Gafanhotos na Bíblia Hebraica: suas dimensões socioambientais e teológicas

Las langostas en la Biblia hebrea: sus dimensiones socioambientales y teológicas 

 Matthias Grenzer 

Doutor em Teologia pela Faculdade de Teologia e Filosofia St. Georgen em Frankfurt, Alemanha. Professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Contato: mgrenzer@pucsp.br

Leonardo Agostini Fernandes 

Doutor em Teologia pela Pontofícia Universidade Gregoriana – IT. Professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRJ). Contato: laf2007@pucrio.br


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Resumo

A literatura bíblica, além de refletir sobre Deus e o ser humano, pensa detidamente nos seres não humanos, isto é, o ar, a água, o solo, o calor, os vegetais e os animais. Ora admira a beleza desses seres e o funcionamento do ecossistema, ora contempla aquelas forças no meio da natureza que, às vezes, ameaçam o ser humano em sua sobrevivência. Vislumbra-se o quanto um propósito específico acompanha a existência de cada ser. Assim, a natureza, compreendida como criação divina, torna-se palavra de Deus. Ou seja, os seres abióticos, a flora e a fauna permitem experiências e ganham conotações simbólicas que aproximam o ser humano ao mistério da vida e, com isso, à esperança de que Deus irá salvar sua criação. Nesta investigação, visa-se ao inseto vulgarmente chamado de gafanhoto. O que a Bíblia Hebraica, ao mencioná-lo cinquenta e cinco vezes, traz de reflexão socioambiental e teológica para seus ouvintes-leitores? 

Palavras-chave: Gafanhoto, Bíblia e ecologia, leitura verde, dimensões socioambientais.

Abstract

Biblical literature, besides reflecting on God and the human being, thinks deeply about non-human beings, that is, the air, the water, the soil, the heat, the plants, and the animals. At times it admires the beauty of these beings and the functioning of the ecosystem, and at other times it contemplates those forces amid nature that suddenly threaten the human being's survival. One glimpses how a specific purpose accompanies the existence of each being. Thus, nature, understood as divine creation, becomes God's word. That is, the abiotic beings, flora and fauna allow experiences and gain symbolic connotations that bring human beings closer to the mystery of life and, with it, to the hope that God will save his creation. In this investigation, the insect commonly called locust or grasshopper is targeted. What does the Hebrew Bible, by mentioning it fifty-five times, bring to a socio-environmental and/or theological reflection to its readers?

Keywords: Locust, Bible and ecology, green reading, socioenvironmental dimensions.

Introdução

Nove substantivos comumente traduzidos como gafanhoto são mencionados na Bíblia Hebraica. “Embora as etimologias dessas designações nem sempre sejam seguras” (RIEDE, 2002, p. 195), os nomes em questão recebem cinquenta e cinco menções. As variações talvez espelhem os diversos estágios de desenvolvimento do animal – larva, inseto desprovido de asas e gafanhoto alado – ou “a capacidade de adaptar seu comportamento e sua fisiologia reagindo à densidade populacional” (RADNER, 2004, p. 7). Além disso, alguns nomes dados ao gafanhoto parecem descrever características específicas do inseto. No mais, também, é possível imaginar que tenham existido nomes diferentes para o mesmo animal de acordo com regionalismos.

A seguir, em forma de tabela, são apresentadas, de modo antecipado, as nove palavras hebraicas para o gafanhoto, com a indicação dos textos bíblicos nos quais esses nomes se fazem presentes (cf. também DEYSEL, 2017, p. 113-114). Posteriormente, as traduções dos vocábulos e/ou as cargas semânticas deles precisam ser esclarecidas.

