Clélia Peretti
Pós-doutora pelo Centro Italiano di Ricerche Fenomenologiche e Pontifícia Universidade Lateranense - Roma (2015). Doutora em Teologia pela Escola Superior de Teologia - EST, São Leopoldo- RS (2009).
Ivoneide Queiroz
Doutoranda em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Mestre em Teologia com concentração em Missiologia pelo Instituto Teológico São Paulo (ITESP).
RESUMO
Neste artigo, refletimos sobre a Mulher e seu lugar na Igreja, levando em consideração o pensamento do Papa Francisco e a proposta de renovação eclesial. No percurso investigativo, revisitamos a literatura teológica, mapeando as contribuições do Concilio Vaticano II, das Conferências latino-americanas, da teologia feminista e dos documentos do Papa Francisco. Por este caminho, delineamos uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa. Apontamos como essencial para uma renovação eclesial o resgate do conceito de “Povo de Deus” e de uma “Igreja em Saída”. Francisco, na sua perspectiva eclesiológica relança o papel da mulher na Igreja a partir de seu ministério, portanto, vai além das suas funções. Ele quer dar visibilidade à presença feminina, sua participação em todas as expressões da vida eclesial e o exercício de seu ministério, incluindo, hoje, os ministérios de leitorado e acolitato, aberto de forma estável e institucionalizada, com um mandato especial. Concluímos mostrando que a Igreja, sensível às diferentes realidades deve abrir-se sempre mais para acolher e valorizar cada vez mais o compromisso da mulher nas diversas pastorais, no acompanhamento às pessoas, na reflexão teológica e, de modo particular, nos locais de decisão da Igreja.
Palavras-Chave: Renovação Eclesial. Mulher. Ministérios.
ABSTRACT
In this article, we reflect on the woman and her place in the church, taking into account the pope Francis’ thought and the proposal for ecclesial renewal. In the investigative path, we revisited the theological literature, mapping the contributions of the Second Vatican Council, Latin American Conferences, feminist theology and Pope Francis' documents. In this way, we outline a bibliographic research with a qualitative approach. We point out as essential for an ecclesial renewal the rescue of the concept of “People of God” and of “a Church which goes forth”. Francis relaunches the role of woman in the Church from his ministry in his ecclesiological perspective, therefore, he goes beyond his functions. He wants to give visibility to the female presence, her participation in all expressions of ecclesial life and the exercise of her ministry, including, today, the ministries of reader and acolyte, open in a stable and institutionalized way, with a special mandate. We conclude by showing that the Church, that's sensitive to different realities, must always be more open to accept and value more and more the commitment of woman in different pastorals, in accompanying people, in theological reflection and, particularly, at Church decision-making sites.
Keywords: Ecclesial Renewal. Woman. Ministries.
Neste artigo, objetiva-se revisitar a partir de uma metodologia qualitativa teórica, com revisão bibliográfica parcial, o pensamento do Papa Francisco sobre os ministérios da Mulher na Igreja a partir de documentos, discursos, catequeses, homilias e entrevistas. É consensual que a renovação eclesial proposta no Concilio Vaticano II implicou numa nova forma de escrever a história das mulheres, seu protagonismo e o impacto de sua ação na missão da Igreja. Contudo, pesquisas realizadas no âmbito da Igreja, na academia e outros setores da sociedade mostram que nas últimas décadas houve uma recentralização da Igreja sobre si mesma.[1]
Deste modo, Papa Francisco propõe no seu magistério “uma Igreja em saída”, uma Igreja que tome iniciativa, se abra ao mundo e reabilite o conceito de “Povo de Deus” no centro de sua eclesiologia. O resgate do conceito de “Povo de Deus”, reintroduz na reflexão eclesial a necessidade de promover na Igreja uma mudança de pensamento, uma renovação das estruturas, a fim de levar aos povos e às culturas a verdadeira mensagem do Evangelho.
Francisco propõe na Exortação Apostólica Evangelli Gaudium, de 2013 (EG 27-33) a necessidade de renovação das estruturas eclesiais. Isso nos leva a entender que evangelizar é assumir a vida humana tocando a carne sofredora de Cristo no povo, a fim de que a Palavra seja acolhida e manifeste a sua força libertadora e renovadora (EG 24). Para levar a cabo a proposta de uma “Igreja em Saída”, aposta na missionariedade, de modo que “hoje todos somos chamados a esta nova saída missionária” (EG 20), sem medo de enfrentar os cenários e os desafios da missão na Igreja.
