ARTIGO  
Os efeitos da internacionalização das  
universidades na formação inicial de professores  
de língua inglesa  
The effects of the internationalization of universities in pre-service  
english teacher education  
FLUXO DA SUBMISSÃO  
Submissão do trabalho: 07/03/2023  
Aprovação do trabalho: 27/03/2023  
Publicação do trabalho: 07/04/2023  
Universidade Estadual de Londrina, Paraná, Brasil.  
Universidade Estadual de Londrina, Paraná, Brasil.  
Universidade Estadual de Londrina, Paraná, Brasil  
Resumo  
Este estudo analisa qualitativamente as percepções de futuros  
professores de inglês concernentes ao ensino de Inglês para fins  
específicos (IFE) e a preparação para atuar em programas que promovem  
a língua inglesa como agente de internacionalização nas universidades  
brasileiras. Os dados foram coletados a partir da participação dos  
discentes em um webinar e em um fórum de discussão online. Os  
resultados apontam para uma lacuna na referida formação inicial que  
desfavorece a atuação destes futuros professores em contextos de  
ensino de Inglês voltado à internacionalização. A partir destas conclusões,  
apresentamos possibilidades de aprimoramento de práticas de  
internacionalização e ensino de IFE na formação inicial através da  
expansão de atividades acadêmicas complementares, projetos de  
extensão, estágios e reformulação curricular.  
Palavras-chave: Inglês para fins específicos; Internacionalização;  
Formação Inicial.  
Abstract  
This qualitative study analyzes the perceptions of future English teachers  
concerning the teaching of English for Specific Purposes (ESP) and the  
preparation to work in programs that promote the English language as an  
agent of internationalization in Brazilian universities. Data were collected  
from students’ participation in a webinar and in an online discussion forum.  
Distribuído sob Licença Creative Commons.  
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The results point to a gap in their pre-service training that disfavors their performance in English  
teaching contexts aimed at internationalization. Based on these conclusions, we present possibilities  
for improving internationalization practices and ESP teaching in the aforementioned training  
through the expansion of complementary academic activities, extension projects, internships and  
curriculum reformulation.  
Keywords: English for specific purposes; Internationalization; Pre-service Training.  
1.  
Introdução  
A que se refere os processos de internacionalização das universidades brasileiras? Qual a  
expectativa para docentes e discentes que queiram se engajar em propostas de  
internacionalização? Que iniciativas foram criadas em âmbito federal e no estado do Paraná? Qual  
o status das línguas estrangeiras neste processo? O ensino de inglês para fins específicos faz parte  
destas iniciativas? Qual o impacto de todo este processo para a formação de futuros professores  
de língua inglesa? Este estudo foi iniciado considerando todos estes questionamentos que tem se  
tornado temas constantes nos departamentos de letras estrangeiras das universidades do Paraná.  
A internacionalização do ensino superior no Brasil é definida como um processo cujo  
propósito é o de integrar pessoas da esfera acadêmica em uma dimensão internacional,  
intercultural e global visando apresentar uma contribuição significativa para a sociedade (SEIXAS  
VIAL et al., 2020). Desta forma, tem sido requerido da comunidade universitária que intenciona  
participar desse processo que sejam capazes de se comunicar, interagir e desenvolver suas  
atividades acadêmicas, principalmente, mas não exclusivamente, na língua inglesa.  
Destarte, respaldada nas premissas que intencionam seguir tendências mundiais, a  
Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (doravante SETI), com o financiamento  
da Unidade Gestora do Fundo Paraná, cria em 2014 o Programa Paraná Fala Idiomas (doravante  
PFI), cujo objetivo é o de apoiar o processo de internacionalização das Universidades Estaduais do  
Paraná, com foco no desenvolvimento científico e tecnológico, sendo parte integrante das ações  
estratégicas da SETI.  
Em 2020, o núcleo do PFI da Universidade Estadual de Londrina (UEL) reuniu professores  
em formação do curso de Letras/Inglês e áreas afins para compartilhar e discutir experiências em  
um projeto que recebeu o título de Contemporary Challenges on Foreign Language Teaching cujo  
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objetivo era dialogar sobre desafios contemporâneos do ensino de línguas estrangeiras em uma  
1
criação do PFI, da relevância e do impacto social promovido pelo programa, bem como da  
formação de professores para atuação no contexto de ensino de Inglês para fins específicos.  
Neste cenário, discentes do curso de Letras/Inglês matriculados na disciplina estágio  
supervisionado 01 e 02 foram instruídos a participar do webinar e, posteriormente, de um fórum  
de discussão promovido no Google Classroom para explorar como o processo de  
internacionalização tem sido abordado em sua formação inicial e quais seriam seus interesses em  
atuar nessa área de ensino.  
A intencionalidade pedagógica do referido webinar foi preencher, parcialmente, a lacuna  
na formação de professores de língua inglesa (KIRSCH e SARMENTO, 2019) de forma a oportunizar  
momentos de diálogo entre os licenciandos do curso de Letras, criando um espaço para que eles  
pudessem aprender a ser professores, a (re)construir suas identidades e a aperfeiçoar a prática  
docente (WALESKO; FELIX, 2018).  
