Hermenêutica das concepções de ideologia no discurso clínico gestáltico[i]

Hermeneutics of conceptions of ideology in Gestalt clinical discourse

Adelma Pimentel

Doutorado em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Professora no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas/ Faculdade de Psicologia na Universidade Federal da Paraíba (UFPA). Contato: adelmapi@ufpa.br

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Resumo: O texto é um ensaio em que abordo o conceito e as funções da ideologia na intervenção clínica gestáltica, a partir do diálogo entre as proposições de Fiorin e Paul Ricoeur. Entre os resultados do estudo tem-se que no sistema teórico gestáltico as ideologias apontam que, o ponto de partida foi a ruptura com a psicanálise; na atualidade há utilização de tecnologias de informação e comunicação, e a inserção no SUS e no SUAS. Conclui-se que o sentido da psicoterapia gestáltica baseado no diálogo, nas técnicas configuradas em base a experiência do cliente, e em seu fundamento fenomenológico é promover a ação ética e uma ideologia pautada no real vivido. Assim supera-se as funções ideológicas da dissimulação e da justificação do exercício de poder vertical do psicoterapeuta. Finaliza-se o texto propondo uma estratégia de pesquisa qualitativa, em que a hermenêutica desvela a linguagem fenomênica e a abstrata utilizada para disseminação e enraizamento de funções ideológicas no discurso clínico.

Palavras chave: Gestalt-terapia; ideologia; funções; hermenêutica; Ricoeur

Abstract : The text is an essay in which I address the concept and functions of ideology in Gestalt clinical intervention, based on the dialogue between the propositions of  Fiorin and Paul Ricoeur. Among the results of the study is that in the Gestalt theoretical system, in turn, the ideologies point out that the starting point was the break with psychoanalysis; Currently, there is the use of information and communication technologies, and inclusion in the SUS and SUAS. It is concluded that the meaning of Gestalt psychotherapy based on dialogue, on techniques configured based on the client's experience, and on its phenomenological foundation is to promote ethical action and an ideology based on the real experience. In this way, the ideological functions of dissimulation and justification of the psychotherapist's exercise of vertical power are overcome. The text ends by proposing a qualitative research strategy, in which hermeneutics reveals the phenomenal and abstract language used to disseminate and root ideological functions in clinical discourse.

Keywords: Gestalt therapy; ideology; functions; hermeneutics; Ricoeur


A clínica psicológica é uma área do conhecimento com vários sistemas teóricos e linguagens voltados para a “cura” (linhagem médica) e para o cuidado à vida humana (linguagem fenomenológica), constantemente, afetada por inúmeros fatores em múltiplas valências. Para Alcântara et al (2022, p 352), os conceitos de saúde e doença são desdobrados em enfoques positivistas e fenomenológicos, 

1) compreensão positivista, pragmática, baseada nas ciências empíricas – biologia, física e química – considera a saúde e a doença através da bioestatística e do selecionismo. Saúde e doença estão relacionadas à normalidade. A anormalidade seria um desvio estatístico entre o atípico e o funcionamento normal do organismo, comparando o funcionamento de cada indivíduo com o funcionamento geral da espécie; 2) compreensão subjetivista, que pensa a saúde e a doença por meio de um universo linguístico e genealógico, relacionados à cultura, gramática, epistemologia, antropologia e história. Saúde e doença são vistas como uma construção mutável, com caráter subjetivo e intencional, conhecidas por meio da descrição dos fenômenos.

Pelos discursos, no formato de linguagem verbal e de textos, langue e parole forma-se o entendimento do mundo existencial, vivido por pessoas concretas e diversas. O material elaborado subjetivamente nas interações e relações interpessoais é levado por alguém a psicoterapia para realizar diálogo, falar e ser escutado. Este é o insumo orgânico e dinâmico da ação no discurso que configura a prática clínica gestáltica voltada a compreensão da pessoa. Desvelar armadilhas, ambiguidades, metáforas, e representações das mulheres transmitidas pela linguagem escrita em músicas, livros, filmes, etc, constitui-se uma de minhas preocupações de pesquisa.

