ARTIGO  
A canção como texto literário na sala de aula de  
língua inglesa: uma experiência colaborativa na  
educação básica  
The song as literary text in the english language classroom: a  
collaborative experience in basic education  
Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil.  
FLUXO DA SUBMISSÃO  
Submissão do trabalho: 08/11/2021  
Aprovação do trabalho: 07/03/2023  
Publicação do trabalho: 07/04/2023  
Resumo  
Este artigo objetiva apresentar uma proposta didática desenvolvida com  
uma turma de alunos do 8º ano do ensino fundamental de uma escola  
pública da cidade de Goiânia  Goiás, embasada na canção “Blowing in  
the wind”, de Bob Dylan. A ideia reside em discutir com a referida turma  
a possibilidade de uma canção ser um texto literário. Para tanto,  
atividades de pré-escuta, leitura/escuta e pós-leitura da canção foram  
realizadas buscando evidenciar a crítica social tecida pelo autor-criador  
estadunidense e as metáforas presentes nela. As atividades foram  
desenvolvidas de forma colaborativa, em grupos e pares, com base nos  
estudos de Bakhtin (1997, 2011, 2017), Vygotsky (1981, 1989) e no mais  
recente documento educacional, a Base Nacional Comum Curricular  
(BRASIL, 2017). Os dados apontaram que o referido texto literário  
favoreceu o estabelecimento de relações dialógicas e interculturais  
entre os participantes e o autor-criador Bob Dylan. Não espero com esta  
proposta didática esgotar as inúmeras possibilidades de discussão e  
interpretação da canção, mas antes repensar as características inerentes  
ao gênero canção de modo a favorecer sua utilização como texto  
literário no processo de ensino e aprendizagem.  
Palavras-chave: Ensino; Inglês; Texto literário; Canção.  
Abstract  
This article aims to present a didactic proposal developed with a group of  
students from the 8th grade of a public elementary school, in the city of  
Goiânia – Goiás, based on the song “Blowing in the wind”, by Bob Dylan. The  
idea lies in discussing with the aforementioned group the possibility of a  
song being a literary text. Therefore, pre-listening, reading/listening to the  
song and post-reading activities were carried out, seeking to highlight the  
social criticism woven by the American author-creator and the metaphors  
present in it. The activities were developed collaboratively, in groups and  
Distribuído sob Licença Creative Commons.  
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pairs, based on studies by Bakhtin (1997, 2011, 2017), Vygotsky (1981, 1989) and the most recent  
educational document, the National Common Curricular Base (BRASIL, 2017). The data indicated that  
the aforementioned literary text favored the establishment of dialogical and intercultural relations  
between the participants and singer-songwriter Bob Dylan. I do not hope with this didactic proposal  
to exhaust the countless possibilities for discussion and interpretation of the song, but rather to  
rethink the characteristics inherent to the song genre, favoring its use as a literary text in the teaching  
and learning process.  
Keywords: Teaching; English; Literary text; Song.  
1.  
Introdução  
As canções são uma rica fonte de expressão artística, histórica e literária. Elas já são  
utilizadas na sala de aula de língua estrangeira há um bom tempo porque possibilitam o  
desenvolvimento das habilidades de compreensão oral, além de despertarem o interesse e  
motivação dos alunos para o aprendizado. Para Pereira (2007, p.123), a utilização da música na sala  
de língua estrangeira pode “variar desde a simples recreação à interpretação de sentidos ocultos  
e ideologias implícitas”. Assim, lançar mão desse recurso na sala de aula possibilita ao professor o  
estabelecimento de uma atmosfera positiva de aprendizagem e a prática de compreensão oral,  
gramática, léxico e pronúncia.  
A estreita relação entre a canção e literatura ainda não é facilmente percebida por todos  
os docentes. Averbuck (1986), por exemplo, em um estudo realizado no fim da década de 1980, já  
alertava para a necessidade de se repensar o conceito literatura com o intuito de ampliá-lo. Para  
isso, ao abordar a “poesia” na sala de aula, o docente deveria validar as diversas formas de arte e  
comunicação. O autor reforça sua convicção sobre a necessidade de incluir as canções no escopo  
da literatura baseado nos processos poéticos de alta elaboração presentes em diversas letras de  
canções da música popular brasileira.  
Rocha (2020, p.201), ao analisar dois manuais didáticos brasileiros, constatou que as  
atividades propostas pouco abordam a relação da canção como gênero lítero-musical e defende  
a escola deve reconhecê-la “como gênero autônomo, texto de construção complexa, de formação  
intersemiótica, por conjugar letra e melodia”. Para o autor, a formação de leitores críticos e  
sensíveis à função social dos textos requer um trabalho que reconheça as “particularidades  
constitutivas, discursivas e estéticas” (ROCHA, 2020, p. 202) do gênero canção.  
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Fato é que a literatura é “complexa, heterogênea, mutável” (COMPAGNON, 2006, p.44)  
e é a sociedade, pelo uso que faz dos textos, quem decide se são considerados literários ou não.  
