10 anos do pontificado de Francisco: um resgate e uma proposta de leitura do Bispo de Roma como texto à luz da perspectiva de Paul Ricoeur

10 years of the pontificate of Francisco: a rescue and a proposal Bishop of Rome as a text in the light of Paul for reading the Ricoeur's perspective

Texto enviado em

Donizete José Xavier
Doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (PUG-IT). Professor de Teologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Contato: djxavier@pucsp.br

Tiago Cosmo da Silva Dias
Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Professor da Faculdade de Filosofia e Teologia Paulo VI de Mogi das Cruzes -SP. Contato: pe.tiagocosmo@gmail.com

Voltar ao Sumário

Resumo: Era o dia 13 de março de 2013 quando o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio apareceu na sacada da Basílica de São Pedro. Tudo nele falava, seja dele, pessoalmente, seja do seu próprio projeto para a Igreja que, logo nos primeiros discursos, entrevistas e gestos, foi também se mostrando aos poucos. Neste ano, completam-se já 10 anos do pontificado de Francisco que, mais do que deixar uma herança em termos teológicos, representa, em si mesmo, um rumo para a Igreja, como um grande iniciador de processos. Nesse sentido, este artigo procura resgatar brevemente o histórico de sua vida para apontar o quanto, efetivamente, toda sua vivência e formação contribuíram eficazmente para que, hoje, o Papa realize com tanta coragem o seu ministério, como um filho do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965). Ao mesmo tempo, partindo das análises de Ricoeur (1913-2005), apresenta-se o bispo de Roma como um texto, que deve ser interpretado e vivido, concretamente, pela Igreja, a fim de que esta se compreenda sempre melhor e, à luz do que pedia o Concílio, faça também o seu aggiornamento para o século XXI.

Palavras-Chave: Papa Francisco; 10 anos; Paul Ricouer; Texto

Abstract: It was March 13, 2013 when Argentine Cardinal Jorge Mario Bergoglio appeared on the balcony of St. Peter's Basilica. Everything about him spoke, be it him, personally, or his own project for the Church that, even in the first speeches, interviews and gestures, was also showing itself little by little. This year marks the 10th anniversary of Francis' pontificate, which, more than leaving a legacy in theological terms, represents, in itself, a path for the Church, as a great initiator of processes. In this sense, this article seeks to briefly rescue the history of his life to point out how, effectively, all his experience and training contributed effectively so that, today, the Pope carries out his ministry with such courage, as a son of the Second Vatican Ecumenical Council. (1962-1965). At the same time, based on Ricoeur's analysis (1913-2005), the bishop of Rome is presented as a text, which must be interpreted and lived concretely by the Church, so that it is always better understood and, at the same time, In the light of what the Council asked for, please also update it for the 21st century.

Keywords: Pope Francis; 10 years; Paul Ricoeur; Text

Introdução

Completados os 10 anos do pontificado de Francisco – um período breve, se se pensar em termos de Igreja -, muito já se falou acerca deste bispo de Roma que, embora agrade a muitos, também é alvo de duras críticas, especialmente à ala mais conservadora, a quem qualquer mudança é um atentado ao que eles entendem por “tradição eclesial”.

O artigo objetiva, em um primeiro momento, resgatar brevemente a história de vida de Francisco, para depois salientar alguns dos aspectos que, já na sua primeira aparição, ficaram claros, sobre o ministério que o Papa estava iniciando. O intuito, numa sessão final, é encará-lo como um texto, que precisa ser lido e interpretado, a partir do qual a Igreja precisa se encaminhar sob pena de a história, num futuro não muito distante, cobrar-lhe um preço alto. Nesta última parte, as análises têm como pressupostos o pensamento de Paul Ricoeur (1913-2005).

1. Jorge Mario Bergoglio

Era o dia 13 de março de 2013 quando o conjunto de cardeais votantes, que somavam 115, enclausurados na capela Sistina em conclave, escolheu o cardeal Jorge Mario Bergoglio como bispo diocesano de Roma. Era um nome desconhecido. À época, os cardeais papáveis, cogitados pela imprensa[1], eram Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, Brasil, que se dizia ser o candidato da Cúria; Gianfranco Ravasi, da Itália, que era presidente do Pontifício Conselho para a Cultura; Angelo Scola, arcebispo de Milão, também da Itália; Péter Erdo, arcebispo de Budapeste, da Hungria; Marc Ouellet, que era prefeito da Congregação para os Bispos e havia sido arcebispo de Quebec, Canadá; Timothy Dolan, arcebispo de Nova Iorque, EUA; e Sean Patrick O’Malley, cardeal de Boston, EUA.

Nenhum destes, porém, foi o escolhido. Bergoglio era o primeiro em diversas instâncias: o primeiro papa jesuíta, o primeiro papa do continente americano e do hemisfério sul. Era o primeiro não europeu escolhido em mais de 1200 anos, desde Gregório III (731-741), que nascera na Síria (Ásia). Mas, afinal, qual era a história do novo papa? O que motivara os cardeais a escolherem-no como o novo bispo de Roma?

Bergoglio nasceu em Buenos Aires no dia 17 de dezembro de 1936, no seio de uma família católica. É o filho mais velho entre cinco irmãos. Aos 20 anos, foi submetido a uma cirurgia, em virtude de uma grave enfermidade, que lhe extirpou parte do pulmão – aliás, esta é a razão pela qual o papa não canta. Apesar da saúde boa, em geral, havia uma preocupação de que fosse afetado, em algum momento, por uma infecção pulmonar, o que diminuiria ainda mais sua reserva respiratória. 