Nessa perspectiva o Papa enfatiza a valorização da missão dos leigos/as. Ele afirma que estes devem descobrir cada vez mais sua identidade na Igreja: os leigos/as, de modo particular as mulheres não devem continuar permanecer às margens das decisões. No seu magistério, exalta o papel das mulheres em todos os setores da sociedade afirmando que sua contribuição não deve se limitar a temas “femininos”. Francisco valoriza o papel da mulher, sua presença na vida social, econômica e política em nível local, nacional e internacional, assim como eclesial. Enfatiza a grande contribuição das mulheres na teologia e sua contribuição no Magistério da Igreja.
Na sua teologia, entende a mulher como - um ser ontológico - dentro da Igreja, enquanto instituição. Isso porque compreende que a própria Igreja é “feminina” e, Maria, a Mãe do Filho de Deus, é mulher, Mãe da Igreja; foi ofertada ao discípulo amado, (representando toda humanidade, não apenas o masculino) como Mãe: “Eis aí tua Mãe”, e a Ela toda a humanidade: “Mulher, Eis aí teu filho” (Jo, 19, 26-27).
Em várias ocasiões o Papa Francisco afirmou que a “Igreja é feminina”, “a Igreja é mulher”, isso porque, sua essência é feminina. No Novo Testamento são usadas imagens que nos dão a conhecer a natureza íntima da Igreja. Uma das mais importantes é a Igreja como esposa, que indica algo que é central de seu próprio ser e mistério. No Apocalipse chamam-na “a esposa”, “a noiva”, “a esposa de Cristo”, “uma mulher”. De tal modo, para Francisco é impossível imaginar a Igreja sem a mulher, porque a Igreja é feminina. Para mim, acrescenta, “gosto também de pensar que a Igreja não é o Igreja, é a Igreja. A Igreja é feminino, é mãe” e devemos “aprofundar a nossa compreensão disso” (FRANCISCO, 2018).
Além do que, a mulher é fundamental na transmissão da fé. As primeiras testemunhas da ressurreição do Senhor são as mulheres. (Mt 28, 5-7). Neste sentido, destaca-se a importância do gesto do Papa Francisco de elevar a posição da figura de Maria Madalena, “na liturgia da Igreja de memória a Festa, tanto para a recuperação do seu justo lugar na Igreja das origens e na superação da distorção preconceituosa de sua identidade, quanto para impulsionar o debate sobre o lugar das mulheres na Igreja” (ANDREATTA; ROCCA; AZEVEDO, 30 junho 2019).
Não só, mas o magistério de Francisco é rico em gestos e palavras sobre as mulheres: ele se abaixa para lavar os pés das mulheres, pela primeira vez, na história da liturgia da quinta-feira santa[2] (2013); visita cárceres femininos; cria comissões de estudo sobre o diaconato feminino com a participação efetiva de mulheres[3]; nomeia mulheres para participar a outras comissões, como a comissão responsável para tratar dos abusos sexuais na Igreja[4] e a exercer cargos importantes no Vaticano e no mundo. Em seus escritos, Francisco quer dar visibilidade a presença feminina na Igreja, sua participação em todas as expressões da vida eclesial e o exercício de seu ministério, incluindo, hoje, os ministérios de leitorado e acolitato, abertos às mulheres de forma estável e institucionalizada, com um mandato especial. Dessa maneira, exalta ainda mais o papel da mulher, tornando-a sujeito eclesial.
As implicações eclesiológicas desse pensamento são importantes, frutíferas e transformadoras. Do contrário, como seria possível repensar o sujeito eclesial de acordo com uma linha de distinção entre masculino e feminino? Qual seria o risco de inverter a escala de importância, sem repensar a dinâmica de pertencimento em um contexto de comunhão entre sujeitos? Em virtude disso, Francisco chama atenção para o respeito, o reconhecimento da dignidade e dos direitos e deveres das mulheres. Fundamenta a teologia da mulher numa compreensão antropológica. A mulher foi criada à imagem e semelhança de Deus, com igual dignidade ao ser masculino.
Enfim, preocupa-se com todos indistintamente, tem muito a ensinar, sobretudo nessa época de crise econômica, moral e de identidade. Em sua missão de pastor da Igreja, Francisco valoriza a dignidade das pessoas, combate qualquer tipo de discriminação independente de seu status social, gênero ou posição que ocupa. Denuncia as condições de exploração, de servidão que tantas mulheres devem suportar. Ele se refere carinhosamente à mulher, a ponto de afirmar que Deus quis criar a mulher e nascer de uma Delas, “para que todos nós tivéssemos uma Mãe”. (GISOTTI, 2018).