Até pouco tempo, por exemplo, as canções não se enquadravam dentro do escopo da literatura,  
mas percebo a importância do Prêmio Nobel de Literatura de 2016 para legitimação desse gênero  
como literário. Foi nesse ano que Bob Dylan, cantor e compositor estadunidense, foi condecorado  
com o prêmio pela expressão poética em suas canções. O fato de Chico Buarque de Holanda,  
cantor e escritor brasileiro, ter recebido o Prêmio Camões de Literatura, em 2019, contribuiu para  
reacender a discussão no contexto brasileiro. Assim, ao oportunizar aos alunos momentos para  
refletir sobre as similaridades e diferenças entre a língua e cultura brasileira e a língua e cultura-  
alvo, o professor está favorecendo a interculturalidade (SILVA, 2014).  
Desse modo, aproveitei que em 2019 o tema canção e literatura estava em voga no Brasil  
e no mundo e trabalhei a canção Blowing in the Wind, de Bob Dylan. O intuito residia em discutir  
com os alunos sobre a possibilidade de uma canção ser considerada um texto literário e sobre a  
crítica política e social feita pelo artista. O plano de aula, com a descrição das atividades realizadas  
com os alunos, pode ser visualizado ao final deste texto na sessão de apêndice (Apêndice A).  
Este artigo é um recorte da minha tese de doutoramento na qual busquei investigar o  
processo de compreensão e produção escrita de textos literários em língua inglesa, com foco em  
práticas dialógicas e colaborativas (MELLO, 2021). Trata-se de um estudo de caso desenvolvido  
entre os meses de setembro e dezembro de 2019, com uma turma do 8º ano do ensino  
fundamental de uma escola pública da cidade de Goiânia, Goiás.  
Adoto o termo práticas dialógicas por estar alinhada com o conceito de dialogia  
concebido por Bakhtin (1997, p. 345-346) como “uma relação de sentido que se estabelece entre  
enunciados na comunicação verbal. Dois enunciados quaisquer, se justapostos no plano do  
sentido (não como objeto ou exemplo linguístico), entabularão uma relação dialógica”. Em outras  
palavras, o princípio dialógico “revela-se por meio da produção e da compreensão dos  
significados, os quais estão impregnados de singularidades, sempre afetadas e alteradas pelas  
relações construídas entre o eu (locutor ou falante) e o outro (receptor ou destinatário)”  
(FIGUEREDO, 2012, p.70).  
Ainda segundo as premissas bakhtinianas, “a mesma pessoa real pode manifestar-se em  
diversas formas autorais” (BAKHTIN, 2017, p.53). A pessoa real, nos termos bakhtinianos, se refere  
aqui ao autor-pessoa, que se difere do escritor ou o artista, nomeado por ele como autor-criador,  
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“isto é, a função estético-formal engendradora da obra” (FARACO, 2016, p. 37), aquele “que dá  
forma ao conteúdo” (FARACO, 2016, p.39). Para Bakhtin, o escritor é aquela pessoa que é, ao  
mesmo tempo, “capaz de trabalhar numa linguagem enquanto permanece fora dessa linguagem”  
(FARACO, 2016, p.40). Para fins de esclarecimento dos conceitos, diferenciar o autor-pessoa do  
autor-criador implica reconhecer que o autor-criador tem uma liberdade criativa, portanto, não é  
porque ele escreve um romance embasado na infidelidade, por exemplo, que se pode afirmar que  
o autor-pessoa é infiel.  
Assim, ancoro-me nos pressupostos teóricos de Bakhtin (2017) para discutir dialogia,  
autor-pessoa, autor-criador; nos conceitos de colaboração e Zona de Desenvolvimento Proximal,  
propostos por Vygotsky (1989); e no mais recente documento educacional, a BNCC (BRASIL, 2017),  
para elaborar uma proposta pedagógica a partir da canção Blowing in the wind, de Bob Dylan.  
Inicialmente, apresento uma breve contextualização da pesquisa e dos instrumentos de  
investigação. Posteriormente, trago informações concernentes à canção e ao autor-criador  
estadunidense Bob Dylan, para, então, apresentar as atividades que foram desenvolvidas com os  
alunos a partir desse gênero literário. Por fim, evidencio os diálogos interculturais com temas de  
cunho social e político apresentados pela canção e as relações dialógicas e interculturais  
estabelecidas entre os participantes e o autor-criador Bob Dylan.  
2
. A canção “Blowing in the wind”, de Bob Dylan  
Bob Dylan é um cantor e compositor folk-rock estadunidense. Ele aborda em suas canções  
temas sociais, políticos e filosóficos. Em 2001, o artista recebeu dois prêmios cinematográficos, o  
Oscar e o Globo de Ouro, ambos pela canção “Things Have Changed”, da trilha de Garotos Incríveis,  
longa dirigido por Curtis Hanson. Em 2008, ele ganhou o Prêmio Pulitzer por seu enorme impacto  
na música popular e na cultura norte-americana. Em 2012, o então presidente Barack Obama lhe  
confere a Medalha da Liberdade, a mais alta honraria civil dos Estados Unidos, concedida aos que  
contribuem com a Segurança Nacional, com a paz mundial ou com a cultura.  