Com 21 anos, optando pelo presbiterato, entrou no Seminário de Villa Devoto, em Buenos Aires. No dia 11 de março de 1958, passou para o noviciado da Companhia de Jesus e foi estudar no Chile, onde aprofundou os estudos de história, literatura, latim e grego. Retornando para Buenos Aires em 1960, obteve a licenciatura em Filosofia e, entre 1964 e 1965, lecionou Literatura e Psicologia no Colégio da Imaculada de Santa Fé e, em 1966, lecionou as mesmas disciplinas no Colégio do Salvador, de Buenos Aires. Os quatro anos de Teologia foram cursados entre 1967 e 1970. 

No dia 13 de dezembro de 1969, com 33 anos, foi ordenado presbítero pelo arcebispo emérito de Cordoba, Dom Ramón José Castellano (1903-1979). Aos 36 anos, no dia 22 de abril de 1973, fez a profissão perpétua como religioso, com 36 anos; e no dia 31 de julho do mesmo ano, foi eleito provincial da Argentina, cargo que exerceu por seis anos. Durante este período, sofreu com o golpe militar e a ditadura instaurada na nação argentina. Bergoglio teria ajudado a salvar perseguidos e ameaçados de morte pelos militares a saírem do país. 

Os estudos de pós-graduação foram feitos na Alemanha, a partir de março de 1986, assim como cursos especiais de espiritualidade. Além do espanhol, Bergoglio fala com fluência italiano, alemão, inglês, francês, latim; lê e escreve em português.

No dia 20 de maio de 1992, o então papa João Paulo II designou Bergoglio como bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires, aos 55 anos de idade, sendo sagrado bispo em 27 de junho do mesmo ano na catedral portenha. Seu lema foi: Miserando atque elegendo – olhou-o com misericórdia e o escolheu. No dia 3 de junho de 1997, foi nomeado arcebispo coadjutor de Buenos Aires. Com a morte do arcebispo titular, o cardeal Antonio Querracino (1923-1998), no dia 28 de fevereiro de 1998, Bergoglio assumiu como primeiro jesuíta primaz da Argentina. Pouco tempo depois, no dia 6 de novembro do mesmo ano, João Paulo II o nomeou como bispo responsável pelos fiéis de rito oriental residentes na Argentina que não contassem com um bispo de seu próprio rito. 

Altemeyer Júnior (2013, p. 116) escreve que, como arcebispo metropolitano de Buenos Aires, Bergoglio procurou animar sua Igreja para viver um projeto missionário pautado pela comunhão e pela evangelização, cujos objetivos eram quatro: uma comunidade aberta e fraterna; protagonismo de um laicato consciente; evangelização voltada para cada um dos habitantes da cidade; assistência aos pobres e aos enfermos. O arcebispo convidava padres e leigos a um trabalho conjunto.

As pessoas que tiveram contato com ele nessa época dizem que era conhecido por sua austeridade e pela simplicidade de vida. Em lugar de morar no palácio episcopal, vivia sozinho em um pequeno apartamento, no segundo andar do Arcebispado, onde preparava seu próprio jantar. Algumas jornalistas ponderam ‘as habilidades culinárias de Francisco’. É já célebre a anedota de sua primeira visita ao Seminário como arcebispo de Buenos Aires. Terminado o almoço, o reitor do Seminário perguntou-lhe se queria dizer algumas palavras aos seminaristas. “Sim”, respondeu o arcebispo. “Hoje eu lavo os pratos”. A partir desse dia tornou-se um costume elegante que os docentes do Seminário lavassem seus pratos. Será que os cardeais da Santa Mãe Igreja vão querer seguir os hábitos austeros do novo papa? (GONZÁLES-QUEVEDO, 2015, p. 55-56)

No dia 21 de fevereiro de 2001, aos 64 anos, tornou-se cardeal, recebendo o barrete vermelho das mãos de João Paulo II. Participou como relator geral adjunto da X Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, no Vaticano, acontecido em 2001. Na Santa Sé, foi membro da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos; da Congregação para o Clero; da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. Também integrou o Pontifício Conselho para a Família, a Comissão para América Latina (CAL) e o Conselho Ordinário da Secretaria Geral para o Sínodo dos Bispos.

Entre 2002 e 2005, foi vice-presidente da Conferência Episcopal Argentina. Em 2005, foi denunciado por supostas conexões ou omissão diante do sequestro de dois padres jesuítas pela ditadura argentina: Orlando Virgilio Yorio e Francisco Jalics, em 23 de maio de 1976, quando ele era o superior provincial dos jesuítas. As denúncias foram desmentidas pelo próprio Jalics, que contradisse de forma bastante categórica a todas as insinuações. 

Naquele mesmo ano, no dia 9 de novembro, Bergoglio foi eleito Presidente da Conferência Episcopal Argentina, para o triênio 2005-2008 e reeleito, depois, para o triênio 2008-2011. Na V Conferência do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, acontecida em Aparecida, em 2007, da qual participou ativamente, Bergoglio foi o presidente da comissão de redação do texto final. Às vésperas de sua eleição para a diocese de Roma, Jorge Mario havia sido nomeado membro da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL), no dia 23 de fevereiro de 2013. Foi eleito papa alguns dias depois, no dia 13 de março, aos 76 anos de idade. 

