Revista e-Curriculum

Satisfação dos Alunos de Graduação com os seus Cursos de Formação na Universidade Católica de Moçambique (UCM)

Jeny Oliveira — 2024-12-23

Avaliou-se o nível de satisfação dos alunos de graduação e os cursos de formação na Universidade Católica de Moçambique em Maputo. A pesquisa baseou-se na teoria apresentada por Elliott e Healy (2001) e Magalhães e Andrade (2006). Aplicou-se um questionário a 209 alunos inscritos e ativos selecionados aleatoriamente. Observou-se um nível de satisfação de ~ 92%, exceto a bibliografia disponível no reportório com < 45%. O nível de conhecimento dos professores e a satisfação foi de ~68%. Os pontos positivos são: maior abrangência do curso, bons professores, bom currículo, e o encadeamento das disciplinas. Os negativos são: pouca aplicação prática, falta de laboratórios de simulação, e recursos didáticos. Apesar da limitação dos dados, os alunos estão satisfeitos.

Curricularização da extensão universitária

Adriana Mabel Fresquet — 2024-12-23

O artigo apresenta uma cartografia do curso de extensão universitária virtual, realizado pelo Programa de Extensão, durante a pandemia de covid-19. No isolamento social, o uso de tecnologias digitais se expande como alternativa possível para a continuidade da vida. Na educação, somos desafiados a reinventar as práticas a adaptá-las à nova realidade, ponto de partida para esta investigação. Ao relacionar curricularização da extensão universitária e tecnologias digitais, procuramos, inicialmente, situar os rumos do trabalho pedagógico no campo, por uma análise documental. Em seguida, situamos a abordagem teórico-metodológica como produção inventiva da pesquisa pelo método da cartografia, ao explorar o campo da pesquisa de forma aberta e sem foco. E que culmina nos materiais de investigação e reflexões desta experiência como produção no campo curricular.

Processos de inclusão digital no Programa Inova Educação das escolas estaduais de ensino médio integral de Sumaré-SP

Adriano Fiuza do Nascimento — 2024-12-23

Este artigo é um recorte de uma pesquisa que buscou averiguar como ocorrem os processos de inclusão digital nas práticas pedagógicas da inovação curricular Tecnologia do Programa Inova Educação em duas escolas estaduais de ensino médio integral de Sumaré/SP. Foi realizado um estudo de caso de cunho exploratório com observações simples e questionário semiestruturado aplicado a quatro docentes. Apresentamos uma das categorias analisadas na pesquisa, que investigou os processos de inclusão digital nas práticas pedagógicas docentes. Os resultados mostram que os processos de inclusão digital ainda não são potencializados nas práticas pedagógicas docentes, apontando a insuficiência de formação docente e discente no âmbito das tecnologias e enfatizando a precariedade de acesso à internet e a falta de articulação entre os materiais didáticos e o desenvolvimento da inovação curricular Tecnologia.

A permanente construção da adesão à Pedagogia Crítico-Libertadora

Fernanda Quatorze Voltas — 2024-12-23

O pensamento freireano inspira mudança de práticas, na direção da humanização. O estudo em foco teve como objeto a trajetória de vida de duas educadoras nacionalmente reconhecidas por suas produções e práticas fundamentadas pela proposta de Paulo Freire. Centrou-se na questão: Que contextos e decisões de vida favoreceram ou dificultaram o desenvolvimento de uma práxis docente crítico-libertadora? O quadro teórico integra Freire (1987), Meihy (2021), Chizzotti (2003), e outros. De abordagem qualitativa, inspirou-se na História Oral. Os achados evidenciam que a adesão consciente à pedagogia freireana é opção de vida que transcende a educação formal e a prática profissional, pois envolve a ampliação do compromisso ético-político dos sujeitos que, por meio da práxis, passam a compreender que a luta por uma sociedade mais justa transborda a sala de aula.

20 anos de produção científica (2001-2021) sobre avaliação na formação inicial em Educação Física

Nayane Moia de Freitas — 2024-12-23

O objetivo desta pesquisa é compreender a natureza da produção científica sobre a avaliação na formação inicial em educação física, particularmente na Região Norte. O método utilizado foi a revisão sistemática, no período de 2001-2021, os estudos foram mapeados dentro dos seguintes indexadores: Scielo, Hbisco, Lilacs, Doaj, Pubmed, Latindex e o Portal de Periódicos da Capes. A pesquisa evidencia uma crescente de resultados em relação às produções sobre a avaliação na formação inicial, mas que se encontra concentrada em uma região nacional, embora haja indícios de aumento na produção sobre o tema na Região Norte. Com isso, conclui-se que o debate acerca da avaliação na formação inicial em educação física vem se expandindo em função de um grupo que tem discutido o objeto nos últimos anos.

Professores iniciantes no ensino superior

Gabrielle Selleri Bezerra — 2024-12-23

Este artigo, ao investigar e discutir sobre os processos de entrada, permanência e desenvolvimento profissional de professores iniciantes no ensino superior, propõe reflexões acerca do conceito de indução profissional, tendo como base teórica autores como Huberman (1995), Nóvoa (2002), Masetto (2003) e Roldão (2017). A partir de uma abordagem qualitativa, foram entrevistados seis professores iniciantes do curso de psicologia de uma Instituição de Ensino Superior privada da região Norte do Brasil. Como resultados, verificou-se que os participantes contaram com boas condições de recepção e que as potencialidades têm se configurado como importantes contribuintes para a permanência na docência. No entanto, concluiu-se que há elementos que podem ser fortalecidos, de forma a favorecer o desenvolvimento profissional, como a elaboração e aplicação de um programa de indução profissional.

Ensino de História e Cultura Indígena no Currículo

Adriana de Carvalho Alves Braga — 2024-12-23

Neste texto nos propomos a refletir sobre a implementação da Lei Federal 11.645/08 com o objetivo de compreender como o ensino de História e Cultura Indígena tem sido abordado por professoras que atuam em escolas da cidade de São Paulo. Nossas análises fundamentaram-se teoricamente na historização da inserção da temática indígena no currículo, na necessidade de romper com a colonialidade do saber e no caráter de reprodução ideológica do currículo escolar. A pesquisa é qualitativa com a abordagem de estudo de caso descritivo. Por meio das entrevistas, desvelamos como as professoras concebem o ensino de História e Cultura Indígena e como esse tema é incluído em suas aulas. Os relatos demonstram os enormes desafios apresentados para colocar essa legislação em prática, especialmente aqueles que se referem à formação inicial e continuada, ao trabalho interdisciplinar e à falta de subsídios pedagógicos para desenvolver o trabalho junto aos estudantes.

Educação de Jovens e Adultos

Nadia Dumara Ruiz Silveira — 2024-12-23

Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa qualitativa com objetivo de analisar a implementação do Currículo da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e suas articulações com a prática docente e formação de professores que atuam no Ensino Fundamental de uma escola pública do município de São Paulo. O problema instigador do estudo remete-se a questões pertinentes a políticas públicas da educação, perfil de educandos, formação de professores e currículo da Secretaria Municipal de Educação da cidade de São Paulo. Os procedimentos metodológicos utilizados incluíram análise de documentos e realização de entrevistas com gestores em exercício no lócus da pesquisa. Os resultados ressaltam a importância de uma formação docente interdisciplinar, fundamentada na concepção de professor reflexivo, considerando questões culturais e identitárias do cotidiano dos estudantes da EJA.

Projeto de Vida na educação

Janaína Mariano César — 2024-12-23

Este artigo analisa as relações entre o Projeto de Vida (PV), componente curricular do Ensino Médio, e concepções de futuro, problematizando limites da convocação para projetar a vida. O estudo faz parte de uma pesquisa-intervenção sobre a implantação do PV no Espírito Santo, que inclui estudo de produção bibliográfica e de materiais didáticos e legais acerca do PV, por meio de entrevistas com docentes. O artigo aborda, especialmente, a relação entre PV e as noções de tempo linear, cíclico e de futuro aberto. Problematiza-se a relação entre PV e adultocentrismo, apontando as demandas de um modelo educacional atravessado pelo ideal do adulto-padrão empreendedor. Conclui-se propondo o exercício de pensar o futuro em uma direção descolonizadora, que possibilite uma perspectiva coletiva, de responsabilização e territorialização da história, reposicionando passado, presente e futuro.

Mulheres negras periféricas da EJA

Maria Naira de Carvalho — 2024-12-23

Este artigo analisa os demarcadores interseccionais de mulheres negras estudantes na Educação de Jovens e Adultos, percebendo indicadores étnico-raciais, de gênero e de classe que configuram violação aos direitos humanos. Trata-se de um recorte bibliográfico e documental do processo de pesquisa de mestrado em Educação. As principais referências são autores que pesquisam Educação de Jovens e Adultos (Arroyo, 2017), Interseccionalidade, (Collins; Bilge, 2021; Gonzalez, 2020), mulheres negras (Vaz; Ramos, 2021; Carneiro, 2023), educar em direitos humanos (Candau; Sacavino, 2013; Silva, 2022). O estudo revelou que mulheres negras estudantes da EJA, em maioria, ainda vivem em situação de vulnerabilidade e têm seus direitos violados duplamente, considerando que essa modalidade ocupa um lugar periférico na escola, re/produzindo linhas de exclusão institucional.

Desafios e possibilidades na rede municipal de educação de Diadema na gestão 2021-2024 a partir da prática curricular da Justiça Curricular

Juliana Fonseca de Oliveira Neri — 2024-12-23

O estudo da experiência de Diadema (2021-2024) a partir da proposta da Justiça Curricular revela-se como um contraponto aos avanços neoliberais porque é orientado a partir da participação social e da promoção da dignidade humana. Este artigo analisa os desafios e possibilidades desse conceito e seus desdobramentos práticos nas políticas públicas e práticas pedagógicas da rede municipal de Diadema, legitimando a experiência da história do Município e do país. Utiliza-se da categoria legitimidade, da Teoria Crítica da Educação, da proposta da Justiça Curricular, da justiça social pluralista e do ciclo de políticas como referencial teórico. A metodologia qualitativa adota a análise de conteúdo de documentos públicos. Diadema destaca-se como referência de legitimação e busca por Justiça Curricular, apesar dos desafios enfrentados.

Políticas educacionais na realidade brasileira pós-BNCC

Maria Carolina Miesse — 2024-03-28

Este artigo objetiva analisar a produção científica com ênfase na relação entre qualidade na educação e formação integral nas políticas educacionais brasileiras entre 2017 e 2020, disseminada nos periódicos de Educação, por meio dos pressupostos da revisão integrativa. Utilizou-se das bases de dados: Portal de Periódicos da Capes, Google Acadêmico, Edubase, Scielo, Scopus e PEDro, adotando os descritores: “Qualidade na educação” and “Formação Integral” and “BNCC”. A seleção resultou em um n. amostral de 356 artigos, dos quais foram selecionados 18. Os dados foram analisados e categorizados a partir dos pressupostos da análise de conteúdo de Richardson (2017). Os resultados demonstraram que a qualidade educacional defendida prioriza o tempo de permanência na escola e a melhoria dos resultados nas avaliações, visando à preparação ao mercado e não uma formação integral dos sujeitos.

Educação Corporativa

Cristina Santos Novaes — 2024-03-28

O presente artigo é um recorte de uma pesquisa desenvolvida durante o Mestrado Profissional em Educação, tendo como problema: “Como se dá a contribuição da formação continuada desenvolvida no setor público baiano por meio da Educação Corporativa (EC)? O objetivo geral do estudo foi analisar a influência da EC sobre a modernização das atividades produzidas nos órgãos públicos, com a adoção da Lei de Instrutoria Interna, embasando a fundamentação teórica nos autores Meister (2005), Eboli (2014), Banov (2013), Rebouças (2014), Freire (1996) e em documentos oficiais que regulamentam a EC no Estado. O percurso metodológico caracteriza-se como um trabalho de caráter descritivo e qualitativo, com base na revisão bibliográfica, com o procedimento de um estudo de caso. Os principais resultados foram: apresentação de uma reflexão acerca da gestão de pessoas no Estado da Bahia; conhecimento mais sistemático da Lei de Instrutoria Interna e os teóricos que dão suporte pedagógico a essa proposta; entendimento mais amplo da metodologia utilizada nos cursos de capacitação do Estado.

Experiências curriculares na educação de jovens e adultos

Maria Alice Gouvêa Campesato — 2024-03-29

Este artigo, que traz o recorte de duas pesquisas no campo educacional, pretende problematizar o currículo escolar contemporâneo, pautado por uma lógica empresarial e atravessado por movimentos conservadores, para responder à pergunta “de que currículo precisamos em tempos de democracia fraturada, subtração de direitos sociais e crise sanitária?” Para tal, analisa o currículo de uma escola pública de Educação de Jovens e Adultos do município de Porto Alegre, cujas práticas permitem perspectivar outros modos de existência e outros mundos possíveis. Como ferramental teórico-metodológico utiliza-se de conceitos foucaultianos para analisar os documentos da instituição pesquisada. Conclui que o currículo analisado constitui-se como importante dispositivo de (re)existência em épocas de individualismo, fragmentação e intolerâncias.

Para além dos silêncios curriculares da colonialidade

Ruth Pavan — 2024-03-29

O artigo objetiva mostrar que, apesar de a colonialidade ser forte nos currículos, ela está sendo questionada em diferentes espaços, inclusive nos currículos de formação de professores. Para tal propósito, aproximamo-nos do campo teórico dos estudos decoloniais, que, ao mesmo tempo em que critica o processo de construção e imposição da colonialidade, traz possiblidades de ruptura. A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com acadêmicos de diferentes licenciaturas de uma universidade da região centro-oeste do país. Pela análise qualitativa efetuada, conclui-se que a presença de sujeitos de diversos movimentos e grupos culturais trouxe, para dentro dos currículos, discussões que vão questionando a colonialidade, com destaque para a lógica da universalidade, o desejo de uniformidade e a lógica da produção dos estereótipos.

Educação Matemática “de” Indígenas

Lygianne Batista Vieira — 2024-03-28

A matemática escolar e acadêmica, no contexto da educação de indígenas, apresenta organização curricular subordinada à lógica ocidental, colonizada e homogeneizada. Diante disso, refletimos sobre os desafios curriculares e pedagógicos do ensino da matemática de estudantes indígenas e propomos um diálogo com aproximações de uma Educação Matemática “de” indígenas. Este texto é um ensaio teórico, do tipo exploratório, oriundo do estudo da literatura referente, principalmente, aos constructos da etnomatemática e matemática para a justiça social. Mais do que promover o acesso dos/as estudantes indígenas à educação, é preciso reconhecer estruturas sociais que impedem sua participação ativa, como a superação do currículo etnocentrado. Compreendemos que a equidade só será alcançada quando atitudes e práticas pedagógicas decoloniais, em relação ao conhecimento matemático, se fizerem presentes.

