O compromisso ecológico do movimento ecumênico no Brasil    
The ecological commitment of the ecumenical movement in Brazil      

Elias Wolf*
*Docente no Programa de Pós-graduação em Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Contato: elias.wolff@pucpr.br 
 

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Resumo 

A gravidade das questões ambientais na atualidade interpela todos os povos, com suas culturas e suas crenças, para um novo estilo de vida e de relação com a natureza, comprometendo-se com o cuidado da Casa Comum. As igrejas e as religiões são convocadas à realização de projetos ecológicos comuns. O objetivo deste estudo é verificar como o diálogo ecumênico no Brasil assume a pauta ecológica local, integrando diferentes comunidades religiosas em iniciativas que defendem e promovem a vida de toda a criação. Na perspectiva cristã, a sensibilidade ecumênica para com as questões ambientais fortalece entre as igrejas a possibilidade de rever e dialogar sobre doutrinas, espiritualidades, missão. Assim, ecologia e ecumenismo vinculam-se intrinsecamente, concorrendo para afirmar o Evangelho da “vida em abundância” (Jo 10,10) para todas as criaturas do planeta Terra. 

Palavras-chave: Ecologia; Ecumenismo; Brasil 

Abstract 

The seriousness of environmental issues today challenges all peoples, with their cultures and beliefs, for a new lifestyle and relationship with nature, committing to the care of the Common House. Churches and religions are called to carry out common ecological projects. The objective of this study is to verify how the ecumenical dialogue in Brazil assumes the local ecological agenda, integrating different religious communities in initiatives that defend and promote the life of all creation. From a Christian perspective, ecumenical sensitivity to environmental issues strengthens the possibility of reviewing and dialoguing about doctrines, spiritualities and mission among churches. Thus, ecology and ecumenism are intrinsically linked, contributing to affirm the Gospel of “life in abundance” (Jn 10:10) for all creatures on planet Earth. 

Keyword: Ecology; Ecumenism; Brazil 

Introdução 

A Terra é um ser vivo que se desenvolveu ao longo de bilhões de anos como um dos corpos espaciais do Cosmos. Ela gera e sustenta vidas numa infinidade de formas e nesse contexto situa-se o espécime homo, relacionado com o percurso e mutações ocorridas na Terra para formar-se como berço da vida. Mas a Terra não se formou exclusivamente para um tipo de espécime. Ela é a Casa Comum de todas as criaturas, em todos os ecossistemas. E quando hoje constatamos situações em que vidas na Terra são ameaçadas, verificamos que entre suas causas estão ações arbitrárias de uma forma de vida, a humana. Estudos mostram que a perda anual de serviços ecossistêmicos equivale a mais de 10% da produção econômica global (CONIC, 2021). Então, o desaparecimento de algumas espécies de vida no planeta não se dá apenas por fatores naturais, como proposto por Charles Darwin (1809-1882) e Alfred Russel Wallace (1823-1913), entre outros. Muitas calamidades ambientais graves têm como causa o modo irresponsável como o ser humano usa os recursos da Terra. Tal é o que se verifica com a água, na extinção de nascentes; o aquecimento global pela emissão de gás de carbono na atmosfera; a contaminação do solo por produtos industriais e farmacêuticos; o derretimento das calotas polares, entre inúmeros graves exemplos das consequências da interferência humana na natureza, desequilibrando o curso vital da criação e ferindo a fraternidade criatural. 

Sem exagero apocalíptico, a gravidade de tais fatos mostra que a vida no/do planeta está ameaçada. A humanidade e toda a criação sofrem com isso. A degradação ambiental afeta hoje o bem-estar de cerca de 3,2 bilhões de pessoas – ou seja, 40% da população mundial. 

Tal fato interpela a consciência de pessoas e comunidades religiosas, como também de não crentes, exigindo reflexão sobre as suas causas e consequências. E conclama ao engajamento coletivo em iniciativas que busquem superar a gravidade das problemáticas ecológicas. Em particular, às igrejas e religiões urge a cooperação ecumênica das forças de fé na defesa da vida na/da oikoumene, a Casa Comum. Isso mostra o vínculo intrínseco entre ecumenismo e ecologia. Tal é o que propomos refletir aqui, tendo por cenário o Brasil, explicitando a consciência ambiental de comunidades religiosas e organizações do movimento ecumênico local.