 

Substantivo hebraico

Tradução

Presença do nome na Bíblia Hebraica

 

 

אַרְבֶּה

 

 

 

gafanhoto

Ex 10,4.12.13.142x.192x; Lv 11,22; Dt 28,38;

Jz 6,5; 7,12; 1Rs 8,37;

Jr 46,23; Jl 1,42x; 2,25; Na 3,15.17;

Sl 78,46; 105,34; 109,23; Jó 39,20; Pr 30,27;

2Cr 6,28

יֶלֶק

lambedor

Jr 51,14.27; Jl 1,42x; 2,25; Na 3,152x.16;

Sl 105,34

 

חָסִיל

 

consumidor

1Rs 8,37;

Is 33,4; Jl 1,4; 2,25;

Sl 78,46; 2Cr 6,28

 

חָגָב

 

locusta

Lv 11,22; Nm 13,33;

Is 40,22;

Ecl 12,5;

Esd 2,46; 2Cr 7,13

גָּזָם

cortador

Jl 1,4; 2,25; Am 4,9

צְלָצַל

zumbidor

Dt 28,42;

Is 18,1

סָלְעָם

grilo

Lv 11,22

חַרְגֹּל

esperança

Lv 11,22

גֹּבַי / גּוֹב / גֵּב

voador

Is 33,4; Am 7,1; Na 3,172x

 

O objetivo da presente investigação é duplo. Visa-se, inicialmente, àquilo que os textos pertencentes à Bíblia Hebraica observam a respeito das dimensões socioambientais dos gafanhotos e/ou de outros insetos saltadores. Ao mesmo tempo, porém, verifica-se que esses animais trazem conotações teológicas. Sua existência, seu valor alimentício e, sobretudo, sua força destrutiva ao formarem enxames capazes de devorarem toda a vegetação da região, ameaçando sociedades e impérios considerados fortes, levam os autores bíblicos a descobrir nos gafanhotos um exército divino. Portanto, fica evidente que a literatura bíblica acolhe a natureza na qualidade de comunicadora da palavra de Deus.

 1. Pentateuco

 “Antes do uso sistemático de inseticidas, os gafanhotos faziam parte da fauna cotidiana na região do Mediterrâneo” (SCHROER, 2010, p. 134). Assim, o Pentateuco encontra nesses animais ora uma fonte alimentícia, ora a dramática causa da ausência de alimentos.

As formulações jurídicas em Lv 11,20-23 se dedicam ao “bicharedo voador (שֶׁרֶץ הָעוֹף)” (Lv 11,20.21.23), isto é, aos insetos alados. No caso, o Código Deuteronômico (Dt 12–26) distingue entre o “bicharedo alado impuro” (Dt 14,19) e o “alado puro” (Dt 14,20). Em vista deste último, o terceiro livro do Pentateuco realça o inseto “que anda de quatro, sendo que há pernas sobre suas patas, para saltar (נתר) com elas sobre a terra” (Lv 11,21). Eis o caso dos gafanhotos. Segue-se a menção de quatro “espécies” – “gafanhoto (אַרְבֶּה)”, “grilo (סָלְעָם)”, “esperança (חַרְגֹּל)” e “locusta (חָגָב)” –, permitindo que “deles se coma” (Lv 11,22).

A identificação dos quatro nomes, porém, é difícil. A repetição quádrupla da expressão “segundo sua espécie (לְמִינוֹ ou לְמִינֵהוּ)” (Lv 11,22) gera a ideia de que legislador israelita “olhe para espécies” (STAUBLI, 1996, p. 100), e não para os “estágios de desenvolvimento (larva, inseto não alado, gafanhoto alado)” (HIEKE, 2014, p. 412) e/ou as “formas ecológicas (fase solitária ou fase gregária)” (RADNER, 2004, p. 7-8) desses animais.

Como indicado na tabela precedente, o vocábulo “gafanhoto (אַרְבֶּה)” (Lv 11,22) aparece vinte e quatro vezes na Bíblia Hebraica. Existem as raízes verbais comumente traduzidas como “ser numeroso (רבב I e רבה I)”, a partir das quais o substantivo ganha seu sentido. Observa-se, pois, que “um enxame desses insetos pode incluir muitos milhões de animais e cobrir uma área de centenas de quilômetros quadrados” (HIEKE, 2014, p. 412). O segundo substantivo, traduzido como “grilo (סָלְעָם)” (Lv 11,22), e o terceiro, traduzido como “esperança (חַרְגֹּל)” (Lv 11,22), são hápax, ou seja, palavras das quais somente existem registros únicos na Bíblia Hebraica. De forma mais rígida, levando em consideração o contexto imediato, somente é possível afirmar que ambos os animais fazem parte dos ortópteros. Trata-se de insetos “alados” com “pernas sobre suas patas” (Lv 11,21). O quarto substantivo, traduzido como “locusta (חָגָב)” (Lv 11,22), aparece ainda outras quatro vezes na Bíblia Hebraica (Nm 13,33; Is 40,22; Ecl 12,5; 2Cr 7,13). O fato de que o nome “locusta (חָגָב)” (Lv 11,22) serve também como nome de pessoa (Esd 2,46; cf. também Ne 7,48; 2Cr 2,45), revela o quanto “os gafanhotos eram tidos em alta estima” (STAUBLI, 1996, p. 100).

