A diversidade religiosa na Fratelli tutti   
The religious diversity in Fratelli tutti       

André Luiz Rossi*
Paulo Sérgio Lopes Gonçalves**
*Pós-graduado em Doutrina Social da Igreja pela Faculdade Dehoniana de Taubaté. Contato: andluizrossi@gmail.com 
**Doutorado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (PUGROMA). É Docente Pesquisador do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciências da Religião. Contato: 
paselogo@puc-campinas.edu.br 
 

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Resumo 

A carta encíclica Fratelli tutti do Papa Francisco foi recebida com grande apreço por todo o mundo. Estudada e lida nos mais diversos ambientes fora da Igreja, essa carta contribui para as questões sociais e demonstra recepção e impulso à diversidade. Além disso, Francisco estabelece o diálogo e o respeito à diversidade como pressupostos para uma amizade social verdadeira que seja capaz de gerar a fraternidade e a paz. Assim sendo, o objetivo deste artigo é demonstrar que Francisco respeita a diversidade religiosa e reconhece o valor das diversas religiões dentro do debate público e as potencializa aos processos de busca pela paz. A metodologia proposta é analisar a carta encíclica à luz das ciências da religião, buscando ressaltar os pressupostos que validam essa diversidade. Portanto, o resultado que esperamos é de demonstrar a coerência de Francisco, que elabora um relevante documento da doutrina social da Igreja e que, mesmo mantendo continuidade com seus antecessores, foi capaz de avançar na conscientização da importância para a religião católica em se abrir para o diálogo fraterno e para o reconhecimento do valor das outras religiões.  

Palavras-chave: Ciências da Religião; Fratelli tutti; diversidade religiosa; Papa Francisco.  

Abstract 

The encyclical letter Fratelli tutti of Pope Francis was received with great appreciation throughout the world. Studied and read in various environments outside the Church, this letter contributes to social issues, and demonstrates reception and impetus to diversity. In addition, Francis establishes dialogue and respect for diversity as presuppositions for a true social friendship that is capable of generating brotherhood and peace. Therefore, the aim of this article is to demonstrate that Francis respects religious diversity, and recognizes the value of the various religions within the public debate and enhances them to the processes of seeking peace. The proposed methodology is to analyze the encyclical letter in the light of the sciences of religion, seeking to highlight the assumptions that validate this diversity. Therefore, the result we hope is to demonstrate the coherence of Francis, who elaborates a relevant document of the church’s social doctrine, and that even while maintaining continuity with his predecessors, he was able to advance in raising awareness of the importance for the Catholic religion in opening up to fraternal dialogue and recognizing the value of other religions.  

Keyword: Sciences of Religion; Fratelli tutti; religious diversity; Pope Francis 

Introdução 

Desde sua eleição, em março de 2013, o Papa Francisco tem manifestado apreço à diversidade. Logo no discurso de abertura do seu Pontificado, na praça de São Pedro, por ocasião da benção Urbi et Orbi, o Papa demonstrava essa intenção, que certamente marcaria seu pontificado: “Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade” (PAPA FRANCISCO, 2013a, grifo nosso). Nesse espírito, em seu programa de evangelização, apresentado na exortação apostólica Evangelii Gaudium (2013b), o Papa explicitou a dimensão social de evangelização, realçando a necessária e urgente relação da Igreja com o mundo, mergulhando na efetiva realidade desse mundo, enaltecendo o diálogo social e inter-religioso como instância fundamental para que a Igreja contribua com a eficácia do evangelho na história humana. Por isso, surgiram desse programa as cartas encíclicas Laudato Sì (2015) e Fratelli Tutti (2020), que possibilitaram respectivamente oficializar a categoria “ecologia integral” e vislumbrar a “fraternidade universal”. Essas cartas encíclicas irradiam o cuidado com a vida, a “amizade social”, e reforçam o sentido do diálogo e da “cultura do encontro” como elementos fundamentais para se construir uma cultura mundial da paz, fundada na justiça e no amor entre os irmãos. 

De acordo com o exposto, objetivamos neste artigo mostrar a diversidade religiosa presente no pensamento social do Papa Francisco, a partir da carta encíclica Fratelli tutti. Esse objetivo é justificado em função de que essa carta possui dois temas relevantes à contribuição do Papa e da Igreja católica para o mundo contemporâneo: a fraternidade e a amizade social. Esses temas manifestam um olhar para fora de si, que conota uma saída do egocentrismo pessoal para aqueles que estão à volta do sujeito e um impulso para um movimento de aguçamento da alteridade, de proximidade e de cooperação entre os povos. Para atingir esse objetivo, descrever-se-á analiticamente elementos biográficos do Papa Francisco, que denotam que sua própria vida é marcada pela constante busca de diálogo, em todas as suas dimensões, visando à fraternidade universal, que muito mais do que referir-se a um status geográfico, é fundamentalmente uma forma de derrubar muros dos preconceitos e das discriminações, e de construir pontes de amizade e convivência fraterna. Em seguida, expor-se-á o significado epistemológico, conforme textos do Papa Francisco, da fraternidade para os povos da Terra, para então realçar o diálogo como serviço para a realização da “fraternidade universal”. 