A partir das percepções dos professores em formação no fórum de discussão pós webinar,  
pretendemos sinalizar uma possível lacuna existente na formação inicial para atuar em contextos  
de ensino de inglês para internacionalização e, posteriormente, apresentar alternativas para  
estreitar esta lacuna e aprimorar a formação inicial de professores de Língua Inglesa para atuação  
neste cenário.  
Este artigo está estruturado da seguinte maneira: inicialmente, apresentamos os  
fundamentos teóricos desta investigação; na sequência, apresentamos os procedimentos  
metodológicos que norteiam esse estudo, seguido da análise dos dados com foco nas percepções  
dos professores em formação e nossos apontamentos para indicar caminho que possam  
minimizar a lacuna existente e, por fim, apresentamos a discussão dos dados obtidos e as  
considerações finais deste trabalho.  
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. Bases teóricas sobre internacionalização e suas repercussões para a formação inicial de  
professores de língua inglesa  
Em linhas gerais, a internacionalização do ensino superior tem sido conceitualizada como  
um processo cujos objetivos são os de melhorar a reputação das instituições por meio de rankings,  
aumentar a visibilidade e a competitividade, obter ganhos econômicos de médio e longo prazo e  
enfocar na empregabilidade e no engajamento social ao integrar pessoas do meio acadêmico em  
uma dimensão internacional (DE WIT et al., 2015).  
No que concerne ao contexto brasileiro, uma investigação conduzida por Souza et al.  
(2019) apresenta como tem sido conduzido o processo da internacionalização das instituições de  
ensino. Da compreensão dos autores sobre o papel da internacionalização nas universidades,  
pode ser entendido que:  
Uma universidade que facilite e apoie a mobilidade de seus funcionários e alunos  
poderá competir de forma mais eficaz no mercado internacional para atrair  
e pesquisadores de alto nível, obter fundos de pesquisa e  
estudantes  
financiamento para programas internacionais e equipar seus alunos com uma  
necessária formação linguística, cultural e educacional-experimental que lhes  
permita enfrentar posteriormente os desafios da sociedade globalizada de hoje,  
2
com maior garantia de sucesso (SOUZA, 2020) .  
3
De igual forma, a Associação Brasileira de Educação Internacional (doravante FAUBAI)  
defende a internacionalização das universidades e advoga que o objetivo é o de melhorar a  
qualidade do ensino e da pesquisa ao promover o diálogo e o desenvolvimento profissional,  
visando também apresentar novos métodos que aprimorem o ensino internacional ofertado.  
Pensando na internacionalização inclusiva, a FAUBAI criou o programa Brazilian Virtual  
4
Exchange (BRaVE), que oportuniza a estudantes das instituições de ensino superior (IES)  
associadas realizarem o intercâmbio virtual, tendo a possibilidade de performar atividades  
conjuntas e multiculturais em parceria com IES estrangeiras. Iniciativas como essas visam  
promover a internacionalização em casa (CROWTHER et al., 2000), uma vez que envolve a  
2
Tradução nossa para “Una universidad que facilita y apoya la movilidad de su personal y de sus estudiantes podrá  
competir con más eficacia en el mercado internacional para atraer estudiantes e investigadores de alto nivel, para  
obtener fondos de investigación y financiación de programas internacionales y para dotar a sus estudiantes de un  
necesario bagaje lingüístico, cultural y formativo-vivencial que les posibilitará enfrentarse posteriormente a los retos  
de la sociedad actual globalizada, con mayor garantía de éxito”.  
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A FAUBAI foi criada em 1988 e reúne gestores e responsáveis de assuntos internacionais de mais de 200 instituições  
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dimensão cultural e internacional nos processos de ensino e aprendizagem, currículos e  
programas, pesquisas, atividades extracurriculares, relações com as culturas locais e grupos  
étnicos e a integração de alunos e docentes estrangeiros na vida acadêmica local (KNIGHT, 2008).  
Em se tratando de indicadores de internacionalização, Lima e De Albuquerque (2010)  
asseveram que é necessário que as IES considerem dois fatores preponderantes nesse processo.  
Primeiramente é necessário questionar quais as razões pelas quais se faz relevante inserir uma  
universidade no cenário global e, em segundo lugar, investigar quem são as pessoas beneficiadas  
nesse processo, pois de outra forma, o objetivo estará limitado a apenas pontuar em rankings sem  
de fato enfocar nas reais necessidades das pessoas pertencentes à comunidade universitária.  
Desta forma, é observável que os objetivos que fazem com que os países se inscrevam no  
âmbito da internacionalização podem variar e, de acordo com Luce et al. (2016), esse processo no  
Brasil tem sido compreendido apenas considerando o aspecto da mobilidade estudantil, ou seja,  
quando membros da comunidade acadêmica deixam o país a fim de estudar em centros  
estrangeiros, e, conforme apontam Lucchesi e Malanga (2014), o destino mais buscado tem sido  
os Estados Unidos, tido pelos autores como país de primeiro mundo.  