Criações curriculares com narrativas em podcast nas pesquisas com os cotidianos

Maristela Petry Cerdeira — 2024-03-28

A produção de narrativas trazidas em conversas durante encontros virtuais com 'docentesdiscentes' nos períodos da pandemia e pós-Covid-19 possibilitou criar currículos, a partir das redes educativas que formamos e pelas quais somos formados. Ao narrar a vida e literaturizar a ciência, em vivências de ‘práticasteorias' com podcasts, via ambientes virtuais, criou-se um acervo de áudios com produções sensíveis, em um período de extrema necessidade de escuta, acolhimento e afetividade. Defendemos em nossas pesquisas que, nas conversas, currículos são fabulados nos cotidianos da pesquisa, narrativas e escutas se entrelaçam para novas criações. Neste artigo, vamos narrar essa história com a intercessão de Alves, Cavarero, Certeau, Deleuze, Ferraço e muitas outras vozes com as quais conversamos e que nos ajudam a fabular a criação de 'conhecimentossignificações'.

Estratégias Práticas para a Curricularização da Extensão

Gleicy Corrêa Nunes Marques — 2024-03-28

A extensão apresenta-se em um contexto de mudanças de diretrizes e concepções com a chegada da Resolução CNE/CES n.º 7/2018, pela qual foram exigidas mudanças institucionais até dezembro de 2021. Este artigo tem como objetivo apresentar estratégias práticas para a curricularização da extensão dos cursos de graduação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina, tendo como base a identificação de pontos positivos e negativos da curricularização dessa instituição. O referencial teórico está fundamentado em gestão universitária, extensão e currículo. A pesquisa é de natureza aplicada, descritiva, um estudo de caso de abordagem qualitativa. Percebeu-se a deficiência de capacitação, a ausência de uma plataforma de geração e compartilhamento de conhecimentos e dificuldades de cadastramento das atividades de extensão. O estudo resultou na elaboração de dez estratégias para o gerenciamento das etapas do processo de curricularização de maneira institucionalizada.

Culturas digitais e atos de currículo na formação docente em tempos de fake news

Bruna Santana de Oliveira — 2024-03-28

Este artigo tem como objetivo apresentar uma experiência cocriada com os discentes de Pedagogia da Universidade Federal de Sergipe sobre fake news, pós-verdade e vigilância nas redes com um olhar para as performances (des)informais atravessadas no cenário político, econômico e social no Brasil. Para tanto, as aulas foram pautadas no referencial abordado nesse estudo, dentre alguns deles estão: Bonilla (1999), Castells (1999), Freire (1999), Lévy (1993), Lucena e Oliveira (2014), Pretto (1996), Primo (2007), Santaella (2018), Silveira (2017) etc. De modo geral, os resultados mostraram que os discentes possuíam os dispositivos móveis digitais, mas desconheciam o processo de disseminação de notícias falsas, por isso, as aulas sobre esse conteúdo foram uma oportunidade de conscientizar formas de fazer a educação crítica voltada para o combate das ambivalências manifestadas no digital em rede.

Os sete saberes de Edgar Morin como fundamentos epistemológicos na formação docente on-line

Marilda Aparecida Behrens — 2024-03-28

Este artigo é resultado de uma pesquisa que objetivou: (i) identificar as impressões da organização e do desenvolvimento de curso on-line, por meio da coleta de indicadores sobre o processo de formação continuada; (ii) analisar as contribuições por meio dos relatos dos professores participantes de curso on-line sobre a possibilidade de os sete saberes de Edgar Morin subsidiarem o início do acolhimento do pensamento complexo na prática pedagógica. A pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso, envolveu a formação continuada on-line de 28 professores portugueses e brasileiros. Como suporte metodológico, utilizaram-se a netnografia e, exclusivamente, um repositório digital na web como lócus de produção de dados. Os resultados indicam que os docentes adquirem saberes teóricos e práticos ao longo da carreira, por meio de estudos, da prática pedagógica e das trocas com seus pares. Conclui-se que a mudança epistemológica no acolhimento do pensamento complexo necessita de processos de formação continuada presencial ou on-line.

Educação contextualizada

Mirian Raquel do Nascimento Fernandes — 2024-04-01

Este artigo objetivou identificar os principais problemas e potencialidades na utilização da educação contextualizada na escola Antônio José de Melo, em Jucás, estado do Ceará. Trata-se de um estudo de caso de abordagem qualiquantitativa com emprego de questionário semiestruturado e entrevistas para coleta de dados e informações. Como técnicas de análise, empregaram-se a análise do conteúdo e a do discurso a partir de três matrizes: educação, meio ambiente e sociedade; educação e discente; e educação e docente. Os resultados apontaram que as matrizes educação, meio ambiente e sociedade; e educação e discente apresentam quatro problemas. Quanto à matriz educação e docente, alega um montante de sete problemas. Em conclusão, a pesquisa mostra que a maior quantidade de problemas que influencia o processo de ensino-aprendizagem advém da matriz educação e docente.

Práticas de escrita por estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educação superior

Vivian Ferreira Dias — 2024-04-01

O ingresso de pessoas com TEA na educação superior é recente e cada vez mais comum. Esse nível de ensino requer práticas de escrita complexas, potencializadas ou dificultadas a depender das barreiras vivenciadas e das mediações oferecidas. Por meio da análise de questionários que focam na escrita, respondidos por 13 estudantes com TEA, de cinco Universidades Federais do Sul do Brasil, essa trajetória educacional foi revisitada com o intuito de indicar caminhos que podem tornar as práticas docentes atentas à diversidade. Os resultados, analisados pela perspectiva foucaultiana de discurso, apontam a dificuldade de interação como a principal barreira, a produção textual como dependente de indicações muito claras e mostram que as práticas “disfuncionais” devem ser reinterpretadas como formas alternativas de construção de sentidos que necessitam ser consideradas nas trajetórias curriculares.

Desafios e possibilidades na trajetória de uma aluna surda em um curso técnico integrado no Instituto Federal de Rondônia

João Guilherme Rodrigues Mendonça — 2024-04-02

A partir do ingresso da primeira aluna surda em um curso técnico no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), houve a necessidade de revisão do currículo. O objetivo foi analisar os inúmeros desafios enfrentados pela aluna surda, professores, intérpretes de Libras e equipe do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (NAPNE), destacando também as conquistas da trajetória. O referencial teórico tratou do bilinguismo, o currículo da Educação Profissional e a surdez. A metodologia foi um estudo de caso, com revisão da literatura e análise de documentos legais. Foram realizadas escuta sensível dos relatos de experiência, tendo em vista a necessidade de adaptação no processo educacional e seu aproveitamento. Os resultados mostraram que após a estudante concluir o Ensino Médio ingressou no curso de graduação no mesmo campus.

A Educação Escolar Quilombola na Amazônia

Laura Belém Pereira — 2024-04-30

Este artigo se propõe a levantar uma discussão teórica em torno da Educação Escolar Quilombola na Amazônia, objetivando uma reflexão sobre a presença negra na Amazônia, considerando sua história de lutas e conquistas e mais especificamente sobre o processo educacional desse coletivo historicamente marginalizado nessa região onde ainda há poucos estudos a respeito dessa questão. A pesquisa é bibliográfica e documental, com abordagem qualitativa, sendo o corpus de estudo formado por dados extraídos das Secretarias de Educação dos municípios do Amazonas em que há comunidade quilombola. Concluímos que, embora existam leis que beneficiem a Educação Quilombola na Educação Básica, ainda resta um longo caminho a percorrer para que se possa de fato implementar um currículo que ofereça uma educação diferenciada, que fortaleça a identidade quilombola.

Professores/as Negros/as na Educação

Rosângela Pereira de Oliveira — 2024-05-09

Este ensaio apresenta uma revisão de literatura, analisa dados estatísticos e a formação de professore/as em seu processo de autorreconhecimento positivo, como negros e negras no enfrentamento de preconceitos, discriminações e exclusões no espaço escolar. O texto principia por uma digressão histórica sobre a constituição da identidade docente e o processo de reconhecimento de sua profissão a partir de pesquisas sobre o perfil de licenciandas/os e licenciadas/os proveniente dos Relatórios de Síntese de Área do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade, 2017). O segundo ponto diz respeito à identidade negra na formação docente e seu reconhecimento identitário para promover a educação antirracista no currículo e, sob a perspectiva do multiculturalismo, possibilitar o combate a preconceitos e discriminações.

Interseccionalidade e as Mulheres Negras

Janaize Batalha Neves — 2024-05-01

Este artigo tem como objetivo problematizar as interseções que atravessam as mulheres negras na pós-graduação. Para isso, articulamos as narrativas como instrumento metodológico: as reflexões e as inquietações de uma mulher negra quilombola, Profa. Dra. Rosinalda Olaséní Corrêa da Silva Simoni. Ademais, propomos um diálogo com a produção de intelectuais negras, tendo o aporte decolonial como ferramenta de compreensão e visibilização das lutas contra a colonialidade. Procuramos, assim, identificar e compreender quais as táticas para (re)existir, em meio às opressões de uma sociedade racista, sexista e patriarcal. Sugerimos, ao longo do trabalho, uma introdução ao pensamento decolonial, na medida em que os problemas estruturais da sociedade são abordados e se percebe a necessidade de trilhar um caminho de resistência e luta com o intuito de romper com os padrões herdados pelo colonialismo.

Currículo de formação inicial de professores do campo

Tânia Rezende Machado — 2024-04-30

Este estudo pesquisa quais concepções de currículo orientam a produção científica sobre formação inicial de professores do campo. Trata-se de um Estado da Arte com 87 artigos acadêmicos publicados em periódicos Capes, entre 2010 e 2020, com análise de 12. Fundamentam-se, prioritariamente, no Materialismo Histórico-Dialético, devido à coerência teórica e epistemológica com os princípios da Educação do Campo. Em menor proporção, transitam por concepções advindas dos Estudos Culturais, da Matemática Crítica e do Pensamento Decolonial. Os estudos fundamentados em concepções descolonizadoras de currículo e Educação do Campo não ocupam espaço adequado nas produções acadêmicas, no formato de artigos. Cabem esforços para uma produção acadêmica que reconheça o valor da ciência aliada à busca por justiça social, igualdade e liberdade.

A Práxis na Construção de um Projeto Político Pedagógico Freireano

Josenilda Assunção Lima — 2024-05-01

Neste estudo, foram analisadas as dimensões da práxis criadora e reflexiva na elaboração de um Projeto Político Pedagógico (PPP) pautado pela perspectiva freireana. Para tanto, foi realizado um curso de formação de educadoras, envolvendo a comunidade local e escolar do município, com foco na obtenção de Temas Geradores. As informações, obtidas por meio de videogravações dos encontros com moradores e educadoras, foram examinadas mediante a análise textual discursiva, com base nas categorias: a) A práxis reflexiva no processo de compreensão das demandas da comunidade do Iguape; b) A práxis criadora no trabalho coletivo de construção do PPP da Escola Padre Giuseppe Bonomi. Destaca-se que a práxis reflexiva e a criadora são indissociáveis em um PPP humanizador, pois estão relacionadas ao desenvolvimento da consciência dos sujeitos e à dialeticidade do trabalho coletivo entre escola e comunidade na superação de demandas locais.

Algumas Reflexões sobre os Desafios do Proeja na Perspectiva da Educação Inclusiva a partir de um Projeto Pedagógico de Curso

Kerén Talita Silva Miron — 2024-04-30

Este trabalho tem o objetivo de refletir se o Projeto Pedagógico de Curso do Proeja, ofertado no Instituto Federal Catarinense (IFC) Campus Camboriú, enquadra-se ou não em uma proposta de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na perspectiva da Educação Inclusiva. Nesse sentido, a compreensão dos dados fundamenta-se nos pressupostos da abordagem qualitativa (Chizzotti, 2011) e na base técnico-metodológica da análise documental (Gil, 2002). Autores como Silva (2000), Contini (2008) e Ropoli et al. (2010) auxiliam-nos nas reflexões sobre essa temática. Os resultados mostram que o documento apresenta um movimento em favor do cumprimento das políticas de inclusão, mas precisa avançar em questões sobre as práticas e estratégias de ensino-aprendizagem dentro das proposições da Educação Inclusiva.

A relação entre Educação Física escolar e Inclusão

Luan Gonçalves Jucá — 2024-05-01

Este estudo objetivou analisar a produção acadêmica de teses e dissertações sobre Educação Física escolar e inclusão, produzidas no cenário nacional, por conta da relevância dessa problemática para a organização de uma prática político-pedagógica equitativa nas aulas do componente curricular. Foi realizada uma revisão integrativa utilizando-se do Catálogo de Teses e Dissertações da Capes, sendo identificadas 73 produções. O material empírico foi submetido à análise temática. Os resultados alcançados possibilitaram constatar os diferentes currículos da Educação Física e o processo de inclusão/exclusão dos(as) estudantes com deficiência; as intervenções didático-metodológicas criadas pelos(as) professores(as) para inclusão dos(as) estudantes com deficiência; bem como compreender o processo de formação continuada de professores(as) de Educação Física na perspectiva inclusiva.

Plano de Convivência Escolar

Claudio Eduardo Resende Alves — 2024-04-30

Este artigo tem como objetivo refletir sobre a experiência de desenvolvimento do Plano de Convivência Escolar em uma escola municipal de Belo Horizonte/MG. O texto discute possibilidades educativas com as/os adolescentes pelo viés da Psicologia Sócio-Histórica em interface com os estudos pós-críticos de currículo. Por meio de uma metodologia dialógica e participativa, são problematizadas quatro ações desenvolvidas na escola, destacando os desafios da rotina escolar e as demandas docentes e discentes. Os resultados evidenciaram a potência do Plano como uma alternativa pedagógica no encontro dialógico com a diversidade e a alteridade no currículo. O estudo aponta a escuta qualificada, o reconhecimento das diferenças, a ocupação dos espaços da escola e a reflexão sobre o fazer docente como elementos fundamentais na elaboração de um Plano de Convivência Escolar que se pretenda democrático.

