Rita de Cássia Mendes Alvares Contato: ritacalvares@gmail.com
Doutorado em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP)
Resumo:
Após considerar que, o Papa Francisco frequentou, no curso de sua vida, sessões de psicanálise, o artigo discute implicações e desdobramentos de um processo de análise e procura demonstrar que, ao sustentar-se em uma ética do desejo, tal processo é suscetível de propiciar uma ruptura com verdades absolutas. E mostra, que subsequentemente, pode haver, então, aposta nas construções e elaborações que ocorrem no contexto da relação transferencial e implicam em deparar-se com uma estrangeiridade constitutiva, responsabilizar-se pelo que produz sofrimento, abrir espaço para a diferença, para a singularidade, potencializando a continuidade do caminhar.
Palavras chaves: psicanálise, análise, construção, desejo, caminhar.
Abstract:
After considering that Pope Francis attended psychoanalysis sessions in the course of his life, the article discusses the implications and consequences of an analysis process, and seeks to demonstrate that, based on an ethic of desire, this process is likely to bring about a rupture with absolute truths. And shows, that subsequently, there may be then, a bet on the constructions and elaborations that occur in the context of the transferential relationship and imply in facing a constitutive foreigness and being responsible for what produces suffering, to make room for difference, for uniqueness, enhancing the continuity of walking.
Key words: psychoanalysis, analysis, construction, desire, walk.
É sabido que o Papa Francisco frequentou sessões de psicanálise no seu país natal, na Argentina, pressupondo-se que tal frequentação tenha ocorrido em 1978, ou seja, no curso de um período em que muitas pessoas desapareceram, foram presas e assassinadas pela ditadura militar então vigente naquele país. [1]
Por esta razão, parece pertinente oferecer, nesse número da revista de teologia sobre Papa Francisco e a Renovação Eclesial, um conjunto de reflexões sobre a potencial contribuição de uma análise para a abertura de um espaço para diferença, e para a construção e invenção singular suscetível de ocorrer nesse processo de escuta.
Não serão abordados aqui, aspectos específicos do período histórico na Argentina, nem especificidades da análise frequentada pelo Papa Francisco. Iremos discutir implicações e desdobramentos de um processo de análise, enquanto possibilidade de abertura para o diferente, desconstrução de ideais de verdade absoluta e resgate da singularidade.
Para introduzir as discussões em torno da problemática proposta, parece importante lembrar que o surgimento da psicanálise, ocorreu a partir das elaborações de Freud ao longo de pesquisas cientificas e da experiência clínica. Seus estudos sobre a vida inconsciente, desenvolvidos no curso da elaboração da sua vasta obra, são hoje referência para várias áreas da ciência contemporânea. Foram ao longo dos anos retomados, reelaborados, o que manteve a psicanálise viva[2].
Podemos dizer que Freud inaugurou uma forma muito particular e inédita de produzir ciência e conhecimento. Instaurou uma ruptura com a tradição do pensamento ocidental, e fundou, a partir dos seus estudos, um novo modo de abordar o sujeito, que deixa de ser visto exclusivamente pela ótica do pensamento cartesiano, consciente e racional.
O pai da psicanálise percebeu desde o início das suas pesquisas que o inconsciente e a sexualidade eram campos não explorados da alma humana, guardavam todo um potencial adormecido, ainda a ser investigado cientificamente. Foi com seus colegas neurologistas que produziu a primeira ruptura epistêmica, ao perceber a sintomatologia das pacientes histéricas de um lado e a impotência do saber médico diante desse fenômeno, por outro.
O psicanalista vienense foi então tentar entender as raízes psíquicas de tais ocorrências. Inicialmente trabalhou com hipnose como técnica de cura. Não tardou a abandonar essa técnica e passou a trabalhar com a regra da associação livre, método progressivamente consolidado, no qual as associações podem partir de algum ponto, mas devem ocorrer de modo livre, sem exigência e controle da fala. Procedimento suscetível de permitir um livre trânsito do pensamento, sem censura, e que, constituído como método, continuou a ser utilizado, até hoje, na clínica psicanalítica.
É na “palavra trocada” e nos acidentes desta troca entre dois sujeitos, em situação de transferência, que opera o trabalho analítico - como já apontou Kristeva (1987). A posição de escuta disponibilizada pelo psicanalista, abre a fala do sujeito para um saber desconhecido para ambos, produção que surge inesperadamente, mas vai tendo consequências no modo como esse sujeito pode organizar sua vida. Uma análise, sublinha-se, convoca um movimento de apropriação da própria herança, de construção, desconstrução e reconstrução, e envolve um processo de elaboração, recordação e repetição[3]. Desse modo, a psicanálise encontra no próprio homem a cura e a origem para os seus males, favorecendo a emergência de um exercício desejante e de uma autonomia de escolhas.