Os estudos acerca da presença feminina no Cristianismo e na Igreja tem se intensificado nas últimas décadas, sobretudo, como aporte da teologia feminista. Além da investigação, a busca por espaços efetivos de protagonismo no seio da Igreja tem assumido um caráter marcante no magistério dos últimos Papas, principalmente, do Papa Francisco. De certo modo, é um resgate da presença feminina original, invisibilizada ao longo dos processos de estruturação e institucionalização do Cristianismo. No processo de institucionalização do Cristianismo, a Igreja assumiu diferentes estruturas epocais, que excluíram as mulheres dos espaços públicos, por exemplo, no mercado de trabalho e na política, relegando-as, muitas vezes, somente aos espaços privados, ou seja, ao lar e à família.
O Concilio Vaticano II, introduziu várias reformas na vida eclesial, tendo como base o reconhecimento da igualdade entre homens e mulheres, enquanto criados à imagem de Deus e destinados à mesma vocação e destinos divinos. Já durante o Concilio, a Igreja tomou posição em favor das mulheres ao combater a sua discriminação na vida social e cultural, insistindo que a educação acompanhasse os novos tempos e proporcionasse homens e mulheres cultos e de personalidades fortes, defendeu ambos como autores de cultura. Além do mais, protegeu interesses específicos das mulheres como os direitos fundamentais da pessoa, “à faculdade de escolher livremente o seu esposo, de abraçar o seu estatuto de vida ou o acesso à mesma cultura e educação que se admitem para o homem” (GS 29).
Apesar disso, a questão da mulher na Igreja pouco modificou, mas tem ampliado desde então, a sua atuação enquanto leiga, como cita o Decreto Apostolicam Actuositatem, n. 9: “[…] Mas, porque, nos nossos dias, as mulheres têm cada vez mais parte ativa em toda a vida da sociedade, é de grande importância uma participação mais ampla delas também nos vários campos do apostolado da Igreja”. Porém, o apostolado é compreendido enquanto serviço como leiga, sem poder de decisão. O próprio Vaticano II, foi quem autorizou o diaconato permanente como ministério ordenado, na Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja, em seu número 29, mas, mais uma vez, as mulheres foram excluídas do serviço hierárquico.
Cumpre ressaltar que desde a década de sessenta a Igreja sofria com escassez de sacerdotes e, mais uma vez foi estimulada, por parte do movimento feminista, a questão que as mulheres, são a maioria no exercício das funções diaconais, mas apenas o exercício de tais atividades pelos homens passou a ser legitimado. Ainda assim, a não inclusão das mulheres ao diaconato, a sua restauração como grau autônomo e permanente do ministério ordenado constituiu um passo importante para a renovação da visão teológica da Igreja e do ministério ordenado. A partir do Vaticano II, desenvolveu-se, também a teologia do laicato acompanhada pelo desenvolvimento de uma eclesiologia centrada na ótica do Reino de Deus e não mais na separação Igreja-Mundo, sagrado-profano, possibilitando a valorização dos carismas dentro dela.
Todavia, a questão da mulher na Igreja pouco modificou, tem sim ampliado, desde então, a sua atuação enquanto leiga. As mulheres têm tido cada vez parte ativa em toda a sociedade, participado efetivamente em vários campos do apostolado da Igreja tais como: a participação das mulheres nas Comunidades Eclesiais de Base, nos conselhos paroquiais e diocesanos de pastoral e nas assembleias diocesanas, mas sem poder de decisão. Com as Conferências Episcopais Latino-americanas as preocupações da Igreja foram modificando-se. A Igreja, mormente, na América Latina, assume um olhar preocupado com a realidade e apresentou questionamentos de como modificar as injustiças sociais.
Desse modo, podemos entender que a Igreja resgata o protagonismo laical, situando o leigo/a na base comum da Igreja, como um sujeito coletivo sobre o qual se edificam todas as diferentes funções do Povo de Deus. A visão do leigo/a e a de protagonista, ou seja, sujeito na Igreja e no mundo, é sustentada na Exortação Apostolólica Christifideles laici (ChL, 1988). Essa questão ganha força com o Sínodo realizado em 1987, que marcou a história a Igreja por afirmar de forma bem consolidada os fundamentos da vida laical e suas possibilidades de assumirem o seu papel na Igreja e no mundo. Uma vez “incorporados em Cristo pelo Batismo, constituídos em Povo de Deus e tornados participantes, a seu modo, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, os leigos exercem, pela parte que lhes toca, a missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo” (ChL 2). Os leigos são considerados “o verdadeiro tesouro escondido dentro da Igreja e da sociedade” (ChL 4).
