Clínica, linguagem e subjetividade

Autores

  • Christian Ingo Lenz Dunker Universidade São Marcos, Programa de Pós-Graduação

Palavras-chave:

clínica, psicanálise, epistemologia.

Resumo

No presente artigo, apresentam-se e discutem-se os elementos constitutivos da clínica, a partir da sua formação no século XVIII, no quadro da medicina. Propõe-se que semiologia, diagnóstico, etiologia e terapêutica definem historicamente um conjunto articulado e covariante de procedimentos, concepções e descrições que convencionamos chamar de clínica clássica. Mostra-se a seguir como tais elementos contêm, dentro de si, mesmo que de forma não explícita, uma concepção sobre o funcionamento da linguagem. Analisa-se em seguida como tais elementos são subvertidos no quadro da clínica psicanalítica proposta por Freud, no qual estes sobrem profundas transformações, mantendo porém a articulação necessária para que ainda se preserve a noção de clinica. Sugere-se, a partir desta concepção, que diferentes disciplinas apropriam-se de tais elementos constituindo projetos clínicos nem sempre redutíveis ou dependentes da epistemologia médica. Argumenta-se que tais projetos poderiam manter o critério da covariância entre seus elementos e uma certa homogeneidade epistemológica entre estes para que se posso legitimar sua ação para além do plano da eficácia. Sugere-se que no caso da clínica fonoaudiológica há certas dificuldades quanto à sua formalização decorrentes da presença de elementos sujeitos à forte heterogeneidade e invariância.