1. De Bergoglio a Francisco: uma vida de busca de diálogo para a fraternidade

Essa abertura e essa valorização da alteridade que caracterizam o Papa Francisco se situam no próprio contexto de sua biografia. O Papa participou ativamente de grupo de pensadores da teologia do povo, considerada uma vertente da teologia da libertação (SCANNONE, 1993, p. 335-338), vindo a valorizar o diálogo com os povos, o protagonismo das periferias e o respeito às diferenças. Na condição de arcebispo de Buenos Aires, Bergoglio já tinha grande abertura à diversidade religiosa e, principalmente, ao diálogo entre as religiões como meio para se buscar mudanças sociais, mediante a valorização da Doutrina Social da Igreja, a criação da pastoral social e outras iniciativas denotativas de que os cristãos haviam de buscar o diálogo com os diversos setores da sociedade civil. Em 2001, ele promoveu a formação da Mesa de Diálogo Argentino, unindo vários representantes dos mais diversos setores e credos para juntos pensarem sobre os problemas sociais que enfrentava a Argentina naquele momento (cf. PIQUÉ, 2014, p. 109). No ano seguinte, criou o Instituto de Diálogo Inter-Religioso, que tinha como membros representantes do Islã, do Judaísmo, do Catolicismo e da área da educação do Governo de Buenos Aires. Em 2003, antes da invasão norte- -americana ao Iraque, Bergoglio aprovou a instalação de uma tenda de oração na Praça de Maio com representantes de diversas religiões, ideia essa que teve origem por parte do diretor da Casa para a Difusão do Islã. 

Em seu movimento de diálogo com outrem, em 2004, Bergoglio se torna o primeiro cardeal primado da Argentina a entrar no prédio da AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina). Essa instituição judaica havia sofrido um atentado em 1994 e ali morreram 85 pessoas. Bergoglio depositou uma coroa de flores e rezou diante do muro que faz memória das vítimas. O cardeal deixou registrado no livro de visitas a seguinte mensagem: “conta as areias do mar: assim será tua descendência; agradeço ao Senhor por ter permitido nesse dia, a este grãozinho de areia que sou, compartilhar um trecho do caminho com nossos irmãos mais velhos” (PIQUÉ, 2014, p. 110). 

Em 2007, Bergoglio inaugurou o curso “Formação de lideranças em e para o diálogo inter-religioso” da Pastoral Universitária. Em 2009, participou de um retiro para padres e pastores promovido pela CRECES (Comunhão Renovada de Evangélicos e Católicos no Espírito Santo). Dentre muitos outros acontecimentos que podem ser rememorados, recorda-se ainda o acolhimento dado por Bergoglio a um pastor doente na casa dos padres, assumindo todos as despesas dele até a morte, e a um cônego anglicano por um período determinado, e a cessão da catedral de Buenos Aires para a cerimônia por ocasião da visita do patriarca da Igreja apostólica armênia (Cf. PIQUÉ, 2014, p. 110-111). Enfim, Bergoglio era conhecido por ser um bispo e cardeal que dialogava com outras religiões, dava abertura a encontros e celebrações ecumênicas e visitava pessoalmente sinagogas e lugares de cultos de outros líderes religiosos. 

Em sua primeira carta encíclica, intitulada Lumen Fidei (2013), escrita em conjunto com seu antecessor o Papa Bento XVI, Francisco transparece a importância do respeito e do diálogo para a fé: “a fé não é intransigente, mas cresce na convivência que respeita o outro” (LF n. 34). Para Francisco, a certeza da própria fé não pode fazer com que o crente endureça o coração frente às outras pessoas, àquelas que pensam diferente; pelo contrário, a verdadeira fé e a sua maturidade levam a pessoa que crê a se abrir ao diálogo com o outro, pois “longe de nos endurecer, a segurança da fé põe-nos a caminho e torna possíveis o testemunho e o diálogo com todos” (LF n. 34). Quando por ocasião de sua visita ao Brasil, ainda em 2013, diante de líderes da sociedade, Francisco brada: “diálogo, diálogo, diálogo. A única maneira para uma pessoa, uma família, uma sociedade crescer, a única maneira para fazer avançar a vida dos povos é a cultura do encontro” (FRANCISCO, 2013c). Essa insistência de Francisco no diálogo é algo notado com surpresa por muitos, desde sua eleição. Zygmunt Bauman, filósofo e sociólogo respeitado, em entrevista ao jornal L’Osservatore Romano diz: 

Também fiquei impressionado com a ênfase que Bergoglio põe na prática do diálogo: um diálogo efetivo, que não deve ser conduzido escolhendo como interlocutores aqueles que, mais ou menos, pensam como você, mas se torna interessante quando você se confronta com pontos de vista realmente diferentes do seu. (Apud INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS, 2013.) 