Além da formulação jurídica que autoriza “gafanhoto (אַרְבֶּה), grilo (סָלְעָם), esperança (חַרְגֹּל) e locusta (חָגָב)” como alimento humano (Lv 11,22), os insetos em questão aparecem mais vezes no Pentateuco, trazendo consigo outras representatividades e temáticas. De acordo com o relato dos exploradores enviados por Moisés às terras de Canaã, destino dos israelitas após a sua saída do Egito, os membros dessa comunidade migrante são compreendidos como “locustas (חֲגָבִים)” (Nm 13,33) por parte dos “heteus, jebuseus, amorreus e cananeus” (Nm 13,29), todos eles “homens de estatura” e “gigantes” já moradores nas terras a serem alcançadas por quem caminha rumo à liberdade (Nm 13,32-33). Quer dizer, com exceção de Caleb, os outros onze homens enviados por Moisés, representantes das tribos israelitas, primeiramente, “tornaram-se locustas a seus próprios olhos”, para, em seguida, imaginarem que isso também seja assim “aos olhos” dos habitantes nativos, que, em princípio, irão defender as terras nas quais se encontram (Nm 13,33). Com isso surge um contraste: de um lado, há a grandeza dos povos já moradores na região; do outro, a pequenez de quem chega, semelhante aos “gafanhotos, o menor dos animais comestíveis” (STAUBLI, 1996, p. 252).

Pequenez, por sua vez, não significa ausência de força. Pelo contrário, conhece-se o momento no qual esses insetos, em sua condição gregária, compõem enormes enxames. Diante dessa numerosidade ou densidade populacional, o agricultor, por mais que “tenha levado muitas sementes ao campo, pouco colhe”, uma vez que “o gafanhoto (אַרְבֶּה) tudo consome (חסל)” (Dt 28,38). Ou, com outras palavras, avalia-se, como “maldição da vanidade” (OTTO, 2017, p. 2011) a experiência de “o zumbidor (צְלָצַל) apossar-se de toda árvore e dos frutos do solo” (Dt 28,42), “uma devastação contra a qual não existe resistência eficaz” (BRAULIK, 1992, p. 207). 

Este último vocábulo, outro indicador do inseto em questão, nasce da raiz verbal comumente traduzida como “zumbir”, “zunir”, “tinir”, “ressoar” ou “vibrar (צלל I)” (1Sm 3,11; 2Rs 21,12; Jr 19,3; Hab 3,16). Trata-se do “zumbidor de asas (צִלְצַל כְּנָפָיִם)” (Is 18,1). De fato, gafanhotos, grilos e esperanças geram ruídos ao friccionarem suas asas ou pernas posteriores. Ouve-se algo estridente semelhante ao som emitido por “címbalos (צֶלְצְלִים)” (2Sm 6,5; Sl 150,52x), por um “par de címbalos (מְצִלְתַּיִם)” (Esd 3,10; Ne 12,27; 1Cr 13,8; 15,16.19.28; 16,5.42; 25,1.6; 2Cr 5,12.13; 29,25) ou por um “sininho (מְצִלָּה)” (Zc 14,20).

