Sentir e inteligir na construção de um caminho místico: um diálogo entre Zubiri e Anselm Grün    
Feeling and understanding in the construction of a mystical path: a dialogue between Zubiri and Anselm Grüin   

Rodrigo José Arnoso Santos*
Rogério Gomes** 
 
*Doutorando em Teologia Cristã, com concentração em Liturgia, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC SP). Atualmente é professor no Instituto de Estudos Superiores São Paulo (ITESP) e no Centro Universitário Salesiano - Instituto Pio XI. Contato: rja.santos@itespteologia.com.br 
**Doutor em Teologia Moral pela Accademia Alfonsiana, Roma. Contato: 
rogergomescssr@gmail.com  

Voltar ao Sumário

 

Resumo

O intuito deste artigo é estabelecer um diálogo entre Xavier Zubiri e Anselm Grün. Parte-se de dois conceitos importantes da reflexão zubiriana, sentir e inteligir, como bases antropológicas fundamentais para construir um caminho místico. Zubiri tem a oferecer uma compreensão acerca do sentir e do inteligir, enquanto Grün parte da cotidianidade, das questões fundamentais e da simplicidade de linguagem para ajudar os interlocutores a fazerem a experiência e reflexão místicas. Os dois autores oferecem elementos substanciosos para quem deseja adentrar no campo da teologia espiritual, sobretudo, da mística.     

Palavras-chaves: Inteligência senciente, sentir, inteligir, fragmentação, experiência de Deus, mística    

Abstract

The purpose of this article is to establish a dialogue between Xavier Zubiri and Anselm Grün. It starts from two important concepts in Zubiri’s reflection, feeling (sentir) and intellect (inteligir), as fundamental anthropological bases for the construction of a mystical path. Zubiri offers an understanding of feeling and intellect, while Grün starts from everyday life, from fundamental questions and the simplicity of language to help his listeners to experience and reflect on mysticism. Both authors offer substantial elements for those who wish to enter the field of spiritual theology, especially mysticism.  

Keywords: Sentient intelligence, feeling, intellect, fragmentation, experience of God, mysticism 

Introdução  

O intuito deste artigo é estabelecer um diálogo entre o filósofo espanhol Xavier Zubiri e um dos grandes escritores alemães da área da espiritualidade, Anselm Grün. Partindo de dois conceitos importantes da reflexão zubiriana, sentir e inteligir, eles constituem, além de bases antropológicas, um importante fundamento para construir um caminho místico. Zubiri não é um místico nem Grün é filósofo e se considera um místico, como ele mesmo afirma. No entanto, a abordagem desses dois autores oferece bases consistentes para uma reflexão sob o prisma da teologia espiritual, oferecendo a quem se propõe a percorrer esta senda muito profícua tanto como experiência pessoal quanto como possibilidade para enriquecer a reflexão nesse campo.  

A razão da escolha destes dois autores é que, em contextos e linguagens diferentes, oferecem uma contribuição teórica importante para a reflexão de uma mística consistente, fundamentada na experiência da realidade, desmistificada de certos conceitos ingênuos, para chegar a uma experiência de Deus. Se a complexidade conceitual de Zubiri tem a finalidade de dar uma compreensão profunda no que diz respeito ao sentir e ao inteligir, Grün parte da cotidianidade, das questões fundamentais e da simplicidade de linguagem para ajudar os interlocutores a fazerem a experiência mística que vai além do próprio cristianismo, sem perder o que é próprio cristão. Portanto, do estudo desses dois autores é possível encontrar elementos substanciosos que podem contribuir para a reflexão na área da mística com muita propriedade e propor novos entendimentos. 

Para fundamentar a reflexão articulamos o artigo com a seguinte estrutura: alguns traços biográficos sobre Xavier Zubiri e Anselm Grün e, depois, entender os conceitos sentir e inteligir na visão antropológica de Xavier Zubiri e na mística de Anselm Grün e, por fim, a contribuição zubiriana e grüniana na construção de um caminho místico. 

1. Alguns traços biográficos sobre Xavier Zubiri e Anselm Grün 

Xavier Zubiri, nasceu na região basca espanhola, na cidade de San Sebastian, em 4 de dezembro de 1898. No Seminário de Madri, estudou Filosofia e Teologia. Entretanto, antes mesmo da sua entrada no seminário, demonstrou-se um interessado pesquisador. Após os estudos de preparação para o sacerdócio, o filósofo basco, parte para Louvain, motivado por um de seus grandes mestres, Don Zaragüeta, que o iniciou no estudo da escolástica, com o escopo de licenciar- -se em Filosofia. Sob a direção de Léon Noël, apresenta na Universidade de Louvain um trabalho com o título “O problema da objetividade em E. Husserl: a lógica pura” (Cf. CAMARGO, 1987, p. 24). Com a apresentação desta dissertação conquista o título de licenciado em Filosofia. Em novembro de 1920, em Roma, no antigo Collegium Theologicum Romanae Universitatis, após as devidas avaliações, recebe o título de doutor em Teologia. Já instalado em Madri, dá continuidade aos estudos filosóficos e sob a guia segura de Ortega y Gasset, elaborou a sua tese doutoral intitulada: “Ensaio de uma teoria fenomenológica do direito”. A grande novidade de sua tese está no fato de ser o primeiro trabalho sobre Husserl, em uma outra língua, que não o alemão (Cf. CAMARGO, 1987, p. 25). 