Portanto, é no reconhecimento da dignidade batismal que consiste a grande renovação da participação da mulher na Igreja, enquanto reconhece que todos os batizados são chamados “a participar no tríplice múnus, sacerdotal, profético e real, de Jesus Cristo. A tradição viva da Igreja nunca se esqueceu desse aspecto” (ChL 14). Em vista do seu batismo os leigos/as são chamados a agir e viver no mundo, trabalhar juntamente com a hierarquia, participando da missão da Igreja de acordo com seus próprios carismas
Deste modo, os ministérios da mulher devem ser compreendidos em sua viva relação com a comunidade total, pois, “os ministérios, como sabemos, estes estão referidos e possuem em sua base teológica a reflexão sobre o batismo” (CONGAR, 1971, p. 8) Assim, “os leigos são especialmente chamados para tornarem a Igreja presente e operosa naqueles lugares e circunstâncias onde apenas através deles ela pode chegar como sal da terra” (LG 33b). Pois “o Evangelho não pode penetrar profundamente nas consciências, na vida e no trabalho de um povo sem a presença ativa dos leigos” (AG 21a).
Deste modo, a Igreja reconhece a vocação e a missão dos leigos, assim como a índole de santificação. Os leigos são chamados a exercer um apostolado no mundo para ser sinal de esperança e de uma vida verdadeiramente cristã e da participar como os clérigos e os religiosos das realidades celestes. Além disto, são chamados a participar de todos os aspectos da vida da Igreja, conforme seus próprios carismas.
Sem dúvida, a Igreja avançou na reflexão teológica dos diferentes ministérios e não lhe negou a mulher o seu direito à vivência na vida cultural, na educação, na sociedade e assumir funções, “de acordo com a própria índole, o papel que lhes toca”. Também reconheceu e promoveu “a participação da mulher na vida cultural” (GS 60). Todavia, a questão da mulher na Igreja ficou ainda aberta, muitas coisas ficaram só no papel, de modo particular o reconhecimento dos diversos trabalhos pastorais.
As Conferências Latino-americanas mostram a preocupação com a mulher, todavia, essa, ainda fica a margem da Igreja. Na Conferência de Medellín, em 1968, a classe das mulheres se encontra dentro das maiorias excluídas, e serão citadas apenas uma só vez ao longo de todo o documento “a mulher reivindica sua igualdade, de direito e de fato, com o homem” (MED 1, 20; 15, 10). De fato, a mulher será sujeito de transformação na Igreja e na sociedade, porque vai lutar por condições integras e igualitárias para seus filhos e netos; intensifica-se a sua presença nas Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s) e nos movimentos da Ação Católica. Já na Conferência de Puebla, em 1979, as mulheres por sua vez, não ficaram escondidas. Elas aparecem nos “debates sobre a evangelização, o que lhe traz características especiais. O texto denuncia a marginalização da mulher e a sua quase total ausência da vida pública, econômica e cultural” (TEPEDINO, 2010. p. 387).
Ao falar da questão da mulher a Conferência de Santo Domingo (SD), em 1992, aponta três caminhos: a Igreja precisa dar uma resposta a realidade vivenciada pelas mulheres, pois a marginalização e as injustiças sociais ferem o projeto de Deus e os direitos básicos da pessoa humana (SD 167); tanto a Igreja e a sociedade devem zelar pela dignidade, igualdade e direitos entre homens e mulheres (SD 105); a igreja relega a vocação das mulheres “ao papel de mãe, defensora da vida, e educadora do lar”. (SD. 210). São muito perceptíveis os progressos e os regressos que a V Conferência de Aparecida (DAp), em 2007, faz entorno da mulher latino-americana, ao mesmo tempo que valoriza seu protagonismo na Nova Evangelização, o reduz na sua vocação de mãe dentro da família patriarcal. Neste documento, o tema da mulher é discutido na sessão dedicada à família (DAp 459-463). O documento “lamenta a mentalidade machista, que as desvaloriza, valoriza sua participação na vida social e eclesial, escuta o clamor das mulheres silenciadas, garante sua presença nos ministérios e a conclama a participação plena em todos os setores da vida”. (TEPEDINO, 2010. p. 391).
Em sua primeira Exortação Apostólica Evangelli Gaudium, sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, no ano de 2013, o Papa discorre elogios aos ministérios não ordenados, homens e mulheres de bens (EG 52, 86, 104, 171, 252, 271, 283). Portanto, a mulher da Evangelli Gaudium é ainda a “mulher zeladora da casa e cuidadora dos filhos, inspirada pelo imaginário de Maria de Nazaré (EG 287). Para Suess, “mulher, na Igreja, é, até hoje, voluntária e não profissional nas instâncias administrativas e decisivas” (SUESS, 2015, p. 128). Por mais que esta linguagem sexista predomine a exortação, a mentalidade de Francisco enche-nos de esperança.