Todavia, o quanto uma praga de gafanhotos suscita a questão de Deus, a narrativa sobre o oitavo sinal ocorrido no Egito (Ex 10,1-20) ilustra bem. Dirigindo-se ao faraó, Moisés apresenta “o Senhor, Deus dos hebreus” (Ex 10,3), como quem “faz chegar o gafanhoto ao território” egípcio (Ex 10,4). Ou seja, “um vento leste, conduzido pelo Senhor, carrega os gafanhotos” (Ex 10,13), a fim de que estes “pousem em todo o território do Egito” (Ex 10,14), “cobrindo o visível da terra, enchendo as casas de todos os egípcios e devorando todo tipo de árvore que brota do campo” (Ex 10,5-6), isto é, “todo o feno da terra e cada árvore frutífera”, até não mais existir “nenhum verde nas árvores e nas plantas do campo” (Ex 10,15). Em contrapartida, também é “o Senhor que muda o vento”, para que este “carregue o gafanhoto embora”, até “não restar um único gafanhoto em todo o território do Egito” (Ex 10,19). Enfim, ao trazer, sete vezes, o coletivo singular “gafanhoto (אַרְבֶּה)” (Ex 10,4.12.13.142x.192x), substantivo que, embora no singular, indica uma pluralidade de seres, a narrativa bíblica “acentua a intervenção divina, integrada de modo pleno com os elementos da natureza”, sendo que não ocorre uma “distinção entre a causa primeira, Deus, e as causas segundas, os fenômenos naturais ou a intervenção humana” (SILVA, 2004, p. 56). Ou, com outras palavras: de um lado, a narrativa bíblica em questão dá a entender que existe “uma relação entre o comportamento humano e os desastres ambientais”; do outro, fica claro que, “onde a vontade e a força humanas parecem ser insuficientes, mesmo quando se ouvem as vozes proféticas mais qualificadas, a natureza, como agente de Deus, pode impor-se com uma força incrível e mudar tudo” (GRENZER, 2023, p. 13).

2. Profetas 

A Bíblia Hebraica, à diferença da sua versão grega (Septuaginta), subdivide os escritos proféticos em dois blocos: Profetas Anteriores (Josué, Juízes, Samuel e Reis) e Profetas Posteriores (Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze Profetas). A nomenclatura do primeiro bloco fundamenta-se na presença e atuação de diversos personagens proféticos sem escritos a eles atribuídos, ao contrário do segundo bloco, que, em função dessa atribuição, também é denominado de profetas clássicos ou escritores. Juntos, porém, são uma interpretação e aplicação da Torá (BALZARETTI, 2012, p. 324). No tocante ao tema deste artigo, várias espécies de insetos saltadores são citadas nesses escritos.

Em Jz 6,5; 7,12 encontra-se o “gafanhoto (אַרְבֶּה)”, usado de forma metafórica para indicar a incursão de povos do deserto que invadiam os campos cultivados e destruíam o que os filhos de Israel tinham semeado. A atuação de Gedeão, contra os madianitas, amalecitas e os filhos do Oriente, vistos como um enxame de gafanhotos, representa o desejo de libertação das potências do deserto que devem ser expulsas da terra cultivada de Canaã (HERTZBERG, 2001, p. 293).

Em 1Rs 8,37, numa oração atribuída a Salomão, por ocasião da dedicação do templo, o “gafanhoto (אַרְבֶּה)” é citado ao lado do “consumidor (חָסִיל)”, que “desenvolve parcialmente asas e mandíbulas; é preto e amarelo” (STALLMAN, 2011, p. 480). O sábio monarca reconhece que uma calamidade natural poderá ser provocada pelas infidelidades do povo ao qual ele deve governar com justiça e equidade. E o efeito drástico de tais infidelidades poderá ser uma carestia na região. Na sequência, Salomão evoca uma invasão inimiga, porém, sem associá-la a tais saltadores. Contudo, essas calamidades, interpretadas do ponto de vista religioso, devem incitar o arrependimento e a conversão dos filhos de Israel que, orientados para o templo, suplicarão o perdão e a reversão da situação, como previsto em Dt 28 (NELSON, 1987, p. 53).

Contra os cuchitas (etíopes), aliados do Egito, o profeta Isaías alude ao inseto “zumbidor (צְלָצַל)” (Is 18,1), por ocasião de uma embaixada que veio ao encontro do rei Ezequias, a fim de convencê-lo a fazer uma aliança contra a Assíria, provavelmente diante da notícia da morte de Sargão II (ALONSO SCHÖKEL; SICRE DIAZ, 1988, p. 191). Pode-se perceber a sonoridade do substantivo e que esta é aplicada à situação. Para o profeta, tal embaixada não passa de um zumbido político, razão pela qual inicia seu oráculo com um “ai”, vendo que a aceitação dessa intenção traria nefastas consequências para Judá-Jerusalém (Is 18,1).