1.1 A eleição de Bergoglio ao bispado de Roma

Durante o conclave, quando a eleição de Bergoglio já havia sido constatada pelo colégio de cardeais, apesar de não se ter anunciado ainda a totalidade dos votos, o cardeal arcebispo emérito de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, OFM (1934-2022), teria se antecipado e depois de abraçar e beijar o novo papa, lhe dito: “Não se esqueça dos pobres”. Estas palavras, segundo Ivereigh (2014, p. 363), teriam ficado na mente de Bergoglio como um mantra, a ponto de lhe trazer à mente um nome importante: Francisco de Assis, o homem da pobreza, da paz e que amava cuidar da criação. Por isso, após a eleição, quando lhe perguntado que nome tomaria, Bergoglio respondeu: “Eu escolho o nome Francisco, em honra a São Francisco de Assis”. Os cardeais o aplaudiram (IVEREIGH, 2014, p. 363). 

No horário de Roma, eram 20h22 quando Bergoglio, já anunciado Papa Francisco, apareceu na sacada da Basílica de São Pedro. Sua aparição chamava a atenção em diversos aspectos, sem que ele dissesse uma só palavra: o novo papa apareceu usando a mesma cruz peitoral que havia levado de Buenos Aires e que o acompanhara durante todo o conclave. Eram paramentos simples de um Papa que queria ser simples. Não chegou usando a tradicional mozeta e, muito menos, a estola – esta última foi colocada apenas na hora de dar a bênção e retirada logo em seguida. Além do mais, o Papa evitava o “saudosismo”, ou seja, não ficava acenando à multidão, mas apenas, por um breve momento, mostrou-lhe a mão, como quem cumprimentava e, ao mesmo tempo, dizia: “Não é necessário tanto”.

            É chegado o momento do novo Papa falar:

Irmãos e irmãs, boa-noite!

Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. Parece que os meus irmãos Cardeais tenham ido buscá-lo quase ao fim do mundo… Eis-me aqui! Agradeço-vos o acolhimento: a comunidade diocesana de Roma tem o seu Bispo. Obrigado! E, antes de mais nada, quero fazer uma oração pelo nosso Bispo emérito Bento XVI. Rezemos todos juntos por ele, para que o Senhor o abençoe e Nossa Senhora o guarde.

[Recitação do Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai]

E agora iniciamos este caminho, Bispo e povo, Bispo e povo, Bispo e povo... este caminho da Igreja de Roma, que é aquela que preside a todas as Igrejas na caridade. Um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos sempre uns pelos outros. Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade. Espero que este caminho de Igreja, que hoje começamos e no qual me ajudará o meu Cardeal Vigário, aqui presente, seja frutuoso para a evangelização desta cidade tão bela!

E agora quero dar a Bênção, mas antes… antes, peço-vos um favor: antes de o Bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que me abençoe a mim; é a oração do povo, pedindo a Bênção para o seu Bispo. Façamos em silêncio esta oração vossa por mim. […] Agora dar-vos-ei a Bênção, a vós e a todo o mundo, a todos os homens e mulheres de boa vontade.

[Bênção]

Irmãos e irmãs, tenho de vos deixar. Muito obrigado pelo acolhimento! Rezai por mim e até breve! Ver-nos-emos em breve: amanhã quero ir rezar aos pés de Nossa Senhora, para que guarde Roma inteira. Boa noite e bom descanso! (PAPA FRANCISCO, 2013)

Segundo Ivereigh (2014, p. 365), a grande reforma já estava anunciada nestas primeiras palavras do novo Papa. Como escreveu também Passos, “a mudança apareceu em carne viva, nos gestos e já nas primeiras palavras marcadas por informalidade, simpatia e humildade” (PASSOS, 2013, p. 86).

No primeiro momento que o homem que rapidamente será definido como o “papa do povo” encontra o mundo, seu discurso é impostado de forma a responder a uma necessidade: a proximidade e simplicidade que uma Igreja, testada por um contexto histórico difícil e por muitos escândalos, é fortemente convidada a testemunhar. Além disso, com uma abordagem deste tipo, Francisco já revela muito de sua personalidade e de seu modo de comunicar: o estilo sóbrio, a humildade, a propensão nata ao diálogo, à relação direta, que desde as sucessivas aparições públicas se traduzirá também na necessidade física do abraço (VIGANÒ, 2017, p. 17).

Uma primeira realidade que chama a atenção é o fato de o Papa se autointitular bispo de Roma. Aliás, desde então é assim que se apresenta: bispo de Roma. Como escreveu Aquino Júnior (2013, p. 213), isso é extremamente importante para viver a colegialidade episcopal e para a unidade das Igrejas cristãs, além de estar em profunda sintonia com a eclesiologia do Vaticano II. De fato, ao se autointitular bispo de Roma, Francisco se demonstrou aberto ao diálogo ecumênico e já deu a entender que o Papa não é, de forma alguma, uma espécie de “super bispo”. Ele é, sim, o bispo diocesano de Roma e, enquanto tal, preside o colégio dos bispos, sendo sinal da unidade da Igreja. Mas o detalhe maior ainda, se assim se pode dizer, é o fato de primeiro o Papa conversar com o seu povo, os seus diocesanos, e fazer referência a Bento XVI como “nosso bispo emérito”. Apesar de ser uma realidade nova e possível, fazia quase 600 anos que um bispo de Roma havia renunciado ao ministério. Além disso, é importante destacar que a grande maioria dos fiéis vê o Papa como uma espécie de bispo universal, e não como bispo de uma igreja particular que “preside as demais na caridade”. Ao referir-se a Bento XVI como bispo emérito, Francisco parecia situar seu antecessor no seu respectivo lugar, embora a ala conservadora ainda prefira chamá-lo de “Papa emérito”. 

