
ARTIGO
Axiologias em atividades de leitura de charge
Axiologies in cartoon reading activities
Flávia Gumieiro VIEIRA
flavynha_gv@hotmail.com
Universidade Estadual do Centro-Oeste, PR, Brasil .
Cristiane Malinoski Pianaro ANGELO
cristiane.mpa@gmail.com
Universidade Estadual do Centro-Oeste, PR, Brasil .
Resumo
Com base nos conceitos axiológicos de linguagem do Círculo de Bakhtin, este artigo tem por objetivo apresentar propostas de ampliação às atividades de leitura de uma charge, presentes em um livro didático destinado à Educação de Jovens e Adultos – EJA, de modo a expandir a consciência socioideológica dos alunos. Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, com abordagem interpretativa, descritiva e propositiva, visto que analisa as propostas do livro didático e apresenta sugestões de expansão às atividades, tendo em vista os conceitos axiológicos – contexto extraverbal, entonação e juízos de valor. Considera - se que as atividades de expansão da leitura podem suscitar reflexão sobre as axiologias sociais, inerentes às práticas discursivas, colocando em foco a compreensão do discurso vivo e valorado em sala de aula e permitindo que a leitura se constitua como um ato de responsabilidade ética, para mudanças qualitativas na realidade social.
Palavras-chave: Dialogismo; Axiologias; Charge; Leitura.
A bstract
Based on the axiological concepts of language of the Bakhtin Circle, this article aims to present proposals for expanding the activities of reading a cartoon, present in a textbook for Youth and Adult Education - EJA, in order to expand awareness students' socioideology. This is qualitative research, with an interpretative, descriptive and propositional approach, since it analyzes the textbook proposals and presents suggestions for expanding the activities, considering the axiological concepts – extraverbal context, intonation and value judgments. It is considered that reading expansion activities can
FLUXO DA SUBMISSÃO Submissão do trabalho: 05/12/202 2
Aprovação do trabalho: 02/03/202 3 Publicação do trabalho: 07/04/2023
https://doi.org/10.23925/2318 - 7115.2023v44i1a5
Distribuído sob Licença Creative Commons .
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provoke reflection on the social axiologies inherent in discursive practices, focusing on the understanding of live and valued discourse in the classroom and allowing reading to be constituted as an act of ethical responsibility, for qualitative changes in social reality.
Keywords: Dialogism; Axiologies; Cartoon; Reading .
1. Introdução
Comotodo gênero discursivo, a charge é umprojeto de dizer valorativo, edificado por um sujeito, sobre temas sociais que lhe circunscreve. Assim, a leitura da charge em sala de aula permite o questionamento da realidade, o desnudamento de valores sociais e o alargamento da consciência dos alunos leitores, de modo a promover uma sensibilidade para com os fatos do cotidiano e uma formação ética com o debate de ideias.
É muito comum a presença de charges em livros didáticos de língua portuguesa, o que é um aspecto positivo, a considerar que o gênero contribui para que o livro didático, com a mediação do professor, exerça a sua função de favorecer a aprendizagem do aluno, no que se refere ao domínio do conhecimento para ampliar a compreensão da realidade e instigar a formulação de hipóteses de solução para os problemas atuais (BATISTA, 2003). No entanto, para cumprir esses propósitos, torna-se necessário que o professor, ao trabalhar com esse material didático, saiba avaliar as propostas apresentadas, adequando-as à realidade da sua turma e elaborando outras que possam expandir a consciência socioideológica dos leitores e possibilitar - lhes umaparticipação mais qualificada dopontode vista ético e político nas práticas de linguagem. A partir dessas considerações, neste artigo, busca-se apresentar propostas de ampliação
às atividades de leitura de uma charge presentes no livro didático Caminhar e transformar (FERREIRA, 2013), destinado à Educação de Jovens e Adultos – EJA, a tomar como referenciais os conceitos axiológicos de linguagem – o contexto extraverbal, a entonação e os juízos de valor – do Círculo de Bakhtin (VOLÓCHINOV, 2017; 2019; BAKHTIN, 2003), visto que os vínculos do sujeito com o mundo e os enunciados são axiológicos, ideológicos, valorativos. Dessa forma, considera - se a charge em seus liames indissolúveis com o conceito de enunciado, portanto como um todo individual singular e historicamente único, embebido de valores sociais que se apresenta ao outro, também com seus próprios valores, para ser compreendido e valorado. Nas propostas de expansão, leva-se em conta também o público-alvo do livro didático – jovens e adultos, ou seja, sujeitos comexperiências escolares, profissionais e sociais peculiares que lhes permitem constituir
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um universo de valores que são trazidos à tona, confrontados, avaliados, rechaçados ou reafirmados nas práticas de linguagem.