O pensador basco, fundador do realismo filosófico crítico, ao definir a sua obra, a dividirá em três fases. Estas não devem ser vistas como momentos estanques da construção do seu pensamento, mas o desdobramento da vida intelectual de um filósofo em construção, conhecedor e professor de História da Filosofia, que teve contato com grandes físicos como Einstein, no tempo de sua passagem pela Alemanha, bem como com outros intelectuais germânicos e franceses. Conhecedor de línguas orientais e outras línguas, foi um exímio tradutor de obras históricas, filosóficas, teológicas, psicológicas entre outras. Frequentou os cursos de Heidegger e de outros importantes pensadores do seu tempo (Cf. CESCON, 2004, p. 251-258). 

A sua vida intelectual começou a ser construída sobre a influência da fenomenologia de E. Husserl, entre os anos de 1921 até 1928. Nesse período, encontramos os primeiros trabalhos deste pensador, sobretudo o trabalho de licenciatura e a sua tese doutoral. Porém, como um inquieto pensador, Zubiri percebe que os princípios oferecidos por esta escola filosófica, já estavam se tornando insuficientes, para responder as questões levantadas por sua reflexão filosófica, sobretudo, acerca do modo do ser humano apreender a realidade (Cf. ZUBIRI, 2010, p. 27). 

A segunda fase do seu pensamento foi construída entre os anos de 1931 até 1944. Esta fase será denominada de ontológica, na qual encontraremos uma forte influência do pensamento hedeggeriano na construção do pensamento zubiriano. Testemunha este período os diversos artigos escritos pelo pensador basco e que mais tarde serão publicados na obra Natureza, História, Deus, livro que nasceu em 1944, sob a motivação de alguns amigos e alunos do filósofo, que desejavam ter em mãos os seus textos (Cf. ZUBIRI, 2010, p. 28). 

A terceira fase do pensamento filosófico de Zubiri se dá a partir de 1944 e se estenderá até a sua morte, em 1983. Nessa etapa, o pensador já havia deixado a cátedra de História da Filosofia, na Universidade de Barcelona e retornado para Madri. Por causa da motivação de seus amigos organiza cursos livres de filosofia nos quais tem a oportunidade de transmitir o resultado de seus estudos. Em 1962, publica a sua obra Sobre a essência, na qual lança os germens da sua obra madura Trilogia da Inteligência Senciente, na qual apresentará os elementos, para a superação de um grande dano promovido pelos filósofos desde Parmênides aos dias atuais, a dissociação entre sentir e inteligir (Cf. CAMARGO, 1987, p. 34). 

Tejada, ao tratar da temática do sentir e inteligir na História da Filosofia, fará a seguinte crítica, como estudioso do pensamento zubiriano: 

ao distinguir o sentir e o inteligir como dois atos totalmente diferentes para chegar às coisas, não só elevaram o saber a uma faculdade, como deixaram sem tratamento o sentir, dualizando, para sempre no pensamento ocidental, o sentir e o inteligir (TEJADA, 2011, p. XXXV). 

A grande novidade do pensamento zubiriano estará em que será a realidade a fundamentar o ser. O homem é um animal de realidades, que apreende a realidade por meio de uma apreensão primordial, que se desdobrará em simples apreensões, isto é, em apreensão de logos ou dual (Cf. ZUBIRI, 2011a) e apreensão de razão (Cf. ZUBIRI, 2011b) ou mundanal. O estudo da obra zubiriana nos permite afirmar que a realidade sempre dá o que pensar, como o próprio Zubiri afirmará. 

Os traços biográficos de Anselm Grün aqui apresentados são extraídos das seguintes obras: Anselm Grün. La sua vita (Cf. DERWAHL, 2011), La cura dell’anima. L’esperienza di Dio tra fede e psicologia (Cf. GRÜN, 2004) e Mistica: scoprire lo spazio interiore (Cf. GRÜN, 2011). Grün, nasceu em 1945 em Rhön, próximo a Bad Neustadt, Alemanha, é monge beneditino e um escritor profícuo. Já publicou mais de 200 títulos, traduzidos em mais de 35 línguas e é um dos autores cristãos mais lidos na contemporaneidade.1 Seu estilo simples, objetivo e com questões que tocam o cotidiano das pessoas, em base às suas próprias questões existenciais, de modo a ajudá-las a fazerem uma experiência de Deus (Cf. GRÜN, 2020, p. 50; GRÜN, 2011, p. 13-22). Essa consciência de encontrar uma linguagem acessível nasce quando ele tentava explicar, com muito esforço, o tema de sua tese para seus irmãos. Naquele momento, percebe que a linguagem teológica era hermética e para iniciados, e isso o estimula a verificar se suas palavras eram compreensíveis para os não-teólogos, de um jeito simples sem perder a profundidade, de modo que todos pudessem compreender (Cf. GRÜN, 2004, p. 33). 