Base Nacional Comum Curricular e currículo por áreas do conhecimento

Hermes Talles dos Santos Brunieri — 2024-04-30

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento oficial para Educação Básica brasileira, principalmente neste primeiro quartel do século XXI, em que tantas mudanças sociais, econômicas, políticas e tecnológicas ocorreram no Brasil e no mundo. Nesse sentido, este trabalho tem por objetivo refletir sobre possíveis motivações e implicações da organização curricular por áreas do conhecimento na Educação Básica. Para isso, emprega-se uma pesquisa qualitativa e documental e, partindo de uma perspectiva histórica, retoma-se o conceito de currículo, suas conformações e como as áreas de conhecimento vêm sendo propostas desde os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de modo a se analisar a organização curricular da BNCC por área do conhecimento já no Ensino Fundamental e suas possíveis motivações e impactos no ensino. Conclui-se que, de modo geral, a organização curricular por área do conhecimento na BNCC segue documentos oficiais anteriores e não apresenta orientações didáticas sobre como realizar trabalhos que integrem os componentes curriculares.

O Discurso da Adaptação ao “Novo Espírito do Neoliberalismo” na Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio

Clara Chaves Marques Faria — 2024-05-01

A atual Reforma do Ensino Médio, aprovada pela Lei 13.415/2017, representa uma mudança estrutural da educação pública brasileira e se insere em um horizonte mais amplo de reformas adaptadas ao “novo espírito do neoliberalismo”, entendido como racionalidade preponderante da fase atual do capitalismo. Buscamos investigar as afinidades entre o discurso da reforma de 2017, em especial na Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio, e a construção de uma subjetividade neoliberal na formação escolar. Apoiadas no método da Análise de Discurso, ancoramo-nos nas noções de “projeto de vida” e de “empreendedorismo” para analisar três recortes da Base, nos quais destacamos os pilares para uma pedagogia da adaptação do sujeito à máxima do “empreendedor de si”.

Os desafios da construção do currículo para nativos digitais na educação básica contemporânea

Paulo Roberto Dalla Valle — 2024-05-02

Este artigo analisa desafios relacionados à construção do currículo para nativos digitais, estabelecendo intersecções com práticas pedagógicas e a cultura digital. A questão central é: como fundamentar a construção de currículos para instituições escolares contemporâneas diante da presença de alunos nativos digitais e das tecnologias digitais? Para tanto, empreendemos uma discussão teórico-crítica, fundamentada em uma pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa. A partir do processo analítico-interpretativo, inferimos que conceber um currículo para a escola na era digital implica compreender as mudanças do aprender do nativo digital; articular orientações da Base Nacional Curricular Comum com demandas e flexibilizações regionais; estabelecer uma concepção de currículo adequada à contemporaneidade, e inserir a cultura digital de modo transversal entre os componentes curriculares.

Redes sociais e a divulgação científica na perspectiva dos alunos de graduação em Direito

Vanessa Andriani Maria — 2024-05-09

Este artigo tem como objetivo compreender as percepções dos discentes de graduação em Direito sobre a temática de divulgação científica (DC) e sua utilização como recurso didático no processo de ensino e aprendizagem. Baseia-se em uma abordagem qualitativa, de caráter descritivo quanto aos procedimentos e do tipo estudo de caso para verificar o comportamento dos discentes em relação à DC. Como instrumentos de coleta de dados foi utilizado o levantamento bibliográfico e aplicação de questionários on-line pelo Google Forms, os quais foram posteriormente analisados e organizados segundo o método de análise de conteúdo de Bardin (2011). A pesquisa aponta que o uso das redes sociais pode amplificar a informação científica quando utilizada para a divulgação científica, independentemente da segmentação da rede.

Aprendizagem em fóruns da internet

Eduardo S. Junqueira — 2024-05-03

O estudo investigou práticas de usuários de fóruns da internet na plataforma Reddit para compreender a natureza das interações nas trocas de mensagens. A partir do referencial da aprendizagem social como uma prática cultural, procedeu-se a uma análise para categorizar e compreender os tipos de mensagens e suas relações com a cultura dos fóruns e o desenvolvimento de novos conhecimentos. Para a codificação, foram utilizados três sistemas de classificação que resultaram em duas tipologias: mensagens típicas de fóruns, nem sempre associadas às temáticas, contendo piadas e memes, alinhadas a características do Reddit. E mensagens mais densas, relacionadas às temáticas, contendo trocas de informações e debates. A análise demonstrou um imbricamento entre a expansão de conhecimentos sobre temas abordados e o desenvolvimento de laços sociais típicos dos fóruns da internet, indicando a ocorrência da aprendizagem social.

Memes como Proposição de Autoria, Interlocução e Colaboração em Rede

Wallace Carriço de Almeida — 2024-05-09

Neste artigo, inspirado em pesquisa realizada em uma universidade pública e em discussões em nossos grupos de pesquisa, objetivamos compreender como os memes potencializam autorias, interlocuções e colaborações acerca das relações sociais, políticas e culturais, na educação online. Para isso, adotamos como metodologia a bricolagem da ciberpesquisa-formação (Santos, 2019) à multirreferencialidade (Ardoino, 1998) e à abordagem das pesquisas com os cotidianos (Certeau, 2013), o que propiciou a emergência de narrativas autorais - textuais, sonoras e imagéticas, em diferentes formatos e linguagens, na produção crítica de memes voltados às práticas dos alunos, reveladora de seus dilemas e promotora de novos contextos de aprendizagem significativa.

Recursos Educacionais Abertos e o Desafio do (Des)Conhecimento

Jardel Lucas Garcia — 2024-04-30

O movimento da Educação Aberta e os Recursos Educacionais Abertos (REA) vêm sendo cada vez mais discutidos. No entanto, ainda enfrentam muitos desafios na promoção do aculturamento necessário para sua efetiva adoção. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho consiste em discutir um dos desafios apontados como a causa raiz da lenta popularização dos REA: o desconhecimento sobre eles. Por meio de uma pesquisa quantitativa e qualitativa aplicada em um cenário constituído, em sua maior parte, por professores da educação básica no Brasil, constatou-se um baixo nível de conhecimento nas principais competências necessárias para compreender e trabalhar com REA: definir, identificar e saber como e onde encontrá-los. Tais resultados, que corroboram outros amplos estudos, apontam para a necessidade de formulação de políticas públicas e ações de incentivo para compreender a filosofia da abertura.

Tecnologias digitais e currículo nas escolas públicas da região Oeste de Santa Catarina

Odilon Luiz Poli — 2024-05-02

Este artigo teve como objetivo analisar as condições de integração das tecnologias digitais ao currículo das escolas públicas da Associação dos Municípios do Oeste Catarinense (AMOSC). O problema expressa-se da seguinte forma: Como se caracterizam as condições de integração das tecnologias digitais ao currículo das escolas públicas no Oeste Catarinense? Adotaram-se, nos procedimentos metodológicos, a pesquisa bibliográfica e a abordagem qualitativa a partir de Almeida e Valente (2011), Di Felice (2020), Kenski (2007), Lévy (1999), Schlemmer et al. (2021) e Scherer e Brito (2020). Os resultados de três estudos e uma pesquisa em andamento indicaram condições de precariedade e (des)integração entre currículo e tecnologias digitais das escolas públicas. Conclui-se que há a necessidade de implementação de políticas educacionais de formação inicial e continuada de professores para atuação nas escolas públicas do Oeste Catarinense.

Formação no Bacharelado Público em Gastronomia perante a Ameaça à Soberania Alimentar e o Agravamento da Insegurança Alimentar no Brasil

Barbara Cassetari Sugizaki — 2024-04-30

O Brasil vivencia hoje uma séria ameaça à soberania alimentar e um crítico agravamento da insegurança alimentar. Tendo em vista essa conjuntura, temos como objetivo compreender como a comunidade acadêmica dos bacharelados públicos em Gastronomia no Brasil compreende a Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (SSAN) em seus currículos, bem como quais seus anseios diante desse cenário. Foram realizadas entrevistas qualitativas com docentes, discentes e egressos. Observa-se que, sobretudo na dimensão do ensino, as atividades de SSAN foram entendidas como rasas nos currículos, enquanto as atividades extensionistas apresentaram muitas de suas práticas associadas à temática de SSAN. Entretanto, notou-se que uma aproximação efetiva entre Gastronomia e SSAN depende da redefinição do conceito e epistemologia da Gastronomia.

Ler, escrever e conversar

Clarissa Nicolaiewsky — 2024-05-02

O artigo propõe pensar a formação docente a partir de três movimentos: ler, escrever e conversar. Para isso, serão compartilhadas experiências vividas em 2022 com licenciandas de pedagogia. A partilha no início e fim de cada aula, de materiais artísticos (poesias, músicas, crônicas, livros infantis etc.), tem produzido um ambiente de leveza que favorece a presença e participação das estudantes, além de sensibilizá-las a lançarem olhares outros para si e para o mundo. A escolha cuidadosa dos textos a serem discutidos e das propostas de escrita partem da aposta de que vivenciar a sala de aula universitária como um espaço dialógico, em que sejam oferecidas práticas de leitura significativas e de uma escrita encarnada, possa trazer reverberações no que elas produzirão nas escolas. As narrativas e escritas produzidas pelas licenciandas, e compartilhadas no presente texto, apontam nessa direção.

Estágio com Pesquisa

Jordana Maria Lopes — 2024-05-03

Esta investigação apresenta uma revisão bibliográfica que destaca os obstáculos e as convergências para duas modalidades de pesquisa que podem ser adotadas no estágio com pesquisa. Busca-se responder: Quais os obstáculos e as convergências do estágio com pesquisa em cursos de licenciatura em Química, considerando as modalidades ‘pesquisa sobre a própria prática’ e ‘pesquisa-ação’? No estágio com pesquisa, evidenciaram-se como principais obstáculos as lacunas na formação didático-pedagógica e a racionalidade técnica que ainda pauta o estágio e, nas convergências, apresentaram-se a construção da identidade docente e o protagonismo do licenciando. As modalidades de pesquisa se aproximam no que tange à promoção da reflexão e apontam como obstáculo comum carências nos cursos de formação de professores, indicando eixos que precisam receber mais atenção das instituições formadoras.

Psicólogas/os para atender demandas

Tamires Brandão de Siqueira e Brandão — 2024-04-30

A pesquisa discute sobre a formação de psicólogas/os para o Sistema Único de Saúde (SUS) por parte de instituições privadas de ensino superior em Pernambuco. O material da investigação é constituído por Projetos Pedagógicos de Cursos (PPC) de cinco instituições da Região Metropolitana do Recife. A Análise Crítica do Discurso fundamenta o trabalho analítico dos Projetos que envolveu: identificação de trechos dos PPC a partir das palavras SUS, sistema, saúde, políticas; ordenamento dos trechos conforme critérios analíticos; discussão. A formação em Psicologia é marcada pela lógica de mercado, inclusive com compromisso de atender demandas. Discute-se a presença da ideologia neoliberal na formação, segundo a qual a saúde é uma mercadoria e não um direito fundamental.

Nexos entre Educação e Tecnologia no Ensino Remoto Emergencial

Bianca Stela Luiz e Silveira — 2024-05-31

Este trabalho tem como objetivo analisar as implicações do ensino remoto emergencial sobre o processo formativo de crianças na rede pública de ensino, tendo em vista a relação entre educação e tecnologia no contexto histórico vigente. Para tanto, foi realizado um estudo de caso por meio de entrevistas semiestruturadas, concedidas por quatro professoras que atuaram no primeiro e no segundo ano do Ensino Fundamental ao longo de 2020. A partir do referencial teórico-metodológico da Teoria Crítica da Sociedade, é possível considerar que os prejuízos decorrentes da pandemia de Covid-19 não se caracterizam como um fenômeno isolado, tampouco restrito ao contexto do ensino remoto emergencial, mas se constituem como reflexo de um movimento imanente ao quadro histórico e estrutural que fundamenta a sociedade administrada pelo capitalismo tardio.

Comunidades de jogos digitais

Cláudia Regina de Brito — 2024-05-31

Este estudo tem objetivo de mapear como se organizam e pactuam-se as regras de convivência nas comunidades virtuais de jogadores, considerando fatores identitários, aprendizagens e partilhas. Realizou-se uma revisão de literatura integrativa que resultou em 509 trabalhos. Após análise pautada nos critérios de inclusão e exclusão, procedeu-se a análise de 3 trabalhos. Os resultados apontam que as comunidades se organizam e se identificam por afinidade e interesses, pelo esforço e tempo dedicados, aprendem colaborativamente, compartilham experiências, podem mover-se com criatividade na busca de soluções e seus participantes podem deixar de ser meros consumidores para tornarem-se produtores de artefatos para os jogos. Conclui-se que muitas formas de aprendizagem ocorrem nessas comunidades e que as formas de organização podem ser integradas ao currículo e inspirar práticas pedagógicas.

Novos Ha(bit)ares Pedagógicos

Aline Patrícia Sobral dos Santos — 2024-05-31

Este trabalho objetivou explorar a relação entre os conceitos de Cidadania Digital, Educação OnLife e Habitar Híbrido, à luz das competências digitais, visando a compreensão de mudanças estruturais e paradigmáticas que vêm se tornando realidade no século XXI, em nível epistemológico e curricular. Por meio de um estudo bibliográfico, discutimos implicações teóricas e práticas desses conceitos, considerando uma perspectiva de educação ligada à vida e apresentando as competências digitais docentes necessárias para o contexto em tela. Refletimos também sob o viés epistemológico de Paulo Freire para problematizar novos caminhos para a educação. O estudo contribui para a compreensão de um cenário de inovação curricular em rápido processo evolutivo, cuja tecnologia não deve mais ser vista como ferramenta ou método, mas como uma força ambiental, natural e intrínseca aos processos educativos.

Análise das Legislações Curriculares de Formação Inicial de Professores na Perspectiva do TPACK

Francisco Nunes Pessoa — 2024-05-31

O uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) é um desafio para professores que buscam adaptar sua prática às mudanças provocadas pelas tecnologias. Diante disso, este artigo, de abordagem qualitativa, com delineamento de pesquisa documental, tem como objetivo analisar documentos que estabelecem diretrizes curriculares nacionais e estaduais paulistas para cursos de Licenciatura acerca da formação inicial para a utilização das TDIC, na perspectiva do Conhecimento Pedagógico e Tecnológico do Conteúdo (TPACK). Como o TPACK contempla os conhecimentos necessários à prática docente com tecnologia, estudos que o abordem podem orientar a formação docente. Os resultados mostram que, entre os documentos analisados, apenas as Resoluções CNE/CP 2/2015 e 2/2019 contemplam todos os conhecimentos do TPACK, mas sem a intenção explícita de formar professores para o uso das TDIC.