Na clínica psicológica gestáltica, ao examinar o discurso contido no sistema teórico me aproximo do âmbito da saúde mental, que, após a reforma psiquiátrica brasileira inseriu no Sistema Único de Saúde os princípios da desospitalização e do cuidado, em substituição a medicalização e a “cura”.  Assim, a questão do texto é: Quais ideologias estão presentes no discurso psicoterápico em Gestalt-terapia? A difícil tarefa requer refletir sobre os conceitos de psicoterapia e ideologia. Meu ponto de vista é composto em base a hermenêutica da linguagem, a partir da inspiração nas proposições do filósofo Paul Ricoeur; bem como alinhavos de referências sobre ideologia em Fiorin, (1998, p 6) que critica a ausência da abordagem pelos linguistas das “relações entre a linguagem, sociedade e uso da linguística estrutural burguesa”. O pesquisador alegou, que devido a “crise epistemológica” é cogente, “uma reflexão ampla sobre a linguagem, que leve em conta três elementos: língua, fala e o que é ideologizado na linguagem” (p.7)

Caminho da pesquisa

A escritura se configura como ensaio em que busquei compor um ponto de partida para o debate sem considerar as ponderações eixos de verdade. A função do ensaio é constituir-se como “Proposta de diálogo aberto” (BARROS, 2011, p 333).  Outra característica é apresentar as argumentações encontradas nos textos de referência usados, em que “A sequência argumentativa gira em torno de uma tese que se fundamenta em relações entre argumentos, dados ou razões que levam a uma conclusão” (p. 336).

Os suportes usados na tarefa analítica foram os livros: Interpretação e Ideologia de Paul Ricoeur (1980, 1988) e A Ideologia e a Utopia (2015). Quanto ao exame do discurso gestáltico considerei as obras: Perls (1975); Perls, Hefferline & Goodman (1985).  De cada material fiz várias leituras incluindo a intertextualidade, ou busca de referências contidas nos textos suportes; selecionei trechos que constituem a fundamentação do artigo, deixando claro que cada uma das obras é localizada em diferentes temporalidades e solos epistemológicos; deste modo para apreender sua densidade/distintos objetos de trabalho requerem a leitura completa. Os recortes atendem ao propósito exploratório de responder minha questão no estudo. As análises seguiram uma estratégia de me valer da identificação textual das funções ideológicas aposta em Ricoeur (1988): a) representação de grupos; b) dinamismo motivacional; c) simplicidade esquemática; d) negatividade; e) dissimulação.

O que é ideologizado na linguagem

Começo a jornada apontando as considerações de Chauí (1980, p 10) sobre a origem histórica do conceito de ideologia e dos vários sentidos vinculados, que apontam o cientifico/epistemológico, e o pejorativo; assim, no ano de “1801 no livro de Destutt de Tracy, Eléments d'ldéologie. Juntamente com o médico Cabanis, com De Gérando e Volney, pretendia elaborar uma ciência da gênese das ideias, como fenômenos naturais que exprimem a relação do corpo humano, organismo vivo, com o meio ambiente”. Podemos perceber a ausência de sentido pejorativo no conceito e uma vinculação, desde o início, a política partidária, já que os autores eram ligados a Napoleão Bonaparte e mais tarde, ao partido liberal francês.  

Chauí (1980, p 10) afirma que,

O sentido pejorativo dos termos “ideologia” e “ideólogos” veio de uma declaração de Napoleão, num discurso ao Conselho de Estado em 1812: “Todas as desgraças que afligem nossa bela França devem ser atribuídas à ideologia, essa tenebrosa metafísica que, buscando com sutilezas as causas primeiras, quer fundar sobre suas bases a legislação dos povos”. Com isto, Bonaparte invertia a imagem que os ideólogos tinham de si mesmos: eles, que se consideravam materialistas, realistas e antimetafísicos, foram chamados de “tenebrosos metafísicos”, ignorantes do realismo político”

A ideologia conforme entendida hoje é uma representação social, que se insinua como reprodução subjetiva sem que (a maior parte do tempo) a pessoa se dê conta, pelo sentido generalizado de tornar-se uma apropriação “acrítica” de generalidades vagas e de difícil verificação; diferente da doxa cotidiana, que não tem pretensão de “ciência”, a ideologia pretende afirmar-se como verdade. Quanto a concepção que fez Destutt de Tracy, ele não conseguiu dar um conteúdo positivo à expressão, que foi alvo de muitas críticas e tendia ao descrédito; assim, para o uso negativo foi um passo. A expressão já se acercava ao uso pejorativo quando Napoleão se referiu a ela, visando manter, o que julgava ser o seu “direito” no exercício de poder. Marx, por outro lado, considerou na ideologia representações de classes que sacrificam a objetividade aos interesses econômicos, a exploração e dominação de uns pelos outros. (PERINE, 1991; JOSGRILBERG, 2008)

Na sequência me auxilio da abordagem de Fiorin (1998) sobre a linguagem enquanto veículo das ideologias, embora, não esteja associado aos autores que laboram no horizonte fenomenológico. Os subsídios textuais que me valho são a descrição dos elementos semânticos presentes em um discurso: a) o superficial que refere os dados invariantes; b) o profundo que indica o elemento mais abstrato. Para o entendimento de ambos apresento o exemplo que o autor ilustra: o anel mágico da branca de neve é o elemento concreto, observável, presente no mundo natural; e o poder-vencer o abstrato. 