A base intelectual de Grün é construída sobre grande luminares da filosofia e da teologia tais como Ernest Bloch, Heidegger, Hans-Georg Gadamer, Sartre, Camus, Santo Agostinho, Santo Anselmo, Tomás de Aquino, Pierre Teilhard Chardin, Rudolf Bultmann, Paul Tillich, Henri-Marie de Lubac, Heinrich Schlier, Karl Rahner, Yves Congar, Hans Urs von Balthasar, Gerhard Ebeling, Edward Schilleebeecks, Rudolf Schnackenburg, Jürgen Moltmann, Hans Küng, Wolfhart Pannenberg e Eberhard Jüngel; dos grandes mestres espirituais como Gregório de Nissa, Evagrio Pontico, João Cassiano, Bernardo de Claraval, Mestre Eckart, Catarina de Sena, Inácio de Loyola, Teresa d’Avila, João da Cruz, Jakob Böhme, Thomas Merton, Henri Nouwen, Ildegarda de Bingen e Dorothee Sölle; da psicologia como Carl Jung, Roberto Assagioli e Abraham Maslow e muitos outros autores da literatura e da música. Além disso, o autor bebe das fontes da espiritualidade beneditina, do Vaticano II e dialoga com a psicologia transpessoal e outras religiões e suas tradições místicas. Nesse sentido, estabelece um diálogo interessante entre o primeiro monaquismo com a meditação oriental e a psicologia junguiana (Cf. GRÜN, 2004; GRÜN, 2011). 

Dando voz ao autor sobre seus temas fundamentais, assevera: “Os temas- -chave para mim são, antes de tudo, a oração e a meditação, a experiência do espaço interior do silêncio, no qual somos inteiros e completos e no qual o próprio Deus vive em nós. Outro tema é a relação com nossos pensamentos e sentimentos, com nossos lados sombrios, com nossos medos e necessidades. Um tema importante para mim é o da cura. Como posso curar minhas feridas?” (GRÜN, 2004, p. 72-73). Grün é muito prudente e cauteloso ao refletir sobre a dimensão mística. Segundo ele deve-se evitar o risco de “usar o falar de Deus para colocar nós mesmos no centro das atenções” (GRÜN, 2011, p. 11; Cf. GRÜN, 2020, p. 86-87). 

Por ser um escritor loquaz e dialogar com diferentes áreas do saber e, especialmente com outras religiões e suas vertentes místicas, existe certa crítica ao seu pensamento. Muitos conservadores o consideram progressista ou exotérico; outros, impregnado de muita psicologia e aqueles que o veem como conservador por dialogar com a antiga tradição. Ele afirma que isso faz com que tanto conservadores e progressistas leiam suas obras e, a partir disso, consegue ser ele uma ponte entre esses dois polos (Cf. GRÜN, 2004, p. 150). 

2. Sentir e inteligir na visão antropológica de Xavier Zubiri 

Aos poucos, o pensamento zubiriano vem ganhando espaço em meio ao mundo universitário, sobretudo, no contexto latino-americano e, de um modo particular, dentro de centros de pesquisas no Brasil2 . São muitos os trabalhos que nos últimos anos evidenciam o meritório esforço intelectual do pensador basco, que na maturidade do seu construir filosófico, desenvolveu e apresentou na esteira da Filosofia Moderna, um método capaz de superar o hiato, criado por inúmeros pensadores que o antecederam, no estudo da filosofia, entre o sentir e o inteligir. 

A proposta para a superação de tal hiato, encontraremos na obra que expressa a maturidade intelectual deste pensador e, a partir da qual, devemos ler todas as obras que compõem o corpus zubirianus. A Trilogia Inteligência Senciente é a carta topográfica que nos ajuda a entender todo o raciocínio percorrido por Zubiri para a superação de uma ideia que buscou sempre justificar a oposição, pouco frutuosa entre o sentir e o inteligir. Um dos grandes estudiosos e editor de algumas obras zubirianas, I. Ellacuria, assim definirá o filósofo que colocou o pensamento filosófico espanhol em evidência no século XX: “Zubiri é um hipercrítico, um revolucionário em filosofia, um educador para a liberdade crítica do pensamento” (ELLACURIA, in: SECRETAN, 2014, p. 35). 

Como livre pensador, crítico da História da Filosofia e seu exímio conhecedor no processo de construção do seu pensamento filosófico, “Zubiri combateu valentemente a fórmula: pensar e ser são a mesma coisa, que ele interpreta no sentido de que o ser só se perfaz no pensamento, e correlativamente, que nós só pensamos quando dizemos de alguma coisa que ela é” (ELLACURIA, in: SECRETAN, 2014, p. 36). O novo modo de pensar a filosofia e propor um novo método de construção do conhecimento humano, torna-se concreto neste filósofo, pois a sua construção filosófica é realista, material e aberta. É o pensamento zubiriano, uma proposta segura para a construção de um conhecimento interdisciplinar, que não nasce a partir de conceitos, mas tem como ponto de partida a realidade, que Zubiri, para melhor explicá-la, cunhará o neologismo reidade. 

Com o escopo de compreendermos o processo percorrido por Zubiri, para superar o hiato entre sentir e inteligir, através da compreensão do que venha a ser Inteligência Senciente, faz-se mister entender o que este pensador define como conceito de realidade, pois ele irá permear todo o seu pensamento, ao ponto de definir o homem como um animal de realidades. Realidades que o homem apreende por meio da impressão de realidade, a qual se dá por meio de três momentos: afecção, alteridade e pela força de imposição. “De maneira mais geral: as coisas para o animal, são estímulos objetivos que provocam uma resposta; para o homem tratam-se de realidades” (ELLACURIA, in: SECRETAN, 2013, p. 34). Primeiramente o homem apreende a realidade, por meio de uma apreensão primordial, porém aqui ainda não tem o conhecimento que se dará a partir do desdobramento desta fundamental apreensão, em simples apreensões como a apreensão dual ou de logos e, por fim, apreensão mundanal ou de razão. A partir daqui se pode corroborar a ideia zubiriana de que o sentir e o inteligir “constituem dois momentos de um único ato de apreensão senciente do real: é a inteligência senciente” (ZUBIRI, 2011, p. LIV). 