É importante, neste quadro, lembrar reflexões trazidas pelo Freud em o Futuro de uma ilusão (1927) sobre a crença religiosa obra na qual procura analisar a origem da necessidade de uma crença religiosa na vida humana. Freud respeitava o fenômeno religioso como manifestação cultural e de fé singular. Mas era crítico a religiosidade como modo de conhecimento do mundo, e a busca da determinação de modos de viver, de controle do corpo, do prazer, dentre outros aspectos, que o levavam a considerar a religião como a origem da alienação e da superstição.
A raiz da ilusão religiosa para Freud, sintetiza Croembergue (2010), é um movimento ambivalente presente no sujeito, a nostalgia do pai, uma vontade de ser protegido e o medo de ser abandonado, a vontade de ter autonomia e ao mesmo tempo a busca por manter-se protegido e alienado. O sujeito, assim, apresenta dificuldade em ultrapassar esses conflitos, para fazer algo próprio, ao mesmo tempo que é convocado a esse movimento.
Ao final de Futuro de uma ilusão, entretanto, ainda que tenha tecido críticas importantes, Freud aponta para o fato de que a ilusão é necessária, é imprescindível para o futuro, se for entendida como zona de abertura psíquica constante, fonte para a recriação do mundo por meio da arte, do sonho, da espiritualidade e também para a invenção de si mesmo, em meio aos desafios impostos pela destrutividade na realidade cotidiana da sociedade contemporânea.
Lidar com esta destrutividade que pode emergir do humano, não é tarefa simples, exige lidar com rupturas, desafios que se colocam no viver cotidiano. E, frente a cada nova provocação, como afirma Dolto (1996/2010) está a fé, enquanto presença nesse caminhar, ainda que não se conheça e nem se saiba o que pode trazer, é presença nessa realidade que anima a vida. É preciso viver na realidade e agir. Processo no qual a imaginação exerce um papel, ainda que seja, somente o de preparar a realização de um projeto em devir. Há, no cotidiano, algo que ultrapassa, imprevisível, inédito, um campo do qual todo o ser faz parte, onde pode encontrar-se afetividade, inteligência, vitalidade, e de onde surge a porção “inconsciente” de cada um, através de um processo velado.
A seguir, aponta-se implicações da presença desse “inconsciente” que se manifesta na vida do sujeito, como um estrangeiro em casa, bem como construções possíveis de serem feitas a partir da escuta psicanalítica. Na sequência, serão abordados desdobramentos de uma análise, que apontam para responsabilização do sujeito pelo desejo, a partir de uma experiência de análise na qual se depara com a necessidade de movimentar-se com autonomia em busca do que lhe falta. Finalmente, são trazidos alguns pontos de diálogo presentes na dinâmica do desejo e na experiência de fé, como o que coloca em movimento, na presença da alteridade, exige desconstrução de idealizações e singularização do sujeito.
Para dar continuidade a exposição sobre implicações da escuta psicanalítica na vida de um sujeito, parece, importante, inicialmente sublinhar que existe algo que determina o sujeito e o marca de maneira irreversível na condição de estrangeiro a si mesmo. Como afirma Freud: o “Eu (...) não é nem mesmo senhor de sua própria casa, mas tem de satisfazer-se com parcas notícias do que se passa inconscientemente na sua psique.” (FREUD, 1917/2014, p. 381). Essas esparsas notícias, ao apontar para algo que fala em nós, também marcam a presença de algo que nos escapa.
A ‘capacidade’ para perceber e apreender essa estrangeiridade constitutiva talvez seja uma forma de reconhecer no outro a diferença como algo que também nos concerne. Aceitar-se como estrangeiro a si mesmo implica, pagar o preço da singularidade, bem como reconhecer e acolher o inesperado — aquilo que escapa a imagem especular, que está para além do idêntico.
Poder-se-ia dizer que esse estrangeiro que nos constitui é suscetível de aparecer sempre que tentamos mudar de posição, quando produzimos um deslocamento que propicia uma interrogação sobre o lugar subjetivo. E isso “(...) acontece sempre que cruzamos a fronteira de um território e nos deparamos com uma outra língua que balbuciamos, como se recuperássemos o infantil que sempre nos habita.” (SOUSA, 2014)
Tal afirmação, de certo modo, aponta para o fato de sermos atravessados pelo inconsciente que nos habita e nos obriga a não esquecer que o estrangeiro não está do outro lado de uma fronteira, mas em nós mesmos. É aquela língua que não compreendemos, suscita interrogações, pontos de incompreensão, sentido ambíguo e estranhamento, algo que não é, a princípio, reconhecido. Tal presença nos lembra a alteridade que nos constitui.
Esse movimento de estranhamento, faz parte de um processo de análise. Ocorre muitas vezes quando o sujeito começa a escutar-se, a perceber as posições que ocupa no que está falando e pensando. Necessariamente, implica em deparar-se com isso que escapa ao controle e ao mesmo tempo é constitutivo.
