A renovação escatológica no século XX

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/rct.i103.57478

Palavras-chave:

Reino de Deus, Escatologia, Renovação, Transversal, Teologia

Resumo

O objetivo do artigo é mostrar a renovação, em termos de conteúdo, metodologia e estrutura, pela qual passou a escatologia cristã. Este processo renovador iniciou-se no final do séc. XIX, com a teologia liberal, e no princípio do séc. XX, com exegese protestante, entorno da reflexão sobre a dimensão escatológica do reino de Deus anunciado por Jesus. As posições oscilaram entre uma dimensão futura e transcendente (escatologia consequente) ou presente e existencial (escatologia realizada, R. Bultmann) até culminar na síntese dialética de O. Cullmann: o reino de Deus é uma realidade já presente e ainda não consumada. A escatologia não é um discurso futurista (apocalíptico) sobre as realidades pós-mortais divorciado do presente. O futuro absoluto da fé cristã está em relação com o presente histórico e vice-versa (J. Moltmann, J.B. Metz, J.B. Libânio). A escatologia cristã passou de um discurso sobre as coisas últimas (eschaton) para um discurso sobre o Último (eschatos), no sentido antropológico, eclesiológico e cósmico. Desta forma, recuperou-se a dimensão cristológica da escatológica (W. Pannenberg, Y. Congar, J. Daniélou, K. Rahner, H.U. von Balthasar etc.). Cristo é o horizonte último da fé cristã. A escatologia deixou de ser, simplesmente, um tratado setorial que conclui a teologia dogmática para se tornar uma perspectiva presente em toda a teologia. A escatologia é uma dimensão transversal que perpassa toda a fé cristã.

Biografia do Autor

Renato Alves de Oliveira, PUC Minas

*Doutor em teologia dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (PUG). Professor de teologia sistemática do departamento de Teologia na Pontifícia Universidade Católica de Minas (PUC Minas). Contato:praobh@yahoo.com.br

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Publicado

2022-12-26