Neste estudo, compreendemos que o processo de internacionalização nas universidades  
brasileiras é relevante para fomentar o avanço da produção de conhecimento científico e  
possibilitar trocas interculturais. Contudo, é importante salientar que a mobilidade estudantil é  
apenas um aspecto desse processo que recebe mais enfoque tanto em nível nacional quanto  
internacional (MARSON, 2017). Ainda, o favoritismo pelos países que têm o inglês como língua  
principal revela a força política, econômica e cultural dessas nações ao mesmo tempo que desvela  
o fosso que há entre o intuito de integrar a comunidade internacional e o nível linguístico desejável  
esperado pelas instituições estrangeiras.  
Essa questão fez emergir políticas linguísticas a fim de possibilitar que discentes, docentes  
e agentes da comunidade universitária pudessem participar de programas de mobilidade  
estudantil, o que discutiremos de forma pormenorizada no próximo subtópico.  
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.1 As iniciativas federais e paranaenses para a promoção da internacionalização no ensino  
superior brasileiro  
O governo federal brasileiro implementou em 2011 o programa Ciências sem Fronteiras  
(CsF) visando projetar as universidades para ocupar espaço nos campos da ciência, tecnologia e  
inovação. O programa é tido como uma das principais políticas públicas a alavancar a produção de  
conhecimento científico, a colaboração entre autores de diferentes países e a mobilidade  
internacional de alunos, professores e pesquisadores (SOUZA et.al, 2020).  
Como advoga Shohamy (2007), em processos de internacionalização do ensino superior  
brasileiro, a língua inglesa detém a primazia no que concerne o status de língua global, pois está  
presente nas mais variadas esferas da comunicação, conferindo aos seus falantes as benesses da  
inserção nesse vasto espaço que ela oportuniza àqueles que podem construir os repertórios  
comunicativos necessários.  
Em face dessa circunstância desfavorável, outras iniciativas precisaram surgir a fim de  
driblar as limitações quanto à mobilidade estudantil. Finardi e Furtado Guimarães (2021), apontam  
que, inicialmente, o CsF não considerou o nível de proficiência em língua inglesa dos brasileiros.  
Como consequência, Portugal e Espanha se tornassem os países mais requisitados pelos  
estudantes, uma vez que as línguas dessas nações muito se aproximam do português brasileiro.  
Ainda de acordo com os autores supracitados, a situação adversa fomentou o lançamento  
do programa Inglês sem Fronteiras (doravante IsF) em 2012, com o intuito de aprovisionar os  
conhecimentos necessários para a comunicação na língua inglesa. O objetivo do IsF era o de, a  
5
partir de cursos presenciais e online, servir de apoio a esses alunos e, assim, prepará-los para o  
ingresso nas universidades internacionais.  
Como mencionado anteriormente, no cenário paranaense, foi criado em 2014 o PFI com  
vistas a promover a internacionalização das instituições do Ensino Superior de modo a colocar os  
cursos de graduação e pós-graduação paranaenses em patamar compatível com os das melhores  
5
Com base no Common European Framework, os cursos presenciais do IsF abrangiam: Preparatório para TOEFL IBT;  
Produção oral em debates/ recepção de estrangeiros/ comunicações acadêmicas/ interações acadêmicas/  
atendimento telefônico/ entrevistas; Compreensão oral palestras e aulas, Produção escrita de artigos científicos/  
abstracts/ essays/ parágrafos/ cartas de apresentação/ currículo/ e-mail; Mobilidade Acadêmica Internacional:  
primeiros passos; Inglês para fins específicos Engenharia/ Literatura / Saúde/ Tecnologia; Inglês como língua de  
instrução para docentes; entre outros.  
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universidades nacionais e estrangeiras. O objetivo central do PFI é o de capacitar docentes,  
discentes e agentes universitários nas línguas inglesa francesa e, mais recentemente espanhola,  
com o intuito de fomentar a participação dessa comunidade em programas de mobilidade  
6
internacional, por meio da oferta de cursos que beneficiam alunos da comunidade acadêmica que  
planejam estudar em outros países ou que buscam aperfeiçoar o idioma para participar de práticas  
acadêmicas.  
2
.2 O ensino de Inglês para fins específicos e a formação inicial de professores de Língua  
Inglesa  
Para Vilaça (2010, p.6), o ensino de IFE é definido como "o aluno estuda o inglês com foco  
específico em suas necessidades presentes ou futuras". Enfatiza ainda que não se trata de um  
método e sim de uma abordagem cuja característica é a de se pautar pelas necessidades do aluno.  
Ainda segundo o autor, o ensino de IFE é conhecido também como inglês instrumental justamente  
por atuar como um instrumento a fim de possibilitar o aluno a alcançar um fim por meio da língua.  
