A CENTRALIDADE DAS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS NAS POLÍTICAS CURRICULARES CONTEMPORÂNEAS NO BRASIL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1809-3876.2019v17i2p382-401

Palavras-chave:

Currículo, Competências socioemocionais, Capitalismo emocional, Políticas curriculares.

Resumo

O presente artigo objetiva  mapear as contribuições teóricas  sociais contemporâneas dos estudos sobre neoliberalismo e capitalismo emocional para o entendimento das políticas curriculares, especificamente no que se refere à ênfase nas competências socioemocionais. Nesse sentido, a partir de um alinhamento na perspectiva dos Estudos Curriculares, serão problematizados os elementos instituintes deste cenário contemporâneo em sua interface com as propostas de inovação curricular que engendram a inclusão das emoções no trabalho pedagógico. Através de análise documental a  aproximação com o campo empírico será orientada pelos conceitos de competência e individualização entendidos como conceitos que, com maior ou menor intensidade, articulam a escola aos imperativos econômicos advindos do mundo do trabalho.  A racionalidade econômica vigente ao engendrar modos de subjetivação específicos faz uso da emocionalidade com vistas intensificar a produtividade dos indivíduos e fomentar a constituição subjetiva de “empresários de si”. Em linhas gerais, pode se afirmar que os debates acerca da seleção dos conhecimentos escolares são reposicionados no interior desta gramática formativa.

Biografia do Autor

Tassia Joana Rodrigues Ciervo, Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Graduação em Psicologia, mestranda na área de Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS

Roberto Rafael Dias da Silva, Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Doutor em educação. Professor do Programa de Pós Graduação  em educação da Universidade do Rio dos Sinos (UNISINOS)

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Publicado

2019-06-28

Edição

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Artigos