Um equilibrista na ponte

a experiência-limite de Kafka

Autores

  • Marta Dantas Universidade Estadual de Londrina- UEL
  • André Gheti Universidade Estadual de Londrina

DOI:

https://doi.org/10.23925/1983-4373.2020i25p75-91

Palavras-chave:

Kafka, Experiência-limite, “A ponte”, Judeu errante

Resumo

Maurice Blanchot descobriu na literatura, por meio da experiência insólita de autores como Franz Kafka, como o processo de criação literária pode colocar em crise a soberania daquele que escreve, destitui-lo de si e do mundo. Essa experiência-limite é atravessada pela loucura, não como fato social, mas como experiência trágica, em que o movimento da escritura se torna vizinho da morte, do vazio e do colapso do autor. O conto “A ponte”, ou a imagem que ele porta, remete a outros textos de Kafka e permite apontar para uma mesma situação: a experiência -limite vivida por ele. Este conto é aqui interpretado como uma grande metáfora com, pelo menos, duplo sentido: como metaficção e como transfiguração da experiência-limite de Kafka.

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Biografia do Autor

Marta Dantas, Universidade Estadual de Londrina- UEL

Professora Associada de História e Teirias da Arte do curso de Artes Visuais e do Programa de Pós-Graduação em Letras da UEL. Mestre em História, Doutorada em Sociologia pela UNESP, Pós-Doutora em Literatura Brasileira pela USP.

André Gheti, Universidade Estadual de Londrina

Mestre em Filosofia pel UFSC, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Letras, UEL.

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Publicado

2020-12-07

Como Citar

Dantas, M., & Gheti, A. (2020). Um equilibrista na ponte: a experiência-limite de Kafka. FronteiraZ. Revista Do Programa De Estudos Pós-Graduados Em Literatura E Crítica Literária, (25), 75–91. https://doi.org/10.23925/1983-4373.2020i25p75-91