O artigo está organizado em duas partes. Na primeira, discutem-se as noções de texto, de enunciado e a tríade axiológica - contexto extraverbal, entonação e juízo de valor, e, na segunda, apresenta-se e discute-se a proposta do livro didático da EJA para o trabalho com a leitura da charge, bem como se oferece uma proposta de expansão com foco nos elementos axiológicos de linguagem, a pôr em relevo a arquitetônica valorativa do enunciado.
2. Texto, enunciado e axiologias
Diversas tendências dos estudos da linguagem baseiam-se nos textos e “[...] perambulam emdiferentes direções, agarram pedaços heterogêneos da natureza, da vida social, do psiquismo, da história, e os unificam por vínculos causais, ora de sentidos, misturamconstatações com juízos de valor” (BAKHTIN, 2003, p. 319). Assim, há perspectivas – como a subjetivista idealista (VOLÓCHINOV, 2017) – que tomam o texto como produto do pensamento do autor, nada mais restando ao leitor/ouvinte a não ser apresar essa representação mental, juntamente com as intenções do produtor; outras perspectivas – como a objetivista abstrata (VOLÓCHINOV, 2017) – abordam o texto como um produto da codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, cabendo a este o conhecimento do código. Sob o escopo dialógico-enunciativo, o texto, por entrelaçar-se às condições concretas da vida, adquire a propriedade de enunciado concreto, signo verbal e ideológico inserido no processo da comunicação social, “[...] determinado pelo horizonte social de uma época e de um grupo social” (VOLÓCHINOV, 2017, p. 110), num terreno interindividual.
Na qualidade de enunciado, o texto suplanta a noção de sistema universalmente aceito, com seus elementos repetíveis e reproduzíveis, para abranger, enquanto acontecimento discursivo, real, concreto, aquilo que é individual, único e singular, aspectos em que se encontra o seu sentido e que “[...] tem relação com a verdade, com a bondade, com a beleza, com a história” (BAKHTIN, 2003, p. 310), com o espaço e o tempo. Desse modo, o enunciado se encontra impregnado de pontos de vista, avaliações alheias, acentos apreciativos.
Um traço essencial do enunciado, segundo Bakhtin (2003), é o seu endereçamento a alguém, sendo esse situado socialmente, com seus valores, posicionamentos e ideologias, constituídos nas relações interpessoais. A palavra orientada ao outro entra neste meio tenso das

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palavras, valorações e acentos alheios, vai ao encontro de palavras-outras, funde-se com umas, rechaça outras, entrecruza-se com terceiras, para tornar-se “[...] um novo elo na cadeia histórica da comunicação discursiva” (BAKHTIN, 2003, p. 311), um acontecimento novo, único e singular na vida.
Assim sendo, o falante/ouvinte enfrenta a palavra não enquanto elemento do sistema linguístico, mas enquanto palavra-signo, viva, saturada da voz do outro, com sua visão de mundo, história, cultura, ideologia: “a palavra chega ao contexto do falante a partir de outro contexto, cheia de sentidos alheios; seu próprio pensamento a encontra já povoada” (BAKHTIN, 2003, p. 362); a palavra do falante é, então, embebida de palavras conscientizadas, valoradas, dos outros, a oferecer-se para a avaliação e réplica de um terceiro. Conforme pontua Volóchinov, toda compreensão é ativa e “[...] compreender um enunciado alheio significa orientar-se em relação a ele, encontrar para ele um lugar devido no contexto correspondente. Em cada palavra de um enunciado compreendido, acrescentamos como que uma camada de nossas palavras responsivas” (VOLÓCHINOV, 2017, p. 232).