Para Francisco, não há dificuldade em se compreender que a fé cristã católica tem em seu fundamento a unidade aberta à diversidade. Francisco se apropria do princípio da tensão polar elaborado por Romano Guardini, que, em sua dialética, compreende que a tensão gerada pela tese e antítese movimenta o concreto vivo, e a resolução não precisa se dar com a anulação de ambas para se formar uma síntese, mas a resolução se efetiva conservando ambos os polos. Para Guardini: “a teoria dos opostos é a teoria do confronto, que não acontece como luta contra um inimigo, mas como síntese de uma tensão fecunda, isto é, como construção da unidade concreta” (apud BORGHESI, 2018, p. 115). Assim, no pensamento Bergogliano, os polos não podem ser absolutizados e não precisam se excluir mutuamente, pois há a possibilidade de se resolver a tensão dos opostos em um plano superior. Desta forma, “multiplicidade e unidade constituíram os dois polos de uma tensão ineliminável. Uma tensão cuja solução era confiada, a cada momento, ao poder do Mistério divino que age na história” (BORGHESI, 2018b). 

Ora, essa dialética adotada por Francisco permite que se compreenda a Igreja como una, porém aberta à multiplicidade. Para Francisco, não há contradição na abertura ao diálogo, muito menos dificuldade em reconhecer em outras religiões o agir de Deus. A multiplicidade presente na religião católica é apenas uma pequena parte da multiplicidade existente em todo o mundo e, longe de ser um problema, é justamente um dom. 

No ‘Credo’ nós dizemos: ‘Creio na Igreja, una...’, ou seja, professamos que a Igreja é única e que esta Igreja é em si mesmo unidade. Contudo, se olharmos para a Igreja católica no mundo, descobriremos que ela abrange quase 3.000 dioceses espalhadas por todos os Continentes: muitas línguas, tantas culturas! Aqui estão presentes Bispos de muitas culturas diversas, de numerosos países. Está o Bispo de Sri Lanka, o Bispo da África do Sul, um Bispo da Índia, aqui estão presentes em grande número... os Bispos da América Latina. A Igreja está espalhada pelo mundo inteiro! E, no entanto, os milhares de comunidades católicas formam uma só unidade. Como pode acontecer isto? (FRANCISCO, 2013b.) 

2. Somos todos irmãos! 

Lançada em 03 de outubro de 2020, a carta encíclica Fratelli Tutti pertence ao programa de Francisco contido na exortação apostólica Evangelii Gaudium, especificamente na dimensão social da evangelização, e se insere na esteira dos documentos da Doutrina Social da Igreja. Já é costume entre os documentos sociais, desde a Pacem in Terris de João XXIII, que as carta encíclicas sejam dirigidas não somente aos fiéis católicos, mas também a todas as pessoas de boa vontade. Evidencia-se, portanto, nos documentos sociais, uma abertura ao diálogo com as pessoas de outras religiões e até mesmo com aquelas que não creem. Porém, Francisco vai além, e não só se dirige às pessoas de outras religiões, como também se põe em diálogo com elas. Mais ainda, essa relação é a base constituinte e inspiradora da carta encíclica Fratelli tutti, como bem evidencia o Papa:   

Na redação da Laudato si’, tive uma fonte de inspiração no meu irmão Bartolomeu, o Patriarca ortodoxo que propunha com grande vigor o cuidado da criação, agora senti-me especialmente estimulado pelo Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb, com quem me encontrei, em Abu Dhabi, para lembrar que Deus ‘criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e os chamou a conviver entre si como irmãos’. (FT n. 5) 

Essa “convivência entre si como irmãos” se dá pela fraternidade, por isso mesmo o capítulo segundo da Encíclica é dedicado a embasar, através da parábola do bom samaritano (Lc 10, 25-37), a necessidade de enxergarmos o outro e assim nos tornarmos fraternos diante daquele que se manifesta no caminho da vida. Para Francisco, a fraternidade humana é equivalente à Paz Mundial e, para alcançá-la, não há outro caminho senão o diálogo fraterno − um diálogo aberto à diversidade e que respeite as diferenças do outro. Não é mais o desenvolvimento científico e tecnológico que é o novo nome para a paz (Cf. Pp. n. 76), mas sim a fraternidade universal. 

