo mais racional o quem vem ser esse conceito de Bem Viver.

Podemos compreender o Bem Viver a partir de duas perspectivas: a perspectiva teórica e a perspectiva prática. Teoricamente “O conceito do Bem Viver brota do fundo da terra, nasce do ventre da convivência e da comunhão” (Markus; Gierus, 2013, p. 7). Etimologicamente ele tem origem na expressão andiana suma qamaña, que quer dizer “bem conviver”. É o composto etimológico que nasce de dois termos, primeiro do termo suma, que significa “plenitude”, “excelente” e “bem”. Ou ainda, a partir do segundo termo qamaña, que significa “estar sendo” e “conviver”. Praticamente ele é a expressão que se refere à boa vida, sentido moral de viver corretamente; o Bem Viver reconhece e identifica o próximo na convivência e na comunhão. Chama cada um e cada uma para pensar o Reino, o Céu (Blank, 2014).[6] Para imaginar um mundo sem dores, sem sofrimento e sem morte. Onde não haja classes, intolerância religiosa, intolerância cultural e intolerância social. Onde a coletividade glorifica o amor, a paz e a solidariedade. Onde a humanidade se sente no dever de cultivar as relações, se preocupando com os valores básicos da vida, ensinando como contemplar a natureza sem destruí-la, reconhecendo ser isto uma ação importante para o equilíbrio e para a manutenção dos seres, correspondendo com isso aos mandamentos divinos: amar a Deus e amar o próximo.

Uma boa forma de compreender o conceito de Bem Viver é pensando-o dentro da esfera de atuação de Jesus. No sermão das bem-aventuranças Jesus chama o povo para ouvir as boas novas (Mt 5ss). Ele convida com criatividade profético-pedagógica (Brakemeier, 2016, p. 11)[7] o ser humano para viver e imaginar o Céu, a partir de uma vida religiosa consagrada, sendo preparado para suplicar respostas humanas favoráveis à uma humanidade decaída e necessitada de ajuda, se servindo dos valores definitivos e celestiais, a saber: do amor e da partilha, do amor de Deus e do amor do próximo. Com isso o bom mestre nos ensina que a vocação para o Céu não nasce na vida de oblação. Antes, ela tem suas raízes na fé. É na fé, sinônimo de confiança e esperança, que o futuro encontra chão. E em meio ao sofrimento a esperança só se acende estando junto dos outros, em compromisso e espiritualidade (At 2,42). Esse é o modo de vida proposto por Jesus, que aqui é chamado de Bem Viver, e que começa na terra, pensando e imaginando o Céu individualmente e vivendo-o socialmente, sendo estabelecido na convivência a partir da experiência de cada um.

Conclusão

Passando por fases da vida, chegando até à condição de enfrentamento do medo, da dor e do preconceito, o ser humano pode chegar a um ponto em que lhes permitirá fazer novas escolhas, de modo a motivá-lo a buscar novos estímulos, para além daquelas necessidades biológicas. Ele pode decidir permanecer angustiado, ou mesmo aceitar a doença que reduz a sua vida. Pode decidir aceitar morrer sem ao menos imaginar uma vida além da morte. Ou pode simplesmente compor um mundo imaginário, o qual possa ser desejado antes e depois da sua morte, bem como pode servi-lo de conforto na hora da dor sem ao menos precisar morrer. Em todo caso, o objetivo aqui é propor o imaginário como uma ideia de equilíbrio da vida ou como função instituidora de paz.

A vida poderá oferecer-lhes a paz e a esperança em diferentes modos de viver. A oferta poderá surgir estranhamente de uma tragédia comum, pois sempre existirão pessoas que encontrarão no suicídio a sua tranquilidade; a satisfação pode surgir na composição de uma canção ou de uma melodia; há quem acredite que a alegria da vida seja encontrada nas práticas de magia, de cartomancia, dos resultados que elas proporcionam e oferecem; e existem aqueles que acreditam em um Novo Céu (cf. Ap 21,1ss), que através do Jesus Ressuscitado pode-se chegar até ele. Constata-se com isso que é impossível não existir um caminho que não leve o ser humano ao encontro da paz, do mundo perfeito, do Bem Viver, fantasioso para alguns, no entanto, significativo e verdadeiro para outros.

Esse mundo real e muito desejado é aqui definido de Bem Viver. Para chegar até ele é necessário passar por muitos momentos de dor, angustia, e até mesmo de morte. Quem deseja conhecer o próprio futuro às vezes precisa consultar uma cartomante, precisa de dinheiro para ir até ela, e às vezes não o tendo, passa até por constrangimentos. É do nosso conhecimento que Jacó, para manter viva a esperança, passa pela dor e pelo sofrimento, sentindo na pele a aflição da ausência do seu filho; assim como Jeremias, ao sofrer apaixonadamente pela causa do outro, aprende que este em muitos momentos se levantará contra ele; e Amós, por amor do povo, intercede por ele de tal maneira, que decide até mesmo enfrentar o Senhor por isso; e não podemos deixar de falar da antes moça indígena, que agora mulher, combate as tristezas da vida com criatividade e imaginação. Com vistas nesses relatos, conclui-se, portanto, que a persistência imaginativa é o melhor remédio e a melhor arma de enfretamento na história da vida.

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Notas

[1] O conceito de imaginário aqui concebido se apoia na concepção de imaginário processual de Gilbert Durand.

[2] Ver Enciclopédia de Antropologia. Disponível em: http://ea.fflch.usp.br/ Acesso em: 18 de março de 2020.

[3] Ibidem. Disponível em: http://ea.fflch.usp.br/ Acesso em: 18 de março de 2020.

[4] One specific type of cognitive space is imaginary space, which may be “imaginary” only from the point of view of an observer from another culture or period, but is quite real to the participants.

[5] Lembremo-nos aqui de uma fala de Mircea Eliade, sobre o que vem a ser a tensão criativa. Ele diz: “São as ‘crises’, os ‘encontros’, as ‘revelações’, e as experiências religiosas privilegiadas, acompanhadas e enriquecidas por um enxame de imagens e de enredos particularmente viventes e dramáticos” (Eliade, 1972a, p. 104).

[6] Essa é a proposta de conceito de dimensão comunitária. Ela tem como objetivo, fazer as pessoas pensarem no céu a partir de uma comunhão participativa e comunitária.

[7] Jesus valia de parábolas para ilustrar suas doutrinas.