“Blowing in the wind” foi gravada em 1963, época em que o mundo vivenciava a Guerra  
do Vietnã. Ela é considerada por muitos como um hino dos movimentos dos direitos civis na época,  
pois faz uma forte oposição à referida guerra, veja:  
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Blowin' In The Wind Bob Dylan  
How many roads must a man walk down  
Before you can call him a man?  
Yes, and how many seas must a white dove sail  
Before she sleeps in the sand?  
Yes, and how many times must cannonballs fly  
Before they're forever banned?  
The answer, my friend, is blowin' in the wind  
The answer is blowin' in the wind  
Yes, and how many years can a mountain exist  
Before it is washed to the sea?  
Yes, and how many years can some people exist  
Before they're allowed to be free?  
Yes, and how many times must a man turn his head  
And pretend that he just doesn't see?  
The answer, my friend, is blowin' in the wind  
The answer is blowin' in the wind  
How many times must a man look up  
Before he can see the sky?  
Yes, and how many ears must one man have  
Before he can hear people cry?  
Yes, and how many deaths will it take till he knows  
That too many people have died?  
The answer, my friend, is blowin' in the wind  
The answer is blowin' in the wind  
2
.1. Discussão da canção  
Como atividade de pré-leitura/escuta da canção, iniciei perguntando aos discentes se eles  
acreditavam que uma canção poderia ser considerada um texto literário. Aproximadamente 75%  
deles afirmaram que sim e 25% afirmaram que não. Em seguida, perguntei a eles se conheciam Bob  
Dylan e todos afirmaram desconhecê-lo.  
Pedi aos alunos que se sentassem com suas respectivas duplas e responder uma folha de  
exercícios sobre a canção. Eles poderiam pedir auxílio ao colega e consultar o dicionário, caso  
tivessem alguma dúvida. Passei a eles três versões distintas da canção: a original, interpretada por  
Bob Dylan, a versão canadense, interpretada por Alanis Morissette e a versão brasileira,  
interpretada por Zé Ramalho. A ideia aqui reside em expô-los a cantores de nacionalidades  
diversas, portanto, com sotaques diferentes. A versão do Zé Ramalho foi escolhida, pois eles  
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poderiam ter acesso à tradução da canção e comparar os elementos que causam sonoridade,  
tanto em língua inglesa (LI) como em língua portuguesa.  
Ao ver a imagem de Zé Ramalho, Shinra Tensei aproveita para compartilhar com a turma  
sua surpresa ao saber que iríamos escutar uma versão do cantor. Ele afirma em inglês que sua mãe  
adora o cantor e que ela já havia ido a um show dele. Como assevera Figueredo (2011), é através  
da prática dialógica e discursiva que os indivíduos mostram sua subjetividade, expondo sua  
compreensão deles mesmos e do mundo que os cerca. Noto a agência discente, isto é, a  
capacidade de agir em prol do seu aprendizado (MILLER, 2012), ao compartilhar com os colegas  
uma informação pessoal, utilizando a LI. Essa situação comunicativa reforça a premissa de que a  
língua se realiza nos diálogos, nas interações sociais e por meio de enunciados concretos  
proferidos pelos falantes (BAKHTIN, 2011).  
A partir da escuta e discussão da canção “Blowing in the wind” foi possível constatar  
diálogos interculturais dos alunos com temas de cunho social e político, tais como o contexto  
sócio-histórico da Guerra do Vietnã, a segregação racial nos Estados Unidos e prêmios literários  
atribuídos a cantores-compositores. Pude também verificar relações dialógicas e interculturais  
estabelecidas entre os participantes e o autor-criador Bob Dylan.  
2
.2. Diálogos interculturais com temas de cunho social e político apresentados pela  
canção  
Como a canção Blowing in the wind foi gravada em 1963, procurei promover uma  
discussão e reflexão sobre o contexto histórico em que a obra foi produzida, que se diferencia do  
contexto vivenciado pelos participantes deste estudo, assim contribuir para  
e
o
desencadeamento de relações dialógicas e para reflexão sobre a polissemia presente no texto  
literário. Para isso, apresentei aos alunos slides (Apêndice A) que abordam alguns fatos históricos  
relacionados ao contexto histórico em que o texto literário foi produzido, como a Guerra do  
Vietnã. Não almejei com essa atividade estabelecer um único padrão de interpretação na turma,  
ou ainda, tentar descobrir o que o autor-criador Bob Dylan queria dizer através da canção.  