Na visão de Silva (2018, p. 2), o ensino de IFE é proposto “com base em análise de  
necessidades de quem vai aprender ou está aprendendo determinado idioma” e no que o aluno  
“deseja saber e fazer na e com a língua alvo”. Consonante, Seixas Vial et al. (2020, p. 312) assinalam  
que o IFE “foca em objetivos específicos” e revelam que não há formação para os professores que  
intencionam atuar nesse contexto.  
Considerando as particularidades (exigências/demandas) do ensino do IFE há que se  
investigar se a formação inicial de professores de inglês prepara para atuação nesse contexto. O  
estudo realizado por Seixas Vial et al. (2020) apontou que, no âmbito do IsF, os educadores  
selecionados para atuar no programa não apresentavam a experiência profissional necessária a  
fim de lidar com os desafios do ensino de IFE, pois identificou-se nenhum dos cursos de Letras  
pesquisados ofertasse disciplinas que abordassem o ensino de língua nesse contexto.  
Mas afinal, qual seria a base de conhecimentos necessários para atuar no ensino de IFE?  
No que tange às atribuições do professor de IFE, uma vez que ele tem de atuar num contexto de  
6
Dentre os cursos ofertados pelo PFI destacamos: Preparatório para exames internacionais; Leitura Instrumental e  
escrita acadêmica I e II, Preparação para Eventos Internacionais e English for Specific Purposes (que combina Escrita  
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e Preparação em Eventos Internacionais voltado para alunos de Iniciação Científica).  
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demandas específicas e com um público heterogêneo em sala de aula, Celani (2008, p. 419) afirma  
que é preciso que esses professores sejam:  
(...) pesquisadores de suas próprias práticas, produtores de materiais, avaliadores,  
experimentadores de novas abordagens, exploradores da realidade, construtores de  
currículos, professores não apenas de língua, mas também de estratégias, construtores de  
contextos sociais dentro e fora da sala de aula, abertos à mudança, adaptáveis, prontos  
7
para revisar continuamente a própria prática. (CELANI, 2008, p.419)  
Nesse sentido, Kirsch e Sarmento (2019) sugerem a necessidade de se considerar o estudo  
de gêneros acadêmicos na formação inicial a fim de capacitar os professores para que possam  
planejar suas aulas e elaborar seus materiais didáticos.  
Quais práticas formativas seriam adequadas para preparar os futuros professores para o  
ensino de IFE? Conforme Seixas Vial et al. (2020), os próprios locais onde os professores atuam no  
ensino de IFE devem propiciar as práticas formativas, pois o aprendizado pode ser construído no  
compartilhamento da experiência entre a coordenação e a equipe de professores bolsistas que  
atuam nos núcleos ou programas. Em termos pedagógicos, Kirsch e Sarmento (2019) enfatizam a  
importância da promoção de sessões de microteaching na formação inicial de professores para  
atuação em contextos de ensino de inglês para internacionalização. Segundo os autores, tais  
práticas envolvendo a participação de colegas professores e coordenadores promovem o  
desenvolvimento profissional docente a partir de práticas co-construídas e do compartilhamento  
de experiências (KIRSCH; SARMENTO, 2019).  
Em suma, o cenário de internacionalização impacta a formação inicial de professores de  
inglês ao promover mudanças nas esferas sociais, econômicas e culturais. Portanto, emerge a  
necessidade de repensar tal formação a partir de uma perspectiva na qual os profissionais são  
provocados a ressignificar seus discursos e práticas por meio da interação com outros com quem  
compartilham o mesmo espaço, a fim de, conjuntamente, construírem novos conhecimentos no  
campo de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras (WALESKO; HIBARINO, 2021).  
7
Tradução nossa para "[...] teachers should be researchers of their own practice, materials producers, evaluators,  
experimenters of new approaches, explorers of reality, syllabus builders, teachers of not only language but also of  
strategies, builders of social contexts inside and outside the classroom, open to change, adaptable, ready to  
continuously review their own practice.  
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.3.Bases metodológicas para o estudo das percepções dos professores em formação  
Nesta seção, temos como objetivo descrever o contexto da pesquisa, o projeto ao qual  
este estudo está vinculado, os participantes, bem como os procedimentos para a análise dos  
dados. Como mencionado no texto introdutório, este estudo resulta de um webinar sobre  
internacionalização das universidades e suas repercussões para a formação de professores. Os  
participantes desta pesquisa são os discentes do curso de Letras/Inglês da UEL matriculados nas  
disciplinas de Estágio 1 e 2 em 2021. Neste estudo, eles são denominados professores em  
formação.  
O referido webinar foi transmitido via Streamyard pelo canal do PFI no Youtube e todos os  
inscritos foram estimulados a participar ativamente via chat através de comentários e  
questionamentos.  
Por fim, após a finalização do webinar, os envolvidos neste estudo foram instruídos a  
participar de um fórum de discussão no Google Classroom considerando os seguintes  
questionamentos: 1) Como a internacionalização e a preparação para atuar em contexto de IFE  
está sendo desenvolvida no curso de Letras/Inglês da UEL?, 2) Você pretende atuar como  
professor de IFE? e 3) O que poderia ser trabalhado durante o curso para formação em IFE?  