Para Hoornaert, ao se chamar de bispo de Roma, o Papa Francisco:

[...] lembrou que a primeira instituição do cristianismo é o episcopado, e não o papado. Efetivamente, a instituição episcopal deita raízes sólidas na origem do cristianismo, pois se refere a uma função já existente no sistema sinagogal judeu, antes de Jesus. A palavra “bispo” (que significa “supervisor”) é encontrada diversas vezes nos textos do Novo Testamento (1Tm 3,2; Tt 1,7; 1Pd 2,25 e At 20,29), onde aparece igualmente o substantivo “episcopado” (1Tm 3,1). [...] O episcopado registra, ao longo dos séculos, páginas luminosas de vida evangélica e lutas contra a supremacia papal, que hoje desaguam no combate em prol da colegialidade episcopal (uma ideia do Concílio Vaticano II). Trata-se de fortalecer o poder dos bispos e limitar o poder do papa. Mas essa luta não registrou, nos últimos tempos, avanços consideráveis, principalmente pela reação dos Papas João Paulo II e Bento XVI (HOORNAERT, 2013, p. 153-154).

No dia seguinte, como prometera, ao se deslocar para a Basílica de Santa Maria Maior, o novo Papa dispensou a limusine, própria dos pontífices, e usou um carro comum. Passou pela Casa do Clero, onde se hospedara em Roma, e fez questão de pagar a sua conta. Dispensou também o espaço do apartamento pontifício no Palácio Apostólico, que disse que seria usado apenas para audiências a personalidades e para a recitação do Angelus ou do Regina caeli aos domingos. Decidiu morar na Casa de Santa Marta, onde convive com residentes permanentes e com convidados ocasionais.

Do ponto de vista prático, Francisco também surpreendeu a todos quando, já no dia 13 de abril, um mês depois de sua primeira aparição, constituiu um conselho de oito cardeais, representantes dos cinco continentes, com a finalidade de ajudá-lo no governo da Igreja universal e, ao mesmo tempo, estudar um projeto de revisão da Constituição Apostólica Pastor Bonus, sobre a Cúria Romana. Compunham a comissão os cardeais: Giuseppe Bertello, da Itália, então presidente da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano; o arcebispo emérito de Santiago, do Chile, Francisco Javier Errázuriz Ossa; o arcebispo de Mumbai, da Índia, Oswald Graças; o arcebispo de Munique, da Alemanha, Reinhard Marx; o arcebispo de Kinshasa, da República Democrática do Congo, Laurent Monsegwo Pasinya; o arcebispo de Boston, dos EUA, Sean Patrick O’Malley; o arcebispo de Sydney, da Austrália, George Pell; o arcebispo de Tegucigalpa, de Honduras, Oscar Andrés Rodriguez Maradiaga, que teve o ofício de coordenador; e o bispo de Albano, Roma, Marcello Semeraro, que assumiu como secretário. Este gesto do Papa já demonstrou, de início, que não era do seu perfil trabalhar sozinho, como escreveram Vidal e Bastante:

[...] Francisco aposta na colegialidade e na sinodalidade, como instrumentos de governo. O papa está varrendo sua própria casa, para que deixe de ser um contratestemunho. E, como bom político, quer consegui-lo em equipe e contando com todas as tendências. Daí a comissão de oito cardeais de todas as sensibilidades eclesiais. Desde o progressista hondurenho Maradiaga, coordenador e piloto do G-8 cardinalício, até o conservador australiano Pell ou o centrista alemão Marx. Assim, aos mais recalcitrantes, quando se queixarem, sempre se poderá dizer: “Foi coisa de todos” (VIDAL; BASTANTE, 2014, p. 104).

Nas suas aparições públicas na Praça de São Pedro, o novo Papa substituiu o papamóvel fechado por um jipe aberto, que o aproxima mais das pessoas. Além dos habituais beijos nas crianças, no próprio dia da inauguração do seu ministério o novo Papa desceu do carro para beijar um portador de deficiência física. Às quartas-feiras, quando faz as audiências públicas, percorre a praça por mais de uma hora cumprimentando as pessoas. 

Aliás, já no início do pontificado de Francisco, o sociólogo Franco Ferrarotti, em entrevista, disse que o novo Papa estava quase que inaugurando um novo estilo comunicativo na Igreja. “É um papa culto, assim como todos os jesuítas, mas não é professoral. Sabe usar a linguagem popular, mas sabe trazer para dentro dela toda a sua cultura teológica e filosófica” (FERRAROTTI, 2013).