Na esteira do pensamento zubiriano, a realidade deve ser compreendida como aquilo que se apreende da coisa real, através dos seguintes modos: pelo primordial ou radical, pelo logos e pela razão. Segundo os estudiosos zubirianos, Tejada e Querubin: 

A realidade não são simplesmente conceitos, não tem lógica, não são juízos a priori ou a posteriori, não é representação, nem consciência e nem compreensão; é a experiência radical definitivamente, não subjetivista, é impressão de realidade (2016, p. 43). 

Partindo dos estudos, daqueles que já há algum tempo se debruçam sobre o pensamento zubiriano, podemos corroborar a ideia, de que o ponto de partida de toda a construção filosófica de Zubiri é o seu singular modo de definir a realidade como a formalidade do de suyo. Para Zubiri o homem apreende a realidade. Todavia, é importante ressaltar que no primeiro volume da obra Trilogia Inteligência Senciente ao tratar do tema da realidade, já abordado na obra Sobre a essência, Zubiri afirma que dois são os modos de apreensão sensível: um denominado de apreensão de estimulidade, próprio dos animais e um outro que é apreensão de realidade, próprio dos seres humanos. Por isso, “o sentir humano é essencial e formalmente impressão de realidade” (ZUBIRI, 2011c, p.49). 

Como podemos observar, em Zubiri o homem sente a realidade e esta permanece nele mesmo, por meio da impressão. Aqui precisamos recordar que o pensamento zubiriano indica pelo menos onze sentidos, por meio dos quais o homem apreende e realidade e esta permanece nele atualizando-se por meio das simples apreensões. São eles: visão, audição, gosto, sensibilidade labiríntica e vestibular, contato pressão, calor, frio, dor, cinestesia (coloca-se em evidência aqui o sentido muscular, tendinoso e articular) ou sensibilidade visceral (Cf. ZUBIRI, 2011c, p. 67). 

O ampliamento dos sentidos humanos, no pensamento zubiriano, articula-se, como uma contundente crítica a todo pensamento filosófico que, desde Parmênides até o tempo em que viveu Zubiri, promoveu uma desarticulação entre sentir e inteligir. Tudo isto se deu porque a filosofia não conseguiu reconhecer os diversos modos de se apreender a realidade, visto que cada sentido apresenta a realidade de um modo diferente ao apreensor da realidade, que é o homem (Cf. ZUBIRI, 2011c, p. 67). 

O homem intelige a realidade sentida e sente a mesma inteligindo e isso é um ato da Inteligência Senciente. “O sentir e o inteligir não se contrapõem; o que se contrapõe são o sentir puro e o sentir intelectivo; o primeiro é próprio dos animais não humanos, o segundo próprio do homem” (FAYOS, in: SECRETAN, 2014, p.67). 

No conjunto do pensamento filosófico zubiriano, inteligir e sentir são definidos como dois momentos de um único ato de apreensão senciente do real. Por isso, como não existe um conteúdo sem formalidade e de modo algum, formalidade sem um conteúdo, Zubiri chegará à conclusão de que existe apenas um único ato, isto é, o ato de sentir intelectivo ou intelecção senciente, que serão definidos como apreensão do real. Para o filósofo basco a inteligência é senciente e assim ele a define: 

Inteligência senciente consiste em que o próprio inteligir não é senão um momento da impressão: o momento da formalidade de sua alteridade. Sentir algo real é formalmente estar sentindo intelectivamente. A intelecção não é intelecção do sensível, mas intelecção no próprio sentir. É claro, portanto, que o sentir é inteligir: é sentir intelectivo (ZUBIRI, 2011c, p. 56). 

O que se observa a partir do pensamento zubiriano, como também o que vai constituir a grande novidade da sua construção filosófica é que a realidade será sempre apreendida pelo homem, como impressão de realidade. O homem aprende a realidade primordialmente. Nesta apreensão o real é dado de um modo unitário, direto e imediato. Entretanto, para que o homem chegue ao conhecimento do que a realidade é em si mesma, faz se mister um processo de desdobramento desta apreensão primordial, em apreensão dual ou em logos e apreensão mundanal ou em razão, como já nos referimos anteriormente. 

Em Zubiri os modos ulteriores de apreensão são de suma importância na marcha que conduz a busca do conhecimento do que a coisa apreendida é em realidade. Schnake estudando o que é a apreensão de logos em Zubiri assevera: “o logos atualiza a realidade na apreensão, mas como reatualização da prévia atualização da realidade na apreensão primordial. O logos é uma reatualização possibilitada e imposta pela própria impressão de realidade” (2012, p. 105). Esta reatualização da coisa apreendida se dá em respectividade a outras coisas, dentro do campo de realidade. Qualquer coisa real tem dois momentos um individual e outro campal. Para Zubiri aqui se encontra a estrutura do desdobramento. 

Quando está coisa real é apreendida em apreensão primordial, a diferença entre os dois momentos é de certo modo abolida: é justamente o que chamei compacção. Mas, quando a coisa é apreendida “entre” outras, então a unidade é somente dual. Pois bem, a unidade em desdobramento é o que formalmente constitui a distância (ZUBIRI, 2011a, p. 59). 