Para Fiorin estes níveis semânticos presentes nos discursos são “componentes da linguagem em que percebemos com toda a nitidez as determinações ideológicas. (p.20). Ao longo da obra o autor explicita a dinâmica que se manifesta nos textos, por meio dos componentes figurativos e dos temáticos, até a abordagem da relação entre ciência e ideologia.

Fiorin exemplifica tese que nas teorias antropológicas “ganharam estatuto de verdade”: “havia raças inferiores e superiores, para justificar o colonialismo – essas representações que servem para justificar e explicar as condições de vida do homem se chama ideologia”.  O componente concreto/fenomênico e o abstrato unidos formam a “falsa consciência”. (p.27).

O argumento é clarificado pelo autor ao descrever que,

Se há inversão da realidade, a ideologia está contida no objeto e no social, não podendo ser reduzida à consciência. A expressão “falsa consciência indica apenas que as ideias dominantes são elaboradas a partir de formas fenomênicas da realidade, não apreendendo, as relações sociais mais profundas. Essas ideias são, por conseguinte ideologia sobre ideologia (Fiorin, 1998, p 28)

Fiorin (2021) aborda a localização do sentido do texto nas propostas de: a) busca da intenção do autor, exemplificando o trabalho do exegeta; b) busca da intenção do leitor. Esta última ele critica a disposição, ponderando que, “Só uma sociedade que levou a subjetividade e o individualismo ao extremo, como a nossa, pode conceber a ideia de que o sentido do texto é a intentio ledoris” (p.3). 

Em seguida elucida a posição de Paul Ricoeur, 

O sentido do texto é criado no jogo interno de dependências estruturais e nas relações com o que está fora dele (1986). De um lado o texto é uma estrutura, um todo organizado de sentido, composto com procedimentos linguísticos próprios. De outro lado, o sentido do texto é dado pelas relações com o que está fora dele. No entanto, não temos acesso direto à realidade, porque nossa relação com ela é sempre mediada pela linguagem. Por isso, um discurso não se constrói sobre a realidade, mas sempre sobre outro discurso. (p.5). 

 O autor prossegue ressaltando a metáfora como um dos operadores do sentido, em alguns textos, e que as relações de textos com a história “ Derivam dos confrontos ideológicos de seu tempo”, e também “Longe dos embates da história. Isso significa que tanto o mergulho nas circunstancias históricas quanto a alienação são históricos” (p. 6). Acerca das características do discurso, Fiorin (2021) afirma a importância de considerarmos “O dialogismo constitutivo, a palavra do outro é condição necessária para a existência de qualquer discurso, sob um discurso há outro discurso” (p.10).

Em síntese, o discurso transmite ideologias compostas pela língua e disseminadas pelas instituições e ciências, destacando-se o jogo semântico entre o fenomênico e o abstrato, em que nem sempre as pessoas conseguem compreender o alcance. Ressalto, a partir de uma reflexão com Josgrilberg (2008), que os termos “Linguagem fenomênica e abstrata” que não têm um uso firmado nos estudos de fenomenologia, em meu texto não apontam o significado de oposição a baliza fenomenológica, sim referem-se as representações de mundo do cotidiano marcadas por generalizações vagas, próprias dos discursos ideológicos.

Esclareço que, o termo “fenomênico no horizonte da fenomenologia refere-se as experiências perceptivas complexas e singulares. Para Alves (2018, p 67), “Tipicamente, em nossas experiências perceptivas, percebemos objetos ordinários, que se apresentam para nós como particulares. A particularidade é constitutiva do caráter fenomênico da experiência. Não percebemos apenas propriedades gerais (e.g. cores, formas, timbres sonoros, posições relativas), mas também objetos particulares que preenchem o ambiente à nossa volta. ”

Concepção de ideologia em Ricoeur

Na obra Interpretação e Ideologia (1988, p 64) começa seu texto discursando, em tom de alerta (efeito de sentido do ato ilucocionário), sobre a convencionada e naturalizada forma de circulação da teoria da ideologia “em termos de classes sociais”, baseada no enfoque marxista, “definida por sua função de justificação do interesse de uma classe social” (p.65). Ricoeur realiza reproches como ponto de partida, considerando a hipótese de “evitar a função de justificação”, embutida no conceito de ideologia para não cair no reducionismo de situa-la como ação da “classe dominante”, assim, “considera a dominação uma dimensão da integração social”. Ao desviar-se deste sentido favorece “desatar o elo entre teoria da ideologia e estratégia da suspeita”. (p.65)

No bojo da hipótese indaga: quem suspeita está isento do que denuncia? Somente o outro é o suspeito? Ao que responderá: conhecer é compromisso com a práxis - nenhuma ciência escapa a condição ideológica. Destarte, Ricoeur (1988, p.66) “procura estabelecer uma relação intimamente dialética entre ciência e ideologia”.   Prossegue seu labor apontando seu escopo, “minha tentativa de descrição do fenômeno ideológico não será, o de uma análise em termos de classes sociais e de classe dominante. Minha intenção é chegar ao conceito de ideologia que corresponda a essa análise, mais do que partir dela” (p.67). 