O desenvolvimento do Pensamento Computacional Apoiado pelo Debate de Teses

Claudiane Figueiredo Ribeiro — 2024-05-31

O desenvolvimento de habilidades do pensamento computacional é um facilitador na resolução de problemas. Um estudo envolvendo pensamento computacional e arquitetura pedagógica foi desenvolvido com alunos do Ensino Médio Técnico para verificar se usaram os pilares do pensamento computacional nas interações do software do Debate de Teses. Para tal, foi realizada uma pesquisa de campo, de natureza aplicada, de abordagem qualitativa, a partir de uma oficina com sete encontros síncronos e assíncronos. A análise do conteúdo ocorreu a partir das interações no software do Debate de Teses. A pesquisa observou indícios do uso do pensamento computacional na composição dos textos escritos desde a argumentação inicial até sua versão final. Os resultados sinalizaram que a utilização do Debate de Teses tem potencial para apoiar o desenvolvimento do pensamento computacional de forma interdisciplinar.

Ser e tornar-se professor em contexto de indução

Giseli Barreto da Cruz — 2024-05-31

O artigo traz à discussão narrativas de professores iniciantes que participaram de uma pesquisa-formação como estratégia de indução docente. Objetivou compreender quem são esses professores, os sentidos sobre ser e tornar-se professor durante a pesquisa-formação e as relações entre ensino, pesquisa e extensão que atravessaram esse processo. Metodologicamente, se orienta pela pesquisa narrativa enquanto atividade (auto)biográfica e, teoricamente, se apoia nas ideias de Cochran-Smith (2012); Cruz e Lahtermaher (2022), Moita e Andrade (2009), entre outros. As narrativas indicaram sentidos de encontros, buscas e partilhas possibilitadas pela pesquisa-formação, bem como interligações com a realidade social, a construção do conhecimento e a relação com a universidade na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

A ambientalização curricular na formação dos profissionais de saúde

Maria José de Lima — 2024-06-03

Os impactos ambientais afetam diretamente a saúde humana e por isso devem ser considerados na avaliação do processo saúde-doença. O objetivo do presente estudo foi investigar como os problemas ambientais estão inseridos na formação dos profissionais de saúde. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental determinam que os sistemas de ensino promovam condições para uma educação socioambiental e sustentável. Foi realizada uma Análise de Conteúdo dos projetos pedagógicos, matrizes curriculares e ementários dos cursos de graduação em Medicina, Enfermagem, Fisioterapia e Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco. Com exceção deste último, os demais cursos apresentaram poucas disciplinas voltadas para questões ambientais. A reformulação curricular dos cursos da área de saúde se mostra, portanto, essencial para uma formação profissional que possibilite um melhor enfrentamento dos problemas de saúde da nossa sociedade.

A Educação do Campo como Direito Humano

Gilberto Sousa Silva — 2024-05-31

Este artigo visa refletir sobre os desafios e possibilidades da educação do campo e sobre as relações e contradições entre educação e trabalho num viés marxista. Os instrumentos metodológicos constituem-se sob método qualitativo, analisar dissertações e teses produzidas pela ótica do Materialismo Histórico Dialético e acessadas por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD). Além disso, as obras dialogam sobre a origem, trabalho, políticas e conceitos da educação do campo. Observamos que existem desafios, tensões e problemas quanto à Educação do Campo que ainda expressa, em muitos casos, uma educação urbanocêntrica ligada às demandas do modo de produção capitalista. Constatou-se que a própria Base Nacional Comum Curricular demonstra alinhamento ao ideário político-ideológico do capitalismo e pode levar à precarização da formação das crianças e jovens do campo.

A Articulação das Diversas Áreas do Conhecimento na Perspectiva da Pedagogia Socialista

Marcos Oliveira Santos — 2024-05-31

Este ensaio problematiza a interdisciplinaridade na sala de aula a partir de conceitos próprios da Pedagogia Socialista, que tem como ponto de partida os fundamentos presentes na experiência soviética dos principais autores da época, como Krupskaya, Pistrak e Shulgin. Para isso, faz-se um levantamento sobre como o tema é tratado conceitualmente na educação e em alguns documentos oficiais brasileiros, buscando os consensos na sua polissemia; resgata ainda aspectos históricos que fragmentam e aglutinam os conhecimentos e determinam os saberes escolares; e, por fim, analisa a Pedagogia Socialista para se refletir sobre o tema da interdisciplinaridade. Conclui-se que, dadas a práxis da educação socialista e suas finalidades, a articulação entre as diversas áreas do conhecimento é dialeticamente espontânea e intencionalmente constituída, tendo a realidade e o trabalho como bases do ensino.

Ensino de Gastronomia e Territórios Híbridos

Estella Marina Klein Farah — 2024-05-31

Este ensaio objetiva refletir sobre as práticas pedagógicas, mediadas pelas Tecnologias Digitais, de uma disciplina do curso de Gastronomia da UFRJ. Tais práticas são de caráter extensionista, sendo elaboradas em parceria com a Ong AS-PTA, como adequação às necessidades do ensino remoto durante a pandemia de Covid-19. Buscou-se promover um pensamento crítico sobre a Gastronomia, perpassando a Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional e a Agroecologia na formação. A imersão nos territórios híbridos – entre a sala de aula, a agricultura urbana agroecológica e as mídias sociais digitais – possibilitou uma prática pedagógica articulada com os letramentos digital e midiático. Espera-se contribuir com reflexões para um ensino de Gastronomia, que inter-relacione as problemáticas ambientais, de saúde e alimentação, a partir dos sistemas alimentares e espaço de atuação do futuro egresso.

Currículo Base do Território Catarinense para o Ensino Médio

Tatiane Aparecida Martini — 2024-05-31

Este artigo objetiva analisar elementos do Currículo Base do Território Catarinense para o Ensino Médio (CBTCEM) a partir da problemática: Quais as implicações do CBTCEM na precarização da formação das juventudes e do trabalho docente? Amparou-se em uma abordagem qualitativa, de caráter descritivo, interpretativo e analítico, empregando procedimentos de pesquisa bibliográfica e documental. Tem entre os referenciais teóricos Thiesen (2021) e Frigotto e Ramos (2016). Identificamos que o CBTCEM foi elaborado e aprovado de forma aligeirada, e sua composição ultraflexível reduz significativamente a Formação Geral ao ofertar itinerários formativos que, pela sua estruturação, precarizam a formação das juventudes e o trabalho docente.

O Currículo Base do Território Catarinense

Luiz Martins Junior — 2024-05-31

Este artigo analisou a proposta do Currículo Base do Ensino Médio do Território Catarinense (CBTCem), publicado em 2020, a partir dos processos de implantação, desafios e limitações. Foram utilizadas as metodologias de análises bibliográfica e documental e a unidade de análise usada foi baseada na experiência formativa vivida na escola pesquisada. O estudo adotou abordagem qualitativa e a entrevista com os docentes para geração de dados, bem como identificou que esses docentes exprimem uma resistência elevada com relação à Base Nacional Comum Curricular. Embora reconheçam que o CBTCem apresenta possibilidades de inovação curricular, afirmaram que o documento traz contradições e ambiguidades em alguns componentes curriculares. Foram constatadas as seguintes preocupações: fragilidade da estrutura física das escolas estaduais e redução da carga horária dos componentes curriculares.

Currículo

Sandra Pottmeier — 2024-05-31

Este artigo busca compreender o que enunciam estudantes do primeiro ano do Novo Ensino Médio de uma escola pública catarinense sobre práticas de leitura e escrita na esfera escolar. A metodologia é a de abordagem qualitativa etnográfica, a qual analisa discursos de estudantes, na relação com o que se propõe no currículo da rede pública catarinense, com apoio de uma perspectiva dialógica da linguagem e de estudos do letramento. Os resultados apontaram que o currículo contempla a formação humana e integral. Contudo, é nos dizeres dos estudantes que as práticas de letramentos, em suportes digitais, ainda têm sido pouco desenvolvidas na escola, em parte, devido à dificuldade de acesso à internet e à pouca utilização de ferramentas digitais. Considera-se que, apesar de alguns avanços, há barreiras estruturais e de formação docente quanto ao uso de tecnologias digitais no Novo Ensino Médio.

Perspectivas freireanas no Currículo de Ciências

Luiz Carlos Marinho de Araújo — 2024-06-28

A inserção do professor de Ciências em formações permanentes tem se apresentado propícia à superação do silenciamento presente no ensino de Ciências. Neste estudo, objetiva-se ampliar as discussões acerca do currículo para o ensino de Ciências, ancorando-nos na epistemologia freireana a partir da alfabetização didático-científica do professor de Ciências do Ensino Fundamental – Anos Iniciais. O estudo qualitativo adotou a investigação-ação como metodologia e os instrumentos: dinâmica e discursos dos docentes participantes da pesquisa. Os dados foram examinados pela Análise do Discurso Freireana. Por resultado, constatamos a presença das visões de currículo: simplista e ampliada. Mediante um olhar ampliado, evidenciaram-se três perspectivas freireanas: diálogo, criticidade e contexto. Identificamos ainda a necessidade de formação permanente para os professores de Ciências que abarque os campos do currículo e da alfabetização didático-científica.

Educação do Campo, ensino de matemática e pandemia

Carlos Alberto Gaia Assunção — 2024-06-28

Este trabalho traz resultados de uma pesquisa realizada em uma Escola do Campo. Do tipo qualitativa com característica da pesquisa-ação, tem-se o objetivo de discutir impactos da pandemia no ensino e na aprendizagem de matemática. Em observações derivadas de uma pesquisa socioeducacional/estágio docência em Educação do Campo, notamos que os alunos apresentavam dificuldades em determinadas tarefas solicitadas pelo professor, fossem orais, escritas no quadro ou no caderno. Mediante diálogos com os sujeitos e observação nos cadernos de atividades, percebemos a problemática e propomos a realização de atividades didáticas. Os dados apontam desafios sobre o ensino e a aprendizagem e reflexões de possíveis impactos socioeducacionais em escolas do campo: descortinação da elevação da desigualdade social em razão da dificuldade de acessibilidade dos alunos às componentes curriculares.

Concepções avaliativas e formação de professores de educação física

Ronildo Stieg — 2024-08-01

O artigo analisa os conteúdos prescritos em 10 planos de disciplinas para identificar as concepções de avaliação e formação de professores em Educação Física em cinco países sul-americanos (Chile, Colômbia, Equador, Uruguai e Venezuela). Caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa, exploratória, baseada na análise documental e no método comparativo. As fontes utilizadas são 10 planos de disciplinas e 50 bibliografias prescritas nesses planos. Os resultados mostram que os planos de disciplinas prescrevem duas categorias de concepções avaliativas: a) construtivista e b) crítica. Conclui-se que os planos de disciplinas levaram em conta diferentes concepções avaliativas, embora a formação seja baseada em teorias construtivistas, e destaca-se a relevância dessas discussões e suas implicações na prática profissional da Educação Física nos países analisados.

Utilização da Comunicação Não Verbal Gestual nos Currículos de Licenciatura em Ciências e Matemática

Savana dos Anjos Freitas Donadello — 2024-08-01

Os gestos estão presentes em nosso cotidiano e são uma expressão de linguagem considerada universal e espontânea. Professores e alunos utilizam gestos para se comunicarem naturalmente, incluindo-os em aulas de Ciências e Matemática. À vista disso, o presente artigo tem como objetivo investigar como a comunicação não verbal gestual pode dialogar com os currículos de licenciaturas em Ciências (Física, Química e Ciências Biológicas) e matemática, considerando-a uma das competências importantes que o licenciando deve desenvolver na formação inicial. De natureza teórico-bibliográfica, esta pesquisa buscou em base de dados digitais saber quais o real impacto e a relevância dos gestos nas salas de aula e de que maneira eles podem nelas ser incluídos. Portanto, apresentam-se neste artigo reflexões acerca do currículo das licenciaturas no Brasil e uma proposta de incluir a comunicação não verbal gestual nos currículos das licenciaturas de Ciências e Matemática.

Análise da concepção de território proposta ao Ensino de Geografia da Educação Básica

Hudson Nascimento Sousa Filho — 2024-08-01

Objetiva-se com esta pesquisa analisar as possibilidades didáticas de uma concepção de território integradora aplicada ao ensino de Geografia na educação básica, especificamente com a constatação efetiva de uma revisão conceitual e curricular baseada no diálogo crítico e reflexivo entre os conteúdos propostos no espaço escolar em contraposição aos que perpetuam no âmbito do espaço acadêmico-científico. O trabalho foi construído com base em aulas ministradas e na revisão documental e bibliográfica, especialmente em Luckesi (1994), Haesbaert (2006) e Cavalcanti (2017). As diretrizes de abordagens do conceito território presentes nos currículos formais o restringem quase completamente a dimensão material e econômica da realidade, sendo que essa compreensão resulta no empobrecimento do ensino de geografia, escapando dimensões fundamentais derivadas das vivências dos estudantes.

Um estudo das relações da tecnologia na pesquisa em currículo

Daniel Trugillo Martins Fontes — 2024-08-01

Este estudo teve como objetivo caracterizar as relações em publicações sobre Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na Revista e-Curriculum utilizando a Análise de Redes Sociais (ARS) como referencial teórico-metodológico. A partir do ARS, foram construídas três redes: (i) coocorrência de palavras-chave, (ii) colaborações de Instituições de Ensino Superior e (iii) coautoria. Os resultados analíticos indicaram uma articulação entre as palavras-chave, mostrando que a TIC está em posição central com muitas conexões sem estar isolada em nichos específicos. Além disso, houve predominância de trabalhos de universidades públicas e privadas da região sudeste brasileira e colaboração com instituições geograficamente próximas. Alternativamente, uma rede de coautoria altamente fragmentada mostra predominância de autores com doutorado. Por fim, as redes formadas são semelhantes às de outras áreas de pesquisa das Ciências Sociais.

A Inserção do Pensamento Computacional nos Currículos do Novo Ensino Médio no Brasil

Kennedy Ferreira Araújo — 2024-08-01

No Brasil, a necessidade de inclusão do Pensamento Computacional (PC) nos currículos se deu com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) homologada em 2018. A ausência de detalhamento demandou uma norma complementar, em 2022. Nesse contexto, investiga-se como o PC foi retratado nos referenciais curriculares elaborados pelas redes estaduais de ensino e quais as estratégias adotadas para sua incorporação. A pesquisa é documental e se utiliza da análise de conteúdo de Bardin para categorização das abordagens. Após avaliação dos referenciais, constatou-se que poucos estados como Paraná, Minas Gerais e Pernambuco criaram componentes curriculares obrigatórios dedicados ao tema. No geral, há uma abordagem superficial do PC, com a reprodução da perspectiva presente na BNCC e na Portaria 1.432. O tema aparece associado à área da matemática e ao ensino de programação, o que pode subdimensionar seu campo de aplicação.