A considerar essas noções, a palavra contém em seu âmago as axiologias, termo que remete aos valores predominantes em uma determinada sociedade, transcendo, assim, a materialidade linguística. Segundo os pressupostos dialógicos, os elementos axiológicos – o contexto extraverbal, a entonação e os juízos de valor – são indissociáveis entre si e ao próprio enunciado, a permitir o elo entre a palavra e o acontecimento real da vida, levando-se em conta que é a essência concreta e sociológica da palavra que a converte em verdade ou em mentira. (VOLÓCHINOV, 2019).
O contexto extraverbal caracteriza-se como um conjunto de compreensões acerca da história, da cultura, da organização da sociedade comoumtodo e, portanto, das ideologias aceitas ou recusadas em determinados contextos. Trata-se, assim, das condições temporais, espaciais e sociais sobre as quais se desenvolve a enunciação (VOLÓCHINOV, 2019). “A situação extraverbal não é emabsoluto umasimples causa externa do enunciado, ou seja, ela não age sobre ele a partir do exterior, como uma força mecânica. Não, a situação integra o enunciado como uma parte necessária da sua composição semântica” (VOLÓCHINOV, 2019, p. 120, grifos do autor).
Entre a situação extraverbal e os juízos de valor está a entonação. “A entonação estabelece uma relação estreita da palavra com contexto extraverbal: é como se a entonação levasse a
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palavra para fora dos seus limites verbais” (VOLÓCHINOV, 2019, p. 123), isto é, revela na interação os vínculos entre os falantes, os sentimentos e as avaliações em relação ao contexto imediato, bem como ao contexto mais amplo. Menegassi (2022, p. 2) esclarece que, na perspectiva do dialogismo, o conceito de entonação não se refere apenas à modulação de voz ao se emitir um som vocal, mas também “[...] à imagem acústica, isto é, a própria modulação de voz ocorre no discurso interior do produtor do texto e do leitor, numa relação de ligação do verbal com o extraverbal”, sempre a partir de avaliação social, a revelar as emoções, os desejos, a relaç ão intersubjetiva e emotivo-volitiva com o objeto do dizer direcionado ao outro.
Depreende-se, assim, que os juízos de valor ou valorações são indissociáveis dos demais elementos axiológicos. De acordo com Gasparotto e Menegassi (2020, p. 164), o contexto extraverbal coloca em proeminência “[...] os elementos da enunciação sobre as quais o ouvinte e o falante exercem um juízo de valor. Essa valoração da interação orienta, [...] o que falante dirá, as escolhas linguísticas para dizê-lo e a entonação pertinente ao contexto enunciativo”.
Na medida em que se toma o enunciado em sua singularidade, em seus vínculos indissolúveis com as axiologias (VOLÓCHINOV, 2019), considera-se a leitura como uma atividade de produção de sentidos orientada axiologicamente (MENEGASSI et al., 2020), visto que se assenta no fato de que diante do texto – tomado como concretização de vozes e relações sociais estabelecidas –, o leitor sempre mobiliza uma apreciação valorativa, isto é, concorda, rejeita, contesta, amplia, analisa, a produzir sentidos ao discurso apresentado pelo autor e pelo próprio leitor, em uma relação dialética e dialógica (ANGELO; MENEGASSI, 2022).
Assim, elege-se uma charge e as atividades de leitura, apresentadas no livro didático da EJA, para verificar como as propostas encaminham, ou podem encaminhar, discussões concernentes à situação extraverbal, à entonação e às valorações – elementos que colocam em relevo a charge como reflexo e refração da vida social manifestada nos discursos, como crítica, tensão, embate e denúncia .
3. Aspectos axiológicos em atividades de leitura da charge
Mendes-Polato et al. (2020, p. 136) apontam que “[...] por mobilizar humor e a ironia, a charge se vale de vozes sociais diversas, inclusive aquelas representativas de consciências sociais que o seu autor deseja refutar”. Nesse sentido, é um gênero que evidencia relações mais ou

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menos tensas, ao se construir no cerne da “orientação avaliativa no meio ideológico” (MEDVIÉDEV, 2019, p. 185).