A apreensão de razão seria o último momento da marcha em busca do conhecimento da coisa. “A impressão de realidade não somente está transcendentalmente aberta a cada coisa real e a outras coisas reais sentidas no campo, senão que o está também a qualquer outra realidade” (Schnake, 2012, p. 119). É a coisa real, unida ao campo, determinado por ela, que pode nos lançar além da realidade campal até uma realidade que se encontra além do campo, que Zubiri definirá como mundo. 

Aqui emerge a pergunta: o que é conhecer? A resposta a esta questão encontramos no terceiro volume da Trilogia Inteligência Senciente, que trata do tema da inteligência e razão. Na obra Zubiri afirma: 

Conhecimento é intelecção em razão. Conhecer o que uma coisa é, é inteligir sua realidade profunda, é inteligir como está atualizada em seu fundamento próprio, como está constituída “na realidade” como princípio mensurante. (ZUBIRI, 2011b, p. 127). 

Por meio da via da Inteligência Senciente, que apreende a realidade como formalidade do de suyo, isto é, daquilo que lhe é próprio, Zubiri atingirá o seu objetivo de superar a dicotomia entre sentir e inteligir, mostrando que o que muitos pensadores fizeram até o seu tempo foi a laboriosa logificação da inteligência, desconsiderando o real como a fonte de todo o conhecimento humano. Em Zubiri toda a realidade pode ser apreendida pelo homem, sobretudo a realidade fundante que é Deus. Por isso, para ele todo homem apreende Deus, por meio da via da Inteligência Senciente. Através de uma apreensão primordial, que se desdobra em simples apreensões o homem atinge a realidade primeira e fundante de toda existência humana, que é Deus. 

3. Sentir e inteligir na reflexão mística de Grün 

Diferentemente de Zubiri, Anselm Grün, não discorre especificamente sobre o sentir e o inteligir. No entanto, as suas obras, voltadas à espiritualidade, estão permeadas desse conceito, uma vez que busca uma visão integral do ser humano, tal como ele é, com suas fragmentações, desejo de unidade, autoaceitação e integração. Assevera: “Só quando em sua mística a pessoa também aceitar seus lados banais e não devotos, ela é capaz de ter uma experiência de unidade que inclua todos os seus lados: luz e sombra, elevação e profundidade, humano e desumano, bem e mal, céu e terra, limpeza e sujeira, forças e fraquezas, espiritualidade e ateísmo” (GRÜN, 2020, p. 87). Trata-se de uma busca de integrar tudo, sexualidade e agressividade, sem perfeccionismos (Cf. GRÜN, 2004, p. 108-112). A partir daí, é possível experimentar Deus que fala por meio dos pensamentos, sentimentos, de nosso corpo, sonhos e fraquezas (Cf. GRÜN; DUFNER, 2000, p. 7). Portanto, é uma espiritualidade construída “de baixo”, desde a própria existência humana e suas vicissitudes. Nesse sentido, é impossível pensar uma mística concreta na qual o sentir e o inteligir não estejam integrados uma vez que são importantes na tomada de consciência de si mesmo frente ao mundo, ao outro e à própria experiência de Deus, segundo as notas: viver, sentir e inteligir sencientimente (Cf. ZUBIRI, 1988, p. 39). 

Dentre vários aspectos da reflexão mística de Grün é mister ressaltar as quatro questões fundamentais do ser humano (Grundfragen), baseadas no psicanalista americano Irvin D. Yalom, a questão da morte, da liberdade, do isolamento e do sentido. A mística pode ser um subterfúgio para não confrontar com os próprios limites, especialmente a mortalidade, no entanto, quando autêntica, leva a uma experiência capaz de superar tais medos, uma vez que essa revela que Deus habita em nós e que a morte não pode destruir essa morada de Deus em nós. Assim, a morte não é vista para os místicos como término da existência, sim como porta da vida autêntica. Diversamente da morte, a liberdade é um dos grandes anseios humanos. Os místicos, a partir do autoconhecimento de si e da experiência de Deus, chegam a essa liberdade interior. “A experiência mística leva a uma liberdade interior que não pode ser impedida por nada, nem por regras nem pela visão estreita de pessoas mesquinhas” (GRÜN, 2011, p. 17). Quanto ao isolamento esse pode ser interpessoal, pela falta de relacionamentos pessoais e intrapessoal, constituído pela incapacidade de organizar os diversos tipos de relação dentro de si, a resultar na verdadeira fragmentação. Nessa perspectiva, a mística unitiva com Deus busca superar essa fragmentação fazendo o ser humano entrar em harmonia consigo e capacitando-o para as relações. Além disso, dá-lhe sentido à medida que o lança para além da própria vida enquanto busca de si mesmo e de Deus (Cf. GRÜN, 2011, p. 13-22). 