Para fins de análise do conjunto de dados, composto pelas interações via chat e  
participação no fórum, adotamos os princípios descritos por Campos (2004), que apresenta uma  
definição de análise de conteúdo enquanto conjunto de técnicas que visam interpretar os sentidos  
das palavras de uma ação comunicativa. O objeto de análise será, portanto, as respostas dos  
alunos que serão interpretadas no que concerne aos conteúdos explícitos e aos que sugerem uma  
gama de interpretações com base nos indícios identificados.  
3. As percepções dos professores sobre o ensino de IFE e alternativas para a formação  
inicial  
Ao analisar as participações dos professores em formação no fórum de discussão foram  
8
detectadas as seguintes asserções : 1) os discentes não se sentem preparados para atuar em  
contexto de IFE por não terem sido propriamente instruídos, 2) algumas atividades do curso  
acabam por contribuir indiretamente para a formação do professor em IFE mesmo não sendo o  
8
O termo asserções é utilizado para se referir às proposições que se assumem como verdadeiras, independentemente  
de seu conteúdo, afirmação, proposição que se faz com muita certeza, assertiva.  
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objetivo inicial, 3) a formação para atuação em IFE pode ser parcialmente adquirida em atividades  
externas a grade curricular do curso, 4) há interesse neste campo de atuação por parte dos  
professores em formação.  
Sobre a (falta de) preparação para atuação em contextos de IFE, os participantes apontam  
que não se sentem confiantes (excerto 01) por não terem sido propriamente “instruídos” para  
este campo de atuação (excertos 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07). Para os alunos, esta é uma lacuna no  
processo de formação de professores no qual estão inseridos, uma vez que a falta deste  
conhecimento é limitante. Segundo os participantes da pesquisa, o curso de Letras em questão  
precisaria ampliar seus horizontes e trazer o ensino de IFE para a realidade de seu currículo  
(excertos 03,05).  
Quadro 01 Excertos sobre a falta de confiança e de instrução para atuar em IFE  
Excerto 01  
Excerto 02  
Essa semana uma amiga que iniciará seu processo no mestrado, me pediu para  
dar aulas de Inglês instrumental. Eu tive que recusar! Não sei fazer isso,  
infelizmente concordo que é necessária uma preparação para ESP, e acho que  
não temos muito. Talvez eu precise buscar mais isso, de modo externo ao curso.  
I agree with your point. I think that in our course we do not focus that much on  
9
ESP . As I said in my comment, yes, we see some authors etc, but if I wanted to  
be an ESP teacher I think I would not feel prepared for that only with what we  
learn.  
Excerto 03  
Excerto 04  
I couldn't agree more! [...]. E ok, não é difícil montar atividades assim, mas com o  
embasamento teórico do ESP, ajudaria muito.  
Eu concordo totalmente com você, J! Acredito que o conceito de ESP ainda é  
pouco trabalhado nas aulas da graduação, o que acaba, talvez, por despertar  
menos interesse por parte dos alunos em se matricularem em cursos ou até  
mesmo em atuarem na área.  
Excerto 05  
Excerto 06  
Excerto 07  
Concordo com você. Acredito que seja necessário explorar melhor o ESP dentro  
do nosso curso pois ainda não é tão discutido assim.  
Na minha opinião, o curso de Letras Inglês em si ainda pouco fala sobre o ESP nas  
aulas da graduação, sendo que profissionais são poucos para essa área.  
No curso temos eventos, palestras, também trabalhamos com variados gêneros,  
discussões, etc., porém o trabalho com ESP ainda é muito pequeno.  
Fonte: As autoras  
A constatação dos professores em formação confirma o que tem sido colocado sobre a  
falta de formação inicial para o ensino de IFE (SEIXAS VIAL et al., 2020 CRISTOVÃO e BEATO-  
CANATO, 2016; VILAÇA, 2010, FINARDI et al., 2020). A insuficiência em propiciar essa formação  
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O termo “English for Specific Purposes” está sendo utilizado como sinônimo de “Inglês para Fins Específicos”.  
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gera a insegurança e limita o professor no que tange às possibilidades de explorar contextos  
abarcados pelo ensino da língua inglesa.  
Segundo os participantes, algumas atividades do curso acabam por contribuir  
indiretamente para a formação do professor em IFE mesmo não sendo o objetivo inicial (excertos  
08, 09, 10, 11 e 12). No excerto 13, nos deparamos com proposta de aprimoramento do currículo.  
Ainda que o ensino de IFE figure de alguma forma nas disciplinas, não acontece de forma plena  
para assegurar ao professor em formação os conhecimentos de base necessários para se valer  
dessa abordagem.  
Quadro 02 Excertos sobre atividades que contribuem indiretamente para a formação do  
professor de IFE.  