Completo que a crítica ao marxismo aponta não uma negação da face da dominação de classe, sim uma ampliação dos significados da noção de ideologia. Com o trabalho interpretativo de símbolos e textos Ricoeur situa a estrutura do fenômeno ideológico em um arcabouço composto por três vértices/funções, que por sua vez operam em dinâmicas características. São: a) função geral; b) função de dominação; c) função de deformação.  Faço apontamentos a respeito de cada uma.

Na função geral da ideologia tem-se a composição de: a) representação de grupos; b) dinamismo motivacional; c) simplicidade esquemática; d) negatividade; e) dissimulação, 

O fenômeno ideológico está ligado à necessidade, para um grupo social, de conferir-se uma imagem de si mesmo, de representar-se. Seu papel é de perpetuar post factum as imagens e as interpretações. Ela é, para a práxis social, aquilo que é, para um projeto individual: motivo, justificação e argumento. Sua capacidade de transformação só é preservada com a condição de que as ideias que veicula tornem-se opiniões, de que o pensamento perca o rigor para aumentar sua eficácia. Por ser operatória e não temática, sua natureza é uma instância não-crítica.O novo só pode ser recebido a partir do típico, oriundo da sedimentação da experiência social. (RICOEUR, 1988, p 60-71).

Na função de dominação a operacionalização no cotidiano da vida em grupo ocorre quando há a “cristalização da autoridade” oriunda da integração de um conjunto de ideias; “legitimação e dissimulação”; 

A ideologia interpreta e justifica a relação com as autoridades, o sistema de autoridades, que procura legitimar-se, correlativa a uma crença. Há sempre mais na pretensão da autoridade do que na crença que vai a autoridade. Vejo aí um fenômeno irredutível de mais-valia. (p 71-72)

Na função de deformação Ricoeur (1988, p 73) observa a composição marxista associada,

“A ideia de uma distorção, uma deformação por inversão. O que Marx tenta pensar é um processo geral pelo qual a atividade real, vida, deixa de constituir a base, para ser substituído por aquilo que os homens dizem, se imaginam, se representam. A ideologia é esse menosprezo que nos faz tomar a imagem pelo real”.

Ricoeur menciona, ainda que a “imprecisão” cometida por Marx e reconhecida pelos teóricos da Escola de Frankfurt foi associar a ideologia a religião, “A limitação fundamental do conceito marxista não se deve ao vínculo com a ideia de classe dominante, mas à sua definição por um conteúdo específico - a religião, e não por sua função (p. 74). Ricoeur liga a ciência e a tecnologia como funções ideológicas, concluindo que “ A conjunção do critério marxista com outros critérios da ideologia pode liberar o potencial crítico desse critério mesmo” (p.75). O filósofo observa que muitas críticas realizadas ao fenômeno da ideologia são relacionadas a “um lugar não-ideológico chamado ciência”. Prossegue apontando que “na antítese ciência-ideologia, ambos os termos devem ser questionados” (RICOEUR, 1988, p 77). 

Em síntese, Ricoeur atribuiu a ideologia ao imaginário social que se forma por mecanismos de dominação e de estabilização social consagrando ou se opondo a um estado de coisas. A “subjetivação ideológica das mulheres” obedece a tendências sociais fortes e presentes nas relações de gênero em que, o dar-se conta ou conscientização depende de uma certa qualidade de interação social em que práticas denunciam valores e a teoria pode ser abalada. 

Ricoeur tem uma visão negativa da ideologia, como uma espécie de “contaminação” social das representações e motivação em torno de valores que são ocultados. Opõe ideologia e utopia, (utopias de dominação objetam a utopias liberadoras).  A questão gira em torno de valores a serem praticados. Para Ricoeur (2015) a ideologia e a utopia são lutas em torno de valores éticos que projetam possibilidades de uma vida humana mais justa. A ciência não fica isenta de representações ideológicas, a exemplo temos as antropologias (muito) eurocêntricas, eivadas de concepções racista, de gênero, de classe, etc, que precisam passar por uma crítica de valores constante. (JOSGRILBERG, 2008; MANNHEIM (1986).

Linguagem discursiva em Gestalt-terapia

Grande contingente das pessoas que na atualidade procuram a Gestalt-terapeuta no Serviço Único de Saúde (SUS); no consultório, e em clínicas escolas ligadas a universidades que formam estagiários são jovens em vulnerabilidade econômica, afetiva e social, vivenciando da ideação suicida a falta de trabalho. (CANCLINI, 2020; PIMENTEL, 2023).