Na atividade pós-escuta da canção, afirmei para eles que a música “Blowing in the wind”  
foi lançada em 1963, e perguntei se eles tinham algum conhecimento sobre esse contexto  
histórico, veja:  
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Recorte 1 14/11/2019  
Layssa: The song “Blowing in the wind” was released in 1963. What is meaning of released?  
Calipyson: Foi lançado?!  
Layssa: That’s it. Do you know what was happening in the world in 1963?  
Alunos: No.  
Layssa: Do you any have idea?  
Shinra Tensei: A war?  
Layssa: Yes, probably. But which war?  
Calipyson: Cold War?  
Layssa: Yes, it was happening the Cold War but we have another war here, take a look, the Vietnam War.  
Vietnam War was from 1955 to 1975. U.S.A. supported the war sending many soldiers to there. So was the  
U.S.A. against or in favor to this War?  
Alunos: In favor.  
Layssa: What did they do?  
Alunos: Sent soldiers.  
Layssa: Yeah. The total number of Vietnamese killed, civilian or military, ranges from 966,000 to 3.8 million.  
So, o número de mortes foi alto ou baixo?  
Alunos: Alto demais.  
Layssa: Between 240,000 and 300,000 Cambodians, and 20,000 to 62,000 Laotians also lost their lives.  
Already the Americans estimate their losses at 58,000 soldiers killed, over 300,000 wounded and 1,626 still  
missing in 1975. What is the meaning of wounded?  
Alunos: No idea, teacher.  
Layssa: Feridos. And what about missing?  
Pandora: Desaparecidos?  
Layssa: Yeah.  
(
Fonte: Dados retirados da aula sobre canção)  
Shinra Tensei diz acreditar que o mundo estava vivendo alguma guerra e Calipyson  
complementa a fala do colega, afirmando se tratar da Guerra Fria. Constato que os participantes  
se ancoram no conhecimento prévio histórico que já possuem sobre o assunto para se engajar  
discursivamente, de forma colaborativa, e assim responder ao meu questionamento. Reconheço  
as contribuições apresentadas pelos participantes e acrescento que além da Guerra Fria, o mundo  
também vivenciava a Guerra do Vietnã. Apresento-lhes fatos e curiosidades sobre essa guerra. As  
interações, nesse momento da discussão, ocorrem tanto entre aluno-aluno quanto entre  
professora-alunos, os turnos de fala são compartilhados e todos atuam de forma colaborativa na  
coconstrução do conhecimento.  
Uma das competências a serem promovidas no 8º ano do ensino fundamental, segundo  
a BNCC (BRASIL, 2017, p.244), é levar o aluno a “comunicar-se na LI, por meio do uso variado de  
linguagens em mídia”; outra competência reside em promover o conhecimento de “diferentes  
patrimônios culturais, materiais e imateriais, difundidos na LI, com vistas ao exercício da fruição e  
da ampliação de perspectivas no contato com diferentes manifestações artístico-culturais”.  
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Assim, no intuito de abordar tais competências, mostrei aos participantes o registro do fotógrafo  
Nick Ut, vietnamita, naturalizado estadunidense, e que ganhou dois prêmios, o World Press Photo  
e o Pulitzer de Fotografia, pelo seguinte registro histórico da Guerra do Vietnã:  
Figura 1 Foto da Guerra do Vietnã  
Fonte: Foto tirada por Nick Ut  
A imagem iconográfica revela as atrocidades do conflito armado e a jovem Phan Thị Kim  
Phúc, então com 9 anos, fugindo nua, após ser atingida por uma bomba química em sua aldeia,  
Trảng Bàng. Para promover a discussão dos alunos sobre essa manifestação artístico-cultural,  
perguntei:  
Recorte 2 14/11/2019  
Layssa: This is one of the most famous pictures of Vietnam War. What can you see here?  
Rodrigo: Desperate people.  
Layssa: Are they young or elderly people?  
Alunos: Young.  
Layssa: Yes, they are kids, right? They are running from the cannonballs. One curiosity about this war is  
the fact that it was the first war that Americans could be updated through television; so many journalists  
were sent to Vietnam. Can you tell me one positive aspect related to it?  
Cherry: Everybody could know about everything.  
Tia Thais: They see it on the television.  
Layssa: And what about the negative aspect?  
Dido: Death.  
Layssa: Yeah, people start to see the coffins on their televisions. So, many Americans noticed that this  
war was nonsense.  
(
Fonte: Dados retirados da aula sobre a canção)  
Para Kramer (2013), uma educação como resposta responsável deve garantir aos sujeitos  
um conhecimento de mundo. Assim, além de terem a oportunidade de conhecer e discutir sobre  
a Guerra do Vietnã, os participantes puderam apreciar uma obra de arte, revelada aqui por meio  
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de um registro fotográfico. Noto, no recorte 2, como os alunos Cherry, Tia Thais, Dido e Rodrigo  
engajam discursivamente de forma colaborativa trazendo suas contribuições para a discussão. Ao  
analisar os pontos positivos e negativos de se ter uma guerra televisionada pela primeira vez, os  
alunos estavam aguçando o seu senso crítico e reflexivo. Desse modo, ao promover tal atividade,  
estava contribuindo para garantir uma educação responsiva-responsável, a qual busca promover  
oportunidades para que os alunos reflitam e se posicionem sobre temas distintos (SZUNDY, 2014).  
