Cotidiano de uma residência terapêutica e a produção de subjetividade
DOI:
https://doi.org/10.23925/2176-2724.2017v29i2p196-207Palavras-chave:
Serviços Comunitários de Saúde Mental, Saúde Pública, Atividades CotidianasResumo
As Residências Terapêuticas (RTs) são casas para pessoas com transtornos mentais ou uso abusivo de álcool e outras drogas, para os quais a falta de moradia e a precariedade da rede social são questões prioritárias em seus projetos de vida. Recebem principalmente ex-internos dos hospitais psiquiátricos, posicionando-se assim como um dos instrumentos fundamentais para a política de redução de leitos psiquiátricos no Brasil. Este artigo visa discutir o cotidiano de uma RT e seus efeitos de produção de subjetividade por meio de cenas observadas na residência ou no bairro em que se insere. É resultado de pesquisa de mestrado em Psicologia Social, desenvolvida pelo Núcleo Lógicas Coletivas e Institucionais, que tem como referência a Análise Institucional e a Micropolítica. As cenas foram construídas a partir da observação participante e do registro do cotidiano em diário de campo realizada por seis meses numa RT no município de São Paulo. A residência contava com oito moradores do sexo masculino, entre 24 e 60 anos. As cenas foram analisadas de acordo com sua relação com os objetivos da reabilitação psicossocial. Pôde-se concluir que esta RT tem operado efeitos, nos moradores, de reconstrução dos sentidos/valores; de reconstrução do tempo, da responsabilização e de ampliação da contratualidade social. A análise das cenas permitiu também levantar questões presentes no cotidiano relativas à tensão entre estar e habitar.
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