Os processos de subjetivação que os jovens vivenciam são permeados por acontecimentos contundentes que os afetam psicologicamente. 2024, em pleno século XXI para Canclini (2020) reflete os “cidadãos atados”; a “desglobalização e a despolitização”, que requerem “reinventar as conexões”.  O contexto mundial reverbera “estagnação e agitação social” (p.15). “Os jovens mostram as formas mais extensas de precariedade” (p.24). Em todos os lugares: Brasil, América Latina, Estados Unidos, Inglaterra, Europa, México. 

Na conjuntura mencionada são modestas as formulações no sistema teórico gestáltico. Sobre o processo psicoterapêutico incidem duas implementações: a psicoterapia em meios virtuais; a clínica ampliada. Ressalto que não podemos focalizar as aplicações clínicas mencionadas, a partir da transposição de setting, ou do privado para o virtual, e para o público; ademais, ambas requerem fundações éticas. Estas pulsações reverberam em alguns desdobramentos nos autores citados.

Cavanellas e Barbosa (2019) tematizam sobre a Gestalt-terapia em tempos de “incerteza”, com a argumentação distinta da elaborada por Canclini (2021), entretanto, demonstrando semelhante perplexidade ante a “decadência” da ciência/conhecimento. Me pareceu denunciarem a ideologia panaceia a ela atribuída, “Viver em nossa época tem significado, para muitos, sobreviver, porque apesar do acúmulo de conhecimento e patamar tecnológico que alcançamos, a vida não cansa de escancarar nossa ignorância em relação ao outro, aos diversos outros e a nós mesmos”.  (p.916)

No século XX, a criação da obra de Perls (1975) marcou uma ruptura parcial com a ideologia psicanalítica freudiana. Parcial por manter-se permeada por ela no campo da teorização sobre a psicoterapia, por exemplo, no conceito de dar-se conta.  Conjuntamente, Perls (1975) envidou a tentativa de elaborar um discurso em base a psicologia da Gestalt, por exemplo, recorrendo ao conceito de isomorfismo na composição da tese sobre o metabolismo dental, (PIMENTEL, 2005).

Perls (1975) considerou o instinto de fome e o metabolismo dental centro da teorização gestáltica. O ponto zero é outro importante conceito, eixo de onde a diferenciação é pensada para que a pessoa em psicoterapia constitua ajustamentos criativos, e o predicado do contato. Ambos favorecem que a pessoa mantenha aberta a fronteira organismo/ambiente, objetivando sua autorregulação sob diversas condições. 

A concepção de sujeito agrega a premissa fenomenológica da intencionalidade da consciência para que este compreenda as vivências no campo geográfico e psicológico, considerando as circunstâncias sociopolíticas e econômicas, em que é socializado, o que representa as impossibilidades originárias do vir a ser criativa em nosso entorno social. 

Galli (2009) compreende que as relações interpessoais, a subjetivação inerente ao estar no mundo, são de importância fundamental para o desenvolvimento de quem somos, do que almejamos, no que acreditamos. Se essas relações são vivenciadas à custa de nos sentirmos invadidos pelo outro, fazendo-nos distanciar do si mesmo ou como diz Tenório (2012, p. 225) “os limites do meio se estendem demais sobre si mesmo”. Consequentemente, a interação torna-se comprometida, com distanciamento do outro, do si mesmo, da relação organismo-meio, dificultando o ajustamento criativo, ou tornando-o inexistente.

Conforme pressupõem Figueiredo e Castro (2015) a partir da autorregulação organísmica e do potencial criador inerente à pessoa diante do que é vivido que o ajustamento criativo corresponde a um processo adaptativo do organismo. Este movimento relaciona-se com à awareness e ao insight que emerge em determinada experiência. Nesse ínterim, tem-se o reconhecimento de cada situação em suas especificidades e singularidades. 

A responsabilidade pessoal é uma premissa fundamentada na visão existencial das pessoas e das relações. Assim, cada uma para realizar sua inserção no mundo da vida, desvelar as camadas de significação simbolizadas nas representações sociais, e para construir sentidos que interrompam o processo de regulação deliberada requer desenvolver as funções de contato e de sustentação de si, o que se dá pela apropriação do seu corpo.  O conjunto de todas as relações que um sujeito entende como significativas ou diferenciadas das demais relações estabelecidas, configura-se como o grau relacional interpessoal que contribui para o reconhecimento da identidade. 