A fraternidade “desafia-nos a deixar de lado toda a diferença e, em presença do sofrimento, fazer-nos próximos a quem quer que seja” (FT n. 81). A necessidade daqueles que estão caídos nas periferias deste mundo deve levar os cristãos a superar as diferenças para que possam socorrer aqueles que mais necessitam e que, independentemente da raça, religião, ou mesmo de qualquer outra dessemelhança, são presença de Cristo (cf. Mt 25, 35-45) para aqueles que creem. Para Francisco, a fraternidade é a base para uma verdadeira liberdade e igualdade. Sem fraternidade, a liberdade é restringida a medidas que privilegiam pessoas, grupos, e que geram pouca equidade, mas não real liberdade. De modo semelhante, é a crítica do Papa em relação à igualdade. Recorrendo ao seu princípio polar de que “a realidade é mais importante do que a ideia” (EG n. 231), ele evidencia que a igualdade não se faz com discursos, nem apenas com afirmações jurídicas que preconizam a igualdade, mas também e sobretudo com atitudes de fraternidade, pois, ainda que no direito todos sejam iguais, sem fraternidade, ainda haverá diferenças sociais que excluem as pessoas: “Tampouco se alcança a igualdade definindo, abstratamente, que ‘todos os seres humanos são iguais’, mas resulta do cultivo consciente e pedagógico da fraternidade” (FT n. 104). 

Uma oposição à fraternidade é o crescente individualismo. Para Francisco, é ilusão o pensamento de que privilegiar indivíduos sociais de modo isolado possa gerar igualdade e fraternidade. Não há como pensar que a mera soma dos interesses individuais seja capaz de gerar um mundo melhor para toda a humanidade (Cf. FT n. 105). Os males sociais, além dos problemas sociais específicos de cada região, tornam-se cada vez mais globais, haja vista a pandemia da Covid-19, que tem assolado o mundo nos últimos anos. Desta forma, pode-se entender que “o individualismo radical é o vírus mais difícil de vencer” (FT n. 105). A fraternidade ainda é o remédio mais eficaz contra esse vírus que há tempos gera desigualdade, exclusão e morte. 

Por isso mesmo, o Papa Francisco não deixa de alargar o convite a todos os povos, não somente os cristãos: “Todos temos uma responsabilidade pelo ferido que é o nosso povo e todos os povos da terra” (FT n. 89). No entanto, é preciso superar o individualismo e a tentação de se fechar à sua própria comunidade, pois os desafios e contradições que o mundo apresenta são demasiadamente grandes para serem superados sozinhos. Assim, Francisco convoca: 

As dificuldades que parecem enormes são a oportunidade para crescer, e não a desculpa para a tristeza inerte que favorece a sujeição. Mas não o façamos sozinhos, individualmente. O samaritano procurou um estalajadeiro que pudesse cuidar daquele homem, como nós estamos chamados a convidar outros e a encontrar-nos num ‘nós’ mais forte do que a soma de pequenas individualidades; lembremo-nos de que ‘o todo é mais do que a parte, sendo também mais do que a simples soma delas’. Renunciemos à mesquinhez e ao ressentimento de particularismos estéreis, de contraposições sem fim. (FT n. 78) 

Mais uma vez, Francisco recorre a um dos seus princípios polares expressos na Evangelii Gaudium. Para superar o individualismo e gerar abertura e respeito a todos, é preciso que “a unidade seja superior ao conflito” (EG n. 226). Diante do outro e principalmente das diferenças, não se pode polarizar vivendo a indiferença ou cedendo à tentação do sincretismo, absorvendo o outro. É preciso que se preserve o contraste e que a resolução seja o respeito e o diálogo fraterno, capaz de gerar uma verdadeira amizade social. 

Há uma contradição no mundo globalizado: apesar de termos facilmente acesso à informação e à comunicação com o outro, inclusive com aquele que está do outro lado do planeta, ainda assim, tornamo-nos distantes daqueles que estão fisicamente próximos de nós. Cada vez mais é preciso entender a mensagem de Francisco que alerta: “a vida não é tempo que passa, mas tempo de encontro” (FT n. 66). Por isso mesmo, além da fraternidade, é necessária a amizade social que tem como pressupostos a vivência e a busca da verdade, o respeito pela dignidade humana e a cultura do encontro. 

Para se chegar a uma amizade social, é preciso que as relações sociais estejam embasadas em alguns princípios universalmente válidos, em algumas verdades objetivas adquiridas após longa e ampla discussão coletiva. Desta forma, as leis que derivam desse diálogo maduro serão recebidas como algo construído por todos e que, portanto, devem ser respeitadas. Caso contrário, há o risco de as leis serem recebidas como imposições, pois, “quando é a cultura que se corrompe deixando de reconhecer qualquer verdade objetiva ou quaisquer princípios universalmente válidos, as leis só se poderão entender como imposições arbitrárias e obstáculos a evitar” (FT n. 207). 