Posteriormente, em uma perspectiva escatológica, centrada na intervenção salvífica, o profeta Isaías, em tom orante, evoca o auxílio do Senhor e usa imagens que lembram os seus feitos prodigiosos e salvíficos (Is 33,1-6), razão pela qual cita no versículo 4 o “consumidor (חָסִיל)” e os “voadores (גֵּבִים)”, não pelo que consomem e destroem, mas pelo amontoado que formam, como se fosse um grande butim de guerra (CROATTO, 1989, p. 199). O profeta contempla, pelo seu ato de fé, a esperança do momento, certo de que sua oração será atendida (KAISER, 2002, p. 406).

Já em Is 40,22, desenvolvendo-se as consequências da visão de fé amadurecida ao longo da história, com base na aliança, um profeta do exílio entrevê que Israel pode aguardar um futuro, visto que o Senhor, do alto do seu trono, contempla os habitantes da terra “como locustas (חֲגָבִים)”. Por ser o povo eleito do Senhor, criador majestoso do que existe, todos os habitantes da terra, inclusive os poderosos, são ínfimos (WESTERMANN, 1978, p. 75-76).

Em um oráculo de juízo contra o Egito, Jr 46,23 alude à investida do numeroso exército babilônico e vai além da comparação, pois supera a conhecida experiência do voraz “gafanhoto (אַרְבֶּה)”. O profeta Jeremias entrevê uma ocasião favorável aos filhos de Israel, em razão de a vitória provir do Senhor da história (WEISER, 1987, p. 668-670). Este último não esquece do seu povo e se serve da Babilônia para golpear militarmente o Egito.

Mais tarde, Jeremias faz uso da imagem do “lambedor (יֶלֶק)” e profetiza contra a Babilônia (Jr 51,14), anunciando que esta última seria destruída pelo numeroso exército do rei dos medos, cujos cavalos, como o “lambedor (יֶלֶק)”, irão invadi-la. Não está claro se o adjetivo “peludo” ou “espinhoso (סָמָר)” (Jr 51,27) caracteriza o “cavalo” ou o “lambedor”. Talvez se trate de uma referência às escamas que eram colocadas sobre os cavalos próximo ao pescoço, a fim de protegê-los das lanças e flechas dos inimigos. O nome “lambedor (יֶלֶק)” para o inseto, por sua vez, “deriva, provavelmente, da raiz verbal ‘lamber (לקק)’” (KLEIN, 1987, p. 259), descrevendo “o gafanhoto rastejador, ainda não alado” (DIETRICH; ARNET, 2013, p. 216). Enfim, o interesse principal do profeta é o destino de Israel, que não está nas mãos dos povos poderosos, mas unicamente nas mãos de seu Deus (WEISER, 1987, p. 738-739.741-742).

A experiência natural encontra-se na leitura da realidade que se torna a base da fala do profeta Joel ao povo. A catástrofe é descrita de forma ampliada por uma sequência de quatro insetos do mesmo grupo: “cortador (גָּזָם)”, “gafanhoto (אַרְבֶּה)”, “lambedor (יֶלֶק)” e “consumidor (חָסִיל)” (Jl 1,4). O nome “cortador (גָּזָם)” provém da raiz verbal comumente traduzida como “cortar (גזז)” ou “tosquiar” (Gn 31,19; 38,12.13; Dt 15,19; 1Sm 25,2.4.7.11; 2Sm 13,23.24; Is 53,7; Jr 7,29; Mq 1,16; Jó 1,20). Em Jl 2,25, no anúncio da reversão da calamidade, os mesmos quatro insetos são mencionados, porém, na sequência “gafanhoto (אַרְבֶּה)”, “lambedor (יֶלֶק)”, “consumidor (חָסִיל)” e “cortador (גָּזָם)”. Todavia, a preocupação do profeta é reverter a situação de apatia que se abateu sobre o povo em razão das várias catástrofes sofridas. A solução adviria pela liturgia penitencial (Jl 2,12-18), certo de que, no lugar das ofertas, o Senhor aceitaria a penitência e a contrição do coração (FERNANDES, 2014, p. 373-378).