Entretanto, não há garantias prévias quanto aos encaminhamentos que uma relação de escuta psicanalítica pode propiciar. É uma aposta dentro da qual o psicanalista disponibiliza a escuta e o sujeito que busca por esse atendimento, faz um pedido em função do sofrimento psíquico que está atravessando, e muitas vezes elabora uma demanda. Esse processo, depende, por sua vez, do estabelecimento de uma relação transferencial, do sujeito confiar e falar, e, de algum modo, de um implicar-se nisso que lhe produz sofrimento.
Muitos aspectos estão presentes nessa relação transferencial. Trata-se pelo lado do psicanalista, de uma abertura e receptividade ao que o outro tem a dizer. Muitas das pessoas que se encontram pela primeira vez com um psicanalista, por outro lado, conforme já observava Dolto, deparam-se com uma forma única de escutar: “uma escuta no sentido pleno do termo, faz com que o discurso delas se modifique, adquira um sentido novo aos seus próprios ouvidos. O psicanalista não da razão nem a retira; sem emitir juízo, escuta.” (DOLTO, 1981, p. 11).
Podemos então dizer que a posição de escuta psicanalítica é suscetível de produzir uma diferenciação no modo de o sujeito se situar em relação ao outro. Na medida em que a sustentação, pelo psicanalista, do desejo de escuta envolve a sustentação de um esvaziamento dos lugares de saber sobre o sujeito, a emergência de outros sentidos, que podem se produzir dentro daquele campo transferencial, é tornada possível.
Essas elaborações envolvem queixas e demandas, que se atualizam na transferência e encontram expressão na presença do analista, mas não estão diretamente referidas a ele. Apontam para outros aspectos, para além da figura deste que está oferecendo suporte para o que está sendo dito.[4]
O processo de uma análise envolve um trabalho de construção e reconstrução. Como aponta Freud, no seu conhecido texto sobre construção em análise, tal construção pode ser considerada um trabalho de reconstrução. Ele chega a compará-lo com o trabalho do arqueólogo, e salientando que o analista trabalha em melhores condições, dispõe de mais material; e não lida com vestígios materiais que devem ser escavados, mas com algo vivo, mesmo que remeta à história pregressa do sujeito.
Esse algo vivo, cabe sublinhar, torna-se presente no momento em que o sujeito enuncia a sua narrativa. E o analista pode produzir intervenções a partir do material e das construções suscetíveis de serem elaboradas numa relação de escuta. Assim como o arqueólogo constrói a sua investigação a partir dos restos encontrados nos escombros, o psicanalista faz suas intervenções partindo de fragmentos de lembranças: “ambos possuem direito indiscutido a reconstruir por meio da suplementação e da combinação dos restos que sobreviveram” (FREUD, 1937/1996, p. 293). É a partir desses restos que retornam na fala que o analista pode elaborar a sua construção, em seu trabalho de interpretação, durante uma sessão.
Cabe lembrar, é partir das intervenções que ocorrem na relação transferencial que o analisando, quanto a ele, faz seu trabalho de construção e reconstrução, num processo intenso de associações, repetições, rememorações, elaborações que atualizam no presente sofrimentos, inibições, estagnações que podem ser revisitadas de outro modo. E mesmo que o tratamento não mude totalmente um sujeito, pode operar deslocamentos, que propiciam ao sujeito implicar-se no que está dizendo, e oferecer possibilidades para que ele se depare, talvez mais rapidamente, com questões que lhe são próprias. Em muitos casos ocorre um processo de deparar-se com interrogações que já estavam colocadas para ele, e são evocadas partir do momento em que o analista, dentro da relação transferencial, encontra-se ao lado disso que é do inconsciente.
Sonhos, lapsos, chistes, palavras antitéticas, constituem para a psicanalise, manifestações em ato do inconsciente. Tais formações inconscientes no percurso de uma análise estão em movimento. Trabalhadas em uma relação de análise, abrem possibilidade para novas elaborações e produções de sentido. Ao manifestarem-se rompem o sentido corrente e abrem possibilidade para que outra lógica de saber possa se colocar - a lógica do desejo. E assim, oferecem outro modo de se relacionar com as tensões presentes nas exigências supergoicas, com o meio social e cultural no qual o sujeito encontra-se inserido, como discute-se a seguir.
Uma análise, envolve, como já mencionado, movimentos de construção e desconstrução, que se desdobram num possível processo de responsabilização pelo desejo e modifica a relação com os mandatos superegoicos, com verdades absolutas e ideais de felicidade. O que nos leva aos pressupostos éticos, do que seja o bem do sujeito, pilares no trabalho do psicanalista.