1 - Questões ambientais: uma interpelação às comunidades religiosas 

Nunca na história do Brasil, temos sofrido tão gravemente por questões ambientais como na atualidade. O mesmo pode ser dito em relação à toda a humanidade, pois o problema é global, mas concentramos o nosso estudo neste país. Ao longo dos anos de 2020 e 2021, cidades do Sul do Brasil, como Curitiba/PR, sofreram gravíssima escassez de recursos hídricos, chegando a um rodízio de 60hs com água e 36hs sem água nas residências; as estações de verão são cada vez mais quentes – em 2022, a temperatura da cidade do Rio de Janeiro chegou a 38ºC., com uma sensação térmica em torno de 50ºC; no final de 2021 e início de 2022, ocorreram fortes chuvas em diversas regiões como no Amazonas, nas regiões Sul da Bahía e Norte de Minas Gerais e em São Paulo1 ; há enormes regiões em processo de desertificação no Rio Grande do Sul; e existe perda da biodiversidade em todo o território brasileiro - pesquisas da revista Science alerta que até 2050, poderá ocorrer a extinção de cerca de 80% das espécies animais (anfíbios, mamíferos e aves) nas áreas de desmatamento (cf. OPERSAN, 2015). 

As causas de tal realidade são várias. Mas, entre elas, uma das mais expressivas é a ação humana, pelo destino inadequado do lixo doméstico, industrial e hospitalar; a poluição de 70% dos rios; a poluição ambiental nos ambientes urbanos; o uso inadequado do solo para a produção agrícola; o extrativismo mineral, a caça e a pesca ilegais e predatórias; o desmatamento da Amazônia2 . Tais fatos, entre outros, são consequ~encias de projetos econômicos que motivam ações predatórias da natureza. Leis existem para coibir excessos da ação humana no meio ambiente, como a Lei Nacional de Saneamento Básico - LNSB - Lei no 11.455, de 5 de janeiro de 2007, e o Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), que orientam o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), de forma participativa conforme Decreto no 8.211/2014. Mas tais leis existem não são implementadas porque interesses pautados apenas na lógica do mercado as suplantam. Isso forma costumes e hábitos antiecológicos, e como constata o Papa Francisco, “a degradação da natureza está estreitamente ligada à cultura que molda a convivência humana” (LS 6) nas sociedades atuais. Para mudar tal situação é preciso a revisa de valores que regem a sociedade. E “Somente do emergir da consciência ecológica surge a compreensão de que o ‘progresso’ na ótica capitalista entra num círculo vicioso que serve mais à morte que à vida” (WOLFF, 2015, p. 23). 

Tal situação interpela particularmente a consciência de pessoas e comunidades religiosas, clamando pelo diálogo sobre a Casa Comum e ações consequentes para o seu cuidado. A vivência da fé responsabiliza as pessoas crentes por ações de justiça socioambiental. Uma consciência verdadeiramente religiosa percebe que “Trata-se de uma situação alarmante, que precisa ser refletida com profundidade, tomando medidas urgentes para gerar um processo educacional que possibilite novos comportamentos frente aos recursos naturais do planeta” (WOLFF, 2019, p. 9). Na perspectiva cristã, a base para isso é a teologia da criação, desenvolvendo duas principais dimensões da relação humana com o meio ambiente: ética no sentido de compromisso e responsabilidade; e vocacional, como possibilidade para a vida que está ali. E tal fundamenta uma pastoral ecológica como serviço à criação que “geme e padece como em dores de parto” (Rm 8,22). Esse serviço é uma liturgia ecológica pela qual o culto ao Criador implica no reconhecimento da sua presença escondida em todo criado. A fé no Deus da vida implica em defender e promover toda vida que vem de Deus, em suas diferentes formas, como ensina o Papa Francisco, em comunhão com o Patriarca Bartolomeu II: “É nossa humilde convicção que o divino e o humano se encontram no menor detalhe da túnica inconsútil da criação de Deus, mesmo no último grão de poeira do nosso planeta” (LS 9). Isso requer nova mentalidade e novas atitudes das pessoas e das comunidades crentes. É preciso 

passar do consumo ao sacrifício, da avidez à generosidade, do desperdício à capacidade de partilha, numa ascese que “significa aprender a dar, e não simplesmente renunciar. É um modo de amar, de passar pouco a pouco do que eu quero àquilo de que o mundo de Deus precisa. É libertação do medo, da avidez, da dependência”. Além disso nós, cristãos, somos chamados a “aceitar o mundo como sacramento de comunhão, como forma de partilhar com Deus e com o próximo numa escala global” (LS 9). 