Francisco insiste na valorização do serviço das mulheres nas comunidades de fé, na teologia e em outros ministérios na Igreja. Adverte a necessidade “de ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja”. Enaltece o “gênio feminino” esse “é necessário em todas as expressões da vida social; por isso deve ser garantida a presença das mulheres também no âmbito do trabalho e nos vários lugares onde se toma decisões importantes, tanto na Igreja como nas estruturas sociais” (EG, 103). Alude à reivindicação dos “legítimos direitos das mulheres”, e sua dignidade compartilhada com os homens (EG 104).
Ao falar da dimensão social da evangelização, a mulher aparece, ainda, no tópico sobre a opção preferencial pelos pobres, no qual exorta a cuidar dos mais frágeis. As mulheres são categorizadas como pobres, que como os pobres vivem situações de exclusão, maus-tratos e violência, visto que têm menores possibilidades de defender seus direitos (EG 212). Um dos pontos nevrálgicos dos discursos do Papa Francisco é relacionar Maria e a mulher, não para justificar, mas por sua grande devoção. Segundo ele “Maria é mais importante que os apóstolos. Sem Maria o colégio apostólico não existe. Portanto sem uma adequada valorização e importância dadas à mulher, a Igreja não será o que deve ser, ou seja, falhará em sua vocação” (BINGEMER, 2014, p. 149).
É nesse contexto que podemos entender os conflitos e as crises da Igreja diante do grande desafio em acolher a “contribuição de muitas mulheres que trabalham na família, no campo da educação na fé, na atividade pastoral, na formação escolar, mas também nas estruturas sociais, culturais e econômicas”. O mundo atual requer “a presença da mulher na esfera pública, no mundo do trabalho e nos lugares onde são tomadas as decisões mais importantes, e ao mesmo tempo manter a sua presença e atenção preferencial e muito especial na e para a família” (FRANCISCO, 2015).
Ao mesmo tempo, o Papa insiste para o desenvolvimento de “uma renovada cultura da identidade e da diferença”. Para isso, é necessária uma “aliança entre o homem e a mulher”, “chamada a tomar em suas mãos a direção de toda a sociedade” (FRANCISCO, 2015). Em seu discurso de conclusão do Sínodo da Amazônia, em 26 de outubro de 2019, Francisco sublinha “o papel das mulheres na Igreja vai muito além da funcionalidade”, da transmissão da fé e da preservação da cultura. Na Exortação apostólica pós-sinodal Querida Amazônia, o Papa recordou o grande papel das mulheres na região e reiterou o convite a alargar o horizonte para evitar reduzir a nossa compreensão da Igreja a meras estruturas funcionais” (QAm,2020) Alude a valorização do feminino, seus dons e apela aumentar a participação das mulheres na vida litúrgica, abrindo espaços para com os ministérios do acolitato e do leitorado.
O longo caminho traçado até aqui mostra que o Papa está convencido da urgência de oferecer espaços às mulheres na vida da Igreja e de acolhê-las, tendo em consideração as específicas e diferentes sensibilidades culturais e sociais. Não há como falar de nova evangelização sem assegurar a presença feminina nas comunidades, nas responsabilidades pastorais, no acompanhamento de pessoas, famílias e grupos, assim como na reflexão teológica. Reivindica “uma profunda teologia da mulher”. Aos membros do Pontifício Conselho para os Leigos, nos 25 anos da Mulieris Dignitatem de João Paulo II - afirma que, na Igreja, “é importante perguntar-se que presença tem a mulher” (GISOTTI, 2018).
Enfim, para Francisco o papel da mulher na Igreja não é feminismo, é um direito!”. Portanto, é fundamental reconhecer a mulher como “sujeito eclesial”, de efetiva participação em todas as expressões da vida eclesial, incluindo o ministério ordenado. A Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Querida Amazônia” (2020) enfatiza a força e o dom das mulheres nas comunidades de fé (QAm 99). “Sem as mulheres, a Igreja se desmorona, como teriam caído aos pedaços muitas comunidades da Amazônia se não estivessem lá as mulheres, sustentando-as, conservando-as e cuidando delas. Isto mostra qual é o seu poder caraterístico” (QAm 100) e o perfil feminino na Igreja.