Papa Francisco virou do avesso o estilo de comunicação do papado. Ele quer instantaneidade, espontaneidade, sinceridade, convicção. Sua comunicação é global. Fala indistintamente a todos. Ele não tem preferências, pois todos precisam da sua palavra, que se transforma em mensagem. Na comunicação, papa Francisco dispensa intermediários. Ele mesmo faz-se comunicação com seus gestos, sua espontaneidade, sua instantaneidade. Sua mensagem é universal e dirigida principalmente às periferias existenciais do mundo (VIGANÒ, 2017, p. 7).

É claro que, desde então, ao mesmo tempo em que os gestos e as palavras de Bergoglio causam admiração e entusiasmo numa ala da Igreja, de outro, os chamados conservadores veem-no como um antipapa, e afirmam, sem pudor algum, que “seu Papa” ainda é Bento XVI. De fato, os projetos de Igreja de ambos são bastante diferentes, como bem o salientou Passos (2017, p. 359-360): a era de Wojtyla-Ratzinger legitimou um projeto eclesial centralizado em Roma e vinculado à tradição anterior ao Vaticano II, tornando-o cada vez mais presente na Igreja. Este, por sua vez, foi gestado na teoria e na prática pela Cúria romana e desqualificou como não legítimos projetos renovadores frutos do Vaticano II. Note-se, por exemplo, que o projeto da Igreja dos Pobres, nascida na Conferência de Medellín em 1968, na América Latina, foi monitorado pela Cúria como suspeito de heterodoxia, tornando-se, inclusive, objeto de intervenções estratégicas em Igrejas e personagens latino-americanas nas décadas seguintes. O surpreendente é que a eleição de Bergoglio levou o projeto renovador para o centro da Igreja; ou seja, “a periferia chegou ao centro pelas vias legítimas da tradição eclesial” (PASSOS, 2017, p. 360). 

Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, Francisco disse sonhar com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que “os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal mais proporcionado à evangelização do mundo atual que à autopreservação” (EG 27). O Papa foi incisivo ao dizer que era preciso mudar tudo, ou seja, que era necessário repensar a missão da Igreja nos dias de hoje. 

2. A vida de Francisco como um texto

Evangelii Gaudium era, de certa forma, o “programa de governo” de Francisco. Uma das ideias basilares sobre a qual discorreu no documento foi a de que “o tempo é superior ao espaço” (EG 222-225). Para o bispo de Roma, “o ‘tempo’, considerado em sentido amplo, faz referimento à plenitude como expressão do horizonte que se abre diante de nós, e o momento é expressão do limite que se vive num espaço circunscrito” (EG 222). Ainda de acordo com o pontífice, todos “vivem em tensão entre a conjuntura do momento e a luz do tempo, do horizonte maior, da utopia que nos abre ao futuro como causa final que atrai” (EG 222). 

Nesse sentido:

[...] a existência se descobre, pois, como abertura ao mundo; descobre-se, por isso mesmo, como já envolvida num campo de experiência, por meio das relações concretas e complexas que estabelece com a natureza, com a história, com a cultura, com o universo das significações. Mas se descobre, assim, imersa num campo determinado de experiência, como tendo uma tarefa a cumprir. [...] (LADRIÈRE, 2007, p. 118).

De certa forma, o projeto de Francisco, tão bem delineado na Exortação, ali já traçava o seu percurso – ainda que o princípio esteja no capítulo que disserta sobre a dimensão social da evangelização: o que ele propunha, a reforma da Igreja, não era para “o dia seguinte”, mas aconteceria a longo prazo, porque o caminho só se faz caminhando. Todavia, uma reforma pede para ser assumida. Não se muda uma instituição milenar, como a Igreja, sozinho, ainda que seja o Papa.

É daqui que surge a primeira premissa, olhando o bispo de Roma em perspectiva ricoeuriana: por mais que Francisco, em seus discursos, chame a atenção para mudanças em muitos aspectos, é preciso também olhar para o Papa como um texto vivo. Até aqui, a princípio, não há novidades, pois o próprio Ricoeur constatava o fato de que a vida tem a ver com a narração, e essa realidade sempre foi conhecida e dita (RICOEUR, 2010, p. 197). Entretanto, o autor também faz uma distinção entre ambas, ao dizer que “as histórias se narram, e a vida é vivida” (RICOEUR, 2010, p. 203). 

À luz dessa afirmação e analisando Francisco, é importante dizer que o que ganha força no pontificado em curso não são apenas as palavras cheias de força e, ao mesmo tempo, carregadas de ternura do Papa, mas o fato de ele viver o que prega, donde se tira uma outra importante premissa para ler Francisco: o testemunho é linguagem. Ou seja: quem o vê, também precisa lê-lo, porque o bispo de Roma tem a capacidade – extraordinária, por sinal - de fazer da vida uma narrativa. Ora, se assim visto, “o que se deve, de fato, interpretar num texto é uma proposta de mundo, de um mundo tal que eu possa habitar e nele projetar um dos meus possíveis mais próprios” (RICOEUR, s. d., 120). Nesse sentido:

Aquilo de que eu, finalmente, me aproprio é uma proposta de mundo: esta não está atrás do texto, como estaria uma intenção encoberta, mas diante dele como aquilo que a obra desenvolve, descobre, revela. A partir daí, compreender é compreender-se diante do texto. Não impor ao texto a sua própria capacidade finita de compreender, mas expor-se ao texto e receber dele um si mais vasto que seria a proposta de existência, respondendo de maneira mais apropriada à proposta do mundo (RICOEUR, s. d., p. 124).