Em Am 4,9, o “cortador (גָּזָם)” é citado na reclamação que o Senhor faz pela falta de conversão dos filhos de Israel. A fala do Senhor, na primeira pessoa do singular, “golpeei (הִכֵּיתִי)”, evoca as pragas que se abateram sobre o Egito (Ex 3,20; 7,25; 1Rs 8,37), em geral por meio do bastão de Moisés ou pela direta ação divina para punir os ímpios obstinados e salvar os oprimidos como em Ex 10,4-5 (SIMIAN-YOFRE, 2002, p. 87). Em Am 7,1, no entanto, o profeta descreve um enxame de “voadores (גֹּבַי)”. A chegada desse pequeno inseto no final do período das chuvas (janeiro-fevereiro), significa a carestia tanto para o rei, que possuía o direito ao primeiro corte da erva para os seus cavalos, como para os pastores em função dos seus rebanhos. Além do espólio praticado pelo monarca, também haveria o prejuízo causado pela invasão desses “voadores” (SIMIAN-YOFRE, 2002, p. 141). Todavia, em uma perspectiva parecida a Jl 1,4; 2,25, onde o Senhor devolve com largueza em sua misericórdia, agora promete que tal catástrofe ambiental “não acontecerá” (Am 7,3).

Para descrever a queda de Nínive, capital do império assírio, o profeta Naum faz uso em 3,15.17 da imagem do “gafanhoto (אַרְבֶּה)”, em 3,16 do “lambedor (יֶלֶק)” e, também, em 3,17 do “voador de voadores (גוֹב גֹּבָי)”. O terceiro nome a ser compreendido como “voador” ou “enxame de voadores” ocorre com escritas diferentes na Bíblia Hebraica: Is 33,4 (גֵּב II), Na 3,17 (גּוֹב), Am 7,1; Na 3,17 (גֹּבַי). Talvez a raiz verbal a ser traduzível como “ser alto, levantar, alar (גבהּ)” possa ter originado esse nome do inseto. Enfim, aplicando a imagem, de forma metafórica, aos ninivitas e aos seus líderes, Naum dá a entender que a destruição da cidade seria total. Como bom observador, o profeta sabe que ao frio da noite tais saltadores se agrupam, mas, com o surgir do sol, levantam voo sem deixar rastros. Com isso, percebe que toda a perícia bélica, ainda que os ninivitas multiplicassem o seu exército, de nada serviria para salvá-los, pois o Senhor, justo juiz, não deixa o ímpio sem punição (ACHTEMEIER, 2007, p. 51).

3. Escritos

Três Salmos acolhem o “gafanhoto (אַרְבֶּה)” (Sl 78,46; 105,34; 109,23), chamando o inseto também de “consumidor (חָסִיל)” (Sl 78,46) e “lambedor (יֶלֶק)” (Sl 105,34). Duas vezes, as orações em questão, com sua “apresentação poética da história” (ZENGER; HOSSFELD, 2000, p. 441), lembram as catástrofes ambientais que atingiram o Egito faraônico na época da servidão dos hebreus e, com isso, a narrativa e a dinâmica exodais (Ex 7,14–11,10). No caso, o orante bíblico acredita que foi “Deus, o Santo de Israel” (Sl 78,41), quem “impôs seus sinais no Egito e seus prodígios no campo de Soã” (Sl 78,43). Assim, para exigir do faraó a libertação dos oprimidos e manifestar seu poder divino a todos os egípcios, “deu a produção deles ao consumidor (חָסִיל) e seu ganho ao gafanhoto (אַרְבֶּה)” (Sl 78,46). Ou, com outras palavras, com o “dizer” de Deus, “veio o gafanhoto (אַרְבֶּה) e o lambedor (יֶלֶק), sem-número” (Sl 105,34), “devorando toda erva na terra deles”, ou seja, “o fruto de seu solo” (Sl 105,35). Nitidamente, o inseto é contemplado como causa da destruição de toda a vegetação e, com isso, da produção agrícola e dos ganhos a ela acoplados.

