AUTONOMIA CURRICULAR NA VOZ DOCENTE: SIGNIFICAÇÕES POLÍTICAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2020v18i3p1381-1402

Palavras-chave:

Autonomia, Currículo, Docente.

Resumo

 

A autonomia é uma palavra-chave no texto das políticas educacionais das últimas décadas e assume uma multiplicidade de sentidos que atende, desde os fundamentos que definem os modelos de gestão democrática até os princípios de orientação curricular. Percebe-se, no entanto que, na efusão discursiva, há também silenciamentos. Assim, o presente estudo busca analisar e contemplar a voz docente na significação da autonomia, ancorada a um momento de decisão curricular importante, qual seja, o projeto político-pedagógico. Para subsidiar as análises optei por trabalhar com a ACD – Análise Crítica do Discurso por compreender que, as questões sociais têm um caráter parcialmente linguístico discursivo. Tal processo de análise do discurso está centrado numa perspectiva dialética moldado pela estrutura social, bem como constitutivo dessa estrutura. O discurso significa e produz significados, e muitas vezes esses sentidos são demasiadamente naturalizados e/ou “enevoados”. O estudo infere que, autonomia no contexto docente, assume uma multiplicidade discursiva que não significa apenas liberdade para fazer algo, mas ainda um ideal a ser alcançado que está ancorado à formação docente para que seja possível (re) significar tal prática como ato profissional político. Assim, a autonomia foi entendida como requisito político relacional que extrapola as instâncias de regulamentação institucional e, isso torna-se relevante, para alimentar a crença na possibilidade de configurá-la numa perspectiva de luta e movimento emancipatório, nos instantes de proposição curricular da escola.

 



 

Biografia do Autor

Ângela Cristina Alves Albino, Universidade Federal da Paraíba, Campina Grande

Ângela Cristina Alves albino é professora da Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Doutora pelo Programa de Pós Graduação em Educação PPGE - UFPB na linha de Políticas Educacionais. Está vinculada ao GEPPC – Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Curriculares. Mestre em Educação na Linha de Políticas Educacionais da Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Mestre em Ciências da Sociedade - MICS - UEPB, Linha: Educação, poder e formação de identidades. É especialista em formação do educador pela mesma universidade. É membro do GESPAUF - Grupo de estudos freireanos – FURNE – Fundação Universitária de Ensino Pesquisa e Extensão - Campina Grande - PB. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Didática, metodologias, Políticas educacionais e Projeto político-pedagógico

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Publicado

2020-09-28

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Artigos