Um dos pilares para se viver a amizade social é “o amor que se estende para além das fronteiras” (FT n. 99) e que leva o ser humano a viver uma autêntica abertura ao universal. Porém, é necessária a abertura ao diálogo fraterno, um diálogo que não é somente expressão de opiniões, reafirmações de posições antagônicas e monolíticas. A ausência desse diálogo é sinal da falta de preocupação com o bem comum (Cf. FT n. 202). Francisco alerta dizendo que: 

Muitas vezes confunde-se o diálogo com algo muito diferente: uma troca de opiniões exaltadas nas redes sociais, muitas vezes causada por uma informação da mídia nem sempre confiável. Não passam de monólogos que avançam em paralelo, talvez chamando a atenção dos outros pelo tom agressivo. (FT n. 200) 

Desta forma, pode-se compreender que o diálogo social verdadeiro e saudável se dá quando se respeita o ponto de visto do outro e que, mesmo contraditório, há nele a possibilidade de contribuir com o debate sobre as questões sociais. Nesse diálogo saudável, os agentes envolvidos são capazes de reconhecer, apesar das diferenças, a legitimidade e a coerência diante do pensamento antagônico. Desta forma, Francisco cita a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Querida Amazônia, lembrando que, “desse modo, torna-se possível ser sincero, sem dissimular o que acreditamos, nem deixar de dialogar, procurar pontos de contato e sobretudo trabalhar e lutar juntos” (FT n. 203). 

Tanto no âmbito social quanto no religioso, é possível pensar em consenso diante de uma sociedade tão plural, porém não há outro caminho senão o diálogo: “em uma sociedade pluralista, o diálogo é o caminho mais adequado para reconhecer o que sempre deve ser afirmado e respeitado e que vai além do consenso ocasional” (FT n. 211). Entre as conquistas que uma sociedade madura e honesta pode ter ao desenvolver o diálogo e a busca de verdades fundamentais como norteadores, está o reconhecimento da dignidade humana. 

Se devemos respeitar a dignidade dos outros em qualquer situação, isso significa que essa dignidade não é uma invenção nem uma suposição nossa, mas que existe realmente neles um valor superior às coisas materiais e independente das circunstâncias, o que exige um tratamento distinto. Que todo ser humano possui uma dignidade inalienável é uma verdade que corresponde à natureza humana, independentemente de qualquer transformação cultural. (FT n. 213) 

O diálogo é a ferramenta por excelência para se conquistar a amizade social e a fraternidade. No entanto, é preciso lembrar que “o diálogo social autêntico inclui a capacidade de respeitar o ponto de vista do outro, admitindo a possibilidade de que nele contenha convicções ou interesses legítimos” (FT n. 203). Para isso, é preciso criar um pacto que tenha o respeito ao outro como pressuposto para o diálogo. Há no outro, para Francisco, um direito de singularidade que é preciso ser respeitado. Ficar indiferente ao outro por conta da cultura diferenciada, dos costumes diversos, é uma forma de violência. O que nos leva a pensar: o desconhecimento de alguns países de primeiro mundo e a indiferença em relação a países periféricos (América Latina e África por exemplo) estariam no pensamento do Pontífice ao escrever essas páginas? 

Isso implica o hábito de reconhecer, ao outro, o direito de ser ele próprio e de ser diferente. A partir desse reconhecimento que se tornou cultura, torna-se possível a criação de um pacto social. [...] Por trás da rejeição de certas formas visíveis de violência, muitas vezes esconde-se outra violência mais sutil: a daqueles que desprezam o diferente, sobretudo quando as suas reivindicações prejudicam de alguma maneira os próprios interesses. (FT n. 218) 

Além da busca por verdades e o reconhecimento da dignidade humana, temos a cultura do encontro constituindo, assim, um conjunto de elementos que fundamentam a amizade social. Esses elementos fundamentais manifestam alteridade concretizada na pluralidade e no respeito ao outro, que embasam o pensamento de Francisco, deixando evidente o reconhecimento pela diversidade. O respeito “implica o hábito de reconhecer, ao outro, o direito de ser ele próprio e de ser diferente” (FT n. 218). Desta forma, a cultura do encontro adquire uma grande importância, pois encontrar-se é superar as diferenças, é estabelecer diálogo e buscar coletivamente caminhos e soluções para as dificuldades que o mundo enfrenta. Resume bem o pensamento do Papa Francisco e suas ações a definição que ele redige: 