Assim, a concepção de um Deus Criador e da dignidade de todo o criado fundamenta a mudança de mentalidade e de atitudes em relação à criação e afirma a justiça em dois horizontes: para com Aquele que tudo criou segundo sua vontade (Ap 4,11); e para com as suas criaturas, as quais têm direito a existir como realização dessa vontade. Forma-se, assim, a fraternidade criatural, numa corresponsabilidade entre tudo o que compõem o universo, de modo que “As criaturas formam, em suas relações criaturais, espaço de criação umas para as outras” (SUSIN, 2003, p.70). E “Cada espaço é um lugar de relações vitais que precisa ser cuidado como o lar onde habita a vida e o ser que dela depende” (WOLFF, 2015, p. 25). Isso interpela as comunidades religiosas para que suas doutrinas e práticas integrem o cuidado com o meio ambiente como compromisso de fé. Afinal, “tudo está interligado” (PAPA FRANCISCO, 2015, n. 91). 

2 - Resposta ecumênicas

O compromisso acima proposto precisa ser assumido ecumenicamente, como afirmam igrejas em diálogo no Brasil: “Promover a justiça climática, assumir nossas responsabilidades pelo cuidado com a casa comum e denunciar os pecados que ameaçam a vida no planeta é a missão confiada por Deus a cada um e cada uma de nós” (CONIC, 2016, p.5). De fato, a pauta do movimento ecumênico é construída por questões éticas, socioculturais e ambientais, ampliando as discussões das primeiras fases, que giravam em torno de doutrinas. A obediência ao mandato de Jesus, “sejam um” (Jo 17,21), inclui as relações com todo o criado. Desse modo, reconfigura-se o entendimento de ecumenismo, indo além do universo intra-cristão, assumindo na oikoumene o diálogo intercultural e inter-religioso, o que alguns entendem como um “macro-ecumenismo” (CASALDÁLIGA; VIGIL, 1996, p. 192-200). Inclui-se a diversidade das formas de crer nas iniciativas por salvar a diversidade das formas de vida na Casa Comum. É o que as igrejas do CONIC expressam em carta ao Sínodo para a Amazônia, fazendo votos que as decisões do Sínodo “contribuam para uma ação evangelizadora encarnada na realidade dos povos das Florestas e na afirmação de que a Casa Comum, em toda a sua diversidade, é uma expressão da graça amorosa do Deus da Criação” (CONIC, 2019). 

Assim, comunidades religiosas em diálogo alertam para a gravidade dos problemas ambientais no Brasil. Em 2019, o Fórum Ecumênico ACT-Brasil (FEACT-Brasil) emitiu a nota Brasil, a Casa Comum em chamas, alertando para o “aprofundamento do processo de devastação, visível nas extensas queimadas na região Amazônica, em níveis alarmantes” (FEACT, 2019). Nesse ano foram registrados 89 mil focos de queimadas na Amazônia brasileira (MADEIRO, 2020). Em sua nota, FEACT-Brasil mostra um “um cenário socioambiental catastrófico” no país, responsabilizando o governo federal por favorecer a isso com atitudes de: 

flexibilização da legislação ambiental, adesão irresponsável e incondicional aos interesses de mineradoras e do agronegócio, liberação sem critérios de centenas de agrotóxicos, aumento dos conflitos no campo, desmantelamento do sistema nacional de Unidades de Conservação e da fiscalização ambiental, desterritorialização e violação de direitos de povos indígenas e de povos e comunidades tradicionais, cortes no orçamento de áreas estratégicas e desrespeito a acordos internacionais e à política climática (FEACT, 2019). 

São denúncias sérias, que mostram o profetismo da militância ecológica de organizações ecumênicas brasileiras. Na direção de FEACT-Brasil vão outras organizações ecumênicas, como a Coordenadoria Ecumênica de Serviços (CESE), o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), o Centro Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço, Rede Ecumênica da Água-Brasil (REDA) CONIC, entre outros. Essas organizações têm o cuidado pela integridade da criação presente em seus objetivos, pautas de discussão e ações junto às comunidades religiosas que as constituem. O CONIC, por exemplo, reza no seu Estatuto: “fortalecer o testemunho comum das igrejas-membro, fomentar o diálogo inter-religioso e promover interlocuções com organizações da sociedade civil e governo para a incidência pública, em favor de políticas que promovem a justiça, a paz e a integridade da criação” (CONIC, 2019. Grifo nosso). E são diversas as iniciativas ecológicas concretas para isso, como a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016 (CFE), que desenvolveu o tema “Casa comum: nossa responsabilidade”, com o lema, “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24); a “Iniciativa Inter-religiosa pelas Florestas” (CONIC 2021), assumindo a causa dos povos indígenas e seu habitat natural; a promoção do cuidado das águas, afirmando-a como dom divino, bem comum e denunciando sua mercantilização (CONIC, 2005). 