Excerto 08  
To be honest, I think that we are not developing students to be prepared for  
teaching in ESP courses. I feel that we could be doing more. For example, this year  
I'm having my internship context based on Instrumental Reading, and I don't  
remember seeing this skill during the course. So I think that we have a gap when  
talking about ESP in our undergraduation.  
Excerto 09  
Excerto 10  
Além disso, nos estágios obrigatórios durante a pandemia, há um grupo que está  
realizando um curso de Inglês para vestibular. Há professores do próprio curso de  
letras que dão aulas de Inglês para outros cursos da UEL como: Secretariado,  
Química, Jornalismo, Biomedicina etc.  
A internacionalização e preparação para atuar em ESP é trabalhada por meio de  
diversas aulas, como linguística aplicada, gêneros textuais, escrita, oralidade. Na  
aula de linguística aplicada estudamos os conceitos de ESP e internacionalização, para  
que por meio de outras disciplinas possamos aprender formas de ensinar aos  
alunos. No meu trabalho surgem demandas de ESP, e acredito que no trabalho de  
qualquer professor aparecerá em algum momento uma oportunidade de trabalhar  
com esse contexto. O que poderia ser trabalhado durante o curso são as maneiras  
de visualizar a demanda e aplicar os conteúdos estudados de forma eficiente,  
considerando cada propósito específico.  
Excerto 11  
Excerto 12  
Eu acredito que algumas matérias no nosso currículo auxiliam na preparação e  
atuação em ESP, porém não acho que tenhamos tido um momento específico onde  
o ESP foi o foco. Eu acho que é um campo bastante interessante, no qual eu teria  
interesse de conhecer mais. Sobre o que poderia ser trabalhado, acredito que  
entender as especificidades que o ESP pede, como buscar e aprender os  
propósitos de cada contexto.  
No primeiro ano do curso de letras Inglês tivemos a matéria Linguística Aplicada,  
essa matéria foi muito importante pois nela aprendemos sobre o ensino de uma  
língua multicultural e as soluções para os problemas da linguagem que podemos  
encontrar no dia a dia da vida real. Também trabalhamos diferentes contextos de  
ensino como o ESP. Porém, como essa matéria foi apenas do primeiro ano, acho  
que não deu para se aprofundar muito, acho que para um ensino mais profundo,  
para atuar em contexto de ESP, essa matéria deveria estar presente nos outros  
anos também.  
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Excerto 13  
Concordo. O mais complicado é entender como trabalhar com tantos contextos  
diferentes e demandas diversas de forma concisa e coesa. Creio que se nos  
aprofundássemos mais em como aprender a desenvolver materiais genéricos que  
pudessem ser remoldados para fins específicos, poderíamos absorver melhor esse  
tipo de conteúdo. Porém entendo a dificuldade da implementação de algo assim.  
Eu mesmo adoraria ter um esqueleto de aula para só moldar para cada ESP  
diferente que possa aparecer, criar conteúdo específicos do nada é complicado.  
Fonte: As autoras  
Como propôs Celani (2008), o profissional de IFE possui diversas características que devem  
conferir à prática nesse contexto a versatilidade, criatividade e a adaptabilidade necessárias a fim  
de lidar com as demandas trazidas pelos alunos que buscam o ensino de língua considerando uma  
finalidade de curto a médio prazo. Desta forma, o curso de Letras Inglês deve providenciar uma  
formação que permita ao aluno explorar essa abordagem englobando todas as especificidades  
nela embutidas, uma vez que é, na prática, que o professor em formação melhor aprenderá como  
esse ensino deve acontecer, tendo em vista que estará em contato com professores formadores  
experientes (SEIXAS VIAL et al., 2020).  
A participação dos professores em formação no fórum de discussão aponta que  
conhecimentos sobre atuação em IFE pode ser parcialmente adquirida em atividades externas a  
grade curricular do curso. Foi mencionado que essa formação tem acontecido como resultado da  
participação desses alunos nos próprios cursos do projeto Paraná fala idiomas (excerto 14) e que  
isto instiga os alunos a se interessarem pela área. Tal dado pode apontar para a crescente  
relevância do referido programa na formação de professores.  
Quadro 03 Excertos sobre atividades externas a grade curricular que podem contribuir para a  
atuação em IFE  
Excerto 14  
Acredito que a preparação para atuar em ESP está sendo desenvolvida através  
de oficinas oferecidas pelo programa Paraná Fala Inglês, com oficinas de escrita  
acadêmica, leitura instrumental, preparatório para TOEFL etc. Essas oficinas  
acabam por instigar o aluno a querer ter uma formação voltada ao ESP.  
Fonte: As autoras  
Sobre o interesse neste campo de atuação por parte dos professores em formação, alguns  
apontam disposição (excertos 15, 16, 18, 19, 20), um deles aponta incerteza (excerto 17) e outros  
apontam que não intencionam atuar no ensino de IFE (excertos 21, 22 e 23), porém reforçam a  
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importância de adquirir mais saberes concernentes ao contexto e de se valorizar esse campo de  
ensino em ascensão (excerto 17, 22 e 23).  