Lembremos que a felicidade pode ser alcançada apenas como fenômeno episódico. Há uma idealização presente na busca pela felicidade; algo imposto, de certo modo, pela sociedade, pelo princípio do prazer e fadado, em boa parte, à frustração — tanto pelo lado da obtenção do prazer como pelo âmbito da contensão do sofrimento.[5]
Freud aponta três fontes para o sofrimento: “o poder superior da natureza, a fragilidade do nosso próprio corpo e a deficiência das disposições que regulam os relacionamentos dos seres humanos na família, no Estado e na sociedade.” (FREUD, 1930/2010, p. 80). Quanto às duas primeiras, não haveria muito a fazer; quanto à terceira — que Freud acredita ser a mais dolorosa —, salienta que, por trás disso, deve haver uma porção de algo invencível, próprio à constituição psíquica.
Mediante as possibilidades de sofrimento, resistir e escapar à infelicidade acabam sendo medidas mais prováveis. Nesse contexto, a solidão, a quietude aparecem como formas de defesa do sofrimento. Por outro lado, deve ser considerado que muitos ambientes sociais — através da imposição de regras de conduta e convivência — buscam a determinação de um certo padrão de bem-estar. Mesmo que essas regras tenham utilidade, isso não explica inteiramente a aspiração presente nessas atitudes.
Existem também, aspirações de controle e regulamentação das relações humanas, por trás disso um ideal de eu e um ideal de homem, que vislumbra uma perfeição possível do indivíduo, de uma nação — exigências que se colocam na base dos ideais culturais.
Em muitas situações na busca de resolver o que é entendido como sofrimento, as regulações sociais, ao mesmo tempo, correm muitas vezes o risco de, progressivamente — mesmo que involuntariamente —, promover uma massificação, onde não há espaço para a diferença, e, deste modo, desencadear o desaparecimento da singularidade.
Nossa cultura, como salienta Seligmann-Silva, pode ser descrita “como geradora de uma enorme culpa, na medida em que seu componente erótico direciona nossa sociedade no sentido de construir uma massa coesa de seres humanos.” (SELIGMANN-SILVA, 2010, p. 36). A culpa, em associação com as exigências da cultura, na qual as diferenças são negadas em nome de uma unificação, faz florescer o mal-estar.
O mal-estar, pode ser considerado uma condenação advinda da sociedade, do ideal do eu instituído pela sociedade em determinada etapa de sua história. Ele provém, porém, antes de tudo, dos mandatos superegoicos, que operam por meio da culpa, no modo de o sujeito se posicionar. Tais mandatos tendem a sacrificar o sujeito, produzir autopunições, que podem levar a processos melancólicos, a estagnação, a repetição. Desencadeiam em última instancia, sofrimento psíquico.
Não se pode deixar de considerar que o próprio homem produz uma lógica de exclusão das figuras de alteridade que não comungam dos ideais com os quais ele se identifica. E que, por outro lado, contrariamente, a posição de desejo implica deparar-se com a impossibilidade da satisfação plena, pois não há um “senhor” que possa oferecer respostas para o desejo, a respeito da escolha mais adequada. É necessário que esse sentido seja inventado, construído a partir dos traços identificatórios com os quais o sujeito conta.
Sublinha-se, mais uma vez: o sujeito em análise precisa perceber-se no que está dizendo. Não basta querer solucionar o sofrimento, se não reconhecer sua implicação com o que está ocorrendo. Logo, se o que o sujeito demanda é seu bem-estar, o psicanalista, entretanto, não responde desse lugar — ao contrário do que pode ocorrer com outras abordagens, que se colocam do lado da produção de sentido, no lugar de saber sobre o que pode resolver o sofrimento do outro.
O analista, de sua parte, questiona o fato de o sujeito querer fundamentalmente seu próprio bem-estar, em vez de interrogar-se sobre o fato de estar ou não agindo em conformidade com seu desejo.
Tal questionamento nos traz a questão do posicionamento ético e ao apontamento de Lacan, no seminário sobre a ética, quando lança a pergunta: “agiste em conformidade com seu desejo?” (LACAN, 1959-60, p. 364). Nesta acepção, em conformidade com o desejo, nos remete a algo indispensável de ser levado em conta, conforme nos ensinou Lacan: o fato da psicanálise, não trabalhar a serviço dos bens, sejam eles privados, de família, da casa, do ofício, da profissão ou da cidade.[6].
A ética da psicanálise não é uma especulação que incide sobre a ordenação, a arrumação do que chamam serviço dos bens. Ela implica, propriamente falando a dimensão do que se chama de experiência trágica da vida. É na dimensão trágica que as ações se inscrevem, e que somos solicitados a nos orientar em relação aos valores. (LACAN, 1959-60, p. 376)
Acreditamos que a escuta psicanalítica deva propiciar um espaço, sustentado pela ética do desejo, para essa proximidade da experiência trágica da vida. Essa postura não se encontra na promessa, no ideal de felicidade ou de um bem-estar.
