Entre Condessa de Mortsauf e Emma Bovary

um ensaio sobre a virtude e o vício

Resumen

A literatura realista do século XIX, especialmente O lírio do vale, de Honoré de Balzac, e Madame Bovary, de Gustave Flaubert, serve como campo para a reflexão sobre a condição feminina diante de imperativos morais e sociais. Este ensaio tem por objetivo analisar, em perspectiva comparada, o contraste entre a Condessa de Mortsauf e Emma Bovary, cujas trajetórias revelam extremos opostos: a submissão ao dever e a busca pelo desejo. A análise psicossocial das personagens é conduzida com base em uma abordagem dialética, à luz de teorias sobre o amor, a moralidade cristã e o papel feminino, com apoio em autores como Barthes, Lukács, Rougemont e Todorov. A pesquisa conclui que, embora situadas em contextos distintos, ambas as personagens refletem os impasses estruturais da autonomia feminina em sociedades marcadas por modelos normativos rígidos, abrindo espaço para uma reflexão sobre os desdobramentos desses dilemas na contemporaneidade.