Ideologia em Gestalt-terapia

Cheguei ao centro do artigo. Verso agora sobre alguns apontamentos da questão: Quais ideologias estão presentes no discurso psicoterápico em Gestalt-terapia?. Até aqui configurei as distintas concepções de ideologia: em Fiorin, e a ricoeuriana. Agora, tomando como fundamentação Ricoeur (1988), assinalo elementos da análise das ideologias no discurso clínico gestáltico. 

Ricoeur (1988) apresentou as funções da ideologia em alguns desdobramentos: representar grupos; ser elaborada em linguagem simples; dissimulação; e na obra de 1988b representar a ação humana ética.   Apliquei cada uma delas ao sistema gestáltico verificando exemplos pertinentes e impertinentes: representar grupos: em Gestalt-terapia psicólogos e psiquiatras são os que podem tornar-se, formalmente, psicoterapeutas. Frederick Salomon Perls era psiquiatra. Cabe aos grupos destes profissionais participar e realizar os procedimentos clínicos no âmbito da saúde mental/psíquica. 

Acerca do trabalho na prevenção em saúde, Silva e Bandeira (2017, p 6) narram a inserção da Gestalt-terapia na proteção social básica no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), em Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). As autoras situam que, nos vários contextos geográficos onde atuam as Gestalt-terapeutas, há lacunas no desenvolvimento teórico e metodológico como aporte ao trabalho sócio comunitário. Com tal limite nas práticas descritas por elas, em base aos textos usados, os conceitos gestálticos - ajustamento criativo, importância do vivido, técnicas gestálticas - são tomados da prática clínica como instruções da prática psicológica no CRAS, denotando a falta de representação e articulação,

As técnicas norteadas pela Gestalt-terapia possuem como referenciais os processos de percepção, as interações que as pessoas estabelecem com o meio, a forma como se autorregulam e organizam sua existência, almejando ampliar a Awareness (consciência integrativa) da pessoa de modo que ela possa ter uma maior consciência de si mesma. A Gestalt-terapia investe na capacidade da pessoa em se autorregular e no poder restaurador do humano, enfatiza a auto sustentação e não o paternalismo. 

Ser elaborada em linguagem simples: esta função não se aplica, em virtude da linguagem gestáltica requerer uma graduação, conhecimento apriori de um saber acerca da psicologia clínica, da psicanálise freudiana, de filosofia e todas as bases que são associadas a constituição do sistema gestáltico. Da psicanálise ressalvando a dificuldade da tarefa, delimito algumas premissas situadas no livro de Freud, (2010), O mal-estar na civilização, novas conferências introdutórias à psicanálise e outros textos (1930-1936), tradução de Paulo César de Souza. Dela fiz pequenas analogias com fontes do mal-estar vivido no século XXI.  Freud (2010, p 14) asseverou que “ Em geral, se tem a impressão que as pessoas buscam poder, sucesso e riqueza para si mesmas”, ato que impacta os “autênticos valores da vida”. Sem generalizar a afirmação menciona que há poucos “homens que a grandeza está nas qualidades e realizações”.  Sem a preocupação em realizar uma interpretação equivocada, considero atualíssima a asserção no contexto do pós-capitalismo, ou capitalismo financeiro (MAIA, 2023), ilustrada por atos de jogar nas diversas loterias; tornar-se Youtuber ou “influencer” digital vendendo espaços no Instagram para marcas de publicidade. Estas são formas atuais de perseguir o “enriquecimento”. Há no excerto indicação da função de justificação na concepção de ideologia presente nos símbolos valorizados socialmente. 

Sobre o conceito de “Eu”, perceber o corpo e o outro dá início ao processo de diferenciação existencial pela criança pequena, seguida da “instauração do princípio da realidade” (FREUD, 2020, p.19).  Quanto a vida psíquica, a hipótese freudiana aponta uma importante condição, 

O que passou pode[ii] ficar conservado na vida psíquica, não tem necessariamente[iii] que ser destruído. É possível que também na psique elementos antigos sejam apagados ou consumidos – a tal ponto que não mais possam ser reanimados e restabelecidos, ou que em geral, a conservação depende de certas condições favoráveis. É possível, mas nada sabemos a respeito (po.24)

Corpo próprio e diferenciação do outro e gratificação sexual são construtos que integram a ideologia psicanalítica do sujeito que convive em sociedade, e que pode desenvolver neuroses. Freud (2020, p 28-9) descreveu “paliativos” que favorecem enfrentar as vicissitudes existentes no cotidiano:  poderosas diversões; gratificações substitutivas e as substâncias inebriantes. Na sequência Freud enuncia a cultura; os valores; a sublimação do instinto como “traços característicos da civilização”. 

