Bilíngues clandestinos: condições epistemológicas da educação linguística dos surdos no século XX
DOI:
https://doi.org/10.23925/2318-7115.2019v40i3a5Palavras-chave:
Surdez, Bilinguismo, História social da língua, Políticas linguísticas, Educação de surdosResumo
O artigo problematiza as condições epistemológicas que perpassam a história da educação linguística dos surdos no século XX. Para tanto, empreende-se uma análise em um conjunto de documentos mantidos pelo Acervo Histórico do Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES, compreendidos entre 1909 e 1989. Fundamentada na perspectiva da História Social da Língua e de autores pós-estruturalistas, a análise permite observar a construção de um currículo nacional planejado para a educação de surdos do século XX, a formação de professores que atuariam com esses sujeitos e as práticas pedagógicas desempenhadas para alcançar o objetivo de munir surdos de uma única língua. Assim, é possível evidenciar como a educação de surdos possibilitou o desenvolvimento de um bilinguismo clandestino, que permitiu a formação de uma resistência linguística e a possibilidade de constituição de uma forma de ser surdo observável na atualidade.
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