Só é possível, no entanto, fazer essa hermenêutica de Francisco, como um texto, em virtude do seu testemunho, o qual, segundo Ricoeur, “leva, de um salto, das condições formais do conteúdo das ‘coisas do passado’, das condições de possibilidade ao processo efetivo da operação historiográfica. Com o testemunho inaugura-se um processo epistemológico que parte da memória declarada” (RICOEUR, 2007, p. 170). O que se quer dizer aqui – e se desenvolverá melhor mais adiante - é que, em primeiro lugar, toda sua história de vida, experiência pastoral e formação teológica latino-americana contribuíram eficazmente para que o Papa seja, hoje, o que é. Se é verdade que, como ironizou Boff (2014), Roma possui uma enzima que, quem para lá vai, de progressista passa a conservador; de conservador, fundamentalista; e, de fundamentalista, a terrorista, com Francisco ocorreu exatamente o contrário: toda sua experiência foi levada, agora, à Igreja universal, porque sua história permanece viva em sua memória. Aliás, não apenas sua trajetória lhe é viva, mas sobretudo o próprio Evangelho, razão pela qual ele é capaz de testemunhá-lo até com certa ousadia e, nesse sentido, como um texto, narra algo à Igreja. Isso porque, como diz Ricoeur, Francisco é um humano que cristomorfa.

[...] Ora, é nessa interpretação da glória de Deus figurada pela pessoa de Cristo que Paulo enxerta esse tema extraordinário da transformação do homem cristão nessa mesma imagem. Ele forja assim a metáfora central do si cristão como cristomorfa, isto é, a imagem da imagem por excelência. Uma corrente de glória, se ouso dizer – de glória descendente, cumpre precisar -, se forma assim: glória de Deus, glória de Cristo, glória do cristão. No fim da corrente, que a meditação faz remontar à sua origem, o si cristomorfo é ao mesmo tempo plenamente dependente e plenamente consistente: imagem “cada vez mais gloriosa”, segundo o apóstolo (RICOEUR, 2019, p. 86-87).

Se, como escreveu Ricoeur, “há testemunhas que jamais encontram a audiência capaz de escutá-las e entendê-las” (RICOEUR, 2007, p. 175), no caso de Francisco a perspectiva é outra: muitos o ouvem e enxergam nele um iniciador de processos porque veem, nos seus gestos, uma narração, um Evangelho vivo - embora, como já dito, também há quem o rejeite.

Ora, o que se quer dizer até aqui, à luz de Ricoeur, é que se Francisco é um texto vivo, a Igreja hoje deve avaliar sua caminhada e conduta tendo como pressuposto o que ele faz e é. Isso não significa que a Igreja deve imitar Francisco, como se ele agisse ou dissesse o que diz por puro narcisismo. Ao contrário: se, como escreveu Ricoeur, existe a “coisa do texto”, ou seja, o seu sentido, algo para onde aponta, é sob esta ótica que o Papa deve ser lido – até porque se, como ele mesmo disse, o tempo é superior ao espaço, este princípio também significa uma abertura grande ao horizonte interpretativo.

Mais do que isso: se, ao encontrar a “coisa do texto” o texto adquire o seu próprio sentido e não mais importam a psicologia ou a circunstância pessoal do autor, isso significa que quando a Igreja finalmente identificar qual é o projeto de Francisco e se empenhar em vivê-lo, ele, quanto tal, permanece com sua importância em virtude da missão que tem, mas não enquanto pessoa.

Nesse aspecto, como salientou Ricoeur, ao apropriar-se da “coisa do texto”, o leitor é que passa a lhe dar voz; ou seja, diante do fenômeno Francisco, deve a Igreja confrontar-se com si mesma e lê-la à luz daquilo que, ele mesmo, tem procurado trazer, mesmo porque, se o Papa pode ser tido como um fenômeno, dele é necessário fazer uma hermenêutica fenomenológica; ou seja, à sua luz, deve a Igreja engendrar um novo sentido para si mesma. Nesse sentido, Xavier destaca:

Oriundo de uma escola teológica-kerigmática, Bergoglio não traz nada de novo, no sentido moderno do termo, ao exercício do seu pontificado. A inovação de Francisco está no fato de resgatar o sentido primeiro e original do Evangelho. A novidade que muitos acenam no Papa Francisco pertence à própria criatividade do Evangelho que é Palavra de Salvação. Nesse horizonte, podemos dizer que as palavras e ensinamentos do Bispo de Roma nos convidam, de um lado, a recuperar o acontecimento histórico, Jesus de Nazaré – recuperar a sua vida, seu conteúdo, sua prática e sua utopia do Reino de Deus; e, por outro lado, a recuperar o estilo de linguagem de Jesus, aquela utilizada por ele nas parábolas, seu jeito metafórico de dizer as coisas, fazendo aparecer o inaudito de Deus numa linguagem hiperbólica e paradoxal, cujas narrativas neotestamentárias testemunham (XAVIER, 2018, 152).