Selecionou-se, para análise, discussão e expansão, a charge e as atividades de leitura presentes no livro didático Caminhar e transformar (FERREIRA, 2013), destinado à Educação de Jovens e Adultos – EJA. Aproposta encontra-se na Unidade 3 - Trabalho e transformação, Capítulo 1, que leva o título “O trabalho em foco”, na seção “UM POUCO MAIS: Charge”. A discussão encaminhada no capítulo objetiva propiciar reflexões “sobre as condições de trabalho na atualidade, como a pressão por produtividade e ritmo acelerado da vida moderna” (FERREIRA, 2013, p. 133), o que se coaduna com as vivências dos alunos da EJA.
A charge, sem título, presente no capítulo, consiste em uma denúncia acerca das situações de opressão enfrentadas pelas mulheres negras no trabalho e, desse modo, pode mobilizar nos alunos da EJA umposicionamento axiológico concernente às condições enfrentadas por essas mulheres nas atividades de profissionais, como também relativo às suas próprias experiências no exercício do trabalho.
A charge foi produzida por Hubert de Carvalho Aranha1 , criador e redator de humor nos jornais e programas O Planeta Diário, Programa Legal, Casseta & Planeta. As charges de Aranha são publicadas também na mídia impressa, como a Folha de São Paulo, Jornal do Brasil, etc. Em seus trabalhos, Aranha promove críticas a quem está ou esteve no poder.
Apresenta-se, na Imagem 1, a disposição da charge no livro didático e as atividades de leitura propostas, respectivamente.
Imagem 1: Charge e atividades de leitura do livro didático
1 Disponível em: http://www.casseta.com.br/hubert/tag/folha/. Acesso em 26 de out. de 2020.
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Fonte: Ferreira (2013, p. 139)
Fonte: Ferreira (2013, p. 139)
Pode-se verificar que a partir da primeira atividade – composta por duas perguntas – os alunos podem identificar que a profissão da personagem é de “diarista” ou “empregada doméstica”, observando o espaço (a sala de uma casa), as vestes e o instrumento de trabalho (avental e vassoura) e o aviso dado à patroa, introduzido pelo vocativo “madame”, comumente usado para se referir a uma mulher distinta, rica, que não precisa se submeter aos afazeres domésticos.

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Na segunda proposta – igualmente composta por duas perguntas – os alunos também reconhecem sem dificuldades que, se a profissão da mulher é empregada doméstica, conforme identificado na atividade 1, a personagem dirige-se à sua patroa. Em relação ao público-alvo do programa, explicitado na expressão “mulher brasileira”, é possível perceber que o grupo social previsto é de mulheres como a patroa, madame, distinta, rica.
Na terceira atividade, os alunos são instigados a reconhecer a existência das diferenças sociais no Brasil, incluindo-se as raciais, uma vez que a personagem principal, empregada doméstica e negra, ao proferir “seu programa começou” deixa evidente que não se considera pertencente ao mesmo grupo social de sua patroa.
Constata-se, assim, que as três perguntas de leitura relacionadas à charge não problematizam ideologias e valores sociais perpetuados pelo texto, como os relacionados à demarcação de determinados postos de trabalho para a mulher negra e à naturalização da condição de exclusão da mulher negra. Conforme aponta Louro (2008, p. 70), muitas vezes o material didático escamoteia “[...] a ampla diversidade de arranjos familiares e sociais, a pluralidade de atividades exercidas pelos sujeitos, o cruzamento das fronteiras, as trocas, as solidariedades e os conflitos são comumente ignorados ou negados”. Desse modo, ao não questionar os valores cristalizados, as atividades perpetuam a ideia deque o lugar da mulher negra é o de empregada doméstica, de que a mulher negra possui espaços, funções e condições diferenciadas, de que a mulher negra pode se reconhecer naturalmente numa posição d e inferioridade, de que as desigualdades sociais não são passíveis de questionamentos.