No Salmo 109, por sua vez, o gafanhoto ganha outra conotação simbólica. Quem reza aqui, ao compreender-se como “oprimido e pobre, com um coração traspassado dentro de si” (Sl 109,22), diz-se “afugentado como um gafanhoto (אַרְבֶּה)” (Sl 109,23). A imagem talvez acolha o fato de que os gafanhotos, “nas horas da madrugada, sentados nas árvores, ainda são inflexíveis” e, por causa do frio, podem ser “sacudidos e mortos (Na 3,17)”, combatendo-se, dessa forma, a praga por eles causada (DALMAN, 2013, p. 346). No entanto, também pode-se pensar em um gafanhoto isolado que, após ter pousado na roupa ou na pele de uma pessoa, é afugentado. Todavia, nos dois casos, o inseto representa a impotência e/ou indefensibilidade, exatamente ao contrário do que acontece quando o gafanhoto faz parte de um enxame, sendo que, no calor do dia, por pular e voar, dificilmente pode ser capturado.

No livro de Jó, exatamente na segunda parte do primeiro discurso de Deus (Jó 38,39–39,30), o “Senhor” (Jó 38,1) procura convencer Jó de que existe um plano para este mundo e de que aquilo que lhe parece ser caótico não foge do domínio divino. Dez animais, organizados em cinco pares – leão e corvo, cabra montesa e corça, asno e boi selvagens, avestruz e cavalo, falcão e águia/abutre –, representam forças e/ou habilidades que o ser humano avalia como desordenadas. E, ao ser descrita a “força do cavalo” e, em especial, a presença destemida dele nas batalhas (Jó 39,19-25), o Senhor expõe Jó à seguinte questão: “Tu o fazes saltar como o gafanhoto (אַרְבֶּה)?” (Jó 39,20). De um modo caricaturado, a comparação com o inseto ilustra o vigor físico do cavalo. E Jó deve compreender que “a força ostentosa e irracional” desse animal “se origina no Senhor e, mesmo que ela apareça ao sábio como algo anárquico-caótico, nada escapa ao senhorio do Senhor” (KEEL, 1978, p. 85). Enfim, os animais, domesticados ou selvagens, pertencem a Deus.

O livro dos Provérbios, por sua vez, contempla entre os animais “quatro seres pequenos da terra”, avaliando-os como “mais sábios do que os sábios” (Pr 30,24). Junto às “formigas” (Pr 30,25), aos “texugos” (Pr 30,26) e à “lagartixa” (Pr 30,28), aparece também o inseto aqui investigado. Eis a surpreendente observação: “Não existe um rei para o gafanhoto (אַרְבֶּה), mas cada um deles sai como quem se enfileira” (Pr 30,27). Quer dizer, embora seja de pequenas dimensões e sem liderança hierarquizada, o gafanhoto, “por causa da dureza de seu exoesqueleto, da periculosidade de suas mandíbulas e da agilidade dos seus membros, é símbolo de um guerreiro bem armado e adestrado, que sai para a batalha junto com seu exército” (PINTO, 2018, p. 277). Assim, de forma mística, a natureza surpreende seu observador.

Coélet, no entanto, traz o inseto aqui investigado ao “descrever acontecimentos que são típicos para o percurso da natureza no período do início da primavera (final de janeiro/início de fevereiro) até o alto verão” (SCHWIENHORST-SCHÖNBERGER, 1994, p. 229). Assim, ele descreve “a natureza cheia de força vital e fertilidade” (LOHFINK, 1980, p. 84) ao dizer: “A amendoeira cintila, a locusta (חָגָב) se arrasta e a alcaparra estala” (Ecl 12,5). A segunda imagem visa ao “início do verão (abril), quando, após o crescimento da primeira relva, o gafanhoto encontra bastante alimento e, empanturrado, anda de arrasto” (SCHWIENHORST-SCHÖNBERGER, 2004, p. 534). Com isso, visando à pessoa envelhecida, o inseto ora parece contrastar a “debilidade do estômago do ancião”, o qual não consegue alimentar-se bem, ora o “pesadume do gafanhoto” talvez indique “a vagareza do ancião, a qual se manifesta sobretudo em seu andar cansado” (VÍLCHEZ LÍNDEZ, 1999, p. 409). Todavia, cabe ao idoso a tarefa de olhar para a natureza, a fim de compreender a seguinte realidade: enquanto “o ser humano segue rumo à casa de sua eternidade” (Ecl 12,5), a natureza permanece com sua vitalidade e força.

