CHAMADA DE ARTIGOS FRONTEIRAZ 35 - O Insólito na Literatura: Vertentes e Territórios Plurais do Surpreendente
As Literaturas, em suas diversas manifestações, frequentemente exploram o terreno do inesperado, do imprevisível e do incomum. Erguem-se sobre a tênue linha que separa o real do imaginário, convidando o leitor a questionar as fronteiras da percepção e a mergulhar em narrativas que desafiam a lógica e a ordem estabelecida. Consideramos, à luz das reflexões de García (2012), que o insólito circunscreve o campo semântico das estratégias de construção narrativa e poética presentes em produções do Maravilhoso (Le Goff, 1989), do Fantástico (Todorov, 1992, Bessière, 2001), do Realismo Mágico (Roh, 1927), do Realismo Animista (Pepetela, 1997), do Absurdo (Ribeiro, 1996), e de todos os modos e gêneros da Literatura que lidam com a irrupção do inesperado, imprevisível, incomum, como é o caso das narrativas que tematizam o medo, a ficção científica, as histórias de mistérios, as tramas policiais, dentre outros. García (2012) destaca que a fenomenologia de latitude, traço fundamental das modalidades literárias supracitadas, pode se manifestar em qualquer uma das categorias da narrativa – na ação, nos personagens, na construção ficcional do tempo e do espaço – isolada ou conjuntamente, interferindo na consecução discursiva verossímil por parte da construção de sentidos do leitor. O insólito, para Prada Oropeza (2006), refere-se aos elementos da discursivização, distribuídos por temporalização, espacialização e actorialização, assim como níveis de relação pragmática entre autor, leitor e narrativa. Nessa perspectiva, o insólito é uma categoria que corresponde a uma arquiestrutura sistêmica semiótico-narrativo-literária. Compreendemos, nesse sentido, que a condição do desenvolvimento do insólito em uma narrativa é estabelecer o real como premissa que será corrompida por uma dimensão imaginária. Em meio ao real representado ficcionalmente, o insólito assume função de estimular o absurdo entre a relação do sujeito com o mundo, carregando consigo e despertando no leitor um sentimento do (in)verossímil. O insólito tem, assim, atributo desestruturador da ordem, com força de ruptura frente ao conhecimento empírico, oriundo do senso comum, ancorado nas convenções socioculturais determinantes.
Nesta chamada da Revista FronteiraZ, encorajamos o envio de propostas que abordem temáticas como:
- O insólito presente na Literatura Fantá
- O insólito nas narrativas e poéticas que tematizam o medo, a ficção científica, a fantasia, as tramas policiais, dentre outros.
- Os elementos de discursivização do insólito, enquanto arquiestrutura sistêmica semiótico-narrativo-literária marcada na temporalização, espacialização e actorialização nos diversos discursos literários dos séculos XX e XXI.
- O insólito e a dialética com as convenções socioculturais determinantes em uma determinada época.
Esperamos receber contribuições que explorem as múltiplas facetas do insólito na Literatura, aprofundando nossa compreensão sobre suas manifestações, seus efeitos e seu potencial transformador.
Data limite para submissão de artigos: 10/07/2025