Cabe ao professor, a partir das atividades propostas pelo livro didático, oferecer oportunidades para que a voz dos alunos, jovens e adultos, com seus valores e ideologias, seja confrontada com as vozes advindas dos enunciados lidos e com as vozes dos outros sujeitos participantes das aulas, também carregados de valores sociais, o que propicia a ampliação da consciência socioideológica e umposicionamento mais crítico, reflexivo e questionador, por parte do sujeito que lê. Trata-se de um ato de linguagem em que
[...] nos acercarmos da palavra não de maneira autoritária, colada ao discurso do autor, para repeti-lo “de cór”; mas de maneira internamente persuasiva, isto é, p odendo penetrar plasticamente, flexivelmente as palavras do autor, mesclar-nos a elas, fazendo de suas palavras nossas palavras, para adotá-las, contrariá-las, criticá-las, em permanente revisão e réplica (ROJO, 2004, p.7).
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Ressalte-se que o próprio livro dá indicações para que outras questões sejam trazidas ao debate, ao orientar: “Observe a charge abaixo e, em seguida, discuta com seus colegas as questões propostas”. Elencam-se, assim, algumas alternativas expansivas à proposta concretizada no livro didático, que permitam, no contexto da EJA, por meio das interlocuções entre os alunos, o professor e o texto, mobilizar as axiologias sociais – o extraverbal da enunciação, a entonação e os juízos de valor –, instigar a produção de sentidos na leitura da cha rge e expandir a consciência socioideológica dos leitores. As propostas, aqui, são organizadas em cinco perspectivas: I) Avaliação social do tema, II) Leitura entonacional, III) Situação do acontecimento, IV) Aspectos temáticos, V) Expansão da leitura.
Como primeira perspectiva, inicialmente – antes de apresentar a charge disponibilizada pelo livro didático – trabalha-se a avaliação social do tema, de modo a instigar reflexões acerca dos discursos que fazem parte da consciência socioideológica dos alunos, dos enunciados já- ditos. Assim, são mobilizadas as vozes das outras pessoas, de pontos de vista, de apreciações individuais e de grupos sociais (BUBNOVA, 2011), a colocar em discussão os juízos de valor do senso comum e os preconceitos relacionados aos postos de trabalho para as mulheres negras no contexto brasileiro.
1. No Brasil, existe uma naturalização de postos de trabalho para as mulheres negras. Que postos de trabalho são esses? De que forma essa naturalização é evidenciada?
2. Leia a reportagem e discuta que valores sociais (avaliações, ideias, pontos de vista) em relação aos postos de trabalho exercidos pela mulher negra são evidenciados nos seguintes trechos:
✓ “Perdi as vezes de quando entravam na sala, nem ao menos davam ‘bom dia’, só diziam que queriam falar com o juiz”;
✓ “chegar a umcargo de tanta autoridade sendo mulher, negra e jovem parece que “confunde” as pessoas”;
✓ “É tão institucional que as pessoas se assustam vendo uma mulher, negra, nova, juíza.”
✓ “o maior problema no combate ao preconceito é não aceitar que ele existe”.
A juíza que assusta as pessoas por ser jovem, mulher e negra
“Perdi as vezes de quando entravam na sala, nem ao menos davam ‘bom dia’, só diziam que queriam falar com o juiz. Às vezes eu era ríspida. Outras, virava a cadeira e dizia: ‘Bom dia, eu sou a juíza’”. Quem conta essa história é Mariana Marinho Machado. Segundo ela, chegar a um cargo de tanta autoridade sendo mulher, negra e jovem parece que “confunde” as pessoas – mas, na realidade, escancara umpreconceito que tanta gente teima emdizer que não existe. (...)

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Ela conta que, desde pequena, ouvia comentários indesejáveis na escola. Porém, foi depois que passou no concurso para magistratura que percebeu o preconceito mais presente.