Postos esses fundamentos verifica-se que o confrontar-se com tais questões fundamentais passa pelo sentir e pelo inteligir como forma na qual o ser humano desde a experiência mística toma consciência do seu entorno. A realidade da morte não é algo que compromete somente a outrem, dá-se em primeira pessoa. Diante disso, é possível duas atitudes: a negação e o medo da finitude que incorrem no desespero ou aquela existencial de todo ser humano que deve ser ressignificada em base às mortes cotidianas. Essa perda do medo da morte como fator de autoconsciência de si conflui na liberdade que se manifesta na possibilidade de ser o que se é, num processo de se desprender das próprias amarras interiores. A liberdade aqui não é fazer o que se quer, mas fazer-se ser livre e fiel a si mesmo, chegando à verdade de si mesmo para se tornar livre. Essa intelecção que se dá como ser no mundo, a partir da senciência de si, do seu entorno, bem como da experiência de Deus constitui um processo para um equilíbrio interior que visa superar o autoisolamento inter e intrapessoal, manifestando-se numa unidade, enquanto possibilidade de integração consigo, com outro e com Deus para dar sentido à existência, não como uma inserção banal de um corpo na cronologia histórica, mas produtora de sentido tanto para si quanto como historicidade e transformação social. 

Assim sendo, o sentir e o inteligir são fundamentais para uma mística concreta que se constrói nas convulsões da historicidade humana e se torna cada vez mais densa, porque é capaz de sentir com todo o ser que intelige desde dentro tanto seu mundo interior, em consonância com o externo, que será interpretado, no caso da mística pela fé e pela razão, como criticidade à própria fé ingênua que pode levar a uma mística alienante fundada só nas sensações e desejo de experiências extraordinárias. O sentir e o inteligir no conjunto das questões fundamentais evidencia uma mística ordinária capaz de criticar a própria experiência para inteligir a diferença entre o ídolo e o Deus verdadeiro. 

No campo místico, o ídolo cria uma visão turva de si, do mundo, do outro e da própria experiência com Deus, de modo que o indivíduo busque sempre fenômenos. Quando a mística é mediada por uma experiência autêntica do verdadeiro Deus as questões fundamentais constituem a forma de realização autêntica da imanência que captou o sentido profundo do transcendental e o manifesta no agir cotidiano. Por isso, quem faz uma autêntica experiência mística sempre se renova em Deus. “O ser humano só atinge sua própria essência quando, na visão de Deus, ele se funde com ele. Então, a glória de Deus se reflete no ser humano e o faz viver” (GRÜN, 2011, p. 39). 

No conjunto da obra de Grün o sentir e o inteligir vão além de receber impressões da realidade por meio dos sentidos e da racionalidade de modo dicotômico. Trata-se de uma tensão maiêutica que oferece a quem se propõe percorrer o caminho da mística uma visão reconciliada consigo e com o próprio mundo, lugar onde o ser humano se revela sempre como possibilidade de desvelar o horizonte do próprio ser para experimentar o além de si, Deus. Esse percurso se dá pela dimensão ascética, não como renúncia ou sofrimento, mas como caminho de realização. Nessa linha, a “ascese significa reconciliação com aquilo que nos tornamos, mas também desejo de crescer e trabalhar sobre si mesmo a fim de desenvolver as habilidades que Deus nos deu” (GRÜN, 2004, p. 136), desde nossas percepções, intenções, conhecimentos, juízos e valores. Em razão disso, o autor sempre tem certas reticências com aqueles místicos visionários da “experiência pela experiência” que confluem sempre na fugacidade e não penetram o mistério, pois não experimentaram a tensão maiêutica proporcionada pelo sentir e o inteligir para purificar a própria experiência de Deus. 

4. A contribuição zubiriana e grüniana na construção de um caminho místico 

Do que foi exposto, um ponto convergente dos dois autores é a visão integral antropológica e da realidade que ambos possuem. O ser humano é um ser no mundo que apreende as coisas em contato com a realidade com todos os seus sentidos através da experiência. Essa visão é importante na elaboração de um itinerário místico. Uma mística que se funda em um dualismo compromete a própria visão de ser humano, incorrendo na cisão entre corpo e alma e também no que diz respeito à experiência de Deus. 

A contribuição de Zubiri e de Grün se dá na medida em que visam evitar reducionismos antropológicos e libertar o ser humano de experiências místicas ingênuas. Nesse sentido, Zubiri dialoga com toda a filosofia e constrói seu próprio método refutando a fragmentação do sentir e do inteligir. “Zubiri se opõe ao intelectualismo, ao conceptualismo, ao abstracionismo e a outras correntes que opuseram o sentir e o inteligir humanos” (CESCON, 2007, p. 113). Consequentemente, refuta o misticismo.3 Nesse sentido, Grün com sua base intelectual e o diálogo com a psicologia busca desmistificar a própria mística e o autoempoderamento da mesma sobre outros. Conforme Grün “quem se identifica com a imagem típica do místico corre o risco de ficar cego por seus próprios lados sombra. Dessa forma, coloca-se acima das outras pessoas e se torna interessante para os outros com seu misticismo”, não confrontando-se com as próprias sombras (GRÜN, 2011, p. 10; Cf. GRÜN, 2020, p. 86). Por isso, a psicologia tem em relação à esfera espiritual uma tarefa crítica para avaliar a genuinidade da fé. Se ambos levam a um renascimento, liberdade interior, paz no coração e harmonia consigo se está no caminho correto (Cf. GRÜN, 2004, p. 101-105). 

O cerne da mística é a experiência, conforme Grün. Significa ter uma profunda consciência interior, olhar profundamente para a existência e ver Deus como fundamento (Cf. GRÜN, 2004, p. 170). Se isso é verdade, o conceito de experiência em Zubiri nos oferece um fundamento importante quando afirma: 

A experiência é, portanto, uma evidência física da realidade. O homem se volta para a realidade a fim de buscar um apoio nela e, por sua vez, esta realidade tem uma grande riqueza de notas, que são uma (talificación) do momento da realidade e, portanto, são determinadas por este momento como possibilidades de realização. A inserção destas possibilidades na realização de minha pessoa é a prova física da realidade (ZUBIRI, 1988, p. 95). 