Assim, falar de “cultura do encontro” significa que, como povo, somos apaixonados por querer encontrar-nos, procurar pontos de contato, construir pontes, planejar algo que envolva a todos. Isso tornou-se uma aspiração e um estilo de vida. O sujeito dessa cultura é o povo (...). (FT n. 216)  

A proposta de Francisco é para que haja encontros que superem a oposição de um contra o outro. Francisco evoca a imagem do poliedro, figura geométrica de muitos lados, mas que formam uma unidade. Encontrar-se para Francisco é formar uma “sociedade em que as diferenças convivem integrando-se, enriquecendo-se e iluminando-se reciprocamente” (FT n. 215). Porém, é preciso lembrar que a cultura do encontro leva em consideração todos os lados do “poliedro”, propiciando que ninguém seja excluído do todo. Assim, Francisco não só abarca mais uma vez a diversidade, seja religiosa ou social, como dá valor e importância às periferias: 

Na realidade, de todos se pode aprender alguma coisa, ninguém é inútil, ninguém é supérfluo. Isso implica incluir as periferias. Quem vive nelas tem outro ponto de vista, vê aspectos da realidade que não se descobrem a partir dos centros de poder onde se tomam as decisões mais determinantes. (FT n. 215) 

Essa abertura ao diálogo e a amizade social deve ser vivida também pela Igreja frente às outras religiões. Diante desses valores, fraternidade e respeito às diferenças, podemos entender a diversidade religiosa presente no pensamento do Papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti. As outras religiões podem contribuir nesse caminho de construção, a partir da verdade de uma sociedade justa e fraterna: 

As várias religiões, ao partir do reconhecimento do valor de cada pessoa humana como criatura chamada a ser filho ou filha de Deus, oferecem uma preciosa contribuição para a construção da fraternidade e a defesa da justiça na sociedade. O diálogo entre pessoas de diferentes religiões não se faz apenas por diplomacia, amabilidade ou tolerância. (FT n. 271) 

Além disso, o Papa Francisco dá significativo passo no diálogo inter-religioso quando reafirma, usando da declaração do Concilio Vaticano II Nostra Aetate, o respeito às outras religiões e o reconhecimento de que há, sim, verdades contidas em outras doutrinas: “A Igreja valoriza a ação de Deus nas outras religiões e nada rejeita do que há de verdadeiro e santo nessas religiões. Considera com sincero respeito seus modos de agir e de viver, seus preceitos e suas doutrinas (...)” (FT n. 277). 

Há uma razão antropológica nessa abertura ao outro, pois tudo que é essencial para o ser humano diz respeito à Igreja. Encarnada nas diversas realidades, nos diversos lugares e em diferentes tempos, a Igreja é universal, católica e, por conseguinte, não se restringe a uma única realidade. Mais ainda, tudo que é relativo à pessoa merece atenção e interesse da Igreja. Tanto na esfera social como diante das outras religiões, é preciso reconhecer o valor dos grupos sociais, das culturas autóctones, da singularidade religiosa e da importância de reconhecer o que de bom há em cada um deles. Por isso mesmo, Francisco torna a reafirmar a necessidade da preservação da liberdade religiosa. Uma liberdade religiosa que seja para todas as religiões: “existe um direito humano fundamental que não deve ser esquecido no caminho da fraternidade e da paz: é a liberdade religiosa para as pessoas que creem de todas as religiões” (FT n. 279). 

Enfim, o Papa Francisco manifesta grande reconhecimento à diversidade e, mais do que criticar essa pluralidade, ele lança possibilidades de diálogo e de mútuo reconhecimento. O Pontífice explicita que o amor de Deus não faz distinção, mas que tão somente ama, mediante o empenho por uma sociedade em que todos se reconhecem como irmãos, havendo espaços para a diversidade cultural, para o pluralismo religioso e para as pessoas que não professam uma crença: “entre as religiões, é possível um caminho de paz. O ponto de partida deve ser o olhar de Deus, porque “Deus não olha com os olhos, Deus olha com o coração. E o amor de Deus é o mesmo para cada pessoa, seja qual for a religião. E se é um ateu, é o mesmo amor” (FT n. 281). 

3. Fraternidade universal servida pelo diálogo inter-religioso 

A carta encíclica Fratelli Tutti traz o sonho da fraternidade evocando universalidade, cuja compreensão requer melhor compreensão epistêmica. Em nome da universalidade, atrocidades já foram cometidas em forma de impérios, de nacionalismos totalitários e de imposições culturais e religiosas que trouxeram à tona genocídios e etnocídios. No entanto, a universalidade da fraternidade evocada pelo Papa Francisco não significa retomar modelos que foram violentos e propiciaram poder político, cultural, social e religioso a grupos – “partes” –, mas implementar um modelo que efetive a fraternidade, em que entre em vigor a dialética entre unidade e diversidade. Por isso, o modelo do poliedro, que havia sido desenvolvido na exortação apostólica Evangelii Gaudium, é evidenciado para que as partes se integrem, não como mera somatória, mas como constitutivas de simultaneidade e reciprocidade na formação e desenvolvimento do todo. 