Mas daqui se chega à outra premissa, razão pela qual a presente análise se iniciou justamente com uma breve biografia do bispo de Roma: o que era bispo “no fim do mundo”, chegou ao mais alto cargo da Igreja pelas vias oficiais da tradição – não fruto de um golpe. E, no caso de Francisco, toda sua história lhe está incutida, além da formação teológica, e naturalmente influencia diretamente na sua maneira de conduzir a Igreja, mesmo porque “o testemunho é, num sentido, uma extensão da memória, tomada na sua fase narrativa” (RICOEUR, s. d.). 

Por isso, nele, também é possível fazer uma fenomenologia da memória, visto que essa última aparece como manifestação de algo. Nesse sentido, “voltar às raízes de uma história não quer dizer somente querer olhar para trás, reconstruir uma cronologia: significa também e sobretudo dar uma forma narrativa a uma existência, colher a essência do tempo humano em seu desenvolvimento mediante a narrativa” (VIGANÒ, 2017, p. 55). Ora, essa realidade ficou explícita, em Bergoglio, já na escolha do nome para viver o ministério petrino. De fato, Cavaca (2014, p. 16) afirma que, na história do papado, esta escolha tem sido bastante reveladora não no sentido apenas de homenagear ou recordar as virtudes de alguém, mas no de traçar, segundo o coração do novo Papa, os elementos que caracterizarão a sua missão.

Não é sem razão que o Cardeal Bergoglio tomou, eleito papa, o nome de Francisco. Francisco de Assis, no século XIII, ouviu uma voz divina que lhe dizia: “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja, que está em ruínas”. Efetivamente estava moral e espiritualmente em ruínas sob o papa mais mundano e poderoso da história cristã, Inocêncio III. Tomou como referência o Evangelho puro e simples e a figura do Jesus histórico, humilde, pobre, despojado de todo poder e identificado com os últimos. Iniciou realmente uma reforma da Igreja levada avante por ele, pelos movimentos pauperistas leigos e pelas ordens mendicantes (BOFF, 2013, p. 121).

Em outras palavras, o nome Francisco não só fazia o exercício da memória como lembrança, mas atualizava, em certo sentido, o apelo que Francisco de Assis ouvira: “Vai e reconstrói a minha Igreja”. É justamente o que tem tentado fazer o Papa Francisco, que vive tudo o que pôde aprender e absorver ao longo de sua trajetória de vida, mas o faz com os olhos fixos no Concílio Ecumênico Vaticano II que, inclusive, no seu pontificado, está em vias de “resgate”.

Considerações

Enquanto texto, o Papa Francisco pode e deve ser encarado como um palimpsesto. Na origem, estava palavra designa um pergaminho ou um papiro cujo texto foi eliminado para permitir sua reutilização. Em perspectiva literária, a expressão designa um texto abaixo do qual estão outros textos. O atual bispo de Roma pode ser visto sob as duas perspectivas: na primeira, porque mudou radicalmente a visão da Igreja, de quando assumiu o leme da barca. De uma Igreja marcada por escândalos de corrupção e pedofilia, Francisco, retomando o Vaticano II, tem procurado mostrar qual é o verdadeiro lado desta instituição milenar: a proximidade, o encontro e a ternura, quase que reescrevendo a sua história. Já na perspectiva literária, o pontífice também pode ser lido como um palimpsesto porque, por debaixo de suas atitudes e palavras, nota-se o Evangelho. Nesse aspecto, Francisco seria um hipertexto, abaixo do qual estariam os hipotextos, os Evangelhos. Se é verdade que, para muitos, a vida narrada é o único Evangelho que muitos lerão, logo, Francisco traz à memória da Igreja o Evangelho, mas não como letra morta, e sim como palavra viva.

Contudo, é importante perceber, nesta perspectiva, que a categoria testemunho mostra-se como uma condição sine qua non para ler Francisco. Ou seja: o que chama a atenção não é, em si, apenas o Papa Francisco, por ser o primeiro líder da Igreja. O que merece destaque é a vida do filho de Deus, Jorge Mario Bergoglio, que há 10 anos foi eleito bispo de Roma. Em outras palavras, em perspectiva ricoeuriana, não se há dúvidas de que sua história lhe marcou concretamente, bem como todas as experiências que atravessou, inclusive as dificuldades. Aliás, celebrando os 60 anos do Concílio, essa constatação remonta ao discurso de abertura do Vaticano II, proferido pelo Papa João XXIII (1958-1963) que, num dado momento, disse que tudo contribuía para o bem da Igreja, inclusive as dificuldades que a humanidade atravessa.

No entanto, algo é digno de nota: se os gestos aparentemente simples de Francisco chamam tanto a atenção da Igreja, como parar o carro para abençoar um peregrino enfermo, é sinal de que a Igreja se perdeu, em certo sentido; esqueceu-se de suas raízes e precisa, como pedia o Vaticano II, operar urgentemente o ressourcement, ou seja, a volta às fontes. De fato, se, como disse Ricoeur, “o esquecimento tem igualmente um polo ativo ligado ao processo de rememoração, essa busca para reencontrar as memórias perdidas, que, embora tornadas indisponíveis, não estão realmente desaparecidas” (RICOEUR, s. d.), é digno de esperança, contudo, que ainda conforme Ricoeur (s. d.), “uma das lições preciosas da psicanálise é que esquecemos menos do que pensamos ou cremos”. Ora, se se esquece menos do que se crê, o resgate é possível, e deve ocorrer para ontem, afinal a Igreja crê no Evangelho, que é a razão do seu existir.