Destacamos a CFE 2016 e seu objetivo em torno ao saneamento básico. Buscou-se articular comunidades religiosas e a sociedade brasileira para “Assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo- -nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum” (CONIC, 2016). De fato, o Brasil sofre com as questões ambientais, como considerado acima. E o CONIC chama sobretudo as igrejas e religiões para contribuírem na superação dessa realidade propondo gestos concretos para suas comunidades, como a separação do lixo, a canalização da água da chuva e cobrar dos governos locais projetos políticos que assegurem o cuidado do meio ambiente em todas as suas exigências. São gestos possíveis, e necessários, de serem praticados pelas comunidades religiosas e toda a sociedade. 

Outra significativa iniciativa ecumênica existente no Brasil que muito contribui para uma consciência e ação ecológica ecumênica é a Rede Ecumênica da Água-Brasil (REDA). Criada em 22 de julho de 2021, a REDA-Brasil afirma três princípios fundamentais sobre a água: ela é dom de Deus, direito humano e de todas as criaturas, e um bem comum (REDA, 2021). Em torno a esses princípios a REDA-Brasil articula sete instituições3 nos objetivos de educar a sociedade para uma nova relação com as águas, evitando a sua poluição; cobrando dos governos uma gestão pública; garantindo a sua distribuição equitativa; lutando contra sua mercantilização. Ainda com pouco tempo de existência, a REDABrasil já se destaca na conscientização sobre a realidade das águas no Brasil e no mundo, propondo a educação de novas atitudes para com elas, como o incentivo na Campanha “100 mil jovens pela água”4 a formação das Blue Communities5 . Cabe destacar a participação da REDA-Brasil no IX Fórum Mundial Alternativo da Água (FAMA Dakkar, Senegal, em março de 2022), ocasião na qual a REDABrasil realizou dois eventos internacionais (online) e três eventos nacionais, tratando da água como sujeito de direitos na comunidade de vida, a água nas Tradições Espirituais, a espiritualidade/mística das águas6 . Além disso, a REDABrasil publicou a Mensagem das águas do Brasil às águas do mundo, enviado ao FAMA 2022, na qual ela coloca seus objetivos em comunhão com os objetivos do FAMA: “Juntos, queremos fortalecer os caminhos para uma conversão ambiental da humanidade, revendo suas relações com os recursos da natureza, especialmente a água” (REDA-Brasil, 2022, introdução). De fato, a dificuldade de acesso aos recursos hídricos é uma questão altamente preocupante na atualidade. Não obstante o fato de o Brasil possuir 12% da água doce do planeta e 53% da água doce de todo o continente latino-americano, há graves problemas no abastecimento da população. Pesquisas mostram que “cerca de 35 milhões de brasileiros – 5,5 milhões nas 100 maiores cidades do País –, não têm acesso à água potável e 100 milhões de pessoas à coleta e tratamento de esgotos” (AGÊNCIA CBIC, 2021). Apenas 11% dos rios no Brasil têm água de boa qualidade (TERA, 2021), há má gestão dos recursos hídricos e acentua-se tanto a cultura do desperdício quanto propostas de mercantilização da água. 

Cabe citar ainda, duas outras organizações ecumênicas que têm a ecologia em sua pauta do diálogo ecumênico: a CESE, com lutas pelo direito à terra, água e território, com a distribuição equitativa dos bens e um estilo de vida sustentável. Em 2017, a CESE lançou a Campanha da Primavera sobre “O clamor dos pobres e da terra ferida”, denunciando as “injustiças socioambientais provocadas pela mineração e sua cadeia produtiva, de transformação, escoamento e exportação” (CESE, 2017). Analisando as consequências ambientais e sociais nos lugares onde se implantam projetos de mineração, a CESE afirma que 

É uma irresponsabilidade promover a dependência econômicados municípios a atividades minerais intensivas em exploração, que são capazes de empouco tempo esgotar sua produção ao passo em que deixam como heranças irreversíveis para as atuais e futuras gerações a contaminação e depredação dosterritórios, inviabilizando, inclusive, outras atividades econômicas que teriam potencialde serem socialmente justas e ambientalmente sustentáveis (CESE, 2017). 