Lembremos o ato de Antígona, que não abriu mão do seu desejo de dar sepultura ao irmão morto. Ao adotar tal postura, materializou uma posição. Ao mantê-la, a personagem de Sófocles desafia as leis da cidade e a posição do rei de Tebas, Creonte, que determinou a não realização do funerário de Polinices — condenado a ficar insepulto. Através do seu ato, Antígona busca manter algo de outra natureza, não relacionado aos valores das leis da cidade.
Para sustentar seu desejo, se posiciona, pondo em risco a sua própria vida — já que, em punição a esse ato, Creonte determina que Antígona seja enterrada viva. Ela, entretanto, mesmo na eminência de um severo castigo, e diante da ameaça de morte, não abre mão do seu desejo. Sustenta a lei do desejo, não atendendo a determinação imposta pelo rei. Assim, também, é possível afirmar que a ética da psicanálise é a ética do desejo em diálogo com a postura de Antígona.
Essa posição de não ceder do seu desejo, presente na personagem da tragédia grega, nos defronta com um processo de assumir um lugar que afronta o rei de Tebas, constitui um deslocamento em relação as proibições sociais impostas pelas leis da cidade, e sustenta um desejo. Dito de outro modo: o desejo do sujeito se movimenta em torno de ser desejado na relação com os outros. Está em questão ser aquilo que se supõe faltar ao outro. E, ainda, suscitar o desejo do outro.
O desejo é marcado por uma impossibilidade essencial. O que se poderia hipoteticamente denominar adequação ou coincidência entre desejo e objeto só pode ser pensado de modo idealizado. Tal coincidência é impossível de ser reencontrada, encontra-se desde sempre perdida[7].
Sabe-se que o desejo envolve, em última instância, reconhecimento. Como afirma Lacan, “(...) o desejo do homem encontra seu sentido no desejo do outro, não tanto porque o outro detenha as chaves do objeto desejado, mas porque seu primeiro objeto é ser reconhecido pelo outro” (LACAN, 1953, p. 269). Esse desejo de ser reconhecido pelo outro se impõe como condição pela ordem da linguagem, e se instala dentro de um funcionamento metonímico.
Reside aqui algo que pode ser considerado paradoxal: embora o sujeito seja determinado por algo fora dele — ou seja, em função do reconhecimento do Outro —, precisa responsabilizar-se pelo seu desejo. Esse movimento de responsabilização pode ocorrer num processo de análise pela via da transferência, quando o sujeito passa a se perguntar “o que ele quer?”, ou seja, “o que esse Outro quer de mim?”; ou, ainda, “o que queres?” — perguntas que movimentam a transferência, sustentada pela posição ocupada pelo analista, na medida em que o sujeito se sente convocado a associar livremente e produzir interrogações, que possibilitam, em muitos casos, elaboração e inscrição do desejo. Movimento que se desdobra, em um avançar, mesmo que o objetivo não possa ser alcançado em sua totalidade.
Esse processo de responsabilização do sujeito pelo seu fazer, passível de ocorrer em um processo sustentado pela ética da psicanálise, pode estar presente, entretanto, em outros processos, já que a psicanálise não se propõe a posição de único e absoluto referencial. E a vida ocorre, apesar e para além, da análise e da busca por trabalhar interrogações existenciais num processo como esse.
Uma das fontes de sofrimento na vida, lembra-se, é a complexidade presente no relacionamento entre os seres humanos e as instituições políticas, religiosas e sociais. Relações, por vezes permeadas pela alteridade, mas também pela negação da diferença, da falta de sentido, da possibilidade inventiva, e prisioneiras, em larga medida, da obediência.
A submissão inicialmente presente na infância, em relação aos pais, se confunde posteriormente, com frequência com a obediência a Deus, enquanto figura, muitas vezes, representativa de saber absoluto, que pode determinar, julgar e aprisionar, através do pecado e da culpa. Infelizmente, a busca por segurança, em alguns sujeitos, os liga a um mestre que endossa atitudes, e oferece pertencimento a determinados grupos - quer seja religião ou instituições político-sociais- organizados por uma hierarquia que incute nas pessoas o sentimento de culpa por não estarem em acordo com elas. A rejeição e agressão ao outro aparecem como afirmação de uma identidade, os que não comungam dos mesmos ideais estariam corrompidos e deveriam ser excluídos.
