Terra na Bíblia: uma reflexão sobre o alcance social das leis de Lv 25,23 e Ne 5
DOI:
https://doi.org/10.19176/rct.v0i72.15378Palavras-chave:
judaísmo pós-exílico, Torah, Lei de Moisés, judaísmo do Segundo Templo, Ano JubilarResumo
Partindo de breves considerações semânticas, esse ensaio procura avaliar a legislação mosaica sobre a terra, com especial ênfase nas questões sociais associadas ao campo. Sendo dom de Iahweh ao povo de Israel, a terra incorpora um ideal de propriedade inalienável, cujo direito de posse pertence somente a Deus. Israel se torna um inquilino comprometido com a prática das leis da justiça social. Ao fazerem duras críticas aos desvios causados pela estrutura político-social da monarquia, os escritores bíblicos pretendem chamar atenção para as experiências que estimularam a vida comunitária primitiva, denunciando o modelo monárquico de conceber a terra. O latifúndio é, pois, condenado nas leis mosaicas por causa da concentração da principal fonte de subsistência nas mãos de poucos. A crítica a esse projeto monárquico é retratada na Vinha de Nabot (1Rs 21), enquanto uma alternativa de solução emerge nas reformas de Ne 5,1-19. Fora do palácio, Lv 25 recorre à celebração do Ano Jubilar, festa camponesa que trás à memória as origens camponesas de Israel. A vida camponesa e as aldeias concebiam a terra como fonte de subsistência dos clãs. No âmago dessas tensões vividas entre a aldeia camponesa e o palácio real estava o projeto social de superar o individualismo e promover a cooperação no meio comunitário.Edição
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