Outra organização ecumênica que aqui citamos (sem podermos contemplar todas) é o Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço, que tem como uma de suas ações o “Diálogo ecumênico e inter-religioso pela Amazônia”, com o objetivo lutar contra a exploração do território, a espoliação da dignidade humana e os fundamentalismos religiosos, de perspectiva cristã, existentes na região (KOINONIA, 2021). 

Esses são apenas alguns dos muitos exemplos de compromisso ecológico no movimento ecumênico brasileiro. O que se espera é que tais iniciativas tenham incidência efetiva nas comunidades religiosas que pertencem às organizações ecumênicas no Brasil, desenvolvendo a consciência da gravidade das questões ambientais, e fortalecendo iniciativas concretas para a sua superação. Isso deve possibilitar um repensamento do que se considera “progresso”, favorecendo um real desenvolvimento social e humano sem causar danos ao meio ambiente. Esse repensamento precisa atingir o centro do conhecimento técnico-científico, o seu método de análise e da objetivação dos sistemas de vida naturais, superando a submissão da criação à vontade individualista isolada e dominadora (WOLFF, 2015, p. 23). As organizações ecumênicas no Brasil contribuem para isso, afirmando o humano como um membro da criação, com princípios éticos e religiosos que concorrem para a promoção de uma comunidade de vida em todas as suas formas. Urge aprender a usar sem exaurir os recursos da natureza, a rever a estética do consumo no mundo atual e propondo uma estratégia de educação integrada e permanente para a sustentabilidade do mundo em que vivemos. 

3 - Consciência e ação ecológica local, em parceria com projetos globais

O vínculo entre ecumenismo e ecologia no Brasil integra-se com iniciativas ecumênicas de âmbito global, instando os povos do mundo todo a darem uma atenção especial aos problemas ambientais que ameaçam a vida na/da terra. Urge tomar medidas coletivas para evitar tragédias ambientais em níveis glocais, como assinala o Papa Francisco, “O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar” (LS, 13). De fato, os problemas ambientais são planetários, de modo que as inciativas para os resolver precisam ser globalmente articuladas. Assim, o compromisso ecológico do movimento ecumênico no Brasil é uma importante contribuição também para o Projeto Educativo Global proposto pelo papa Francisco (2019). 

Ainda no século XX, propostas ecológicas do movimento ecumênico brasileiro vinculam-se com o Processo Conciliar de Mútuo Compromisso para a Justiça, a Paz e a Integridade da Criação (JPIC), aprovado na VI Assembleia Geral do CMI (Vancouver, Canadá, 1983). Esse “processo conciliar” teve seu auge na Assembleia Ecumênica Mundial para Justiça, Paz e Integridade da Criação - Seoul, 1990 (CMI, 2001a), articulando as igrejas em torno dos temas da Aliança de Deus com a humanidade e as questões socioambientais. Nas 10 questões que formam o núcleo da discussão estão: “A criação é predileta de Deus”; e “A terra é do Senhor” (CMI, 2001a, p. 1546-1557). Para as igrejas, o cuidado da criação é expressão do ato de fé no Deus criador, o que exige garantir o direito ao uso dos recursos da natureza de forma equitativa entre pessoas e povos. Isso transcende o universo das igrejas, pois na Casa Comum tem lugar outras religiões (e as culturas) que precisam interagir para cuidá-la: “Buscamos, portanto, o diálogo e a cooperação com eles (membros das religiões), guiados pela visão do novo futuro, necessário para a sobrevivência do nosso planeta” (CIMI, 2001a, 1547). 

Esses temas de Seul foram retomados pela VII Assembleia do CMI (Camberra, Austrália, de 7 a 20 de fevereiro de 1991) sob o tema “Vem Espírito Santo, renova toda a criação” (CMI, 2001b). Aqui o CMI afirma uma teologia da criação que relaciona a presença do Espírito e os esforços por sustentabilidade da vida no planeta (CMI, 2001b, 1237-1239); uma ética da economia e da ecologia (CMI, 2001b, p. 1239-1243); o compromisso das igrejas por todo o criado (CMI, 2001b, p.1243). Os temas do Espírito e da criação são entendidos como um aprendizado herdado dos povos indígenas e das diferentes culturas. E além do cuidado da terra, expressa também o compromisso com as mulheres, os pobres e a comunidade científica (CMI, 2001b, p. 1238). A VII Assembleia de Camberra fez uma declaração universal das obrigações do ser humano com a natureza (CMI, 2001b, p. 1243), apresentando elementos para uma educação ecológica, uma ética da economia e da ecologia, uma nova e inclusiva experiência de comunidade e partilha e uma espiritualidade contra a avidez destruidora da natureza (CMI, 2001b, p. 1239.1242). 