A universalidade da fraternidade há então de ser evocada a partir da própria realidade do universal, que é a perspectiva abordada pelo Papa Francisco: a perspectiva cristã. Assumir a fé cristã como perspectiva ou transversalidade na abordagem do universal da fraternidade implica realizar duas incursões fundamentais. A primeira é a de compreender a religião em sua complexidade fenomenal, que possui concretude nas formas religiosas situadas na linguagem verbal e ritual, mas fundamentalmente coloca o ser humano em relação com o transcendente (MIRANDA, 2021, p. 266-268) ou com a potência (ALES BELLO, 2014, p. 15-19), que denominamos Deus. Por isso, nenhuma realidade religiosa institucionalizada põe fim à religião, enquanto fenômeno que possibilita a relação do ser humano com Deus – transcendente ou potência –, mas que suas expressões, por mais que denotem a autocomunicação de Deus ao ser humano, não esgotam o mistério, que, na perspectiva cristã, é o mistério de Deus absconditus et revelatus, infinito, inexaurível e inefável. A universalidade então não é tornar unívoca uma forma e impô-la às realidades diversas, mas propiciar que a diversidade se efetive como manifestações de singularidades, simultaneamente marcadas por suas identidades próprias e pelo espírito de abertura à alteridade, pela qual torna possíveis a comunicação entre os diferentes e a convivência oikouménica, que possui um ethos comunitário incisivo na efetividade da fraternidade. Desse modo, a fraternidade universal, na perspectiva cristã, ainda que concebida na maneira do cristianismo compreender o mundo e o ser humano, denota a ultrapassagem de fronteiras, o acolhimento ao outro em sua própria “autrement”, superando preconceitos e discriminações, dispondo-se a acordos que impulsionem ações de cooperação entre os povos, visando à construção real da justiça e da paz. 

A segunda incursão corresponde ao diálogo, tão caro e necessário ao Papa Francisco, para que a humanidade viva sob a égide da paz. É importante ressaltar que a própria palavra diálogo, que etimologicamente provém de dien – luz – e logos – que pode ser traduzido por sabedoria – diz o que é essencialmente: luz sapiencial. O diálogo se efetiva por dois polos que se dispõem a um processo de comunicação, em que ambos têm oportunidade de falar e escutar em seu respectivo tempo oportuno, encontrando juntos resultados consensuais. O diálogo não é violento, ainda que tenha possibilidade de ser tenso, mas é marcado pela serenidade, respeito às diferenças, abertura para a novidade e disposição permanente para o consenso. Por isso, o espírito essencial do diálogo é comunicação permeada pelo afeto que conduz ao consenso, que supera a possibilidade de litígio e desunião, e constrói possibilidade espaciais e temporais de comunhão. 

O diálogo não deve ser apenas um momento da via dos seres humanos e da sociedade em que convivem, mas um instrumento horizontal denotativo de transcendência no interior da história da humanidade. Uma das formas do diálogo se efetivar em contribuição para a fraternidade universal é o diálogo inter- -religioso (LOPES SANCHES, 2021), em função de que a religião corresponde à relação dos seres humanos com o transcendente ou a potência, que chamamos de Deus. É evidente que, para o Papa Francisco, o diálogo é constitutivo da “cultura do encontro” e, por conseguinte, o diálogo inter-religioso há de ser também uma cultura, consolidada a partir de sua própria história, cujas marcas teológicas se encontram na “teologia do cumprimento”, na “teologia das religiões” (KNITTER, 2008), na “teologia do pluralismo religioso” (DUPUIS, 1997) e na teologia hermenêutica inter-religiosa (GEFFRÉ, 2006), todas amparadas na soteriologia cristã de caráter universal (MIRANDA, 2003, p. 353-360) e na pneumatologia denotativa de que o Espírito Santo liberta do pecado, da lei, orienta o agir humano, garante a vida além da morte e possui uma ação tão ampla que apresenta, de algum modo, a verdade divina nas religiões (MIRANDA, 2021, p. 269-271). 