A discussão pós-leitura/escuta da canção ainda permitiu aos discentes conhecer sobre a  
biografia de Muhammad Ali (Apêndice A), boxeador negro, reconhecido internacionalmente,  
considerado como figura-chave na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos; refletir sobre o seu  
papel na luta contra o racismo; sobre seu posicionamento político e as implicações sofridas por  
ele ao ter se recusado a lutar na Guerra do Vietnã. Fatos sobre a biografia de Bob Dylan também  
foram discutidos. Para a BNCC (2017, p.244), uma competência a ser trabalhada no 8º ano do  
ensino fundamental é “identificar similaridades e diferenças entre a LI e a língua materna/outras  
línguas, articulando-as a aspectos sociais, culturais e identitários, em uma relação intrínseca entre  
língua, cultura e identidade”. Nesse sentido, as discussões apresentadas no recorte 3 evidenciam  
como ocorreu a articulação entre os aspectos sociais, culturais e identitários entre a LI e a língua  
portuguesa, veja:  
Recorte 3 14/11/2019  
Layssa: So what prize did he win?  
Dido: Prêmio de Literatura.  
Layssa: Yes, Prêmio Nobel de Literatura.  
Shinra Tensei: Caralho.  
Layssa: But he is a singer. Why do you think he won a literature award?  
Cherry: He is a writer of songs.  
Layssa: He is a songwriter. Mas as canções dele por ter um caráter político, social, o ritmo, a história, faz  
com que elas alcancem o status de literário. Look at this picture: Bob Dylan for having created new poetic  
expressions within the great American song tradition”. Então validaram as produções dele como literárias.  
Rodrigo: Interesting.  
Pandora: Nossa.  
Layssa: So I ask you again, can a song be considered a literary text?  
Alunos: Yes.  
Layssa: This is a picture of Chico Buarque. He is a Brazilian singer, songwriter and writer. He won the  
Camões Prize (Prêmio Camões) this year. Do you know anything about this prize?  
Alunos: No.  
Layssa: The Camões prize, created in 1988, is awarded every year to an author from any Portuguese-  
speaking country. Named after Luís de Camões, it is the most important prize for literature in the  
Portuguese language. The choice recognizes an author's entire work, rather than just a specific work. He  
becomes the first musician to win the prestigious prize honoring literary work in Portuguese. So there’s a  
similarity here, if we compare to Bob Dylan, what is it?  
Rodrigo: Músicas deles foram reconhecidas como literatura.  
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Gustavo: É, os dois ganharam prêmios.  
Layssa: That’s it.  
(
Fonte: Dados retirados da aula sobre a canção)  
No recorte 3, percebo que os alunos estão atentos e atuando ativamente durante a nossa  
discussão. O uso das expressões caralho, nossa e interesting, logo após as informações dadas a  
eles sobre temas que eles desconheciam, confirmam a responsividade ativa desses sujeitos, ou  
seja, as respostas conferidas ao interlocutor durante a interação (SOBRAL, 2009; BAKHTIN, 2011).  
Percebo como essas discussões foram fundamentais para instituir no grupo o consenso  
de que uma canção pode ser considerada um texto literário. O consenso levou certo tempo para  
ser atingido porque os aprendizes apresentam níveis diferenciados de Zona de Desenvolvimento  
Proximal (VYGOTSKY, 1989). Assim, enquanto para alguns o acesso à informação durante a  
atividade de pré-leitura foi suficiente para estabelecer esse entendimento, outros discentes, no  
entanto, precisaram de mais momentos de diálogos colaborativos (SWAIN, 1995) entre os colegas  
e a professora, para que pudessem negociar informações relevantes sobre o tema, tais como fatos  
biográficos sobre Bob Dylan e Chico Buarque, os prêmios por eles recebidos e as razões que os  
levaram a receber esses prêmios; para que, assim, a compreensão fosse alcançada. Constato,  
ainda, que esses diálogos favorecem a promoção da interculturalidade, isso porque os aprendizes  
conseguiram estabelecer as similaridades entre os cantores, um norte-americano e outro  
brasileiro, os prêmios que eles receberam, e a importância desses prêmios para o reconhecimento  
e validação da canção como um texto literário.  
Discuti aqui os diálogos interculturais com temas de cunho social e político promovidos a  
partir das atividades de pós-leitura/escuta da canção. Por meio do diálogo colaborativo, os  
participantes puderam: comunicar-se na LI utilizando diversas linguagens; exercitar a fruição de  
diversas obras de arte (canção, fotografia); discutir e refletir sobre aspectos sociais, políticos,  
ideológicos relacionados à canção, e chegar ao consenso de que uma canção pode ser  
considerada um texto literário.  