Essas propostas do CMI ecoam no movimento ecumênico brasileiro no século XXI. À época do lançamento do “processo conciliar JPIC”, estudiosos no Brasil constatavam que “é imperioso concluir que o ecumenismo latino- -americano pode e deve (!) prestar uma contribuição significativa no processo conciliar e na planejada assembleia mundial para paz, justiça e integridade da criação” (TIEL, 2008, 156). Na Consulta que o CMI realizou sobre “Pobreza, Riqueza e Economia” na América Latina (Guatemala, 06 a 10 de outubro de 2008), participantes do Brasil vincularam a pobreza com questões ambientais, propondo caminhos para superar a dívida socioambiental e reverter a construção da desigualdade social neste país (IULIANELLI, 2009, 139-144). A Consulta sobre “Pobreza, Riqueza e Ecologia” lançada na IX Assembleia Geral do CMI (Porto Alegre, Brasil, 2006) com o documento AGAPE, é uma referência para estudo desses temas, como se pode ver na sua realização entre 2007-2008 na África, na América Latina e na Ásia-Pacífico (PEREIRA, 2012). O resultado da Consulta se divide em três linhas: 1) a Cosmovisão indígena; 2) o Cristianismo e as estruturas de igreja; 3) o modelo econômico, político e social (CLAI, 2009; PEREIRA, 2012, p. 37-38). 

Outras organizações religiosas no Brasil também assumiram o projeto de JPIC, buscando compreender como se relacionam pobreza, ecologia e riqueza, seus impactos na economia global, e como superar os problemas socioambientais que se expressam nessa relação (ORDEM DOS FRADES MENORES, 2022; MISSIONÁRIOS CLARETIANOS DO BRASIL, 2022; IRMÃS PIAS DISCÍPULAS DO MESTRE DIVINO, 2022). Constata-se que, não obstante o fato de no período da Consulta o Brasil ter um governo aparentemente popular, “Em relação à questão ambiental, há uma forte contradição no governo, entre uma certa visão de desenvolvimento e uma certa visão de sustentabilidade (IULINANELLI, 2009, 129). Além disso, esse governo “identificava o meio ambiente e os indígenas como empecilhos para o desenvolvimento” (ibid). E o projeto de transposição do Rio São Francisco - não obstante o jejum de protesto feito por Dom Luiz Cappio - bem como a disputa pelo licenciamento ambiental para construir hidrelétricas na Amazônia, foram expressões “do pouco caso à questão ecológica do governo” (ibid). 

É importante retomar aqui os compromissos ecumênicos com a água, por ser esta uma questão crucial em nossos tempos. Lembramos a atuação do CONIC na Década Internacional da Água (2005-2015), sendo um dos signatários, em 2005, da “Declaração ecumênica sobre a água como direito humano e bem público7 . Num espírito ecumênico, a Declaração reconhece a água como fundamental para a vida, o direito ao acesso por todas as pessoas, o seu significado espiritual. E explicita graves problemas, como a poluição e escassez das águas em nossos dias. Propõe às sociedades e aos governos “Que sejam definidas prioridades legais para o uso da água”; e “Que o direito humano à água tenha um marco legal através de uma Convenção Internacional da Água, a ser definida pelas Nações Unidas” (CONIC, 2005), entre outras exigências para afirmar a justiça das águas. Outra ação ecumênica a favor das águas foi a criação da Tenda Inter-religiosa no VIII Fórum Mundial Alternativo da Água, que aconteceu em Brasília, em março de 2018. Na ocasião, organizações ecumênicas do Brasil publicaram em parceria com organizações internacionais a Mensagem das religiões e espiritualidades aos povos, afirmando que “as águas clamam por justiça socioambiental que supere os projetos deprivatização, mercantilização e a depredação da natureza” (CONIC, 2018). A Mensagem diz que as águas pedem às religiões e às espiritualidades para que sejam no mundo “voz profética, denunciando os projetos de morte e defendendo propostas éticas e políticas que superem a desordem provocada pelas injustiças sociais e ambientais” (CONIC, 2018). 