Contribuições do framework TPACK no currículo e na formação de professores de ciências da natureza

Claudia Escalante Medeiros — 2024-08-01

O presente artigo tem por objetivo promover uma reflexão acerca do framework TPACK no currículo e na formação de professores de ciências da natureza diante de uma sociedade mediada pelas TDIC. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, com aplicação de um instrumento de coleta on-line adaptado do modelo QTPACK (Rolando et al., 2018). Os dados foram analisados com base na Análise de Conteúdo (Bardin, 2011) e evidenciam que os professores reconhecem as TDIC como potenciais ferramentas para auxiliar nos processos de ensino e aprendizagem, porém ainda existem desafios a serem superados, diante dos quais o framework TPACK emerge como um modelo teórico promissor para integrar novos currículos de formação de professores diante de sociedade imersa na cultura digital.

Currículo, Tecnologias Digitais e Ensino (de Línguas)

Caroline Gonçalves Feijó-Quadrado — 2024-08-01

Este texto investiga a formação inicial de professores de línguas e a preparação para o ensino com tecnologias digitais. Especificamente, analisa como as tecnologias digitais são abordadas em currículos de cursos de Licenciatura em Letras de Universidades Públicas Federais do Rio Grande do Sul e verifica as experiências de formação e de pesquisa de seus professores. Trata-se de uma pesquisa documental qualitativa, ancorada em análise de conteúdo (Bardin, 2011) e dividida em duas etapas: (1) levantamento e análise dos currículos; (2) levantamento e análise de experiências de formação e de pesquisa de professores. Embora os currículos apresentem affordances para uma preparação para o ensino com tecnologias digitais, as experiências não são ofertadas para todos os alunos. Por outro lado, todos os cursos têm professores com formação e atuação na área, ainda que esse índice seja baixo.

Aprendizagem Baseada em Problemas e as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação

Vanessa dos Anjos Borges — 2024-08-01

As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) têm transformado significativamente a educação, possibilitando a adoção de metodologias ativas que colocam o estudante como protagonista dos processos de aprendizagem. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo demonstrar a importância da utilização da plataforma digital Be Active segundo a metodologia Problem Based Learning (PBL), ou Aprendizagem Baseada em Problemas, em português. Para tanto, foi utilizada uma abordagem qualitativa e descritiva para analisar as funcionalidades da plataforma educacional Be Active com base nos preceitos da PBL. A análise destacou a importância dos recursos oferecidos pela plataforma para facilitar a aplicação da metodologia pelos docentes e promover a interação entre os estudantes, incentivando a colaboração no desenvolvimento das atividades.

Conhecimento Tecnológico Pedagógico de Conteúdo (TPACK) de professores de educação básica e implicações para a formação docente

Fabiana Diniz Kurtz — 2024-08-01

O contexto (pós)pandêmico contribuiu para que as TDIC passassem de coadjuvantes a protagonistas no processo pedagógico, com suas limitações e potencialidades sendo objeto de investigação em diversas esferas. É fundamental atentar ao papel docente nesse contexto e, mais do que apontar lacunas em sua formação ou desconhecimento, é crucial estabelecer diálogos e propostas fruto de entendimentos envolvendo TDIC. Para tanto, desenvolvemos uma pesquisa com professores de educação básica envolvidos em formação continuada sobre tecnologias educacionais com base no framework TPACK por meio de questionário sobre sua autopercepção quanto aos conhecimentos de conteúdo, pedagógico e tecnológico. Resultados sugerem variações de entendimento em meio a diferentes áreas do conhecimento quanto à integração tecnológica e consciência de sua prática, com impacto em pesquisas e propostas curriculares.

Os MOOCs como Oportunidade de Internacionalização da Educação Superior em Casa

Karen Graziela Weber Machado — 2024-08-01

O presente artigo, constituído como um recorte da dissertação de mestrado, visou analisar a produção científica sobre os Cursos On-line Massivos Abertos (MOOCs) e o processo de internacionalização da Educação Superior em pesquisas produzidas no Brasil, no período de 2008 a 2020. A metodologia utilizada se refere aos princípios de estado de conhecimento e tem como fonte principal a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Com a realização desta pesquisa, foi possível perceber a escassez de trabalhos científicos que tratassem sobre os MOOCs e a internacionalização da Educação Superior em um único estudo. Portanto, isso sinaliza a necessidade de elaborar outras investigações acerca dessas temáticas, visando a um maior aprofundamento na área, a obtenção e a disseminação de novas compreensões e/ou novos conhecimentos.

Educação profissional técnica de nível médio

Alexandre Marchiori de Almeida — 2024-09-27

Uma revisão preliminar da literatura acerca do currículo na educação profissional técnica de nível médio revelou a carência de trabalhos que tratam do tema. Desse modo, o presente artigo apresenta os resultados de uma pesquisa bibliográfica sobre o currículo na educação profissional técnica de nível médio entre o período de 2008 e 2018. Com base em autores como Ferreti (2018), Frigotto (2007) e Schwartzman (2016), discutem-se as mudanças nas políticas curriculares, envolvendo desde a reforma do Ensino Médio até a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com destaque para as Diretrizes Curriculares da Educação Profissional Técnica de Ensino Médio. A partir do depositário nacional da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, foi possível identificar 35 produções acadêmico-científicas que investigaram a temática educação profissional e currículo.

Concepções sobre tecnologias digitais nos currículos dos cursos de formação inicial de professores

Daiani Damm Tonetto Riedner — 2024-09-27

Este artigo focaliza o uso de tecnologias digitais nos cursos de formação inicial de professores com o objetivo de analisar as concepções sobre tecnologias digitais presentes nos projetos pedagógicos de cursos de licenciatura de uma Instituição Pública Federal de Ensino Superior. A metodologia adotada se pautou na análise temática de conteúdo. As percepções construídas a partir do referencial teórico e dos documentos oficiais permitem enxergar alguns pontos de atenção. Dentre eles, a necessidade da construção de práticas pedagógicas nos cursos de formação inicial de professores, que permitam aos professores em formação terem experiências de aprendizagem com uso de tecnologias digitais pautadas na criação, na autoria, no exercício da criatividade, na colaboração e no protagonismo docente.

A formação de professores de Ciências Sociais para uso pedagógico de Tecnologias da Informação e Comunicação

Renata Luiza da Costa — 2024-09-27

No documento vigente do currículo da educação básica no Brasil, a Base Nacional Comum Curricular, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) são recomendadas de maneira transversal, o que implica seu conhecimento por parte de professores de diferentes áreas. Apresenta-se, neste artigo, o resultado de pesquisa que investigou sob quais orientações teóricas o ensino de TIC têm sido previsto em cursos de Licenciatura em Ciências Sociais. Para isso, foram desenvolvidas pesquisas bibliográfica e documental, sendo esta última focada no currículo de três Projetos Pedagógicos de Curso (PPC) da referida Licenciatura. Com base no materialismo histórico-dialético e, principalmente, em Feenberg (2003), observou-se que há discursos de orientação crítica ao longo dos PPC, mas, quando há previsão de disciplinas sobre TIC, suas ementas e objetivos fomentam um ensino instrumental.

Programas de formação docente em saúde de instituições públicas de ensino superior

Bibiana Arantes Moraes — 2024-09-27

Programas de formação de professores no ensino superior em saúde têm sido uma estratégia de educação permanente. Objetivou-se caracterizar práticas de formação docente em instituições de ensino superior públicas da área de saúde no Brasil, em relação à concepção de formação docente, objetivos, institucionalização, formatos, temáticas e avaliação dos programas. Utilizou-se a pesquisa social exploratória e explicativa de abordagem qualitativa e análise de conteúdo. Os programas, na sua maioria, não são institucionalizados, têm objetivos distintos e diversas estratégias são utilizadas como cursos, seminários, workshops, disciplinas nas pós-graduações e pesquisa. Os temas versam sobre as metodologias de ensino-aprendizagem. Houve o predomínio da concepção técnica e os programas desenvolveram-se a partir do pressuposto conceitual de formação docente dos profissionais envolvidos.

Educação integral e direito à educação

Caroline Luisa Ludwig Fuhr — 2024-09-29

Este artigo resultou de dissertação de mestrado em educação, cujo objetivo foi identificar elementos que caracterizassem uma escola voltada à construção de uma sociedade democrática. Analisamos a Escola Municipal de Ensino Fundamental Bem Viver Caúna, escola integral e do campo, situada em Três de Maio, Rio Grande do Sul, que com um projeto construído em parceria entre poder público e comunidade, exerce a educação integral como a indissociabilidade da vida, propondo a articulação de espaços e sujeitos. A pesquisa foi qualitativa, com revisão de literatura, análise documental e pesquisa de campo, com entrevistas envolvendo os segmentos da comunidade escolar, examinadas a partir da Análise Textual Discursiva. Evidenciamos a necessidade de uma escola de formação humana integral, pública, de qualidade, com respeito à diversidade e comprometida com o enfrentamento das desigualdades sociais.

Uma incursão acerca das culturas referendadas/pertencentes aos processos de ensino e aprendizagem da escola da comunidade quilombola do Maracujá

Raiane Cordeiro de Araújo — 2024-09-27

Este artigo tem como objetivo discutir a incorporação das culturas referendadas e pertencentes no âmbito do processo de ensino e de aprendizagem da escola da comunidade quilombola do Maracujá, localizada na Bahia. O referencial teórico inclui: Amorim (2014), Candau e Moreira (2008), Gadotti (2012), Gomes (2012), Quijano (2005), Santos (2012, 2019), Sacavino (2020), dentre outros autores. A metodologia de natureza qualitativa e caráter descritivo apresenta os dados das entrevistas com três lideranças e duas professoras da comunidade quilombola do Maracujá. Os resultados permitiram perceber que a dialógica intercultural impulsiona reflexões, atitudes e lutas com vistas a construir novas alternativas sociais que levem a educação para um caminho dos saberes e fazeres tradicionais e à valorização da práxis educativa quilombola com uma prática de Educação Comunitária atrelada ao social.

As pedagogias de gênero no cotidiano escolar como crítica às tentativas de silenciamento da agenda conservadora

Eloísa Bido — 2024-09-27

O objetivo deste artigo é identificar os conceitos de pedagogias de gênero e evidenciar como as questões de gênero continuaram sendo mobilizadas no ambiente escolar apesar das tentativas de silenciamento da agenda conservadora para a educação. Trata-se de um estudo bibliográfico e de campo, cujos dados foram levantados por meio de entrevistas semiestruturadas com professoras que atuam nos anos iniciais do ensino fundamental, em escolas públicas de um município do Oeste catarinense. Os resultados apontam que as pedagogias de gênero são constantemente mobilizadas no cotidiano escolar, ora reproduzindo relações desiguais, ora produzindo relações igualitárias e justas. Assim, a disputa conservadora pelo silenciamento de gênero nas políticas educacionais não elimina sua recorrente enunciação, que ocorre por meio de normas e práticas escolares.

Uma proposta teórico-metodológica para o desenvolvimento da Competência Intercultural mediante a literatura no contexto da internacionalização curricular

Rodrigo Schaefer — 2024-09-27

A concepção de internacionalização está, por vezes, restrita a programas de mobilidade. Com efeito, a Internacionalização em Casa (IeC), entendida como a integração de características internacionais no currículo (Beelen; Jones, 2015), é mais inclusiva, e não apenas para estudantes internacionais. Este trabalho defende o papel da literatura para o desenvolvimento da competência intercultural (CI) (Sequeira, 2018), competência essa definida como consciência e respeito em relação a diferenças culturais (Kramsch, 2005). O estudo tem como objetivo apresentar uma proposta teórico-metodológica para o desenvolvimento da CI no contexto da IeC. A proposta permite o diálogo sobre uma obra literária entre estudantes de uma instituição brasileira e de uma instituição moçambicana. Espera-se que tal proposta contribua para a reflexão crítica frente a questões como desigualdade social e racismo.

Mapeamento de recursos digitais utilizados com a linguagem musical no ensino fundamental

Tereza Cristina Dourado Carrah Vieira Carvalho — 2024-11-19

Este artigo teve como objetivo geral efetivar um mapeamento de recursos digitais, seja na forma de softwares e/ou de aplicativos, utilizados com a linguagem musical, contribuindo para o estado da arte. A pesquisa parte da seguinte pergunta principal: O que se investiga sobre o uso de recursos digitais com a linguagem musical na etapa equivalente ao Ensino Fundamental da Educação Básica, em um contexto internacional, no período de 2017 a 2020? A metodologia utilizada foi uma revisão de literatura do tipo integrativa que envolveu a análise de 22 artigos internacionais, os quais foram categorizados em função de cinco áreas temáticas. Em síntese, os resultados apresentaram uma variedade de recursos digitais que contribuem para a aprendizagem da linguagem musical; contudo, a maioria dos estudos apontou o despreparo dos professores no tocante ao manuseio das tecnologias.

Em tempos sombrios, diálogos ousados

Genilda Maria da Silva — 2024-11-19

Neste artigo, propomo-nos a analisar o lugar que a interdisciplinaridade ocupa no pensamento freiriano e as relações que existem entre a concepção libertadora, segundo Paulo Freire, e as categorias do interdisciplinar, organizadas por Ivani Fazenda. Para isso, refletimos também sobre o currículo dialógico como elemento essencial ao processo de humanização, o qual, atrelado à interdisciplinaridade, contribui para a construção do pensamento crítico-reflexivo, despertando-nos para o desejo de Ser Mais e mobilizando-nos para a emancipação social-política-histórica-ética, pois, ao assumirmos a docência como uma ação gnosiológica e de compreensão epistemológica, desenvolvemos, consequentemente, o processo de ensino-aprendizagem com vistas à ação transformadora e à equidade social.

Autorregulação da aprendizagem

Amanda Pranke — 2024-11-19

Este artigo teve por objetivo investigar se uma prática interventiva, fundamentada na autorregulação da aprendizagem, pode contribuir para a construção do projeto de vida e escolha profissional de estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública estadual do Sul do Brasil. Participou da pesquisa uma turma de 23 alunos. Os dados, decorrentes de instrumentos aplicados no início e no final da intervenção, mostraram seus efeitos positivos. Os participantes aumentaram o seu autoconhecimento, identificando e fazendo reflexões mais profundas acerca dos seus pontos fortes e fracos. Eles desenvolveram também motivação mais autônoma, reconhecendo a necessidade do estudo e da dedicação para o alcance de seus objetivos profissionais, além de revelarem maior clareza quanto ao projeto de vida e ao ambiente de trabalho que desejam estar.