A “cultura do encontro” entre as religiões é caminho para a superação do proselitismo religioso e do exclusivismo soteriológico, e para a o estabelecimento de relações marcadas pelo respeito, corresponsabilidade e busca permanente da verdade. O diálogo inter-religioso a ser desenvolvido no interior da “cultura do encontro” há de concentrar-se na promoção do “bem comum”, elemento fundamental para que as religiões despojem e se abram ao diálogo que pode se desenvolver no âmbito teológico, buscando elementos comuns e se respeitando mutuamente nas diferenças. No âmbito social, as religiões possuem enorme potencial para que, com o “olhar de Deus” (FT n. 281), permaneça sobre o mundo. Abre-se então a possibilidade de que o diálogo inter-religioso seja um dispositivo para a emergência de uma ética que impulsione a política centrada no ”bem comum”, uma sociedade justa e uma cultura de paz, em que os povos possam conviver fraternalmente e estabelecer formas de cooperação uns com os outros. 

O diálogo inter-religioso torna-se, então, um serviço ao gênero humano, marcado pela diversidade cultural e religiosa, imbuído de injustiças estruturais em termos sociais e econômicos e carente de uma nova política que traga à tona o “bem comum”. Trata-se de um serviço em que as religiões, unidas no vigor do que têm em comum e na ternura do que é diferente, superam a guerra, o proselitismo e o fundamentalismo da letra de seus livros e ritos, para construírem relações que propiciem a elevação da dignidade do ser humano em sua condição de humanum. Além disso, o diálogo inter-religioso evoca o cuidado com a “casa comum”, assaz desenvolvido pelo Papa Francisco em sua carta encíclica Laudato Sì e que já vinha sendo evocado anteriormente em teologia (MOLTMANN, 1993) para a construção de uma “ecologia integral”, que propicia que a creatio continua, amparada na creatio originalis – abençoada, santificada e habitada por Deus –, seja o caminho para a creatio nova, marcada pela convivência fraterna das diversas criaturas. 

Conclusão 

Ao final deste artigo urge retomar o objetivo e o percurso realizado, e apontar elementos sistemáticos, inferidos ao longo desse percurso. O nosso objetivo sempre foi o de mostrar a diversidade religiosa presente no pensamento social do Papa Francisco, tomando a carta encíclica Fratelli tutti como nossa fonte primária. Justificamos esse objetivo mediante o próprio conteúdo da referida carta encíclica, que nos remete à fraternidade universal e a amizade social. Ademais, o próprio pontificado de Francisco tem se constituído de abertura à diversidade, de acolhimento à diferença e cuidado para a efetividade da unidade, sem confundia- -la com uniformidade. Por isso, a imagem do poliedro, utilizada por Francisco na exortação apostólica Evangelii Gaudium, que concebemos como sua carta magna de evangelização, é fundamental para compreender que a unidade é superior ao conflito e por conseguinte, não suprime as diferenças. A contrário, a acolhe a potencializa para a unidade e para o respeito à própria alteridade dos sujeitos envolvidos na evangelização e na constituição da fraternidade universal. 

Para atingir o objetivo proposto, visualizamos elementos da biografia de Francisco, denotativos de seu status spiritualis de abertura, acolhimento e cuidado com a diversidade. Em seguida, mostramos como a carta encíclica Fratelli Tutti a diversidade é uma realidade e uma potência para derrubar os muros da marginalização, da exclusão, da violência, dos preconceitos e discriminações, e para construir pontes que possibilitem a fraternidade universal e a amizade social. Como decorrência a decifração hermenêutica dessa carta encíclica, enfatizamos a universalidade da fraternidade e o diálogo inter-religioso como elementos reais que possibilitam a unidade do gênero humano, respeitando a sua diversidade cultural e religiosa, e elaborando um ethos efetivamente comunitário entre os povos. 

A abertura à diversidade religiosa, seu reconhecimento e a constatação de que é preciso estabelecer um diálogo entre as diversas religiões é um dado essencial quando se pensa a teologia atual. Francisco, porém, estabelece, na carta encíclica Fratelli tutti, pressupostos que norteiam não só as relações dos cristãos com outras religiões, mas também frente à diversidade social presente no mundo todo. 

Francisco propõe uma hermenêutica do respeito e do reconhecimento, cuja base é uma dialética na qual não se excluem os diferentes. A fraternidade é proposta como fundamento das relações sociais, tendo como princípios o diálogo e o respeito às diferenças, para que seja possível a geração de uma amizade social profícua que traga solidariedade, igualdade e verdadeira liberdade entre as pessoas e entre os povos. O reconhecimento de Francisco à diversidade gera naturalmente como conclusão o respeito à diversidade religiosa e cultural, pois a Igreja Católica deve, por sua própria essência universalista, abrir-se ao diálogo fraterno e ao respeito às outras religiões e outras configurações étnicas e culturais, para que o sonho da fraternidade se torne realidade na história. 


Referências

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BORGHESI, Massimo. Jorge Mario Bergoglio: uma biografia intelectual. Petrópolis: Vozes, 2018. 

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DUPUIS, Jacques. Verso una teologia Cristiana del pluralismo religioso. Brescia: Queriniana, 1997. 

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