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.3.  
Relações dialógicas e interculturais estabelecidas entre os participantes e o autor-  
criador Bob Dylan  
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A canção “Blowing in the wind” se destaca por ser um texto de maior extensão e sem  
ilustração, o que, de certo modo, dificulta a compreensão e pode fazer, como eu já previa, com  
que os alunos se detenham a uma parte específica, ao invés do todo, durante o processo de  
interpretação. Os recortes abaixo evidenciam a compreensão deles sobre a canção e as partes que  
eles mais gostaram.  
Recorte 4 14/11/2019  
Calipyson e Batatinha: I understand this music like a song about the life, and the part I liked the most was  
the chorus, cause the voice is better.  
(
Fonte: Atividade escrita sobre a canção)  
Recorte 5 14/11/2019  
Rodrigo, Dido e Gustavo: That you need to think less and live more, be free. We liked the chorus.  
(
Fonte: Atividade escrita sobre a canção)  
Recorte 6 14/11/2019  
Cherry e Pandora: We think the song talks about motivation and our favorite part is “Yes, how many deaths  
will it take till he knows that too many people have died”.  
(
Fonte: Atividade escrita sobre a canção)  
Recorte 7 14/11/2019  
Suy e Tia Thais: We think the song can motivate you and our favorite part was the second stanza.  
(
Fonte: Atividade escrita sobre a canção)  
Recorte 8 14/11/2019  
Isadora e Bia: We understand that everything has its time and we have to take advantage of it. We loved  
the chorus because it is so deep.  
Recorte 9 14/11/2019  
Shinra Tensei e Sininho: We understand that we need to value more the nature.  
(
Fonte: Atividade escrita sobre a canção)  
Recorte 10 14/11/2019  
Hale e Annie Kim: Nós não conseguimos entender a música.  
(
Fonte: Atividade escrita sobre a canção)  
O texto literário se caracteriza por possibilitar inúmeras interpretações que são  
estabelecidas pelo leitor que, por ser um sujeito único e situado historicamente e culturalmente,  
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acaba por atribuir-lhe diversos sentidos (VYGOTSKY, 1989; BAKHTIN, 2011). Além disso, o processo  
de interpretação se caracteriza por ser altamente ativo e criador (BEZERRA, 2017). Assim, percebo  
a criatividade e o papel ativo desses sujeitos nas respostas dadas por eles para justificar o que mais  
haviam gostado na canção. As justificativas apontam para o fato de a canção ter estreita relação  
com a realidade, portanto, com a vida. Essas compreensões estão em consonância com o  
posicionamento de Cosson (2018), o qual pontua que essa relação se faz possível porque os textos  
literários estão profundamente inseridos na sociedade.  
Além de demonstrar em suas interpretações que a canção apresenta estreita relação com  
a vida, os alunos ainda a associaram com a liberdade (recorte 5), como motivadora (recortes 6 e  
7
), como aprendizado (recorte 8) e com a necessidade de um maior contato e valorização da  
natureza (recorte 9). Essas justificativas apresentadas pelos participantes comprovam a dialogia  
estabelecida com o autor-criador Bob Dylan, por meio de sua canção, isso porque há construção  
de sentido nesse processo de leitura desses discentes com as intenções discursivas do autor-  
criador (BAKHTIN, 1997, 2009).  
O recorte 10, por sua vez, comprova que a sala de aula é um espaço heterogêneo, com  
diferentes visões de mundo e diferentes experiências. Nesse sentido, é possível pressupor que  
diferentes aprendizes podem apresentar ZDP distintas de uma mesma língua-alvo. Isto é, a grande  
maioria dos participantes conseguiu compreender o texto literário por meio da sua interação com  
a dupla e com a versão da canção brasileira. Hale e Annie Kim, por sua vez, carecem de outras  
fontes de scaffoldings, tais como a interação e auxílio de outros colegas, da professora e de outros  
recursos, como um dicionário, por exemplo, para compreender o texto literário (FIGUEIREDO,  
2
019).  
Apresentei aqui as relações dialógicas e interculturais estabelecidas entre os  
participantes e o autor-criador Bob Dylan. A maioria dos alunos conseguiu construir sentidos  
durante a leitura/escuta da canção e partilhar das intenções discursivas do autor-criador. Uma  
única dupla, no entanto, não conseguiu dialogar com a canção, já que, segundo elas, não  
conseguiram compreender nada do texto literário. Assim, as discussões estabelecidas após a  
leitura/escuta da canção foram essenciais para que essas alunas pudessem ouvir as opiniões e  
impressões dos colegas e, assim, se inteirar sobre alguns dos sentidos do texto.  