Quanto à intervenção clínica gestáltica, Castaño (2021, p 61) alega que as técnicas não são (não devem ser) um conjunto de instruções metódicas que podem ser aplicadas, indiscriminadamente no contexto psicoterapêutico. As técnicas se constituem de “um amplo repertório de condutas verbais, não verbais, estruturadas, não estruturadas, introspectivas e interpessoais, dirigidas para dentro e para fora, simbólicas e não simbólicas”. 

Dissimulação: o uso das técnicas gestálticas como aportes da “cura” podem despontar esta função ideológica, na qual profissionais inescrupulosos e “marqueteiros” “vendem “receitas” rápidas para as demandas das pessoas em sofrimento. Segundo Castaño (2021, p. 66), 

Para aumentar a responsabilidade e conectar com a experiência imediata: falar em primeira pessoa e no tempo presente; responsabilizar-se pela expressão de várias maneiras, em lugar de dizer: “sinto tensão no estômago”, começar a dizer: “estou sentindo-me tenso”; substituir a conjunção, “mas” por “e”, o que favorece a integração em lugar de excluir; utilizar “como” ao invés de “por que” para evitar a racionalização e a explicação, evitar as perguntas e converte-las em afirmações. 

Neste escopo, tem-se a proposição de, durante a psicoterapia escutar e compreender o que está sendo dito pela pessoa. Consoante Perls e Naranjo, citados por Castaño, (2021, p 65), se valendo de ação que “consiste em um equilíbrio entre simpatia e frustração: apoiar as expressões autenticas do paciente (sentimentos, condutas e desejos genuínos) e confrontar-lhe com seus jogos neuróticos (denunciar o falso, evitativo, manipulativo) ”.

É valido lembrar que os procedimentos mencionados são incomuns ao convívio cotidiano nas casas, na escola e demais instituições; que é permeado por encenações de “felicidade” e disfarce dos sentimentos pelas usuárias das redes sociais virtuais como o Instagram; também podemos considerá-los um método clinico-pedagógico, em que a psicoterapeuta ensina a pessoa a se manifestar como si mesmo. Evitar torna-lo ideologia de ajustamento deliberado é uma tarefa que nunca deve ser esquecida, pois a técnica de mudança do comportamento reduz a existência a uma dimensão empobrecida, se não incluir a ação da consciência intencional.

Representar a ação humana ética - ainda considerando as reflexões de Castaño (2021, p 64), os princípios gestálticos visam a síntese e a integração de cada pessoa a sua própria existência sem deixar-se sucumbir aos ditames neuróticos das sociedades capitalistas de consumo. Tal princípio está no cerne de uma ação ética, adjunto aos demais: a pessoa é totalidade repleta de necessidades, das quais a resolução da fome e do contato são bases para atos completos e criativos. 

Outro desdobramento da ação ética em Gestalt-terapia é pensar a diversidade, a diferença e o gênero. Lucsinki et al. (2019, p 947) asseguram o imprescindível procedimento de focalizar o “empoderamento feminino em psicoterapia, em uma escuta atenta que revela os reflexos da cultura patriarcal”.  As articulistas lembram que, “Adentram os settings terapêuticos mulheres que nos remetem à imagem de um ser sem voz e cheio de braços. Muitas vezes, nas múltiplas funções de mãe, dona de casa, esposa e profissional, sentem dificuldade em expressar suas vontades, predominando a satisfação das alheias” (p.952)

Estar aware significa, “tornar-se consciente” de algo. Neste sentido, a mera apreensão intelectual de uma (suposta) verdade não poderia gerar mudanças de fato, pois é preciso apreender o mundo de forma integrada, vivencial, articulando pensamentos, valores e sensações. O trabalho psicoterapêutico, que parte do encontro intersubjetivo entre terapeuta e cliente, passa pelo contato aprofundado com os temas abordados, de forma a compreender, desconstruir e ressignificar. (LUCSINKI et al., 2019, p 953)

Identifiquei cinco ideologias entrelaçadas desde a elaboração do sistema teórico: a) uma de ruptura com a teoria e a técnica psicanalítica; b) outra de composição de procedimentos técnicos singulares, em destaque as inspirações na psicologia da Gestalt; c) uma que visa articular uma epistemologia para o contato, que se dá pela apropriação de premissas fenomenológicas, em que as husserlianas e heideggerianas são as que mais aparecem nos textos científicos; d) outra que se vale de tecnologias de informação e comunicação, tendo a internet, o chat de vídeo, o e-mail e o WhatsApp como canais; e) uma que dialoga com estudos decoloniais feministas e de gêneros, inserida na saúde pública e assistência social, em busca de superar o isolamento de uma prática clínica voltada para quem pode pagar o serviço da escuta. 