4 - Contribuições teológicas 

Do que consideramos até aqui, cabe colher elementos para uma teologia ecológica a partir do movimento ecumênico brasileiro. Primeiro, é importante considerar que na práxis ecológica ecumênica a teoria e a prática vão juntas. E a urgência do enfrentamento concreto das questões ambientais, não obstante sua complexidade, não podem esperar que primeiro haja soluções no âmbito teórico para somente então agir. A teoria é criada a partir do agir e no agir, pois há um pensamento em ação e a ação que dá o que pensar. No âmbito teológico, dizemos que isso supera a dicotomia fé e vida, Deus-mundo: “E contemplar a Deus na história humana e nas relações dos ecossistemas significa viver uma espiritualidade, na qual se supera a dicotomia entre matéria e espírito” (MAÇANEIRO, 2011, p. 94). Então é a fé que motiva o agir ecológico no movimento ecumênico brasileiro, e isso tem razões teológicas que iluminam esse agir como lugar do encontro entre imanência e transcendência, finitude e infinitude, humano e divino. O compromisso ecológico no presente, coloca-nos num horizonte de futuro, experienciando já agora algo do “novo céu” e da “nova terra” que buscamos (cf. 2 Pe. 3,13; Ap 21,1). 

Assim, “Na tradição judaico-cristã, dizer ‘criação’ é mais do que dizer natureza, porque tem a ver com um projeto do amor de Deus, onde cada criatura tem um valor e um significado” (LS 76). O mundo e a natureza não são meros objetos, mas um universo simbólico, com significados que transcendem sua materialidade: “tudo é carícia de Deus” (LS 84). T. de Chardin (1980) entendia que o universo está caminhando para ponto final onde tem perfeita maturação e união com a realidade divina. Para Moltmann (1987, p. 19), “todas as criaturas encontram ... pátria e repouso em Deus”. Pois o clímax da história do mundo possui intrinsecamente dimensões escatológicas, pelo que o eixo da escatologia é deslocado: da projeção ao além-morte para a promessa e o futuro (MOLTMANN, 2003). Desse modo, a criação tem um horizonte de sacramentalidade pelo qual nos possibilita contemplar o Transcendente, Deus, Criador, como Realidade Primeira e Última de tudo: “Então cada criatura é objeto da ternura do Pai que lhe atribui um lugar no mundo. Até a vida efêmera do ser mais insignificante é objeto do seu amor” (LS 77). Desse modo, na práxis ecológica há o reconhecimento da finalidade da realidade criada como glorificação de Deus, o que exige penetrar com fé no seu mistério presente em tudo, compreendendo “o todo como aberto à transcendência de Deus” (LS 79). 

Isso leva leva-nos a produzir uma teobiologia, que aqui entendemos com significado mais amplo que a ecoteologia. O echos é o lugar onde o bios se abriga e se desenvolve, com características específicas das condições vitais desse lugar, o que forma os eco-sistemas de vida. O bios é a força constante em todos os eco-sistemas e o que os conecta entre si. Há uma bio-diversidade em cada ecossistema e entre eles, como formas diferentes de a vida se manifestar. O mundo é biocêntrico, onde a força vital é o que dá consistência e dinamiza toda realidade. É nessa força que pessoas e comunidades de fé identificam a divindade, o Sentido Último, o Transcendente, Deus. Na teobiologia, a compreensão da vida dos diferentes ecossistemas parte de Deus mesmo e tem sua finalidade em Deus: “O fim último das restantes criaturas não somos nós. Mas todas avançam, juntamente conosco e através de nós, para a meta comum, que é Deus” (LS 83). Isso se vincula com o significado do radical grego hólon, “todo”, de onde derivam os termos “holístico” e “católico” como totalidade e plenitude das expressões do Deus da vida no mundo da criação. A fé reconhece Deus na vitalidade do todo. “Vida” é um dos nomes pelos quais reconhecemos Deus nas coisas e em nós humanos. Deus não é a vida da natureza, não se confunde com ela, mas é sua causa e sua finalidade. Deus é Vida que se expressa por outras vidas, num pan- -em-teísmo que permite a vida se desenvolver por um complexo sistema de elementos que interagem. Pois “O Espírito de Deus encheu o universo de potencialidades que permitem que, do próprio seio das coisas, possa brotar sempre algo de novo” (LS 80). Por isso tudo pertence a Deus que ama a vida (cf. Sab 11, 26). E a vida é o que sustenta o cosmos, a terra, os oceanos, a atmosfera, as plantas, os animais. É nessa perspectiva do holismo vital ecológico que o ecumenismo no Brasil fortalece uma relação interação entre o ser humano e a criação, sendo ele mesmo um elemento da criação. E isso vincula intrinsecamente ecologia e ecumenismo numa “ecologia integral” que equilibra todos os seres e elementos da realidade num complexo sistema de relações, interconexões, interdependências e intercâmbios que forma a oikoumene, nossa Casa Comum. Uma iniciativa ecológica que não fosse ecumênica seria contraditória; e um ecumenismo que não considere a criação e tudo o que forma a oikos, oikia, oikoumene, como Casa Comum, seria carente e limitado na comunhão que busca pelo diálogo entre igrejas e religiões, os povos e suas culturas. 