Se formos, entretanto, cotejar obediência e fé, podemos situar esta última ao lado da liberdade e de uma autonomia, construída justamente no rompimento com a submissão. Pois a fé, como salienta Dolto, é em Jesus Cristo, aquele que convida a “mudar de vida”, a se deixar encantar, e principalmente a “abandonar um modo de vida e um sistema de valores”. Processo desdobrado em um “viver além, de outra forma, com ele, o que não é de maneira alguma tomá-lo por juiz!” (DOLTO, 2010, p. 30). Perspectiva de fé como movimento que não oferece última palavra, nem possui sentido derradeiro, pois, nunca acaba de ser descoberta, e sempre aponta para algo em aberto.
Nesta acepção, o sujeito ao deixar de lado a dependência e abrir-se para algo novo, assume os riscos de uma escolha. Algo que não é de fácil repetição ritual, nem de simples oposição, nem de revolta, mas constituído por uma convicção. E aponta, necessariamente, para uma relação na qual, encontra-se impelido para fora, por algo que lhe falta, por um Deus que mais parece um vácuo[8], pela dinâmica do desejo que se organiza em direção a algo que não é parte alguma. Nesse movimento, o sujeito perde sua segurança anterior, e vivencia uma travessia que implica uma lida com a solidão, a dúvida, e até mesmo uma eventual reprovação social.
A fé é nômade nos lembra Lemoine (2018), é estar em movimento: “a fé é Abraão na Bíblia. Ele parte, ele não sabe aonde ele vai. E no curso da viagem, tem desertos e oásis.”.[9]. Assim avança a vida com deslocamentos e percursos a serem feitos, onde devemos fazer frente a probabilidade da ocorrência de, de falhas, vazios, desertos e oásis e aprender a administrar e lidar com os desafios do viver. Apesar dos riscos é preciso caminhar. Existir é sair de si mesmo, enfatiza Blanquart (2020), ao comentar a lendária passagem da saída de Abraão do Egito: “...vá, vá, vá eu estou contigo se você vai...”. Um andar aberto as desorientações do trajeto, mas também a descoberta do outro, a alteridade e ao devir[10].
Nesta acepção, o homem de fé, o “O homem que caminha” de Giacometti [11], é aquele que se despoja dele mesmo em seu andar, aberto ao que o ultrapassa e ao mesmo tempo o habita, e ao fato de que vida ocorre com e apesar da transcendência, por ser esta, também sua condição.
Se a psicanálise, como afirma Kristeva (1987) trata de uma humanidade que aceita perder para conhecer-se nessa perda, a fim de estabelecer laços, amores frágeis e provisórios, está então atravessada pela parcialidade de uma satisfação que nunca é plena. Essa experiência de incompletude também está presente na fé que movimenta Abraão, uma fé associada a falta, a busca que o faz andar, e as possibilidades que o desenraizamento pode oferecer a um sujeito. Implica, sempre, necessariamente, em deixar algo para encontrar outra coisa. Tanto o desejo como a fé, são experiências que movimentam o sujeito, impulsionam o caminhar e a vida existir.
Tal aproximação entre psicanálise e fé, se torna possível, na medida que dialogamos com a teologia moral. Como afirma Almeida (2021), a teologia se ocupa da fé vivida, pensada e professada, e é a partir da relação com o contexto histórico, cultural, social e eclesial que busca compreender a realidade sempre nova do que acontece no mundo. Sendo assim, pode se dizer que teologia e psicanálise encontram pontos de diálogo, na fé e no desejo, presentes na realidade do viver cotidiano.
Contrariamente, seria muito difícil, para não dizer impossível, o estabelecimento de um diálogo com uma visão da religião, com princípios rígidos vinculados ao que já foi denominado teologia de repetição doutrinária, que tende a oferecer modelos a serem seguidos, partindo de verdades absolutas, de uma relação hierárquica que cobra obediência. Pois a posição da psicanálise se distancia radicalmente de parâmetros assim estabelecidos, já que conforme foi apontado, uma análise, tem por pressuposto propiciar a abertura de um espaço de interrogação sobre o desejo, para que o sujeito possa agir, não em submissão, mas em relação com um outro, em uma perspectiva de singularização, na presença de alteridade[12].
Conforme foi demonstrado, um dos desdobramentos possíveis de uma análise, é o de um reposicionamento, ou até mesmo uma ruptura, na relação com os ideais, suscetível de levar o sujeito a lidar de outra maneira com mandatos morais e exigências superegóicas. A romper com a pressuposição de que alguém pode oferecer uma resposta pronta para o que seja o bem. As novas interrogações do sujeito sobre sua vida exigem então um processo de elaboração, não sendo mais oriundos de uma fonte prioritariamente externa.
Ao referir a responsabilização pelo desejo, salienta-se que não se trata de impor, desde a posição de mestria, uma condição que prescreve o que deve ou não ser feito. Pois esse processo implica em sair da posição de indiferenciação, com a abertura de um espaço para a diferença, o que veicula presença de alteridade. Tais movimentos são suscetíveis de ocorrer através da relação transferencial estabelecida em uma análise.