O Papa Francisco tem surpreendido a Igreja e a sociedade com o seu jeito de ser e de agir um tanto quanto incomum para um pontífice. Com isto, tem provocado grandes discussões e debates principalmente acerca de temas controversos na atualidade. Um desses temas é, sem dúvidas, o lugar da mulher na Igreja. A questão dos ministérios é um tema caro às mulheres que atuam na Igreja. Muitas mulheres exercem os mais variados ministérios, porém, considerados de segunda categoria. Perguntada sobre o papel das mulheres na Igreja, Mary Hunt (2018) diz que se estamos falando da Igreja institucional, não há papel oficial das mulheres embora elas estejam no trabalho pastoral e ministerial em muitas partes do mundo. Isso acontece devido à não-ordenação, pois se as mulheres não são ordenadas, não há a possibilidade para tomarem decisões. Então, enquanto papel oficial, não existe lugar para as mulheres entre as lideranças da Igreja.
Conforme vimos nos tópicos anteriores, a Igreja tem avançado muito pouco nas reflexões e ações com relação à participação da mulher no ritmo que exige os sinais dos tempos. Como diz León (1984, p. 31), a presença feminina é pequena ou nula nos Secretariados, nas Comissões, Sagradas Congregações, nos Concílios e Sínodos. Por exemplo, no Concílio Vaticano II (1962-1965), dentre mais de 2.500 participantes, apenas 07 eram mulheres, sem direito a voto. Este fato nos mostra que existem muitos espaços na Igreja Católica onde são tomadas as decisões e a mulher não é incluída. E mais: não é nada agradável participar se não tiver direito a voto. Por incrível que pareça, até no Sínodo para a Amazônia acontecido em 2019 com a participação recorde de 35 mulheres, ainda não foi possível o voto feminino nas decisões.
Apesar desta lenta caminhada, temos a grata satisfação de perceber que o Papa Francisco veio, como ele mesmo diz, “do fim do mundo”, com o desejo de dar impulsos espirituais, pastorais e teológicos e assim promover uma necessária e esperada reforma na Igreja. Além da publicação de documentos, o Papa Francisco também surpreende com seus pronunciamentos e atitudes concretas que agrada a uns e desagrada a outros, provocando rejeição e até certa ira.
Para o historiador Massimo Faggioli (2015), a escolha de Bergoglio, um bispo latino-americano, revela o desejo de renovação na Igreja. Ele compreende o pontificado pela perspectiva do Concílio Vaticano II e Francisco é o primeiro Papa que aceita as orientações conciliares e pensa a partir delas, pois “João Paulo II e Bento XVI eram homens do Concílio Vaticano II e seus pontificados estavam empenhados em corrigir as trajetórias do Concílio. Francisco aceita o Concílio como um dado fundamental da Igreja de hoje”, diz Faggioli.
Neste sentido, Agenor Brighenti (2019), analisa os avanços e retrocessos com relação à renovação proposta pelo Concílio Vaticano II, de modo especial com relação à identidade dos leigos/as no seio da Igreja em que todos são sujeitos pelo batismo. Ele diz que “na Igreja, caminhamos mais ou menos como o Vaticano II propôs, até por volta do Sínodo de 1985, ocasião da celebração dos 25 anos do Concílio” (BRIGHENTI, 2019, p. 28). Desta forma, a Igreja caminhou para trás, por isso se fala em “virar a página para trás”, em “involução eclesial” ou “inverno eclesial” onde se verifica o distanciamento da renovação trazida pelo Vaticano II. Mas, o Papa Francisco resgata, com Aparecida, o Concílio e a tradição eclesial latino-americana. Por isso podemos falar de Francisco como o Papa reformador, o qual traz de volta a teologia do laicato proveniente do Vaticano II e se mostra favorável à superação do clericalismo e patriarcalismo em vista de uma Igreja toda ela ministerial reportando-se ao lugar e ao papel das mulheres. “As mulheres precisavam ouvir uma palavra de reconhecimento de sua identidade, presença e serviço à causa da evangelização, sobretudo, vindo de um papa” (BRIGHENTI, 2019, p. 37).
Buscar a superação do clericalismo tem muita importância quando se trata dos espaços de atuação da mulher na Igreja. Embora o Vaticano II e a tradição eclesial latino-americana tenham contribuído muito para o reconhecimento do valor e dignidade da mulher, ainda é insuficiente. É necessário também uma eclesiologia que envolva mais as mulheres e traga à Igreja as mudanças que lhe são necessárias. Para Francisco às mulheres devem assumir responsabilidades também onde as decisões são tomadas na Igreja. Nesse sentido, o Sínodo da Amazônia serviu para mostrar a presença de mulheres fortes e corajosas que mantiveram em pé a Igreja, servindo com coragem missionária e profética, naqueles lugares em que a presença de sacerdotes era ausente.