Esta evidência física da realidade não se estabelece somente por aquilo que é mensurável, tocável enquanto física por si mesma, pois vai além dos próprios sentidos e inteligir humanos. Mas é nela que se encontra o fundamento e, dela extrai a riqueza de notas das quais é possível ao ser humano inteligir sencientimente o mistério das coisas presentes nelas e, daí, fazer a experiência mística. Portanto, essa experiência é carregada de imanência e de transcendência, concretizando-se na mundanidade. “Se a nossa espiritualidade não se incarna seriamente neste mundo, não poderá ter nenhum sentido para o mundo” (GRÜN, 2004, p. 69). Para Zubiri “Deus se entregou como absoluto na experiência, é Deus se entregando ou fazendo-se experimentar como absoluto. É nisto que consiste formalmente a experiência de Deus, como experiência, como se dando em experiência” (ZUBIRI, 1988, 318). 

A visão mística protagonizada por Grün é holística, não em um sentido eclético, mas enquanto possibilidade de identificar que nas diferentes religiões é possível à experiência mística, não se restringindo apenas ao Cristianismo. Nesse sentido, seu diálogo com várias vertentes religiosas possibilita-lhe, sem perder aquilo que é próprio cristão, usar uma linguagem espiritual que fala ao coração do ser humano atual. O sentir, em Grün, passa por toda a corporeidade e pelos sentimentos e o inteligir não constitui uma categoria abstrata para teorizar a mística. Esse inteligir se dá na mesmidade (mismidad) “comunhão de pessoas fundada em Cristo e corporeidade” (CESCON, 2007, p. 122) e suidade (suidad) do ser humano que se manifesta pela sacramentalidade e eclesialidade (Cf. ZUBIRI, 1997, p. 430; ZUBIRI, 1988, p. 136), porém que não se fecham em si dogmaticamente, mas são dialógicas com o real, calcadas no sentir e no inteligir. Em linguagem zubiriana, isso se sintetizaria do seguinte modo: 

... a vida pessoal do homem consiste em possuir a si mesmo, fazendo religadamente seu “Eu”, seu ser, que é um ser absoluto cobrado, portanto, relativamente absoluto (primeiro passo). Este ser absoluto é cobrado pela determinação física do poder do real como algo último, possibilitante e impelente (segundo passo). Como momento das coisas e determinante do Eu, o poder do real é “mais” que a realidade e, portanto, que o poder de cada coisa real concreta (terceiro passo). Mas o poder do real está essencialmente fundado na própria natureza da própria realidade. Logo, este poder é fundado em uma realidade absoluta, distinta das coisas reais, mas na qual, por ser real, está formalmente constituindo-as como reais. Esta realidade, então, é Deus (quarto passo) (ZUBIRI, 1988, 149). 

Outro aspecto sobre o qual se pode estabelecer um diálogo entre os dois autores está na importância dos sentidos para apreender e compreender a realidade. Zubiri, ao estabelecer onze sentidos e deixar aberta a possibilidade de encontrarmos outros, está afirmando que o ser humano sente e capta a realidade com todo o seu ser, por isso, é senciente em absoluto. Se isso é verdade, então, a experiência mística não é algo só espiritual, como mero exercício da alma humana que se relaciona com o divino, mas experiência de suidade humana que sente e intelige com todas as suas potencialidades esquadrinhando na reidade o mistério divino que se dá como experiência enquanto o que é para o ser humano e para ser experienciado pelo próprio ser humano enquanto animal pessoal de realidades (Cf. ZUBIRI, 1988, 324). Observa-se, desse modo, um percurso ascético que visa eliminar a fragmentação antropológica bem como a da própria experiência mística para “chegar à unidade, da cisão à “integração”, da dispersão à junção, do desequilíbrio à placidez” (GRÜN, 2020, p. 11). Em Grün o ser humano faz experiência com todo o seu ser, não é uma tabula rasa, depende de seu trabalho ascético em ir escutando interna e externamente e abrindo-se ao totalmente Uno que o pode preenche-lo existencialmente. 

Conclusão 

Do exposto, alguns elementos importantes emergem sobre os dois autores em voga. Ambos possuem formação cristã de base e dialogam com diversos autores clássicos e contemporâneos de diferentes matizes, desde seus próprios campos de interesse àqueles no intuito de alargarem o próprio discurso. Assim, caracterizam-se pelo esforço em superar visões dicotômicas em suas reflexões no campo antropológico, filosófico, da teologia espiritual e da mística. Nesse sentido, partem do concreto, das questões fundamentais do ser humano para chegarem a uma resposta de sentido. Ressalta-se ainda que possuem uma visão holística, dialogando com várias vertentes do saber filosófico e científico, das religiões e da mística. 

Ainda que se possa estabelecer as críticas ao pensamento que formularam, e isso é dever do saber científico, abrem caminho para estudo aprofundado e, tendo como fundamento a vasta gama conceitual que possuem, abrir uma terceira via inspirativa para construir a própria reflexão sobre a mística, não só a partir da filosofia, teologia, liturgia e da espiritualidade, mas do sujeito e das condições para que ele possa fazer a experiência sem se fragmentar ao longo da mesma e se realizar humanamente em seu sentir, inteligir, intuir, experimentar e qualificar a própria existência de modo integral como concebem os autores. 