“Sempre passei por situações como alguém falar do meu cabelo na escola. Era bullying, mas não tinha esse nome. Mas senti mais o preconceito quando entrei na magistratura, porque é um lugar de autoridade”, explica. “Várias vezes, quando meviam trabalhando pensavam que eu era assessora. Quandofui professora, tambémsenti os olhares. Na primeira vez que entrei numa sala de aula, as pessoas me olharam diferente. É tão institucional que as pessoas se assustam vendo uma mulher, negra, nova, juíza.” (...)
Para a juíza, o maior problema no combate ao preconceito é não aceitar que ele existe. “Quando você entra numa loja, as pessoas não vão para você. As vendedoras de lojas chiques não são negras. É assim que acontece”, resume.
Disponível em: https://racismoambiental.net.br/2020/01/03/a-juiza-que-assusta-as-pessoas-por-ser-jovem-mulher-e-negra/ . Acesso em 10 jan. 2022.
A partir dessas atividades, podem-se discutir as construções ideológicas que estão cristalizadas na contemporaneidade que delimitam para a mulher negra ofícios com poucas perspectivas de ascensão social. Quando essa mulher ocupa um posto de magistratura – como a “A juíza que assusta as pessoas por ser jovem, mulher e negra” – ou alcança espaços no Legislativo ou no Executivo – resultados das lutas e movimentos sociais contra a opressão e a discriminação da mulher na política – estas condições causam surpresa ou estranhamento na sociedade, a merecer destaque em notícias ou reportagens.
Emcontexto da EJA, vivências pessoais emrelação ao trabalho são também trazidas para discussão, a evidenciar e problematizar os preconceitos enfrentados pelos alunos em situações de trabalho, as experiências cotidianas que refletem a (in)tolerância e o (des)respeito à diversidade, os juízos de valor que estão enraizados na consciência socioideológica dos alunos em relação ao trabalho e a outras atividades sociais.
Coadunada à etapa de avaliação social do tema, ocorre a leitura entonacional valorativa (COSTA-HÜBES; MENEGASSI, 2021) – segunda perspectiva da proposta expansiva – momento em que professor e alunos exploram os valores e modos de pensar e de agir do narrador e dos personagens através da voz e das expressões faciais e corporais (ANGELO; MENEGASSI, 2022). No caso da charge presente no livro didático, pode-se explorar a fala de apresentador do programa de tevê por meio de: a) uma voz alta, com pronúncia lenta das palavras e com destaque à expressão “mulher brasileira”, a revelar o entusiasmo e um certo sensacionalismo por parte do apresentador; b) uma voz emtom mais comedido, acelerada, sem exageros, com umaideia de um programa mais sério, não sensacionalista. A fala da mulher pode ser expressa: a) em voz acelerada, em gritos, a chamar a atenção da patroa para que não perdesse “seu” programa e evidenciar a conformação para o não pertencimento ao mesmo espaço social de sua patroa; b)
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em voz alta, com destaque às expressões “madame” e “seu”, a revelar um certo deboche ou revolta por parte da empregada e sua consciência para a situação de opressão em que se encontra. Conforme destacam Angelo e Menegassi (2022, p. 254), o trabalho com a leitura entonacional valorativa [...] adentra ao universo de apreciações axiológicas, a reverberar valores e posições ideológicas e despertar para a ampliação dos horizontes do aluno-leitor”, a levá-lo a manifestar uma posição frente a valores reconhecidos socialmente.
Considera-se, assim, que a etapa da avaliação social do tema e da leitura entonacional valorativa propiciam ao aluno da EJA refletir de modo mais consistente sobre as diferenças sociais no Brasil – conforme requisitado na questão 3 do livro didático – ampliando sua consciência para o fato de que essas diferenças são muitas vezes naturalizadas, como se não pertencesse a alguns o direito a ter espaço na sociedade, a ter acesso a bens culturais, à educação, à saúde, ao mercado de trabalho, dentre outros.
Na terceira perspectiva, trabalha-se a situação do acontecimento, que abarca as condições ou circunstâncias da produção do enunciado, a envolver aspectos como: o autor, o leitor, a finalidade discursiva, intenção discursiva, o conteúdo temático, o contexto espacial e temporal de produção, a caracterização dialógica do gênero, o suporte ou meio de circulação (MEDVIÉDEV, 2019; VOLÓCHINOV, 2019). Desse modo, o trabalho direciona os alunos para a compreensão da charge a partir de um ponto de vista dialógico, considerando sua orientação externa à realidade.