Quadro 04 Excertos sobre interesse na atuação em IFE  
Excerto 15  
Acredito que trabalharia sim, entretanto não tive formação específica para isso e  
seria necessário no curso algumas técnicas necessárias para ser um bom professor  
de ESP, como por exemplo o ensino de técnicas de leitura instrumental, que não  
são ensinadas a nós durante o curso de Letras - Inglês.  
Excerto 16  
Excerto 17  
Excerto 18  
Seria interessante conhecer melhor a área para saber se no futuro eu iria gostar de  
trabalhar nela.  
Não sei se atuaria como professora de ESP, mas afirmo que é realmente um campo  
interessante para ser explorado e que está crescendo cada vez mais.  
Tenho muita curiosidade em atuar como professor de ESP para preparatórios de  
vestibular e/ou provas de proficiência.  
Excerto 19  
Excerto 20  
Eu poderia sim trabalhar com isso.  
Bom, eu entrei para esse curso com o objetivo principal de trabalhar com o ensino  
de Inglês para criança ou ser professora de rede pública. Mas, eu me vejo sim  
atuando como professora de ESP.  
Excerto 21  
Excerto 22  
Não viso a abordagem de ESP para meu futuro, mas também não descarto a opção.  
Não acredito que ESP seja algo em que eu me aprofundaria, porém[...] acredito que  
poderia estar sendo mais visado a atuação nesse contexto, parece não estar tendo  
os holofotes necessários.  
Excerto 23  
Pela pouca experiência que tive atuando com ESP, consigo entender a importância  
da mesma. Não creio que eu possa realmente dizer que este será meu foco principal  
depois de formado, mas concordo que é um nicho em demanda [...].  
Fonte: As autoras  
Como mencionado anteriormente, para além de demonstrar as lacunas existentes na  
formação inicial para atuar em contextos de ensino de inglês para internacionalização no referido  
contexto, também pretendemos apresentar alternativas para estreitar esta lacuna e aprimorar a  
formação inicial de professores de Língua Inglesa para atuação neste cenário. A partir de nossas  
experiências no contexto paranaense, entendemos que a preparação para atuar em práticas de  
internacionalização e IFE pode ser expandida a partir dos seguintes caminhos: 1) via atividade  
acadêmica complementar, 2) via extensão, 3) via estágio e 4) via reformulação curricular.  
No que diz respeito às atividades acadêmicas complementares (AAC), estas têm por  
objetivo enriquecer o processo de ensino-aprendizagem privilegiando a formação social e  
profissional do discente. As AAC devem ser desenvolvidas totalmente fora do turno do curso nas  
seguintes modalidades: monitorias acadêmicas, projetos integrados de pesquisa e ensino,  
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disciplinas especiais ou eletivas, programas de formação complementar, cursos de extensão  
ouvinte), estágio curricular não obrigatório.  
No que se refere às atividades extensionistas (AEX), estas são de natureza obrigatória na  
carga horária do ensino superior conforme a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de  
(
10  
11  
Professores da Educação Básica (BNC-Formação) . Estas estão divididas em duas classificações:  
) AEX INDICADAS: vinculadas diretamente à formação acadêmica do estudante e articuladas aos  
1
componentes curriculares; são escolhidas livremente pelos discentes dentre as indicadas pelo  
colegiado (ações oriundas de programas e projetos de extensão, projetos integrados com ênfase  
em extensão e projetos) e 2) AEX LIVRES: não necessariamente vinculadas diretamente a  
formação acadêmica do discente e são escolhidas livremente pelos discente dentre as indicadas  
pela Pró reitoria de extensão.  
Considerando o contexto paranaense, os discentes da licenciatura Letras/Inglês podem  
optar por AAC e AEX que contemplem experiências de IFE. Uma possibilidade é participar de  
cursos promovidos pelo programa PFI que, como mencionado anteriormente, visa a apoiar o  
processo de internacionalização das Universidades Estaduais do Paraná. Outra possibilidade é a  
participação em ações promovidas pelo Laboratório Integrado de Letramentos Acadêmico-  
12  
científicos (LILA ), projeto colaborativo e interinstitucional que tem como objetivo principal  
conceber e ofertar ações em prol dos letramentos acadêmico-científicos para as comunidades  
interna e externas das instituições envolvidas. Da mesma forma, os Laboratórios de Línguas das  
13  
universidades, os Núcleos de Assessoria Pedagógica e os escritórios de relações internacionais  
podem criar ações conjuntas para que o discente de Letras/Inglês aprimore suas competências em  
IFE de forma a ser contabilizada em seu processo de formação.  