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.4. As atividades de pós-leitura como elemento facilitador da compreensão textual literária  
Após apresentar aos alunos alguns fatos históricos relacionados ao momento em que a  
canção foi publicada, selecionei trechos da canção e solicitei que eles compartilhassem suas  
impressões e construíssem juntos sentidos para esses fragmentos polissêmicos. Para a BNCC  
(2017, p. 257), cabe ao docente possibilitar meios para que os discentes sejam capazes de “inferir  
informações e relações que não aparecem de modo explícito no texto para construção de  
sentidos”. O recorte 11 revela uma parte desse diálogo colaborativo:  
Recorte 11 14/11/2019  
Layssa: Now that you know a little bit about the context that the song was written, I want to know your  
impressions about some excerpts: “How many roads must a man walk down, Before you can call him a  
man?”  
Calipyson: Quantas estradas um homem tem que percorrer?  
Hale: Até que seja considerado um homem.  
Pandora: Life experience.  
Layssa: Good! The song was written in 1963, at that time tinha muitas marchas civis, várias pessoas faziam  
passeatas para ter os direitos garantidos. Então assim, talvez esse trecho possa ser relacionado com esse  
evento na época.  
(
Fonte: Dados retirados da aula sobre a canção)  
No recorte 11, Calipyson, Hale e Pandora atuam de forma conjunta para a tradução  
colaborativa do trecho. Enquanto Calipyson e Hale fazem uma tradução literal do fragmento,  
percebo que Pandora vai além e dialoga com o autor-criador ao utilizar suas próprias palavras para  
expressar o que havia compreendido. Ancoro-me no contexto sócio-histórico em que a canção foi  
produzida para justificar essa construção de sentido, isso porque, como a literatura “é parte  
inseparável da cultura, não pode ser entendida fora do contexto pleno de toda a cultura de uma  
época” (BAKHTIN, 2017, p.11). Afirmo se tratar de uma possível interpretação, pois o leitor, sujeito  
único e situado historicamente e culturalmente, acaba por atribuir ao texto literário diversos  
sentidos, significados. Desse modo, o texto literário deve ser considerado como polissêmico e  
passível de inúmeras interpretações.  
Perceber a polissemia dos textos literários nem sempre é uma tarefa fácil, principalmente  
para jovens leitores em formação. Por isso, a inclusão de tais textos na sala de aula na educação  
básica requer certo preparo e cuidado por parte do docente. Nós devemos demonstrar ao  
discente/leitor as potencialidades desses textos, destacando elementos que podem contribuir  
para a multiplicação de sentidos. Nesse sentido, percebo que as atividades de pós-leitura, em que  
os alunos foram convidados a compartilhar suas impressões sobre o texto literário podem ser  
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utilizadas para favorecer práticas colaborativas, dialógicas e para que os discentes possam refletir  
e discutir sobre a polissemia presentes nos textos literários. Os recortes aqui apresentados  
demonstram que alguns alunos haviam conseguido compreender a tradução literal do trecho, mas  
foi a partir do diálogo colaborativo, ou seja, da interação com a professora e os demais colegas  
que eles conseguiram perceber a polissemia presente na canção.  
Além desse trecho apresentado no recorte 11, também discutimos o trecho “how many  
years can some people exist, before they are allowed to be free”. Para tanto, direcionei a atenção  
deles para a diferença entre os verbos exist e live. Após eles apresentarem uma tradução literal  
do recorte, discuti sobre a segregação racial, problema social latente nos Estados Unidos na época  
em que a canção foi escrita. Com o intuito de compartilhar os turnos de fala com os alunos,  
perguntei o que eles já sabiam sobre esse período e todos afirmaram que os negros não eram  
tratados com respeito. Tia Thais ainda acrescentou que os negros não tinham liberdade, enquanto  
Bia afirmou que a presença deles não era aceita em todos os lugares. É possível verificar, portanto,  
que meu papel aqui consiste em mediar o processo de compreensão dos alunos, valorizando o  
conhecimento prévio deles sobre os temas e oportunizando espaços para o engajamento  
discursivo deles.  
Posteriormente, destaquei um trecho com uma metáfora e solicitei que eles  
compartilhassem com a turma o que haviam compreendido, veja:  
Recorte 12 14/11/2019  
Layssa: E a parte: “Yes, and how many years can a mountain exist, Before it is washed to the sea?”  
Rodrigo: Quantos anos uma montanha tem que existir antes de ser levada pelo mar.  
Layssa: Isso. Montanha aí, vocês acham que representa o quê?  
Gustavo: Sei lá.  
Shinra Tensei: A Guerra?  
Layssa: A guerra talvez. Então seria algo do tipo, quantos anos uma guerra tem que existir.  
Shinra Tensei: Até que de fato ela acabe, desapareça.  
Layssa: Nice.  
Rodrigo: Agora faz sentido.  
Sininho: Talvez o preconceito, acho que representa algo forte né?! Porque a montanha é algo que é forte  
e mesmo assim acaba sendo levada, engolida pelo mar, né?!  
Layssa: I agree.  