Movimento maker na educação escolar

João Paulo Mannrich — 2024-11-19

A inserção de espaços Maker na educação é um movimento oriundo da era tecnológica que vivenciamos. O incentivo à utilização de ferramentas para a construção de itens de interesse ou necessidade das pessoas aproxima o movimento educacional de uma pedagogia ético-crítica, a qual defende a construção de conhecimentos visando à transformação de realidades injustas. Este trabalho foi baseado na auto-observação de uma coformação ocorrida remotamente em 2021 com professores envolvidos no projeto “Criar: EducaMaker” da rede municipal de São Bento do Sul, Santa Catarina. As reflexões apontam que os professores puderam planejar práticas maker problematizadoras coerentes com uma educação ético-crítica. Evasões e protestos por encontros “práticos” foram recorrentes, além da identificação de desafios associados ao uso de tecnologias, inovações metodológicas, aspectos motivacionais e identidade docente.

Educação intercultural em Portugal e o silenciamento racial

Mariana Martha Cerqueira Silva — 2024-11-19

O objetivo desta investigação foi verificar se as políticas interculturais da educação em Portugal promovem um diálogo histórico-cultural positivo para a população negra. Esta análise, assente nos fundamentos teóricos e metodológicos da análise crítica do discurso, diz respeito aos livros do Plano Nacional de Leitura que circularam nas escolas portuguesas entre 2017 e 2018. Para proceder à leitura analítica, foram destacados o contexto de produção dos discursos, a mensagem central e suas relações com a interculturalidade e o público destinatário. O resultado apontou que os livros apresentam uma narrativa ínfima e estereotipada que contribui para despolitizar as desigualdades e relações de poder existentes entre brancos e negros na sociedade portuguesa, revelando que o processo educativo da escolarização das crianças está permeado por uma política que ensina e reafirma o racismo.

Transversalidade ou dependência com a disciplinaridade?

Matheus Estevão Ferreira da Silva — 2024-11-19

Objetiva-se analisar a percepção de graduandos(as) em Pedagogia de uma universidade pública paulista sobre as possibilidades de formação em gênero e sexualidades em seu curso. Compuseram a amostra participante 105 graduandos(as) (N=105), matriculados(as) nos quatro anos desse curso. A metodologia consistiu na aplicação de um questionário composto por perguntas sobre se, quando e como os temas gênero e sexualidades foram abordados. As respostas foram analisadas com base na estatística descritiva e na literatura feminista consultada sobre gênero e sexualidades. Recorreu-se, também, à análise do Projeto Político-Pedagógico e da matriz curricular do curso. Os resultados demonstram que, embora os temas estejam aparentemente incluídos como parte de seu conteúdo curricular programático, eles se restringem à disciplina específica que o curso dispõe para sua abordagem.

Letramentos crítico e visual de Línguas Portuguesa e Inglesa na educação de surdos

Jubileia Mendes de Matos Coelho — 2024-11-19

Este artigo, de viés interpretativo, é um recorte de pesquisa que investiga as possíveis contribuições dos letramentos crítico e visual no ensino de português e inglês, na modalidade escrita, com duas turmas de alunos surdos dos anos finais do Ensino Fundamental, entre 2018 e 2019. O trabalho é constituído por atividades desenvolvidas, registros fotográficos e excertos de aulas transcritas de Língua Brasileira de Sinais (Libras). A perspectiva teórica é dos letramentos crítico e visual, e a metodológica é da autoetnografia interpretativa escolar. Os resultados apontam para práticas de leitura e escrita com textos em português e inglês como um espaço de aprendizagem mais flexível e crítico entre línguas, culturas e modalidades linguísticas diferentes. As práticas de letramento crítico e visual tornam a leitura mais compreensiva e a escrita mais significativa para as vivências dos alunos.

Jogando com a linguagem para a formação crítica e criativa

Edney Gomes Raminho — 2024-11-19

Neste artigo, discutem-se possibilidades de aprendizagem com jogos digitais para o ensino e a aprendizagem da linguagem (Kleiman, 2000; Kress, 2003; Ribeiro, 2015, 2016, 2019, 2020) em diálogo com o pensamento crítico (Cruz; Dominguez; Pain-Carreira, 2019) e a criatividade (Kneller, 1978; Vygotsky, 2014). Propõe-se uma trilha de jogo em narrativa de Role-Playing Game (RPG) à luz de Jackson (1994), Schick (1991) e Vasques (2008), com vistas a despertar o pensamento crítico e a criatividade nos anos finais do Ensino Fundamental no processo de ensino da linguagem. Nesse percurso, perceberam-se possibilidades de motivar relações de sentido significativas para os estudantes se apropriarem de competências linguísticas importantes, exigidas pela Base Nacional Comum Curricular – BNCC (Brasil, 2018), de maneira a aguçar sua aprendizagem e o desenvolvimento da linguagem.

Representações de professores universitários sobre o Ensino Remoto Emergencial na Amazônia Bragantina, estado do Pará-Brasil

Miguel Pereira de Sousa — 2024-11-19

O objetivo deste artigo é discutir as representações dos professores de Licenciaturas do campus universitário de Bragança sobre o Ensino Remoto Emergencial (ERE) em tempos de pandemia da covid-19, na Amazônia Bragantina. O percurso metodológico foi constituído pela Abordagem da Nova História Cultural e utilizou como instrumentos um questionário via Google Drive e o levantamento de documentos: atas, portarias, decretos e resoluções. Os resultados apontaram diversos sentidos atribuídos pelos professores universitários ao ERE: apropriação das tecnologias de informação e comunicação; conflitos imperiosos entre atividades laborais e domésticas; preocupação com a permanência dos alunos; violência tecnológica; desafio de incorporar práticas novas, sem perder as “velhas”, na construção da cultura digital na Universidade Federal do Pará, campus universitário de Bragança, estado do Pará, Brasil.

Imperialismo e reformas curriculares

Marilsa Miranda de Souza — 2024-11-19

O presente artigo tem por objetivo apresentar a análise da Resolução CNE/CP n^o 2/2019 (BNC-Formação) e a luta pela sua revogação na Universidade Federal de Rondônia (Unir). Essa Resolução é compreendida como medida de centralização e flexibilização do currículo das licenciaturas, proposta pelo movimento empresarial a partir das diretrizes dos órgãos multilaterais do imperialismo (Freitas, 2018; Leher, 1999). Utilizou-se o método do materialismo histórico-dialético, por meio do qual foram realizados o estudo das bases epistemológicas dessa resolução e a análise documental nas instâncias deliberativas da Unir e das ações do movimento docente. A Resolução substitui a formação ampla por formação básica, para atender aos pressupostos mercadológicos e tecnocráticos. O movimento de resistência na Unir garantiu a aprovação do Ato Decisório 7/2022 no Conselho Superior Acadêmico contra a implementação da referida Resolução.

Formação de professores no Brasil

Roberta Abreu — 2024-11-19

Este artigo teve como objetivo analisar e discutir as diretrizes nacionais para a formação de professores da Educação Básica e suas implicações. A discussão analítica mirou a Resolução CNE/CP nº 2/2019. Como questão norteadora, apontou-se: Que implicações as diretrizes curriculares nacionais para a formação inicial de professores da Educação Básica acarretarão ao exercício docente? O referencial teórico centrou-se nos documentos oficiais das diretrizes para a formação de professores no Brasil e em obras de pesquisadores da área. A metodologia consubstanciou-se como pesquisa documental. Entre os principais resultados, constatou-se: perda de autonomia docente; diretrizes curriculares que não ajudam a pensar; modelos de gestão que desestimulam a criatividade e a reflexividade, impossibilitando práticas mais democráticas e a formação de professores mais humanos e historicamente referenciados.

Diversidade de gênero, produção de subjetividades e os desafios ao currículo do curso de Engenharia

Edileuza de Sarges Almeida — 2024-11-19

Neste estudo, discutimos as relações de gênero nos cursos de Engenharia do Campus Universitário de Tucuruí da Universidade Federal do Pará (CAMTUC/UFPA). Problematizamos como são produzidas as subjetividades masculinas e femininas nos cursos de Engenharia Civil, Elétrica e Mecânica. Metodologicamente, foram realizados estudos documentais e entrevistas in loco. O aporte teórico, de cunho pós-estruturalista, embasa-se em Beauvoir (2016), Louro (2014), Foucault (2009, 2014), Scott (1995), Silva (2013) e Swain (2000). Como resultados, apontamos uma produção de subjetividades em permanente conflito, sobretudo no que diz respeito à presença feminina nos cursos pesquisados. Concluímos argumentando a necessidade de desnaturalizar estereótipos de gênero e práticas curriculares no ensino superior que reiteram a dominação masculina, descortinando novos cenários para a formação e a singularidade feminina no interior desses cursos.

Internacionalização do campo do currículo e transferência educacional

Herman Wagner de Freitas Regis — 2024-11-19

Este artigo aborda o processo atual de internacionalização do campo do currículo e apresenta uma argumentação em favor de um currículo centrado em disciplinas organizado com base no que é estabelecido pelo cosmopolitismo. Nessa defesa, entende-se que esses dois elementos são indispensáveis para a construção de um novo paradigma no campo da internacionalização do currículo. O texto discorre a respeito do cosmopolitismo para assegurar que, na categoria transferência educacional, o conhecimento escolar, no sentido de uma organização curricular, estará bem delineado se tiver uma seleção e uma estruturação com foco no ideal cosmopolita. Nessa perspectiva, analisa-se o caráter instrumental hegemônico do campo curricular, a influência das organizações internacionais nas políticas educacionais e defende-se a redução da assimetria de poder nos intercâmbios internacionais na área da Educação.

"O mundo não é dos extremos, ele é de todos”

Caio Roberto Siqueira Lamego — 2024-11-19

A organização disciplinar do currículo escolar foi constituída com base na fragmentação e na especialização do conhecimento. Assim sendo, procurou-se investigar como docentes que desenvolvem práticas interdisciplinares na escola compreendem as relações entre disciplinas e outros professores. No referencial teórico, foram utilizados aportes de Fazenda (2000, 2008, 2011, 2013), Japiassu (1976, 2006), Jantsch (1972), Lopes (2008) e Lopes e Macedo (2011). Foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa, com entrevistas e análise de depoimentos de docentes de uma escola pública. A análise indicou contextualização e relação com o cotidiano, valorização do diálogo entre saberes e do trabalho coletivo e estímulo à reflexão em espaços em que se desenvolvem práticas interdisciplinares.

Deficiência intelectual e inclusão escolar

Clarissa Haas — 2024-11-19

Este estudo qualitativo aborda a produção acadêmica sobre a deficiência intelectual, delimitando como eixos de análise: as concepções sobre deficiência intelectual; as políticas institucionais e curriculares quanto ao lócus e às práticas de escolarização. Investiga-se, por meio do Censo Escolar da Educação Básica, as matrículas dos estudantes com deficiência nas quatro escolas especiais de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, durante oito anos (2015-2023). Analisa-se a estreita relação entre as formas de conceber a deficiência intelectual e as definições do lócus e das práticas de escolarização; os avanços e os desafios na escolarização desse público como sujeitos de aprendizagem no ensino comum, por meio do trabalho coletivo entre os profissionais da educação; a ampliação da oferta da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e as classes especiais da EJA como artifício para a manutenção da filantropia.

Cinema e educação

Julya Gonçalves da Silva — 2024-12-13

O artigo se constituiu a partir de uma pesquisa que problematiza o cinema quando tratado sob uma visão utilitarista na escola. O estudo objetivou identificar e analisar as concepções de alunos sobre o cinema, a partir de uma proposta de intervenção, contemplando-o pelo viés artístico. O aporte teórico se pauta em Bergala (2008), Fantin (2006) e Fresquet (2013). A metodologia caracterizou-se por pesquisa-intervenção, de natureza qualitativa e delineamento descritivo-explicativo. Participaram seis alunos do quinto ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do interior do Paraná. Os dados foram analisados pela técnica Análise de Conteúdo, de Bardin (1977), e apontaram que as crianças participantes não tinham contato com o cinema não comercial, reafirmando a necessidade de a escola ser uma ponte entre o cinema comercial e o de difícil acesso.

Podcasts Sociocientíficos

Sylvia Coelho Alves Sineiro — 2024-12-13

Diversos autores apontam o distanciamento entre escola e vida dos alunos. Com base no referencial teórico sobre culturas científica e digital na escola, aspectos sociocientíficos e escolarização aberta, a partir de autores como Buckingham (2020), Scarpa e Trivelato (2013), Santos e Mortimer (2009) e Okada e Mata (2021), objetivou-se analisar um modelo de oficina de podcasts sociocientíficos como estratégia de fortalecimento e articulação entre culturas científica e digital. Foi adotada a pesquisa participante, com questionários e roda de conversa, analisados sob a Análise de Conteúdo. Identificou-se potencialidades e limitações do modelo e suas contribuições para desenvolvimento de uma cultura científica e digital escolar, por meio da motivação e interesse dos estudantes, diálogo escola-sociedade, articulação entre disciplinas, autoria, trabalho colaborativo e aproximação do cotidiano.

As Tecnologias Digitais na Educação

Joelma de Fátima Mendes — 2024-12-13

O presente estudo tem como objetivo analisar a forma como as tecnologias digitais de informação e comunicação são abordadas na legislação educacional brasileira. Para tanto, utilizou-se de uma abordagem qualitativa e de uma pesquisa documental acerca dos documentos oficiais que norteiam a educação brasileira. Os resultados apontam que as tecnologias são referenciadas em todos os documentos consultados, alguns de forma mais superficial, outros de forma um pouco mais abrangente e ora com uma visão de tecnologia enquanto artefato técnico, enfatizando os aspectos instrumentais e ora buscando uma abordagem sociocultural, como resultado das necessidades humanas e de sua cultura. A tecnologia já é mencionada há décadas na legislação educacional brasileira, o desafio agora é integrá-la de fato, no processo de ensino e de aprendizagem e em consonância com os objetivos educacionais.

Formação inicial docente para o uso pedagógico das tecnologias digitais

Irene Raquel Santana Rodrigues — 2024-12-13

Esta pesquisa analisa experiências curriculares de estudantes de licenciatura em Ciências da Natureza em relação à sua formação para integrar as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) ao currículo escolar. Trata-se de uma pesquisa qualitativa cujos dados advêm de análise documental; questionário e entrevistas semiestruturadas. Os resultados, à luz dos estudos de currículo e de integração das TDIC na educação, evidenciam que são escassas e não lineares as discussões sobre uso pedagógico dessas tecnologias na graduação. As compreensões dos(as) licenciandos(as) sobre esse tema estão mais relacionadas a percursos curriculares pessoais ou a experiências vivenciadas em disciplinas não didático-pedagógicas. Os sujeitos também mostram uma visão utilitarista das TDIC na educação – o que, em parte, pode decorrer das práticas dos formadores e de fragilidades nos Projetos Pedagógicos dos cursos.