Pode advir um processo de construção e desconstrução, algo vivo, que carrega consigo o pulsar da água no olho d’agua, nasce em redemoinho sempre nova, a cada instante, assim como o pulsar do desejo.
Um dos mais importantes desdobramentos do tratamento psicanalítico, é a implicação do sujeito com o seu dizer, a partir de uma ética sustentada pelo desejo, que se desdobra em um processo de responsabilização por essa posição.
A experiência vivenciada no processo de análise favorece a emergência, no sujeito, de novas formas de reflexão sobre a sua existência, sobre as suas escolhas, e, sobretudo, de construções de suas próprias respostas. Não cabe a psicanálise ocupar posição de verdade. Cabe ao sujeito encontrar sua própria ética, de modo singular, na relação com os outros.
Dito isso, independentemente das questões singulares e existenciais que possam ter levado Papa Francisco, a procurar sessões de análise, com uma analista judia, não se pode desconsiderar o momento da Argentina em 1978. Este país viveu uma ditadura, que se iniciou com um golpe de Estado em 24 de março de 1976 e se estendeu até 1983. O golpe depôs a então presidente, o poder passou para as mãos de militares, que promoveram a desindustrialização, o endividamento externo, e o terrorismo de estado. Estima-se mais de 30 000 pessoas tenham sido assassinadas nesse período na Argentina. Em um regime dessa natureza não há espaço para a palavra, para o questionamento, há uma determinação superior com valor de verdade irrefutável, cristalizada nas figuras que representam o mal, devem ser punidas, eliminadas com autorização do Estado. É uma destruição humana em massa. A vida humana perde seu valor.
Freud considerava que algo próprio a constituição psíquica podia se manifestar em instituições, nas ações de controle e regulação, na busca idealizada de alcançar uma massa coesa, sem espaço para diferença, e causar grandes sofrimentos humanos, banalizando o valor da vida. Em um momento assim, intensas dúvidas existenciais se colocam, em relação ao futuro de uma nação, a possibilidade do fazer comum e de seguir professando a fé.
Desse modo podemos considerar que o fato de o Papa Francisco ter procurado uma análise nesse período, em meio a tantas tensões, representou um ato de resistência, um exercício de liberdade, de direito de escolha e de autonomia. E o fato de compartilhar essa informação, após ocupar a posição de papa, é suscetível de ser compreendido como correspondendo a uma vontade de apontar, entre outros, para a importância de permitir escutar-se, estar aberto ao outro, na presença de algo que o ultrapassa. E, não menos, importante, apostar nas relações, na mudança, no caminhar, no devir, com respeito a diferença e a singularidade humana.
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________ (1927) O futuro de uma ilusão. Trad. Renato Zwick. Porto Alegre: L&PM, 2010. (p. 35-133)
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________ (1919) Caminhos da Terapia Psicanalítica. Trad. de Paulo Cezar de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. (v.14, p. 279-292).
________ (1920) Além do Princípio do Prazer. Trad. Paulo Cezar de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. (v.14, p. 161-239)
________ (1917) A fixação no trauma, o inconsciente. In: Conferências introdutórias à psicanálise. Trad. Sergio Tellaroli sob a revisão de Paulo Cezar de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. (v.13, p. 364-381)
________ (1915) Observações sobre o amor de transferência. In: Trad. Paulo Cezar de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. (v.10, p. 210-228)
________ (1914) Recordar, repetir e elaborar. Trad. Paulo Cezar de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. (v.10, p. 193-209)
________ (1953) Função e campo da fala e da linguagem. Escritos. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. p. 238-324.
GIACOMETTI, A. L’homme qui marche. Ver exposição In: In: https://www.fondation-giacometti.fr/fr/evenement/137/lhomme-qui-marche Acesso em 10.01.2021
KRISTEVA, J. No princípio era o amor: psicanálise e fé. São Paulo: Brasiliense, 1987.
LACAN, J. (1959-60) O Seminário, livro 7: a ética da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988.
LEMOINE, L. Nós vivemos infelizmente, um retorno do religioso e não do espiritual (entrevista). (traduções da autora) Jornal Liberation, 25 de maio 2018. Ver in: https://www.liberation.fr/debats/2018/05/25/laurent-lemoine-nous-vivons-malheureusement-un-retour-du-religieux-pas-du-spirituel_1654188 Acesso 10.01.2021
SELIGMAN-SILVA, M. A cultura ou a sublime guerra entre amor e morte. In: FREUD, S. O mal-estar na cultura. Porto Alegre: L&PM, 2010. (p. 21-38)
SOUSA, E. Agulhas para desativar bombas. Correio da APPOA, n. 241, dezembro 2014. Disponível em: http://www.appoa.com.br/correio/edicao/241/agulhas_para_desativar_bombas/59 Acesso 10.01.2021
WOLTON, D. Papa Francisco O futuro da fé: entrevistas com o sociólogo Dominique
Wolton /Papa Francisco. Trad. Pedro Sette-Câmara. Rio de Janeiro: Petra, 2018.