3. Quem é o autor da charge? Que temas são privilegiados em suas charges?
4. A charge foi produzida e publicada em 1982. Reflita sobre as questões sociais e políticas da época.
5. A charge, trazida pelo livro didático e lida na terceira década do século XXI, evoca os mesmos sentidos da época de 1982? Por quê?
6. Ao se considerar a publicação em um jornal, qual é a finalidade dessa charge?
7. Ao se considerar a veiculação da charge emumlivro didático, qual é a finalidade da charge? 8. Que reflexões acerca da sociedade atual a charge propicia ao leitor?
Pontua-se que a charge foi produzida em um contexto de ditadura militar, em que a voz das minorias era silenciada, em que preconceitos e discriminação em relação ao gênero e a r aça eram propagados e naturalizados, diferente do contexto atual, de um país democrático, em que as lutas para combater a opressão contra determinados grupos – como mulheres, nordestinos,

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LGBTQIA+, negros, indígenas – são reconhecidas e apoiadas. Dessa forma, o silenciamento ou a rebelação diante da opressão podem ser levantados a partir das questões, a verificar como a denúncia – valor próprio da charge – é feita pelo autor e recebida pelo leitor, nos anos de 1980 e nos anos de 2020. Conforme aponta Flores (2002, p. 10)
A importância da charge enquanto texto decorre não só do seu valor como documento histórico, como repositório das forças ideológicas como ação, mas, também, como espelho de imaginário de época e como corrente de comunicação subliminar, que ao mesmo tempo projeta e reproduz as principais concepções sociais, pontos de vista, ideologias em circulação.
Avalia-se, assim, que é salutar trazer charges de diferentes épocas, para que o aluno confronte realidades, perceba as mudanças que ocorrem nas práticas sociais, nos comportamentos humanos, nos valores propagados.
Também, destaca-se o trabalho com os aspectos temáticos do texto – quarta perspectiva – analisando-se os constructos sócio-históricos e ideológicos (valores sociais) que emergem por meio da linguagem e que desvelam relações sociais, a constituí-lo enquanto enunciado (BAKHTIN, 2003). Desse modo, a voz, a escolha das palavras, os risos, os gestos, as expressões faciais, a postura corporal dos participantes da atividade comunicativa são examinadas como índices penetrados pelo extraverbal, pela avaliação social, a revelar as emoções, os desejos, a relação intersubjetiva e emotivo-volitiva com o objeto do dizer direcionado ao outro. Esses aspectos podem ser problematizados a partir das seguintes questões:
9. O apresentador anuncia “No ar, o programa da mulher brasileira”. Considere a data de publicação da charge (1982) e responda:
a) Quais poderiam ser os assuntos desse programa anunciado pelo apresentador? b) A quem esse programa seria direcionado?
c) Que valores sociais podem ser depreendidos a partir dos possíveis assuntos do programa e do espectador previsto?
d) Como poderia ser a entonação da voz do apresentador, a considerar esses valores sociais?
10. Se a charge fosse produzida nos dias atuais, o conteúdo do programa “da mulher brasileira” seria o mesmo? A espectadora seria a mesma dos anos de 1980? Como seria a entonação da voz do apresentador, ao anunciar o programa da mulher brasileira nos dias atuais?
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11. Quanto à mulher que aparece explicitamente na charge, responda:
a) Quem é essa mulher? Como ela está caracterizada?
b) Qual é a sua condição social?
c) A quem ela se dirige?
d) Qual é a entonação que a personagem utiliza para se dirigir à madame, considerando a data de publicação da charge e os valores sociais relacionados à mulher, nesta época? e) Comoessa mulher valora: a) o programa da televisão; b) a sua patroa; c) a sua condição social e profissional?
12. No contexto atual, a entonação que a personagem utilizaria para se dirigir à madame seria a mesma? Por quê?
13. A partir da charge, podem ser levantadas avaliações sociais acerca da profissão de doméstica. Como se dão essas avaliações?