Um dos sinais de reconhecimento da presença feminina na Igreja nos parece ser o gesto do Papa Francisco na institucionalização por meio da Carta Apostólica em forma de Motu Proprio Spiritus Domini (2020), o acesso das mulheres aos ministérios do leitorado e acolitado, de forma estável e institucionalizada, com um mandato especial. Para isso, O Papa Francisco, altera o cânon 230 parágrafo primeiro do Código de Direitos Canônico, que agora passa a ter a seguinte redação: “Os leigos que tenham a idade e os dons determinados por decreto da Conferência Episcopal poderão ser assumidos estavelmente, mediante o rito litúrgico estabelecido, nos ministérios de leitores e acólitos; no entanto, tal atribuição não lhes confere o direito de apoio ou de remuneração da Igreja”. Com a alteração, fica institucionalizada a abertura para homens e mulheres desempenharem tais funções, antes reservadas para seminaristas durante a preparação para o ministério ordenado.
Diante da necessidade de despatriarcalização, teólogas como Ivone Gebara, consideram que a Teologia da Libertação ainda é patriarcal e repleta de imagens masculinas de Deus (NUNES, 2006). É preciso, pois, a desconstrução dessas ideologias patriarcais. Para Tomita (2010, p. 3), “o método da desconstrução das ideologias patriarcais tem sido muito importante para mostrar que a maioria dos ensinamentos cristãos foram baseados em uma perspectiva patriarcal”, onde os homens têm todo o poder e às mulheres restava ocupar o segundo ou o terceiro lugar nas igrejas e no lar.
Emerge, então, nas décadas de 1960 a 1980, a Teologia feita pelas mulheres, trazendo questionamentos para as práticas estruturais vigentes nas Igrejas cristãs, tais como a ocultação das mulheres na construção do discurso teológico. Neste sentido, Fiorenza (1995), afirma que “o afastamento das mulheres da liderança e da teologia no espaço eclesial foi realizado por meio da domesticação da mulher sob autoridade masculina”. Infelizmente, goza-se de certos privilégios e de certo destaque na Igreja quando se entra nas estruturas existentes. Não é mais possível continuar com os mesmos esquemas de pensamento, nem reproduzir as mesmas formulações teológicas que foram elaboradas pelos homens. Gebara, ao falar de sua experiência como teóloga feminista, nos diz: “Quando eu repetia as ideias dos outros, particularmente dos homens, não havia problemas [...]. Mas chegou o tempo dos frutos maduros e com eles o desejo e a coragem de dizer a minha palavra" (GEBARA, 2000, p. 91).
Segundo Silva (2010, p. 88), no fazer teológico feminista,” o conhecimento não se dá apenas através do exercício da razão, pois a reflexão não se separa da experiência vital”. A Teologia Feminista surge de um lugar específico, daí a importância do cotidiano como lugar teológico. O cotidiano com suas contradições surge como uma categoria hermenêutica que possibilita a superação de uma visão dualística e dicotômica da vida.
Por isso, é muito importante o fazer teológico feminista, pois os muitos serviços assumidos pelas mulheres são considerados sem importância e, portanto, ficam na invisibilidade. Basta citar a atuação das mulheres nas Comunidades Eclesiais de Base onde procuram resolver problemas do bairro, do trabalho, das crianças, de saúde, educação e moradia. As mulheres estão presentes não apenas na Igreja assumindo os muitos serviços, mas também nos sindicatos, partidos políticos e movimentos populares, entendidos como forma de serviço e compromisso com a justiça e igualdade. Entre os mais pobres, as mulheres representam uma força incansável de resistência às estruturas injustas. Deste modo assumem um papel ativo na Igreja e na sociedade, colaborando na construção de um mundo justo e fraterno, sinal do Reino definitivo.
A pesquisa mostra a necessidade de superar a perspectiva machista enraizada no poder hierárquico da Igreja, a partir do paradigma da reciprocidade na equivalência e na diferença dos gêneros. Quanto ao papel da mulher na Igreja, o Papa se diz convicto da urgência de oferecer espaços às mulheres, levando em consideração as específicas e diversificadas sensibilidades culturais e sociais. Emerge, ainda, a premência da valorização da presença feminina nas comunidades de fé, de sua reflexão teológica e da possibilidade de as mulheres assumirem responsabilidades sociais e eclesiais, de maneira harmônica com a vida familiar. Para Francisco, a Igreja é mulher. Deste modo, o ministério feminino - como vocação -, ganha força à luz da Ruah ou Espírito Santo.