Referência filmográfica:
Dois papas (2019) de Fernando Meirelles.
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[1] Para uma informação sobre esta experiência clínica do Papa Francisco, como paciente, ver livro do pesquisador em comunicação Dominique Wolton escrito a partir de entrevistas com o Papa Francisco. Livro: “O futuro da fé: entrevistas com o sociólogo Dominique Wolton”. O filme “Dois Papas e um Francisco” de Fernando Meirelles, evoca também alguns momentos chaves da existência do Papa Francisco, como o de experiências difíceis no período da ditadura Argentina.
[2] Freud (1917/2010) no texto Caminhos da Terapia Psicanalítica sublinha que, se houvesse aumento da quantidade de psicanalistas, estes poderiam tornar acessível a psicanálise a um número maior de pessoas e aponta para a necessidade de as técnicas de trabalho se adaptarem as novas condições.
[3] Remetemos ao importante texto freudiano “Recordar, repetir e elaborar” (FREUD, 1914)
[4] Freud (1915/2010) no texto Observações sobre o amor transferencial nos lembra que o analista não tem respostas para os pedidos que o analisando lhe faz, observa que essas questões devem ser devolvidas para um encaminhamento do tratamento.
[5] Princípio do prazer é uma noção trabalhada por Freud, no estágio inicial dos seus estudos, no que foi chamado de primeira tópica. O que regia esse princípio era o alívio de qualquer tensionamento e de sensações desprazerosas. Inicialmente foi até chamado de princípio do desprazer. Porém, é no texto Além do Princípio do Prazer, que Freud (1920) efetua uma virada no seu pensamento teórico sobre o funcionamento psíquico, inaugurando a segunda tópica. O pai da psicanálise irá advertir que o sujeito não está regido somente pelo princípio do prazer, que o estado de não tensionamento está, em grande medida, associado a pulsão de morte e a estagnação. Haveria no aparelho psíquico um além do princípio do prazer que se manifesta de modo incontrolável, muitas vezes, na repetição do traumático, presente nos sonhos dos neuróticos de guerra. Não podemos deixar de lembrar, estávamos vivendo na história, naquele momento, o pós primeira guerra mundial.
[6] Ver Lacan (1959-60, p. 355)
[7] Tal adequação, só passível de ser pensada de modo idealizado, ou mítico, nos remete ao mito do Andrógeno e aos seres providos de dois sexos, duas cabeças, quatro pernas e quatro braços. Viviam andando em círculos. Nada parecia lhes faltar. Até que um dia, entretanto, veio Zeus e os separou. A partir de então ficaram tentando reencontrar as suas metades perdidas.
[8] Dolto (2010, p. 83) constrói uma articulação na qual a dinâmica do desejo é Deus, e Deus é um vácuo, no qual se é sugado para um outro lugar, “para Ele” e “isso não significa ir a “parte alguma”. Desse modo está em questão o fato de que só se pode viver Deus em nosso encontro com o outro e é também nesse encontro que se forma a dinâmica do desejo que organiza a vida.
[9] Ver Lemoine (2018), teólogo e psicanalista no artigo “Nós vivemos infelizmente, um retorno do religioso e não do espiritual. (traduções da autora) In: https://www.liberation.fr/debats/2018/05/25/laurent-lemoine-nous-vivons-malheureusement-un-retour-du-religieux-pas-du-spirituel_1654188 Acesso em 10.01.2021
[10] Considerações feitas durante o depoimento inédito concedido em 18/01/2020 por Paul Blanquart, filósofo e sociólogo, para o filme, em curso de realização “A que se destina?”, de Henri Arraes Gervaiseau. Blanquart, foi frei Dominicano e professor do Instituto Católico Francês. Retoma e atualiza, no filme, reflexões já presentes na sua thèse de lectorat, no início dos anos 60. Entre outros textos, remeto a BLANQUART, P. “La part de mai 68 dans mon itinéraire personnel de dominicain”. Lumière & Vie, n. 279, juillet-septembre 2008 – p. 91-94.
[11] Referência a escultura “L’Homme Qui Marche”, “O homem que caminha”, em bronze de Alberto Giacometti, esculpida em 1960. Ver “L’homme qui marche une icône de l’art du XXe siècle”, Instituto Giacometti. In: https://www.fondation-giacometti.fr/fr/evenement/137/lhomme-qui-marche Acesso em 10.01.2021
[12] Retomamos, de modo sintético, no presente artigo, algumas das principais conclusões de nossa tese de doutorado, O caso Maria, implicações e desdobramentos da instituição de um espaço de escuta psicanalítico, defendida em 2016 no Instituto de Psicologia da USP.