No mais, além de “locusta (חָגָב)” servir como nome de pessoa (Esd 2,46), há ainda três menções do inseto no segundo livro das Crônicas. De um lado, a oração de Salomão, proferida por ocasião da consagração do templo de Jerusalém, elenca sete catástrofes: “fome”, “peste”, “crestamento” e “ferrugem”, ou seja, duas enfermidades de plantas, o “gafanhoto (אַרְבֶּה)”, contemplado também como “consumidor (חָסִיל)”, e “os inimigos quando afligem a terra” (2Cr 6,28). Para esses acontecimentos, compreendidos como “castigo/golpe/praga (נֶגַע)” e “doença (מַחֲלָה)”, o rei de Israel prevê que “cada ser humano” e “o povo inteiro” irão formular “oração” e “súplica”, “estendendo as palmas de suas mãos em direção à casa” do Deus de Israel (2Cr 6,28-29). Do outro lado, logo em seguida, o discurso divino menciona três “catástrofes capazes de ameaçar a existência do povo na terra”, avaliando-as como “diretamente provocadas por Deus” (JAPHET, 2003, p. 103): a ausência de “chuva”, a “locusta (חָגָב) que devora a terra” e a “peste” (2Cr 7,13). Enfim, compreende-se novamente o quanto o gafanhoto é tido como uma das catástrofes ambientais mais desastrosas. 

Considerações finais

A Bíblia Hebraica não trabalha com as taxonomias da biologia moderna. Não obstante, existem classificações. Distingue-se entre animais na água, no solo e no ar, assim como entre animais puros e impuros, isto é, próprios ou impróprios para a alimentação do ser humano e o sacrifício ofertado a Deus. Além disso, ocorrem alusões a determinadas características desse bicharedo.

Em relação ao extenso vocabulário para o inseto comumente compreendido como gafanhoto e/ou inseto saltador, defende-se neste estudo que os vocábulos hebraicos que, a partir do reconhecimento da raiz verbal, trazem a descrição de determinada característica dos animais em questão sejam traduzidos de acordo com os detalhes mencionados. Nesse sentido, observa-se o “cortador (גָּזָם)”, o “consumidor (חָסִיל)”, o “lambedor (יֶלֶק)”, o “voador (גֹּבַי/גּוֹב/גֵּב)” e o “zumbidor (צְלָצַל)”. Além disso, a menção de quatro espécies em Lv 11,21-22 faz pensar em quatro grupos de insetos pertencentes à ordem dos ortópteros: o “gafanhoto (אַרְבֶּה)”, o “grilo (סָלְעָם)”, a “esperança (חַרְגֹּל)” e a “locusta (חָגָב)”.

Sem microscópio, mas atenta à natureza, a Bíblia Hebraica mostra cinquenta e cinco vezes esses insetos saltadores. O fato de existir um vocabulário variado indica a atenção às diferenças entre as diversas espécies e aos hábitos dos animais em questão. Descobre-se o valor alimentício dos gafanhotos, mas também se sabe da proliferação em massa desses insetos pequenos e, consequentemente, de sua capacidade de transformarem o ambiente.

As dimensões ambientais, por sua vez, são socioambientais. Morando numa “casa comum” (FRANCISCO, 2015, n. 1), que é a terra, o ser humano convive com os gafanhotos. Assim, em princípio, ele é beneficiado pelos insetos em questão. Ora por poder comê-los, ora por ganhar lições de vida ao contemplar o comportamento deles. Nesse sentido, embora doloroso, um dos ensinamentos oferecido pelos saltadores revela que, em pouco tempo, tudo pode ser perdido. E isso vale inclusive para quem está com o poder em suas mãos. Afinal, nem este se garante diante de um desastre ambiental causado pelos gafanhotos.

Por fim, os gafanhotos e/ou insetos saltadores se tornam um dado teológico na Bíblia Hebraica. Sobretudo ao representarem, de forma real ou metafórica, carestias e/ou catástrofes sofridas por Israel e pelos povos circunvizinhos, eles favorecem a fé no Senhor, Deus de Israel, que, como criador e soberano, age com justiça e equidade para trazer o seu povo e os demais povos ao arrependimento de seus atos desumanos. 

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