Layssa Gabriela Almeida e Silva MELLO
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Rodrigo, de forma imediata, apresenta uma tradução literal do termo. Como o meu
intuito residia em auxiliar os alunos a compreender as polissemias presentes no texto literário,
questiono o que eles compreendem sobre a metáfora da montanha revelada na canção. As
respostas ilustram os diversos níveis de ZDP dos alunos. Enquanto Gustavo demonstra dificuldade
em compreender a metáfora sozinho, Shinra Tensei e Sininho demonstram agência discente ao
completar o texto com suas visões de mundo (SCHOON, 2018). É possível perceber, portanto, que
os alunos se engajam de forma colaborativa para a compreensão do trecho. Após as contribuições
de Shinra Tensei, Rodrigo verbaliza a sua fala egocêntrica. Ao dizer “agora faz sentido”, ele
demonstra que, tal como Gustavo, não havia compreendido o trecho inicialmente. Logo, as
interações ocorridas entre mim e os participantes do estudo foram essenciais para desenvolver
os processos intra- e interpsicológicos. Isto é, as interações entre mim e os alunos favoreceram o
compartilhamento de impressões sobre o texto literário e a compreensão das metáforas
presentes na canção (VYGOTSKY, 1989; SOUSA; FIGUEREDO, 2017).
Por fim, discutimos sobre o refrão. Além de evidenciar a compreensão dos alunos sobre
a polissemia no recorte 13, é possível perceber também os diálogos interculturais que foram
estabelecidos entre os aprendizes e o autor-criador da canção.
Recorte 13 – 14/11/2019
Layssa: E aí, esse é o mais bacana, que é o refrão: o que quer dizer: The answer my friend is blowing in the
wind?
Calipyson: Que a resposta está flutuando no ar?
Layssa: Hum, vamos ver aqui, na canção inteira ele apresenta um monte de perguntas para gente né? E
essas perguntas são fáceis ou difíceis de serem respondidas?
Alunos: Fáceis.
Layssa: Ok, as respostas estão aí fora, mas todo mundo consegue visualizá-las?
Rodrigo: Tem que querer né?!
Layssa: Isso, é como o vento, está aqui, todo mundo pode senti-lo, mas as vezes, na correria acabamos nos
esquecendo ou até mesmo ignorando ele né?!
Annie Kim: Caraca, que profundo.
Hale: Tanta coisa em uma só canção heim?!
Pandora: É, amiga, o vento está aí, respondendo nossas perguntas, a gente só tem que parar para ouvi-lo
né?! Kkkk
(
Fonte: Dados retirados da aula sobre a canção)
As falas de Annie Kim e Hale confirmam que as alunas foram capazes de identificar a
polissemia presente no texto, o que facilitou o encontro, no plano do sentido, com o autor-criador
Bob Dylan. A fala de Pandora, por sua vez, comprova que a “literatura nos diz o que somos e nos
incentiva a desejar e a expressar o mundo por nós mesmos” (COSSON, 2018, p.17). Ela também
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São Paulo (SP), v. 44 n.1, jan./jul. 2023
ISSN 2318-7115