Com esta pesquisa alimentamos a esperança de que a Igreja possa se abrir sempre mais aos sinais dos tempos e ampliar os espaços para a participação feminina. A mulher já é presente na Igreja, porém, sempre ocupando o segundo ou terceiro lugar, nunca com o poder de decisão! Se para participar das decisões, ela precisa ser ordenada, que seja! Afinal não existem argumentos suficientes que justifique a ordenação reservada aos homens. Além disso, seria um grande gesto de coragem e abertura numa Igreja que carrega ao longo dos anos o peso de uma tradição machista e excludente. Porém, a luta maior deverá ser a de mudar a compreensão que se tem do poder e a maneira de exercê-lo, inserindo valores e formas diferentes das que estamos habituadas a ver nas práticas masculinas. Caso contrário, não terá nenhuma importância participar nas instâncias de poder na Igreja.
Por fim, trazemos uma poesia da sul-africana Jero Mofokeng; ela nos mostra que ao longo dos séculos um pensamento que marcou a nossa história foi com relação às diferenças sociais entre homens e mulheres, consideradas pela sociedade como algo natural e que por isso não podiam ser mudadas. Essas diferenças seriam determinadas pelas diferenças biológicas entre homens e mulheres e, portanto, estabelecidas por Deus. Hoje, sabe-se que certas características e práticas masculinas e femininas foram moldadas e construídas pela sociedade, não são só naturais. As diferenças no exercício dos ministérios na Igreja, por exemplo, foram construídas por aqueles que mesmo sem argumentos bíblicos e teológicos sustentam que a ordenação sacerdotal, e consequentemente a participação nas instâncias de poder na Igreja, é reservada aos homens e, ainda acreditam em decisão fechada, “assunto encerrado”. Como acreditar “em assunto encerrado”, se a vida é tão dinâmica? Eis a poesia:
Quando criança,
me ensinaram o que eu podia
e o que não podia fazer.
Na escola,
me disseram que
não podia estudar matemática,
porque as meninas
não eram boas em matemática.
Na universidade
aconselharam as meninas
a não tentarem a carreira do direito.
A razão!
o direito era uma matéria difícil,
e os negros,
especialmente as mulheres negras,
não conseguiriam acompanhá-la.
No trabalho,
a mesma discriminação.
O que torna os estereótipos de gênero
um assunto tão sério
para a sociedade e para as Igrejas
é a crença fundamental
sobre a qual se baseiam
todos os estereótipos de gêneros:
o mito de que os homens
são superiores às mulheres
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[1] Sobre este tema consultar também ANDRADE, J.; RASCHIETTI, E; Uma Igreja Sinodal e “em saída” na Amazônia: Os maiores desafios apontados por bispos no Brasil. Rev. Pistis Praz., Teol. Pastor., Curitiba, v. 11, n. 3. 641-668, set./dez.2019. ROSADO-NUNES, M. J. F.; CARRANZA, B. M. Fim de uma ordem: natureza, lei divina, feminismo. Horizonte . Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião, v. 17, n. 53, p. 936, 31 ago. 2019. BRIGHENTI, A. O contexto de uma ousadia que continua fazendo caminho: a propósito dos 40 anos de Medellín. Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 1, n. 2, p. 415-434, jul./dez. 2009.
[2] Este gesto realizou-se em 2013, no Cárcere de menores infratores em Roma. Junto com os homens que representavam os doze apóstolos estavam duas mulheres, uma delas de fé mulçumana. Gosto que tenha repetido já várias vezes durante seu pontificando (SCAMPARINI, Globo.com, 29 março 2013).
[3] Em 2016, o Papa Francisco havia criado uma ‘omissão de Estudo sobre o Diaconato das Mulheres que, como comissão, chegou a um resultado parcial sobre como era a realidade do diaconato das mulheres nos primeiros séculos da Igreja e suas implicações hoje. Esta comissão permaneceu até 2018. Depois da conclusão do Sínodo sobre a Amazônia (2019) e com base nas propostas do Sínodo, criou em abril de 2020 uma nova Comissão de Estudo sobre o diaconato feminino, integrando novos membros. A comissão é formada por um grupo 10 professores provenientes de sete países, dentre os quais estão cinco mulheres: Catherine Brown Tkacz, Lviv (Ucrânia); Dominic Cerrato, Steubenville (EUA); professor Don Santiago del Cura Elena, Burgos (Espanha); Caroline Farey, Shrewsbury (Grã-Bretanha); Barbara Hallensleben, Friburgo (Suíça); Don Manfred Hauke, Lugano (Suíça); James Keating, Omaha (EUA); monsenhor Angelo Lameri, Crema (Itália); Rosalba Manes, Viterbo (Itália); Anne-Marie Pelletier, Paris (França).
[4] Papa Francisco cria a comissão para tratar de abusos sexuais na Igreja em dezembro de 2013.