Para isso, a Igreja tem um exemplo vivo para seguir: o bispo de Roma, o Papa Francisco. Todavia, é claro, como é próprio de todo projeto, ele se apresenta como uma proposta, tal qual o homem a quem segue, Jesus de Nazaré. A resposta depende sempre de quem o vê. 

Referências

ALTEMEYER JÚNIOR, F. Os muitos partos do bispo de Roma. In: PASSOS, J. D.; SOARES, A. M. L. [orgs.]. Francisco: Renasce a Esperança. São Paulo: Paulinas, 2013, pp. 104-119.

AQUINO JÚNIOR, F. Os pobres e a pobreza como carisma fundante da Igreja de Jesus. In: PASSOS, J. D.; SOARES, A. M. F. Francisco: Renasce a Esperança. São Paulo: Paulinas, 2013, pp. 210-222.

BOFF, L. Alocução no lançamento do livro ‘Papa Francisco: perspectivas expectativas de um papado’. São Paulo: 9 abr. 2014.

BOFF, L. O Papa Francisco e a Refundação da Igreja. In: SILVA, José Maria [org.]. Papa Francisco: Perspectivas e Expectativas de um Papado. Petrópolis: Vozes, 2013, pp. 121-129.

CAVACA, O. Uma eclesiologia chamada Francisco. Estudo da eclesiologia do Papa Francisco a partir da Evangelii Gaudium. In: Revista de Cultura Teológica. Ano XXII, n. 83, p. 16, jan./jun. 2014. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/culturateo/article/view/19221/15080 Acesso em: 08 dez. 2021.

FERRAROTTI, F. ‘Francisco irá mudar a linguagem da Igreja’. Entrevista com Franco Ferrarotti. Trad. Moisés Sbardelotto. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/518566-francisco-ira-mudar-a-linguagem-da-igreja-entrevista-com-franco-ferrarotti Acesso em: 08 dez. 2021.

GONZÁLEZ-QUEVEDO, L. Papa Francisco. O novo rosto da Igreja. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2015,

HOORNAERT, E. O Bispo de Roma. In: In: PASSOS, J. D.; SOARES, A. M. L. [orgs.]. Francisco: Renasce a Esperança. São Paulo: Paulinas, 2013, pp. 145-162.

IVEREIGH, A. The great reformer. Francis and the Making of a Radical Pope. 1. ed. New York: Henry Hold and Company, 2014.

LADRIÈRE, Jean. A Fé Cristã e o Destino da Razão. Trad. Paulo Neves. São Leopoldo: Unisinos, 2007.

PAPA FRANCISCO. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Brasília: Edições CNBB, 

PAPA FRANCISCO. Primeira Saudação do Papa Francisco. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2013/march/documents/papa-francesco_20130313_benedizione-urbi-et-orbi.html Acesso em: 01 dez. 2021.

PASSOS, J. D. As reformas do Papa Francisco: Conjuntura, Significado e Perspectivas. In: Perspectivas Teológicas. Belo Horizonte, v. 49, n. 2, pp. 353-374, jan./abr. 2017. Disponível em: http://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/perspectiva/article/view/3705/3824 Acesso em: 08 dez. 2021.

RICOEUR, P. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Editora da Unicamp, 2007.

RICOEUR, P. Amor e Justiça. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2019.

RICOEUR, P. Do texto à ação. Ensaios de hermenêutica II. Porto: Editora Res, s. d.

RICOEUR, P. Escritos e Conferências I. Em torno da Psicanálise. São Paulo: Loyola, 2010.

RICOEUR, P. Memória, história, esquecimento. Disponível em: https://www.uc.pt/fluc/uidief/textos_ricoeur/memoria_historia Acesso em: 29 out. 2022.

VIDAL, J. M.; BASTANTE, J. As mudanças (presentes e futuras) da primavera de Francisco. In: SILVA, J. M. da [org.]. Papa Francisco. Perspectivas e Expectativas de um Papado. Petrópolis: Vozes, 2014, pp. 99-110.

VIGANÒ, D. E. Irmãos e Irmãs, Boa noite! O Papa Francisco e a nova comunicação da Igreja. Petrópolis: Vozes, 2017.

XAVIER, D. J. O Papa, o teólogo e o poeta: uma análise da linguagem poética e metafórica de Francisco à luz da filosofia da linguagem de Paul Ricoeur. Humanística e Teologia, 39 (2), 2018, p. 143-161. Disponível em: https://revistas.ucp.pt/index.php/humanisticaeteologia/article/view/9459 Acesso em: 24 out. 2022.

------------

Notas

[1] As listas variavam, dependendo das fontes ouvidas pela imprensa. Alguns dos nomes, porém, coincidiam. Ver, por exemplo: PORTAL EBC. Conclave no Vaticano: saiba quem são os favoritos para ser o novo papa. Disponível em: https://memoria.ebc.com.br/noticias/internacional/2013/03/conclave-no-vaticano-saiba-quem-sao-os-favoritos-para-ser-o-novo-papa Acesso em: 07 dez. 2021; ou ainda AFP. Lista mostra os 10 cardeais mais cotados para ser o novo papa. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2013/03/12/interna_internacional,356402/lista-mostra-os-10-cardeais-mais-cotados-para-ser-o-novo-papa.shtml Acesso em: 07 dez. 2021.