14. Que avaliações acerca das condições da mulher negra a charge traz à discussão?
15. Compare a charge com a reportagem “A juíza que assusta as pessoas por ser jovem, mulher e negra”. Que respostas ao posicionamento da mulher na charge são possíveis de serem dadas a partir da leitura da reportagem? Mulheres negras podem ocupar outros espaços profissionais com maiores perspectivas de ascensão social?
Pelo gesto corporal e expressões faciais, é possível a identificação dos discursos valorativos, das tensões, das contradições, dos embates, das controvérsias existentes nos grupos sociais, das ideologias subjacentes ao discurso. Na charge, a entonação da voz do apresentador, a postura corporal e a entonação da voz da empregada ao dirigir-se à patroa, concatenados a o contexto extraverbal – a época de publicação da charge, a conjuntura político-social brasileira do momento – acusam a situação de discriminação enfrentada pela mulher negra, a constituir a charge um veículo de denúncia acerca de uma realidade social.
Combase nas discussões que emergem a partir das etapas de situação de acontecimento e de aspectos temáticos do texto, o aluno pode expandir as propostas 1 e 2 do livro didático, que se voltam à identificação das personagens retratadas e de suas características, para questionar as condições de pessoas que, por alguma razão, geralmente ligada ao preconceito de cor, classe social ou gênero, são excluídas da sociedade, marginalizadas, e não tiveram a plenitude de seus direitos básicos garantidos.

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Para demarcação do posicionamento axiológico, oferecem-se atividades de expansão da leitura – quinta perspectiva – que propiciam ao aluno ampliar os diálogos como texto, a constituir - se como leitor responsivo e capaz de se posicionar frente a uma ordem social, manifestando a leitura réplica (MENEGASSI et al., 2022). Assim, apresenta-se a pergunta:
16. Como o problema social levantado na charge pode ser minimizado?
As discussões encaminham-se para a temática de como modificar o cenário de opressão e discriminação da mulher negra, de naturalização acerca de postos de trabalho pertencentes à mulher negra, com poucas perspectivas de ascensão social. Alguns possíveis caminhos seriam: a) o apoio à candidatura de mulheres negras a cargos do Legislativo e do Executivo; b) a denú ncia em relação a postagens em redes sociais que oprimem e discriminam a mulher negra; c) um olhar crítico para o modo como os materiais didáticos apresentam a condição da mulher negra; d) o apoio a políticas afirmativas e de inclusão. Dessa forma, o aluno amplia seu horizonte social e ideológico sobre uma temática da vida ao analisar, debater e avaliar os temas exauridos no enunciado, neste caso a respeito da temática sobre a discriminação de mulheres negras.
Com as ampliações, percebe-se que é possível a formação de um posicionamento mais crítico dos alunos em relação às problemáticas sociais levantadas na charge, o que para os alunos da EJA é fundamental, por se tratar de pessoas que trazem experiências de vida para a sala de aula, histórias e vivências que, por vezes, vão ao encontro do tema discutido no enunciado.
Considerações finais
Neste artigo, suscitaram-se reflexões acerca de aspectos axiológicos mobilizados por atividades de leitura de charge. Para tanto, inicialmente foram analisadas as proposições em um livro didático da EJA, a evidenciar as apreciações valorativas apresentadas e não apresentadas. Em seguida, elencaram-se propostas de expansão, a explorar os elementos axiológicos: contexto extraverbal, entonações e juízos de valor.
Percebe-se que as atividades de expansão da leitura da charge podem suscitar a reflexão acerca de aspectos axiológicos, a evidenciar, em uma cena recortada da vida, o contexto extraverbal, os valores e a entonação, com vistas ao questionamento da realidade social e ao alargamento da consciência socioideológica dos alunos leitores. Evidenciou-se, assim, que os
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conceitos axiológicos podem colocar em foco a compreensão do discurso vivo e valorado em sala de aula, a permitir que a leitura se constitua como um ato de responsabilidade ética, para mudanças qualitativas na realidade social.
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