Impactos da pandemia nas práticas educativas

Jane Mery Richter Voigt — 2024-12-13

Com a pandemia da Covid-19, as tecnologias digitais passaram a integrar, com mais intensidade, a realidade escolar, pois possibilitaram efetivar os currículos de forma remota. O objetivo deste artigo é discutir sobre a relação dialética nas práticas educativas mediadas pelo currículo e tecnologias digitais, considerando os impactos do período pandêmico. As reflexões são baseadas nos pressupostos do Currículo e da Psicologia Sócio-histórica. Para tanto, foi realizado um estudo de abordagem qualitativa, considerando produções científicas sobre o tema. Houve um agravamento da desigualdade social e educacional. Por outro lado, houve transformações no modo de conceber as práticas educativas, uma vez que as tecnologias digitais passaram a ser condição imprescindível para que o currículo pudesse ser praticado.

As mídias audiovisuais e a atuação docente

Andrea Vicente Toledo Abreu — 2024-12-13

A busca pelo entendimento sobre o uso das mídias audiovisuais na educação não são recentes e fazem parte das discussões da academia, desde sua inserção no cotidiano das escolas. É consenso que para construir conhecimento sobre o tema é necessário ouvir professores e conhecer seus posicionamentos, julgamentos e dificuldades. Foi assim que este texto foi construído, fruto de pesquisa qualitativa que ouviu professoras, por meio de rodas de conversa. Especialistas nesta área da educação, referenciaram o estudo: Martín-Barbero (2021), Duarte (2009) e Bergala (2008) foram alguns deles. As conversas mostraram que depois de mais de quatro décadas do início das atividades com as mídias audiovisuais nas escolas, problemas como a carência de formação, de equipamentos e acesso precário à internet permanecem os mesmos.

Ensino de literatura brasileira da educação básica

Adrielle Soares Cunha — 2024-12-13

Neste artigo, buscamos problematizar como as políticas curriculares atuais situam o protagonismo negro no ensino de Literatura no Ensino Médio. Analisamos os documentos curriculares nacionais, a partir da seguinte questão: que visão de Ensino de Literatura Brasileira são expressas ou estão subjacentes nos documentos curriculares nacionais? Recorremos à pesquisa qualitativa, com abordagem descritiva e analítica. Constatamos o quanto estão sufocadas as questões voltadas para uma educação das relações étnico-raciais trazidas pela Lei Nº 10.639/2003. Por fim, defendemos a Literatura como um potente instrumento de descolonização dos currículos, desde que suas bases sejam repensadas na abordagem de conteúdos da Cultura Afro-brasileira. Buscamos, assim, contribuir para um debate mais amplo: a descolonização dos currículos, para uma escola antirracista.

Ancestralidade feminina negra e apontos de partida para futuros possíveis na matemática

Helena do Socorro Campos da Rocha — 2024-12-13

A pesquisa objetivou investigar a existência de relatos da presença de mulheres negras e sua contribuição para a Ciência Matemática. Parte da seguinte questão: Existem relatos da presença de mulheres matemáticas negras e sua contribuição para a Ciência Matemática nos periódicos especializados? Em caso positivo, como o Afrofuturismo contribui para a análise dessa presença? Foi realizada uma pesquisa documental no Portal Periódicos Capes, a partir da promulgação da Lei 10.639/2003. A análise se deu à luz do Afrofuturismo por meio das categorias ancestralidade, empoderamento, respeito às diferenças e futuro possível. Foram encontrados 13 artigos e dois deles trazem um recorte racial explícito que ajudam a compreender os efeitos causados pela presença de mulheres negras na Matemática atreladas à representatividade que possibilita o empoderamento no resgate da ancestralidade. Isso permite detectar indícios de um futuro possível com a presença crescente da mulher negra na Matemática.

Educação Ambiental crítica e conflitos ambientais

César Augusto Costa — 2024-12-13

O texto aborda a relação entre educação ambiental, em uma perspectiva teórico-crítica e os conflitos ambientais na América Latina, trazendo aportes teóricos à prática emancipatória/libertadora, interdisciplinar e antissistêmica. Na introdução, perpassa o debate sobre a educação, pensada como processo ontológico e que dialeticamente determina o metabolismo sociedade-natureza. Na sequência, desenvolve a categoria conflitos ambientais, como uma exigência do modo de produção capitalista, cujo elemento integra o processo de destruição da natureza, onde tais aspectos dos conflitos ambientais são refletidos no horizonte do processo de colonialidade do poder. Ao fim, expõe como as lutas sociais dos trabalhadores, povos originários e povos tradicionais são constituídas com vistas à libertação/emancipação, explicitando a contribuição da educação ambiental crítica nessas lutas emancipatórias.

Traduções do discurso curricular oficial para o contexto da prática

Marcos Garcia Neira — 2024-12-13

O presente artigo objetivou compreender como os professores de Educação Física que participaram dos cursos de formação voltados à implementação da política curricular municipal traduzem para a prática o discurso materializado no documento oficial. Para tanto, foram produzidos relatos de experiência a partir de entrevistas com os participantes que afirmam colocar em ação a proposta. Ancoradas no referencial teórico pós-estruturalista, as narrativas docentes foram confrontadas com os argumentos que sustentam o discurso oficial. Inferiu-se que a preocupação dos educadores se volta às questões metodológicas. A ênfase dada ao saber como fazer, em vez de uma apropriação crítica da epistemologia que subsidia a política curricular em questão, configura uma visão reducionista, ao que tudo indica, decorrente do modo de condução das ações formativas.

"É só aplicar a fórmula: Δ = b2 - 4ac"

Klinger Teodoro Ciríaco — 2024-12-13

O artigo explora interações produzidas numa experiência de trabalho colaborativo com professoras iniciantes, a qual foi objeto de doutoramento do primeiro autor, sob orientação da segunda autora e coorientação do exterior realizada pelo terceiro autor. Objetivamos compreender que aprendizagens são propiciadas via compartilhamento de práticas profissionais por meio da videogravação de aulas de Matemática. O referencial teórico destaca perspectivas do desenvolvimento profissional, características da fase de indução à docência e aspectos da colaboração. A metodologia adotada foi a pesquisa-ação estratégica, mediada pela negociação de significados da constituição da prática pedagógica. Os resultados implicam reconhecer a necessidade de investimento em estudos propositivos, nos quais professores assumem o papel de protagonistas de sua aprendizagem na busca do desenvolvimento profissional.

As Práticas curriculares no ensino médio e a questão política do conhecimento

Carla Villagran — 2024-12-13

Nas últimas três décadas, o ensino secundário na Argentina passou por um conjunto de transformações estruturais e curriculares, produzindo reconfigurações quase permanentes. Assim, esta vivência da reforma (Autor, 2018) expressa-se nas práticas curriculares, tanto no campo da formulação de políticas como ao nível das instituições e do trabalho pedagógico. É esta obra cotidiana que nos interessa recuperar aqui numa perspectiva microfísica (Deleuze, 2014), atentando para o detalhe da vida do currículo e das práticas de regulação (Foucault, 2000; Popkewitz, 1994a) e seus efeitos. Problematizar o futuro do currículo no nosso presente envolve atentar para como currículo e desigualdade se entrelaçam na questão do conhecimento, na sua seleção e transmissão na escola.

As 200 crianças do Dr. Korczak

Cristiane Aparecida Stoeberl — 2024-12-16

Esta pesquisa tem como objetivo analisar de que forma o cinema, por meio da utilização do filme As 200 Crianças do Dr. Korczak, como uma ferramenta pedagógica, pode contribuir para a educação em direitos humanos no ensino superior de modo a combater a discriminação racial. A pesquisa tem caráter bibliográfico e documental, com abordagem qualitativa. Os resultados obtidos levam à conclusão de que o cinema é uma ferramenta pedagógica que contribui para a construção das subjetividades dos estudantes e sensibilização para questões de direitos humanos, que devem ser tratados de forma transversal. O filme, ao mostrar o drama vivido pelas crianças judias órfãs, perseguidas pelos nazistas, assim como a determinação e humanismo de Korczak em protegê-las da desumanização, leva os estudantes a refletirem sobre as consequências da banalidade do mal e da discriminação racial, presentes na sociedade.

Currículo, neurociência e a formação de professores

Márcia Gorett Ribeiro Grossi — 2024-12-16

O objetivo deste artigo foi repetir as pesquisas Neurociência na formação de professores: um estudo da realidade brasileira (desenvolvida por Grossi et al. em 2013 e publicada em 2014) e A neurociência na formação inicial de professores: uma investigação científica (desenvolvida por Grossi et al. em 2018 e publicada em 2019) para verificar o que mudou desde então. Para tal, foi realizada em 2022 uma pesquisa qualitativa com enfoque descritivo, e, quanto ao procedimento técnico, efetuou-se uma pesquisa documental. Os resultados indicaram que no Brasil ainda é pequena a presença dos conteúdos da neurociência nos cursos de formação de professores. Logo, a realidade percebida há nove anos ainda é a mesma. Assim, esta presente pesquisa reforça a necessidade de alteração nas matrizes curriculares desses cursos, inserindo disciplinas acerca da neurociência para que os professores conheçam o funcionamento do cérebro.

Teorias Curriculares na Formação Inicial de Professores em Ciências e Matemática nos Institutos Federais de Educação

Rodolfo Carvalho — 2024-12-13

Neste artigo, investigamos as pesquisas realizadas nos últimos 13 anos em teses e dissertações sobre Currículo das Licenciaturas nas áreas de Ensino de Ciências e Matemática dos Institutos Federais, do período de 2009 a 2022. O objetivo foi identificar as teorias de currículo predominantes nessas pesquisas, balizadas nos referenciais teóricos do campo de estudos curriculares, dentre eles: Bobbitt (1918), Apple (2006), Bourdieu (2013) e (Silva, 2022). O estudo teve enfoque qualitativo e a metodologia utilizada foi o Estado do Conhecimento. Os resultados nos permitiram traçar um panorama das pesquisas realizadas sobre currículo e a formação inicial docente, e destacar as tendências atuais e a necessidade de avançar em elaborações curriculares que abordem as perspectivas críticas e pós-críticas, pois existe um significativo número de currículos baseados em teorias tradicionais.

A favor de quem a BNCC trabalha?

Vergas Vitória Andrade da Silva — 2024-12-13

O artigo analisa as formas de organização do conhecimento escolar credenciadas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), buscando desvelar interesses subjacentes às suas formulações. À luz das teorias críticas e sociológicas do currículo, este estudo parte do pressuposto de que a BNCC é um artefato cultural que organiza os saberes escolares de maneira interessada e seletiva. Por meio da análise documental, o trabalho infere que a BNCC, enquanto política do conhecimento oficial, é um documento produto de tensões, conflitos e relações de força estabelecidas entre grupos que buscam garantir o controle dos dispositivos educacionais no Brasil. O artigo conclui que as formas de organização do conhecimento escolar impostas na BNCC, sendo expressão das relações sociais de poder, transmitem visões sociais particulares, inculcando valores inerentes ao pragmatismo produtivo do capital-trabalho.

O currículo da educação infantil na Base Nacional Comum Curricular em tempos de reformas educacionais e de empresariamento da educação pública brasileira

Tiago Nicola Lavoura — 2024-12-13

A pesquisa objetiva analisar o avanço da reforma educacional empresarial brasileira e a particularidade da Base Nacional Comum Curricular na Educação Infantil, considerando a problemática da nova ordem mundial educacional neoliberal. É um estudo de natureza teórico-conceitual com as fontes bibliográficas e documentais apreendidas por meio de análise de discurso. O referencial teórico assenta-se na teoria social crítico-dialética (Behring, 2008; Freitas, 2018; Laval, 2019; Saviani, 2011, dentre outros), e analisa a política internacional e nacional da reforma educacional e sua fundamentação pedagógica e didática. Os resultados permitem inferir relações entre a crise estrutural do capital, o avanço da ideologia neoliberal e sua expressão política educacional, a elaboração da BNCC enquanto parte da reforma educacional empresarial brasileira, e alguns impactos da BNCC no currículo da educação infantil.

Acessibilidade curricular para a educação inclusiva

Jucimara Teixeira da Luz Guimarães — 2024-12-13

Este artigo trata sobre acessibilidade curricular para promoção da educação inclusiva e estratégias pedagógicas para sua efetivação. O estudo realizou entrevista semiestruturada com 11 professores de sala de aula comum e de AEE em três escolas públicas de Novo Hamburgo (RS) com objetivo de analisar estratégias pedagógicas para acessibilidade curricular, identificando especificidades. O referencial teórico baseia-se nas noções foucaultianas de governamentalidade, biopolítica e normalização na regulação de sujeitos e instituições inclusivas. A pesquisa é qualitativa, exploratória e descritiva, considerando práticas relacionadas a grupos sociais de difícil generalização. Organizam-se os resultados em três tópicos: articulação entre sala de aula comum e serviço de apoio AEE; acessibilidade curricular, a perspectiva docente e especificidades presentes nas práticas pedagógicas para a inclusão.

Uma (outra) narrativa sobre o currículo

Ana Isabel Moreira — 2024-05-03

Resenha do texto original: DUARTE, Pedro. Pensar o desenvolvimento curricular: uma reflexão centrada no ensino. Porto: Politécnico do Porto/Escola Superior de Educação, 2021.

A BNC-Formação no Cenário de Reabertura do Debate Político no Brasil

Érika Virgílio Rodrigues da Cunha — 2024-06-28

O texto apresenta o Número Temático A BNC-Formação no cenário de reabertura do debate político no Brasil como um conjunto de reflexões críticas às políticas de controle curricular. A Edição é fruto de uma parceria entre a Revista e-Curriculum (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP) e a Associação Brasileira de Currículo (ABdC) e problematiza as lógicas neoliberal e ultraconservadora na proposta de alinhar a formação de professores à Base Nacional Comum Curricular da Educação Básica. A seção inicial avulta a reiteração dessas lógicas na recente aprovação de Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação. A segunda seção enfatiza a luta da área para reconstituir a política em atenção a demandas plurais, sensíveis ao caráter público da docência, destacando os artigos da Edição como parte de uma atuação militante de pesquisadores, entidades e movimentos organizados.

Formação de professores e políticas educativas

Francisco Imbernón — 2024-06-28

Ser professor no século XXI mudou muito. Mudaram as suas funções (aumentaram e diversificaram muito) e a sua imagem social. Houve mudanças vertiginosas, onde muitos professores tentaram se atualizar e assumir novas funções educacionais e sociais, mas muitos também ficaram confusos diante do conhecimento científico, da tecnologia, das demandas sociais e das políticas erráticas do governo etc. Incertezas e mudanças foram introduzidas na profissão e você tem que conviver com elas. E os professores devem preparar-se para assumir estas novas funções e analisar criticamente a realidade educativa e a que rodeia a profissão. Deve assumir o destaque que merece.