Que procedimento usei para identificar? A hermenêutica da linguagem em base aos autores citados no caminho da pesquisa, mediada pelos procedimentos abaixo descritos. Ensejo contribuir para desvelamento de ideologias em discursos e linguagens no âmbito da pesquisa qualitativa em psicoterapia. O Processo para desvelamento de ideologias em discursos e linguagens se dá com as etapas de: a) identificar a concepção geral de ideologia nos discursos textuais; b) assinalar no texto os grupos representados, os temas nos discursos e os valores disseminados; c) distinguir a função da dominação na linguagem usada e as autoridades falantes; d) descrever a função de deformação da experiência presente nos valores sedimentados na vivência; e) situar a inter-relação entre a linguagem metafórica e o significado simbólico; f) elaborar a síntese hermenêutica crítica apontando ações de resistências pessoais, sociais orientadas por valores éticos.

 Esta tarefa é realizada por sujeitos éticos, que, conforme Josgrilberg (2008),

O sujeito ético, na trama dialógica da interpelação e da resposta, encontra um mundo de validades éticas e é impelido a agir em consonância com essas validades específicas. É a atitude e o comportamento face às validades que agregam valor ético à ação. É na medida em que respondo por essas validades que me torno sujeito responsável eticamente. As validades éticas são reconhecidas no outro, na natureza, na sociedade, no trabalho, nas instituições, no cotidiano, em situações limites etc.

Fechamento do artigo e início de outras jornadas

A empreitada chega a termo sem indicar esgotamento da problemática examinada, pois a forma é de artigo com limite de laudas; portanto, encerro usando a baliza “Fechamento do artigo e início de outras jornadas” para tecer as considerações finais. A terminação do artigo aponta a necessidade em continuar as reflexões. 

A compreensão de ideologia que sistematizo ao concluir o manuscrito reúne os elementos teóricos, em que apresentei a origem histórica do conceito de ideologia, e os desdobramentos organizados por Ricoeur; porquanto é impossível refletir sobre ideologias sem mencioná-los; bem como as ponderações de Fiorin acerca da linguística, uma vez que é pela linguagem: língua e escrita (fala e internet) que são difundidos conceitos, imagens, opiniões, juízos, imaginações, as ideologias. 

Posta argumentação me valho de um conceito de ideologia entendido como: um conjunto de posições sobre um contexto com várias funções: a geral que permite identificar os grupos representados nas ideias, a motivação para difundi-las, a linguagem usada e a articulação com a ciência. Assim, retomo o sentido de mostrar o laço com o mundo da vida para desvelar a justificação da dominação, dimensões presentes na ideologia, e buscar valores éticos para uma vida justa para a humanidade, não unicamente para um grupo ou uma classe.

No âmbito da Gestalt-terapia é impraticável aborda-la sem focalizar a ligação de Frederick Salomon Perls com a psicanálise Freudiana; entretanto, gradativamente a Gestalt-terapia foi inserida nas instituições universitárias, nas associações de pesquisadores, em eventos regionais, nacionais e internacionais deixando de praticar o ensino e a formação continuada, unicamente em um modelo privado e pago; porém, há muito o que pesquisar e atualizar no corpus teórico, na função sociopolítica e no usufruto da população ampla dos serviços em psicologia clínica. 

Ainda é cogente ampliar na formação de Gestalt-terapeutas conhecimentos sobre ideologias nos sistemas políticos vigentes no Brasil; nas concepções de saúde de mulheres na diversidade não binária, implicando abordar as diferenças entre elas, oriundas da identidade de gênero, das vulnerabilidades socioeconômicas e maneiras de exercício do poder nas instituições, etc. Esta tarefa é possível de ser realizada por meio de pesquisas qualitativas acerca das percepções de profissionais sobre a Gestalt-terapia.

Algumas ideologias que sistematizei nos achados na literatura gestáltica consultada como a ruptura com a teoria e a técnica psicanalítica; composição de procedimentos técnicos singulares, em destaque as inspirações na psicologia da Gestalt; articular uma epistemologia para o contato pela apropriação de premissas fenomenológicas; uso clínico de tecnologias de informação e comunicação; dialogo com estudos decoloniais feministas e de gêneros; inserção na saúde pública e assistência social requerem mais pesquisas. Por ora a enunciação é ponto de partida, não de chegada. O percurso analítico que proponho visa tecer uma crítica e contar com valores que superam os condutores da ideologia, criando mais conteúdo não subordinado a puras circunstâncias e interesses econômicos. Por fim, o estudo permitiu apontar um caminho de procedimento analítico aplicado ao desvelamento das funções ideológicas do objeto de estudo nas dissertações de mestrado e teses de doutorado. 

Referências

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Notas

[i] Agradecimento ao estimado Prof. Dr. Rui Josgrilberg pela disponibilidade em ler e tecer comentários enriquecedores ao texto. Vida longa a ele.

[ii] Itálico no original

[iii] Itálico no original