Por fim, são autores que inspiram a interdisciplinaridade dos saberes, algo fundamental para qualquer ciência que seja. No caso em questão, a teologia em geral e, no campo mais específico a espiritual, podem usufruir da riqueza conceitual tanto de Zubiri quanto de Grün. Aqui exploramos apenas sentir e inteligir explícito no pensamento zubiriano e implícito no grüniano. 

Referências

CAMARGO, Rafael A. Biobliografia de Xavier Zubiri. Universitas Philosophica, Bogotá, n. 8, p. 23-42, junio, 1987. 

CESCON, Everaldo. “Trilogia teologal” de Xavier Zubiri: Contribuições e problemas abertos. The Xavier Zubiri Review, Whashigton, n. 9, p. 111- 130, 2007. 

CESCON, Everaldo. Uma introdução ao pensamento filosófico-teológico de Xavier Zubiri (1898-1983), Síntese, Belo Horizonte, v. 31, n. 100, p. 239- 282, 2004. 

DERWAHL, Freddy. Anselm Grün. La sua vita. Padova: Messaggero, 2011. Tradução de Zerbetto Stefano. 

GRÜN, Anselm. La cura dell’anima. L’esperienza di Dio tra fede e psicologia. Milano: Paoline, 2004. Tradução de Giuliana Lupi. 

GRÜN, Anselm. Mistica: scoprire lo spazio interiore. Brescia: Queriniana, 2011. Tradução de Anna Bologna. 

GRÜN, Anselm. O ser fragmentado: da cisão à integração. 11. ed. Aparecida: Ideias&Letras, 2020. Tradução de Inês Antonia Lohbauer. 

GRÜN, Anselm; DUFNER, Meinrad. Una espiritualidad desde abajo. El diálogo con Dios desde el fondo de la persona. Madrid: Narcea, 2000. Tradução de Guillermo Gutiérrez Andrés. 

SCHNAKE, Francisco Correa. Una propuesta estructural de lectura de la trilogia teologal de Xavier Zubiri. Santiago: Pontificia Universidad Católica de Chile, 2012. 

SECRETAN, Philibert (org.). Introdução ao pensamento de Xavier Zubiri (1898- 1983). Por uma Filosofia de Realidade. São Paulo: É Realizações, 2014. Tradução de Luiz Paulo Rouanet 

TEJADA, José Fernández; CHERUBIN, Felipe. O que é a inteligência? Filosofia da realidade em Xavier Zubiri. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2016. 

TEJADA, José Fernández; CHERUBIN, Felipe. Prefácio da Trilogia Inteligência Senciente. In: ZUBIRI, Xavier. Inteligência e Realidade. São Paulo: É Realizações, 2011. p. IX-XLVII. 

ZUBIRI, Xavier. El hombre y Dios. Madrid: Alianza Editorial/ Sociedad de Estudios y Publicaciones, 1988. 

ZUBIRI, Xavier. El problema teologal el hombre. Cristianismo. Alianza Editorial/ Sociedad de Estudios y Publicaciones, 1997. 

ZUBIRI, Xavier. Inteligência e Logos. Tradução:Carlos Nougué. São Paulo: É Realizações, 2011ª. 

ZUBIRI, Xavier. Inteligência e Razão. Tradução:Carlos Nougué. São Paulo: É Realizações, 2011b. 

ZUBIRI, Xavier. Inteligência e Realidade. Tradução: Carlos Nougué. São Paulo: É Realizações, 2011c 

ZUBIRI, Xavier. Natureza, História, Deu.. Tradução: Carlos Nougué. São Paulo: É Realizações, 2010.  

Notas

[1]  Cf. Catálogo da Editora Vier-Türme-Verlag, abadia de Münsterschwarzach: Anselm Grün im Vier-Türme-Verlag. Disponível em: https://docplayer.org/11603484-Anselm-gruen-im-vier-tuerme-verlag.html. Acesso em: 20.05.2021. 

[2] Na Faculdade de Teologia, da PUCSP, sobre a liderança do Prof. Dr. Valeriano dos Santos Costa existe um grupo de pesquisa que se debruça sobre a obra de Zubiri, a fim de estabelecer uma interface com a Ciência Litúrgica. Os membros do grupo têm publicado livros, artigos científicos em periódicos acadêmicos, elaborado dissertações de mestrado e teses doutorais, demonstrando as diversas possibilidades de diálogo que se pode estabelecer entre Filosofia e Teologia, bem como com outras áreas do saber humano a partir da metafísica e noologia zubiriana. 

[3] Não é objetivo desde texto demonstrar Zubiri como um místico nem discorrer sobre sua compreensão teológica e a relação de Deus com o homem. Sobre isso: Cf. CESCON, Everaldo. O problema de Deus e do seu acesso e a experiência de Deus. Teología y Vida, Vol. XLIV, 2003, p. 373-394; FOWLER, Thomas B. The Existence of God in Zubirian Theology. The Xavier Zubiri Review, Vol. 12, 2010-2012, p. 47-83.; NIZIŃSKI, Rafał S. Xavier Zubiri como místico. The Xavier Zubiri Review, vol. 14, 2016-2018, p. 73-85.