Processos de hibridização curricular e pedagógica na Ibero-América

José María García Garduño — 2024-06-28

O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise inicial do hibridismo pedagógico e curricular que ocorreu na Ibero-América. Para isso, foi feito um esboço dos processos que se deram até as primeiras décadas do século XX na Argentina, no Chile, no Brasil, na Colômbia, na Espanha e no México. Assim, foram identificados cinco processos de hibridização no campo do currículo, relacionados à adoção dos termos “curriculum”, “currículo”, “currículum’ e “plan de estudios”. Esses processos têm origem com a tradução do livro de Ralph W. Tyler, exemplo de planejamento curricular, o surgimento da teoria crítica e da teoria pós-crítica. Concluiu-se que o hibridismo curricular que ocorreu na América Latina não foi uniforme e seguiu diferentes processos.

A secundarização da Filosofia na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

Ivanilde Apoluceno de Oliveira — 2024-06-28

O artigo traz uma análise acerca do componente curricular de filosofia dentro da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), especificamente no Ensino Médio. A partir das competências e habilidades específicas para as Ciências Humanas e Sociais aplicadas ao Ensino Médio, texto que dispõe de elementos para o direcionamento da filosofia no currículo escolar, constata-se a secundarização desta em detrimento de conhecimentos históricos, sociais e geográficos. Por meio de uma pesquisa bibliográfica e documental, enseja-se uma discussão crítica sobre o papel da filosofia na Educação Básica, evidenciando, entre outros aspectos, a importância da inserção de filosofias outras, como as africanas, ameríndias e asiáticas, diante de sua necessária contribuição para a formação do estudante de Ensino Médio.

Simbiose entre militância e produção do conhecimento como forma de resistência à BNC-Formação (Resolução CNE/CP n. 2/2019)

Andréia Nunes Militão — 2024-06-28

Este texto destaca a atuação de entidades científicas na educação entre 2016 e 2023, marcando a disputa entre projetos societários diferentes. Recorre-se à pesquisa-militante como ferramenta para entender as políticas docentes e a valorização profissional. A hipótese defendida é a de que a simbiose entre militância e produção de conhecimento teve centralidade para não se implementar a BNC-Formação. Conclui-se que há um cenário político-econômico complexo, com pautas educacionais mais presentes no início do terceiro governo Lula, impulsionadas pela opinião pública e mobilização estudantil e sindical. A valorização e formação, especialmente a formação inicial de professores, não tiveram a centralidade esperada, indicando um tratamento diluído da valorização na educação básica. A pouca permeabilidade desta temática junto à educação básica indicia o parco tratamento da concepção de valorização, especialmente por afastar a pauta da formação inicial dos demais elementos que a compõe.

Formação Inicial de Professores e a Resolução 02/2019

Ana Cristina Gonçalves de Abreu Souza — 2024-06-28

Este artigo se pauta na discussão do campo da formação de professores e traz reflexões sobre a política curricular de formação inicial para os professores de educação básica no Brasil, instituída pela Resolução 02/2019. Assumimos nossas considerações a partir da abordagem teórica crítica reconhecendo o retrocesso desta política nacional curricular; como objetivo pontuaremos algumas características da resolução com foco a trazer as marcas de desmonte para a formação inicial dos professores e os paradigmas que a sustentam. Elaboramos, como metodologia, um estudo, com exploração bibliográfica. Por fim, as análises evidenciam a importância da construção de políticas públicas curriculares que contemplem a abordagem teórico crítica em sua elaboração, a considerar que a resolução 02/2019 representa um repertório neoliberal pautado na pedagogia das competências, ignorando o acúmulo de conhecimento produzido tanto no campo da formação de professores quanto no campo do currículo.

Formação inicial de professores

Neide de Aquino Noffs — 2024-06-28

As disputas por protagonismo na elaboração dos referenciais curriculares para a formação de professores têm se intensificado. Nesse cenário, a Resolução CNE/CP n.º 2/2015, foi substituída pela n.º 2/2019. Esta pesquisa objetivou analisar os reflexos dessa substituição por meio da análise comparativa dos projetos de formação. A metodologia utilizada foi a pesquisa com base documental e a pesquisa bibliográfica. Contamos com o aporte teórico de Gimeno Sacristán (1999, 2000, 2011), Freire (2017), Arroyo (2013), Marcelo García (1999), Schön (2000), Imbernón (2011) e Laval (2004). Identificamos que a n.º 2/2019 define um projeto direcionado a formação de uma “personalidade global” (Laval, 2004) requerida pelo mercado, resultando na fragilidade da formação de professores. Conclui-se que a integração da competência como nuclear do currículo requer que a educação cumpra as funções que desconsideram os elementos essenciais para a sólida formação do professor.

“É preciso estar atento e forte"

Wanderson Diogo Andrade da Silva — 2024-06-28

A Resolução CNE/CP nº 2/2019 definiu as atuais diretrizes curriculares nacionais para a formação inicial de professores e instituiu uma base nacional comum para essa formação (BNC-Formação) enquanto reflexo da influência do neoliberalismo nas políticas e reformas educacionais brasileiras. Assim, este estudo documental buscou analisar a referida Resolução e os seus impactos para a docência em Química. Os resultados apontam retrocessos e ameaças ao ensino de Química, indo desde o esvaziamento dos estudos na Educação Básica até a possibilidade de extinção gradual dos cursos de Licenciatura em Química. A BNC-Formação também revela contradições para a sua efetivação, usurpando a autonomia e a criticidade dos professores em prol de uma formação que não considera a complexidade da profissão docente e as necessidades formativas dos estudantes da Educação Básica.

Licenciaturas em Ciências Naturais

Bruno Venancio — 2024-06-28

O artigo analisa aproximações traçadas entre propostas de cursos de Licenciatura em Ciências Naturais e novas políticas curriculares, discutindo intercessões e questões para a formação docente. Em diálogo com o campo do Currículo, a pesquisa combina análises de fontes documentais e orais para localizar disputas entre diferentes concepções de conhecimento e de modelos formativos para a docência em Ciências e Biologia. Os resultados sugerem que os referidos cursos têm se apropriado de discursos sobre interdisciplinaridade que revivem perspectivas de integração curricular historicamente postas para a Educação em Ciências, mas problematizáveis epistemológica e pedagogicamente. Conclui-se que tais licenciaturas correm o risco de naturalizar elementos das políticas educacionais neoliberais que tentam controlar e regular a formação docente, no alinhamento da BNC-Formação à BNCC.

Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica

Marylia Gabriela Ortis da Fonseca — 2024-06-28

A Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica, aprovada em dezembro de 2019, revogou a Resolução CNE/CP n° 2/2015 com justificativas de que não atendia as demandas necessárias para o processo de implementação da Base Nacional Comum Curricular da Educação Básica. Nesse contexto, a nova normativa propõe mudanças para o campo das licenciaturas que padronizam o processo formativo, além de acarretar implicações para o curso de Pedagogia, que descaracterizam o profissional pedagogo. Isto posto, este estudo objetiva ampliar o debate acerca dos direcionamentos formativos propostos por tal normativa. Assim sendo, por meio de análises bibliográficas e documentais, à luz da teoria gramsciana, verifica-se que a formação docente passou a ser reduzida à reprodução e aplicação de conteúdos, que extinguem a possibilidade da formação crítica, humana e emancipatória.

BNC-Formação e o desenvolvimento da autonomia e participação docente

Mara Rubia Santos Souza — 2024-06-30

O presente artigo objetiva analisar a presença de perspectivas para o desenvolvimento da autonomia e da participação docente na BNC-Formação. O estudo é de caráter qualitativo, desenvolvido por meio de dados bibliográficos e documentais na área das políticas educacionais, contemplando algumas discussões de autores (as) de fundamento crítico, os quais contribuíram com o debate das categorias autonomia e participação. Nesse sentido, articulamos tais concepções com o marco regulatório da BNC-Formação, buscando por confluências ou distanciamentos que pudessem contribuir para o debate sobre a formação de professores (as) da educação brasileira. Os resultados evidenciaram que esse dispositivo legal esteve equidistante à literatura pesquisada, contudo, se alinhou aos propósitos do capital, no qual a formação docente se volta estritamente para a produção de mão de obra alienada.

BNC-Formação e BNCC

Andreia Cruz — 2024-06-28

Considerando a importância de pensar criticamente a construção de enfrentamentos contra o controle neoliberal no campo da formação de professores, este artigo tem o objetivo de analisar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), concomitantemente com a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação), com o intuito de compreender como esses documentos normativos influenciam a prática docente. Metodologicamente, trata-se de pesquisa bibliográfica e documental com fins de apresentar um debate teórico-conceitual sobre como a BNCC e a BNC-Formação influenciam a formação inicial do professor. Concluímos que, no contexto neoliberal, o papel do docente é ressignificado. Essa ressignificação interfere no seu processo formativo significando um retrocesso do papel social e formativo do professor, bem como gera um reducionismo de autonomia docente.

A Retomada das Competências no Currículo Conforme a Proposta da BNC-Formação Docente no Brasil

Daniela Glicea Oliveira da Silva — 2024-06-28

A BNC-Formação tem sido motivo de grande debate no campo educacional no Brasil. A Resolução CNE/CP 2/2019 coaduna-se com outras reformas recentemente lançadas no cenário educacional brasileiro. Parte-se do pressuposto de que a BNC-Formação produz a padronização pragmatista da formação docente, alinhando-se à Pedagogia das Competências. Busca-se analisar criticamente o teor da Resolução CNE/CP 2/2019, em comparação com a Resolução CNE/CP 2/2015, desvelando o caráter pragmatista presente na primeira. Realizou-se um estudo de caráter bibliográfico e documental, tendo como base o materialismo histórico-dialético. Têm-se como apontamentos que a BNC-Formação padroniza uma supervalorização dos aspectos práticos e retrocede às conquistas reunidas na Resolução 2/2015. Outrossim, que ela agudiza a responsabilização dos docentes, assumindo a Pedagogia das Competências como vertente.

A Centralidade da Formação de Professores e Professoras da Educação Infantil

Marinalva Veras Medeiros — 2024-06-30

Este artigo tem por objetivo apresentar uma discussão teórico-reflexiva acerca da Base Nacional Comum Curricular - BNCC (2017) e da Base Nacional Comum de Formação de Professor - BNC-FP (2019), destacando especialmente as configurações que esses duas Bases trazem para a formação de professores da educação infantil. Inserindo-se no quadro teórico-metodológico da pesquisa qualitativa e bibliográfica. Está fundamentado em teóricos como Albino e Silva (2019), Teles (2018), Freire, (2015), Giroux (1997), Manacorda (2010), entre outros. O estudo permitiu compreender que a formação docente, com realce para a formação dos professores de educação infantil, além de ser construída historicamente antes e durante o percurso profissional do professor, também é influenciada por legislações nacionais e organismos multilaterais.

Pedagogia para quê?

Rosana de Sousa Pereira Lopes — 2024-06-28

A pesquisa aborda a formação de pedagogos no Brasil, por meio da análise de duas resoluções: a Resolução CNE nº 01/2006 e a Resolução CNE nº 02/2019. A questão central deste estudo é analisar se os objetivos e a organização curricular, direcionados à formação do pedagogo e, em especial, às atividades de apoio escolar delineadas pelas diretrizes vigentes (Brasil, 2006a) estão em consonância com a proposta curricular da Resolução CNE nº 02/2019. O estudo propõe uma abordagem documental examinando documentos regulatórios de 1939, 1969 e 2015. As conclusões indicam que, até o final do século XX, o perfil do pedagogo era voltado para a formação de especialistas com foco na formação para as atividades da gestão escolar. Contudo, a Resolução CNE nº 02/2019 acentua uma a formação para o campo de trabalho, sendo a docência o foco exclusivo, relegando a gestão a um papel complementar.

Produção de sentidos na BNCC e BNC-Formação

Marize Peixoto da Silva Figueiredo — 2024-06-28

O artigo focaliza o discurso que constitui o currículo da educação básica como referência para a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores (BNC-Formação) e os sentidos endereçados nessa articulação ao professor e à docência. A análise é orientada pela perspectiva pós-estrutural de currículo e pelas apropriações da Teoria Política do Discurso por esse campo, tencionando problematizar os efeitos discursivos da centralidade das aprendizagens essenciais dos estudantes da educação básica na política de formação de professores: a homologia de processos e as competências profissionais do professor para alcance da performance adequada para fazer aprender. Destaca-se o desejo (impossível) de controle total da produção curricular contextual, argumentando-se que em nome da igualdade e da equidade na educação, a centralização curricular acaba por produzir a exclusão da diferença.

BNC-formação inicial e continuada de professores

Simone Sandri — 2024-06-30

O artigo tem como objetivo analisar a atual política para a formação inicial e continuada de professores no Brasil. Para tanto, apresenta a seguinte problemática: Quais são as dimensões da profissionalização docente observadas nas orientações dos organismos internacionais e nas atuais diretrizes para formação de professores no Brasil? Com base na abordagem qualitativa, de metodologia bibliográfica e documental, a pesquisa considerou como fontes primárias as Resoluções CNE/CP Nº 2, de 20 de dezembro de 2019, e Nº 1, de 27 de outubro de 2020, além de documentos dos organismos internacionais. O referencial teórico valeu-se das análises de Meszáros (2011), Harvey (2016; 2017) entre outros. O principal resultado do estudo é a identificação da noção de profissionalização docente alicerçada em três dimensões: professor executor, professor gerencial e professor socioemocional.

Políticas antidocência e a docência curriculante como reexistência formacional

Denise Moura de Jesus Guerra — 2024-06-28

O presente artigo apresenta argumentos advindos de pesquisas teóricas, análises de ações, bem como construções conceituais, nas quais explicita-se o que denominamos de políticas antidocência e docência curriculante. No primeiro movimento analítico/conceptivo realizamos críticas dirigidas às políticas de currículo e formação de professores que consideramos anacrônicas e instrumentalistas por não realçarem a valorização do trabalho e das aprendizagens docentes. Tomamos como exemplaridade a BNC-formação. No segundo movimento analítico/conceptivo, alçamos a valorização da atuação docente à condição de docência curriculante, porquanto identificamos nessa construção conceitual uma potência que carrega consigo pautas de reexistência vinculadas à qualificação da formação docente de uma perspectiva democrático e emancipacionista.