Conclusão 

A causa ecológica é assumida pelas igrejas e religiões que no Brasil dialogam sobre a oikoumene, emanam orientações para seus fiéis orientando as relações com o meio ambiente, e se integram em organizações locais e mundiais que promovem a cultura do cuidado da Casa Comum. O vínculo entre ecologia e ecumenismo colabora para que nas comunidades religiosas se desenvolva a consciência de que toda pessoa participa do destino da natureza. O movimento ecumênico no Brasil contribui, assim, para uma mudança de mentalidade, de concepção da realidade, de lógica na relação prática com todos os seres da criação, em particular com os recursos que a natureza oferece para a nossa sobrevivência. 

Tal consciência e prática ecológicas fundamentam-se na fé de cada comunidade religiosa, de modo que o compromisso ecológico do movimento ecumênico tanto parte das teologias das comunidades religiosas, quanto apresentam elementos para revisão e fortalecimento dessas teologias. A vida da criação é lugar teológico. E isso precisa ser afirmado ecumenicamente. Nas ações a favor de uma ecologia integral, as diferentes comunidades de fé criam condições para dialogarem sobre questões doutrinais e espirituais. Entre as igrejas, aí se expressam sintonias e consensos sobre Deus criador e sua obra. Entre as religiões, emergem importantes convergências no horizonte da mística que orienta a relação com a natureza. O fundamental é que em torno às questões ecológicas, o movimento ecumênico impulsione as comunidades religiosas para compromissos com o cuidado da Casa Comum. Daqui a sintonia do movimento ecumênico no Brasil com projetos globais, como JPIC, o projeto da Casa Comum, o Pacto Educativo Global. Então, as demandas locais do diálogo se integram e se fortalecem com as demandas mundiais, de modo que o ecumenismo no Brasil não acontece isoladamente, cada ação local está integrada e é uma contribuição para a solução de problemas que as igrejas e a humanidade enfrentam globalmente. Quando pensamos a oikoumene como Casa Comum, as particularidades do movimento ecumênico brasileiro se integram num projeto ecumênico amplo e universal. Assim, o ecumenismo no Brasil ganha visibilidade e se fortalece com parcerias que o impulsionam em suas motivações, objetivos e recursos. E nesse sentido, as igrejas podem progredir na fé comum em Cristo, para quem tudo na criação converge, explicitando a catolicidade da fé cristã.   

Referências

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WOLFF, Elias. Águas para a vida”! Apelo aos povos e seus credos. São Paulo: RECRIAR, 2019. 

Notas

[1]  Em um único dia, 15 de fevereiro de 2022, a cidade de Petrópolis recebeu 259.8 mm de chuva, sendo que 250 mm foram em apenas 3hs, o que ocasionou 775 deslizamentos de terra que resultaram em mais de 100 mortes e a perda de residências para milhares de famílias.  

[2] De agosto de 2020 a julho de 2021, a Amazônia Legal perdeu 10.476 km² de floresta (MODELLIN, 2021)   

[3] A saber: Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil - CONIC; Coordenadoria Ecumênica de Serviços - CESE; Núcleo Ecumênico e Inter-religioso – PUCPR; Centro de Estudos e Ação Social – CEAS; Instituto Oca do Sol; Iniciativa das Religiões Unidas – URI; ÁGORA dos/ das Habitantes da Terra/Brasil.    

[4] Iniciativa de Ágora dos/as Habitantes da Terra/Chile, mas que é assumida por Ágora/Brasil e a REDA-Brasil. Ver: https://wiconnect.iadb.org/en/osc/agora-dos-das-habitantes-da-terra-aht/   

[5] Iniciativa que surgiu no Conselho Canadense em 2009, de tornar escolas, universidades, igrejas, municípios, cidades, empresas, etc., numa “Comunidade Azul”, assumindo compromissos concretos no cuidado da água. Ver: https://canadians.org/bluecommunities 

[6] Todos os eventos podem ser vistos no Canal Youtube do Núcleo Ecumênico e Inter-religioso da PUCPR – NEIR.        

[7]  As outras organizações signatárias são a Convenção de Igrejas Evangélicas da Suíça; a Conferência dos Bispos da Suíça; a Conferência Nacional de Bispos do Brasil.