A BNC Formação também estipula que o futuro professor deve cumprir: “quatrocentas  
horas para o estágio supervisionado, em situação real de trabalho em escola, segundo o Projeto  
Pedagógico do Curso (PPC) da instituição formadora” (BRASIL, 2019). Consideramos que as  
Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019 - Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação  
11  
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atividades de estágio podem ser direcionadas para a expansão de práticas de IFE na formação  
inicial, novamente em parceria com outros setores da universidade. Da mesma forma, os alunos  
de pós-graduação em estudos linguísticos das universidades podem ser encorajados a  
desenvolver seus estudos e produtos educacionais nesta temática de forma a realizar seus  
estágios de docência no contexto de formação inicial de professores.  
Via reformulação curricular, a preparação do futuro profissional de língua inglesa para  
práticas de internacionalização pode ocorrer a partir da criação de novas disciplinas ou da  
reformulação dos programas de ensino das disciplinas já existentes. Mas afinal, o que estas  
disciplinas devem contemplar? Considerando o amplo leque de atuação do professor de IFE,  
sugerimos que esta formação deve investigar: 1) a compreensão do percurso histórico desta  
abordagem de forma a elaborar currículos, planos de aula e materiais didáticas condizentes com  
sua fundamentação teórica, 2) conhecimento da política linguística da instituição de ensino  
superior na qual atua, assim como, o trabalho realizado pela assessoria de relações internacionais  
e associações educacionais internacionais, 3) reconhecimento das relações intrínsecas de uso e  
14  
funções da língua inglesa para não nativos na atualidade , 4) possíveis abordagens metodológicas  
15  
para o ensino e 5) o entendimento da necessidade de suplantar o ensino linguístico de forma a  
englobar aspectos interculturais e funcionais.  
Nesta seção, demonstramos as percepções dos professores em formação sobre o ensino  
de IFE e apresentamos sugestões de aprimoramento para os cursos de Letras com habilitação em  
Língua Inglesa. A seguir, apresentamos nossas considerações finais.  
14  
Inglês como Língua Franca (ILF): termo que remete às discussões sobre os usos, funções e contextos de  
aprendizagem do inglês no cenário internacional. Inglês como Língua Estrangeira (ILE) tem como objetivo aproximar  
o estrangeiro da variante nativa; língua ensinada e aprendida por falantes não-nativos em países em que a língua  
inglesa não é língua materna e em que pode haver interferência de uma outra língua. Inglês como Língua Internacional  
(ILI) é o inglês falado entre pessoas de países diferentes com línguas maternas diferentes. Inglês como Língua  
Adicional (ILA) ou Inglês como Segunda Língua (ISL) referem-se ao inglês que é aprendido por imigrantes que moram  
em países em que a língua materna é a língua inglesa.  
15  
Ensino Baseado em Tarefas foca na solução de tarefas de forma comunicativa, fazendo que com que o aprendiz  
utilize a língua em situações reais. Abordagem Participativa, baseada nas perspectivas de Freire, tem foco na  
formação cidadã, crítica, estimulando a conscientização do aprendiz sobre a sociedade em que está inserido; Ensino  
através de Conteúdos (CLIL), que objetiva ensinar conteúdos diversos através de uma língua-alvo sem ter essa última  
como fim, mas, apenas, como meio. Abordagem de gêneros na qual trabalha-se a língua em uso, através de textos e  
dos gêneros nos quais eles se manifestam.  
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4
. Considerações finais  
Neste artigo, exploramos os processos de internacionalização das universidades brasileiras  
e como docentes e discentes podem se engajar nesse contexto. Apresentamos iniciativas criadas  
em âmbito federal e no estado do Paraná e exploramos o status das línguas estrangeiras neste  
processo. Por fim, focamos no impacto que repercute na formação de futuros professores de  
língua inglesa no ensino superior.  
Os debates a respeito da internacionalização, o ensino de IFE e a formação de professores  
impactam diretamente sobre os desafios contemporâneos do ensino de língua estrangeiras,  
relacionando as diversas perspectivas e vivências atuais que refletem a prática de sala de aula.  
Nesse sentido, os alunos em formação, respondentes do fórum de discussão, reiteram os desafios  
que se apresentam, problematizando e expandindo as necessidades de preparação dos discentes  
para contemplar o ensino de IFE, utilizando a língua inglesa para que eles se desenvolvam e se  
tornem agentes transformadores nessa esfera. Além disso, os respondentes apontam para a  
importância de ações em relação ao curso de Letras - Inglês na preparação dos discentes para o  
mercado de inglês para internacionalização, e que por meio dos cursos de IFE ofertados pelo  
programa Paraná Fala Inglês, novas percepções são levantadas acerca da profissionalização dos  
discentes para atuar nesses contextos.  
Os dados demonstram a importância de se pensar na qualificação da formação inicial dos  
acadêmicos do curso de Letras com vistas ao aperfeiçoamento de saberes adjacentes ao ensino  
de IFE, considerando o impacto social, econômico, científico e cultural gerados à comunidade  
acadêmica, na promoção do ensino da língua inglesa com objetivo de mobilizar contribuições para  
melhorias às universidades no âmbito da pesquisa, do ensino e da extensão. As iniciativas aqui  
propostas visam apresentar caminhos para a pesquisa sobre formação para o ensino de IFE nas  
universidades.  
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