(
Fonte: Dados retirados da aula sobre a canção)  
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Rodrigo, de forma imediata, apresenta uma tradução literal do termo. Como o meu  
intuito residia em auxiliar os alunos a compreender as polissemias presentes no texto literário,  
questiono o que eles compreendem sobre a metáfora da montanha revelada na canção. As  
respostas ilustram os diversos níveis de ZDP dos alunos. Enquanto Gustavo demonstra dificuldade  
em compreender a metáfora sozinho, Shinra Tensei e Sininho demonstram agência discente ao  
completar o texto com suas visões de mundo (SCHOON, 2018). É possível perceber, portanto, que  
os alunos se engajam de forma colaborativa para a compreensão do trecho. Após as contribuições  
de Shinra Tensei, Rodrigo verbaliza a sua fala egocêntrica. Ao dizer “agora faz sentido”, ele  
demonstra que, tal como Gustavo, não havia compreendido o trecho inicialmente. Logo, as  
interações ocorridas entre mim e os participantes do estudo foram essenciais para desenvolver  
os processos intra- e interpsicológicos. Isto é, as interações entre mim e os alunos favoreceram o  
compartilhamento de impressões sobre o texto literário e a compreensão das metáforas  
presentes na canção (VYGOTSKY, 1989; SOUSA; FIGUEREDO, 2017).  
Por fim, discutimos sobre o refrão. Além de evidenciar a compreensão dos alunos sobre  
a polissemia no recorte 13, é possível perceber também os diálogos interculturais que foram  
estabelecidos entre os aprendizes e o autor-criador da canção.  
Recorte 13 14/11/2019  
Layssa: E aí, esse é o mais bacana, que é o refrão: o que quer dizer: The answer my friend is blowing in the  
wind?  
Calipyson: Que a resposta está flutuando no ar?  
Layssa: Hum, vamos ver aqui, na canção inteira ele apresenta um monte de perguntas para gente né? E  
essas perguntas são fáceis ou difíceis de serem respondidas?  
Alunos: Fáceis.  
Layssa: Ok, as respostas estão aí fora, mas todo mundo consegue visualizá-las?  
Rodrigo: Tem que querer né?!  
Layssa: Isso, é como o vento, está aqui, todo mundo pode senti-lo, mas as vezes, na correria acabamos nos  
esquecendo ou até mesmo ignorando ele né?!  
Annie Kim: Caraca, que profundo.  
Hale: Tanta coisa em uma só canção heim?!  
Pandora: É, amiga, o vento está aí, respondendo nossas perguntas, a gente só tem que parar para ouvi-lo  
né?! Kkkk  
(
Fonte: Dados retirados da aula sobre a canção)  
As falas de Annie Kim e Hale confirmam que as alunas foram capazes de identificar a  
polissemia presente no texto, o que facilitou o encontro, no plano do sentido, com o autor-criador  
Bob Dylan. A fala de Pandora, por sua vez, comprova que a “literatura nos diz o que somos e nos  
incentiva a desejar e a expressar o mundo por nós mesmos” (COSSON, 2018, p.17). Ela também  
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ilustra que o contato com a canção possibilitou um posicionamento crítico-reflexivo por parte  
dessa participante. Ela reconhece viver em um mundo em que inúmeras coisas lhe passam, porém  
poucas lhe acontecem. Ciente desse fato, Pandora aponta a necessidade de parar para conseguir  
visualizar e compreender as pequenas coisas que fazem parte do seu dia a dia.  
Considerações finais  
Atividades de compreensão textual literária foram desenvolvidas com uma turma de  
alunos do 8º ano do ensino fundamental para se discutir a possibilidade de uma canção ser  
considerada um texto literário. Foi possível perceber que os alunos, em pares e em grupos,  
conseguiram estabelecer diálogos interculturais com temas de cunho social e político  
apresentados pela canção, refletir e se posicionar sobre temas sociais distintos, além de se  
encontrarem no plano do sentido com o autor-criador Bob Dylan.  
Os dados revelaram que através das atividades colaborativas sobre a canção Blowing in  
the wind, os alunos puderam comunicar-se na LI utilizando diversas linguagens; exercitar a fruição  
de diversas obras de arte (canção, fotografia); ampliar seu conhecimento de mundo ao discutir  
sobre a Guerra do Vietnã; e chegar ao consenso, após discussões colaborativas entre os alunos  
participantes e a professora pesquisadora, de que uma canção pode ser considerada um texto  
literário.  
A proposta didática aqui apresentada se revelou de grande valia, pois possibilitou a  
promoção da sensibilidade estética, do desenvolvimento da linguagem e a discussão de aspectos  
sociais, políticos, ideológicos relacionados à canção o que favoreceu a ampliação do  
conhecimento de mundo dos aprendizes. Nesse sentido, as atividades aqui descritas podem ser  
facilmente adaptadas ou complementadas para serem utilizadas em outros contextos por  
docentes que também almejam utilizar a canção como texto literário na sala de aula.  
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